Jacó E Jacozinho (1971) (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9128) - (1971) - Jacó e Jacozinho

Minha Mãe É Uma Santa
Minha doce mamãezinha Deus lhe fez uma rainha a rainha do meu lar
Quando eu olho pra você vejo logo com prazer uma santa sem altar
Não há coisa mais bonita quando a minha mãe aflita vai rezar lá na capela
Duas santas no altar e eu fico a meditar qual das duas a mais bela

Mamãe ainda me lembro a nossa casa de madeira
Eu no seu colo segurava a mamadeira
Era criança, mas já era tão contente

Mamãe nem a pobreza ofuscou o seu sorriso
Um simples lar sempre foi seu paraíso
Deus vai lhe dar um outro céu como presente

Pureza
Pureza menina de olhinhos tristonhos
Miúda franzina sem nada de amor
Pureza era bela em sua humildade 
Pra ela a vaidade não tinha valor

Vivia sorrindo, sorrindo bonito
Sorrindo a beleza que não possuía
Pureza era pobre e sofria a pobreza
Vestia a tristeza de noite e de dia

Só tinha um vestido surrado, feinho
E com muito carinho de noite lavava
Pureza era pura como o próprio nome
Nem mesmo de fome pureza chorava

Um dia cresci não vi mais Pureza
Andei pela vida e Pureza não vi
Com tantos amores para minha surpresa
O amor de pureza em mim descobri

Saí como um louco a procura daquela
Com que na capela eu iria casar
E assim fui a casa onde ela morava
E vi anda estava no mesmo lugar

Chegando a porta bati ansioso
Tremendo nervoso alguém me atendeu
E reconhecendo me disse chorando
Pureza seu moço, a Pureza morreu

Homem Triste
Eu acho que sou o mais triste do mundo
Somente tristeza é que existe em mim
Olhando pro céu pergunto à Deus
Porque meu Senhor eu nasci assim

Até meus amigos de mim se afastaram
A mulher que eu tinha também me deixou
Lágrimas sentidas banham o meu rosto
Por ver que no mundo tão só eu estou

Procurei falar com quem já foi minha
Quando lá cheguei foi que vi meu fim
Não quis nem ao menos me cumprimentar
Virou-me o rosto fugindo de mim

Saí como um louco buscando conforto
Pra tirar a mágoa que em mim ficou
Procurei então a casa de um amigo
Antes que eu chegasse a porta fechou

Só me resta agora esperar a morte
Para dar fim aos sofrimentos meus
Enquanto eu viver ninguém é tão triste
Porque o mais tristes do mundo sou eu

Sem Você
Preste atenção no que vou lhe dizer 
Eu estou apaixonado e não consigo 
Mais viver, sem você, sem você
Meu bem está muito diferente
Quando eu falo não me atende 
O que que há com você, com você, com você

Eu desconfio que é pela minha pobreza
Pois eu não tenho riqueza mas eu prometo meu bem
Se eu ganhar na loteria esportiva
Eu lhe dou um apartamento e um carro novo também
Pra você, pra você, pra você, pra você

Mas se acaso o Corinthians não ganhar
Ou talvez pode empatar tudo pode acontecer
Essa rodada tá difícil de acertar 
Tenho medo de ficar sem dinheiro e sem você, 
Sem você, sem você, sem você, sem você

Brincadeira De Mau Gosto
Para fazermos uma simples brincadeira 
Um grande amigo convidou-me outro dia
Com sua amada eu iria ao cinema
Com meu benzinho ao teatro ele iria

Elas também aceitaram a proposta
E a brincadeira foi assim realizada
No outro dia com tristeza percebi
Que para sempre perdi minha namorada

O meu benzinho apaixonou-se de repente
Quando passeavam de mãos dadas no jardim
Heis que agora ele tem duas namoradas
Porque a dele não chegou gostar de mim

Hoje elas brigam e disputam seu carinho
E eu lamento por perder minha querida
Foi a pior brincadeira de mal gosto
Que já pode acontecer na minha vida

O Fominha 
Um cara muito fominha não vi outro igual aquele
Conhecido por pão duro era o apelido dele
Quando ia no cinema quem pagava era o amigo
Assistia bang-bang e torcia pro bandido

Não gostava de ninguém e em nada ele acreditava
A seca matando as plantas ele mesmo estragava ugava   
Nas novenas pra chover ele ia meio na marra
Baixinho xingava o santo enquanto outros rezavam

Ele um dia resolveu dizendo vou experimentar
Se Deus fizer o que eu quero passarei a acreditar
Quero chuva e sol só pra mim muitos milhos vou plantar
Quero ser um homem rico mais famoso do lugar

Ele pediu sol e chuva Deus na hora lhe mandou
O milho ficou tão grande que o povo admirou
Mas quando foi pra colher muito zangado ficou
Esqueceu de pedir o tempo o seu milho não ganou

É sabugo é só sabugo é só sabugo é só sabugo
É sabugo é só sabugo é só sabugo é só sabugo

Mais Uma Maria
A vida do pobre é tão desgramada até pra casar não tem data marcada
Então ele foge com a namorada vem o delegado e resolve a parada
A moça se casa não fica falada

Marido vadio tem desculpa gozada diz que fica em casa pra ajudar a amada
Mas quando escurece mulher tá cansada criança já grita até de madrugada
Mulher envelhece fica desbeiçada

Se alguém pergunta ele então confessa o seu casamento é complicado a beça
Me dá um conselho para quem lhe peça quem não quer casar então não começa
A vida do pobre casado não presta

Ele fala franco não usa a modéstia mulher ciumenta é o que ele detesta
Diz que entrou bem já não sai mais desta se acaso um brotinho pra ele faz festa
Ele olha com os olhos e lambe com a testa

Mas quando ele bebe ele perde a quantia dinheiro que vem ele gasta no dia
Quando chega em casa começa a avalia e culpa a mulher que tem cabeça fria
Cada ano nasce mais uma Maria

O Azar Do Ladrão
Seu Benedito Cordeiro comprar um sítio pretendia
Trabalho de quinze anos na maior economia
Conseguiu cinquenta contos que uma fortuna valia
Botou no bolso da calça pra viajar no outro dia
Arreou a sua besta e de viagem seguia

Viajou o dia inteiro quando a tardinha morria
Viu um rancho de sapé no meio das camparia
Bateu pra pedir um pouso na porta um homem atendia
Naquele rancho morava um casal e uma filha
Fizeram um fogo na sala porque a noite estava fria

Em conversa ele contou em que destino ele ia
Vou indo comprar um sítio pra dar conforto a família
O homem lhe aconselhou ir sozinho não devia
Se quiser eu irei junto se puder pagar meus dias
Seu Benedito aceitou o homem por companhia

Pensando que aquele homem tudo por lá conhecia
Caminharam meia hora o tal homem lhe agredia
Pois o revólver no peito e o dinheiro ele queria
Para não perder a vida seu Benedito aderia
Entregando lhe o pacote que no bolso ele trazia

Vendo aquele terno novo o ladrão não resistia
A sua roupa tão velha que mal o corpo cobria
Trocaram as roupas depressa antes que alguém aparecia
O ladrão voltou pra trás seu Benedito seguia
Na calça velha o dinheiro o tal ladrão esquecia

Pois é meu amigo quem muito quer nada tem

Manchete De Jornal
O homem desceu na lua o Pelé marcou os mil
Todo mundo foi pra rua dando viva ao Brasil
A nova Copacabana agora ficou legal
Eu li no jornal, eu li no jornal
Eu li no jornal, eu li no jornal

O galo e a raposa faz encher o Mineirão
Também no Pacaembu tem vitória do timão
São Pedro faz São Paulo se afogar num temporal
Eu li no jornal, eu li no jornal
Eu li no jornal, eu li no jornal

Planta o norte nova era num progresso sem igual
Tem Mangueira tem Portela tem batuque, carnaval
Tem cinema tem novela conversão e festival
Eu li no jornal, eu li no jornal
Eu li no jornal, eu li no jornal

O papa fala ao mundo conclamando a humanidade
Ponte Rio e Niterói já vai ser realidade
A moça tem compromisso mesmo assim procede mal
Não tenho nada com isso
Eu li no jornal, eu li no jornal
Eu li no jornal, eu li no jornal

Na sessão de astrologia tinha uma notícia quente
Não demora muito tempo este mundo vai ter fim
Vi a página de emprego não achei nenhum pra mim
Não tava legal rasguei o jornal

A História De Um Rapaz Jovem Que Tomou Um Terno Emprestado
Tomei emprestado um terno alinha pra ver meu bem
Fui andando a pé não tomei nem café pois não tinha um vintém 
Parei na calçada todo apaixonado e ela passou
Com seu carro do ano numa poça dágua meu terno molhou

Nem sabia que eu a esperava a sofrer 
E o terno emprestado só botei pra lhe ver

A lama da rua segou os meus olhos quando ela passou
Toda indiferente nos braços de outro e nem me notou
Chamei o seu nome e nem pode ouvir minha voz a chamar
Pois seu carro corria na curva sumia do meu triste olhar

Nem sabia que eu a esperava a sofrer 
E o terno emprestado só botei pra lhe ver

Pedro Paissandu
Pedrão Fotoqueiro perito pingueiro levou para faro por predileção
Pafuncia Pelanca pequena pancosa porque para Pedro pagava pensão
Fui Paulo Papudo pirata, pilantra por pura pirraça pegava corpanca
Passava por perto piscando, piscando porque paquerava a Pafuncia Pelanca

Parece piada porém principia percalço pesado pro pobre Pedrão
Porque percebia Pafuncia penando por Paulo Papudo profunda paixão
Pra por poesia Pafuncia Pelanca pensando pagar pelo prometido
Presente precioso passou pro papai pequeno pimpolho por Pedro pedido

Pedrão Fotoqueiro papai prestativo passando pomada pelo pescocinho
Parou pensativo porque percebia pendendo pro peito um pequeno papinho
Pasmado Paulinho por perto passava Pedrão praguejava pois pare peitudo
Pilantra perverso precisas pegar pequeno parente pirralho papudo

Pegou pelo papo Paulinho Papudo puxou pela praça pulou pro pomar
Pedindo passagem pro povo presente passava pimenta pro papo pular
Pafuncia Pelanca prevendo pancada passando por finda partiu pro Peru
Pedrão pela neve passando fotoca processa presente pelo Paissandu

Músicas do álbum Jacó E Jacozinho (1971) (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9128) - (1971)

Nome Compositor Ritmo
Minha Mãe É Uma Santa Tony Damito / Paulo Sérgio Toada
Pureza Osmar Navarro Balanço
Homem Triste Jacó / Jacozinho Rancheira
Sem Você Jacó / Jacozinho Rojão
Brincadeira De Mau Gosto Jacó / Jacozinho Corrido
O Fominha Jacozinho Corrido
Mais Uma Maria Bolinha Balanço
O Azar Do Ladrão Jacó / Jacozinho Rojão
Manchete De Jornal Tony Damito Balanço
A História De Um Rapaz Jovem Que Tomou Um Terno Emprestado Jacó / Jacozinho Balanço
Pedro Paissandú Goiá Balanço
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