Jacó E Jacozinho (1972) (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9159) - (1972) - Jacó e Jacozinho

Amigo Da Onça
O nosso amigo da onça só ataca de traição
Se você subiu na vida ele quer te por no chão
Você vê a cara dele, mas não vê o coração
Porque o amigo da onça dá o tapa e esconde a mão

O nosso amigo da onça é fácil reconhecer
Hoje te faz um favor amanhã quer receber
Se você prestar atenção você pode perceber
Que ele não mostra o dente, mas ta doido pra morder

Eu enfrentei uma briga foi lá pras bandas do norte
Sozinho eu tava batendo numa turma bem mais forte
O nosso amigo chegou eu não morri de sorte
O danado deu a faca para mim pegar de corte

O nosso amigo da onça é uma estrela que não brilha
É o amigo que quer ver você preso na armadilha
Se você convida ele pra conhecer sua família
Ele vai pra cobiçar sua esposa e suas filhas

O Fim Do Velho Marrudo
O meu sogro andou dizendo bobagem
Contou vantagem agora se arrependeu
Esse velho me xingou pra todo mundo
De vagabundo aquilo me ofendeu
O orgulho do velhão marrudo
Acabei com aquilo tudo na volta que o mundo deu

Bate na porta da sua residência
Sua excelência quero falar com o senhor
O velho quando me viu perdeu a calma
Puxou a arma que é o seu protetor
Não tive medo e não dei muita importância
Porque sei que ignorância já não tem muito valor

A promessa que ele fez quebrou no meio 
Cortar de reio um moço da sociedade
Desarmado enfrentei esse valente
Chegou na frente da grande realidade
Pra derrubar o velhão marrudo
Eu só levei os estudos que aprendi na faculdade

Sorrindo me deu a mão da sua filhinha
Entrou na linha do amor e do carinho
Tomei as armas e o reio do papudo
Velhão marrudo deixei falando sozinho
Ajoelhou e pediu perdão
Me cortou o coração eu tive pena do velhinho

O Cheiro Da Onça
Eu tenho um cavalo velho e vou lhe contar o fato
Pra não ver morrer no corte eu soltei ele no mato
Um dia lá na cidade vi correr este boato
Vai haver uma corrida era um grande campeonato
Fui buscar o meu cavalo e dei o pulo do gato

Dei um banho no cavalo e fiz a sua inscrição
Mas o meu cavalo velho só perdeu de cotação
Amigos tiravam sarro eu firme aguentei a mão
Diziam que meu cavalo estava fincado no chão
Era só na malandragem que eu podia ser campeão

Entrei com ele na pista rezando pra São Gonçalo
O povo me deram vaia só pra pisar no meu calo
Tava tudo enfileirado no jeito de dar o embalo
Deram um tiro de partida quando escutei o estalo
Passei gordura de onça na traseira do cavalo 

Pensando que a onça vinha meu macho corria mais
Não puderam me podar cavalos profissionais
Sentia o cheiro da onça virava a cara pra trás
Pra ganhar uma corrida eu mostrei como é que faz
Passei a mão no dinheiro voltei pra Minas Gerais

Eu Acho É Bom

Um sujeitinho casado e metido a bonitão
Só vivia paquerando parecia um gavião
Mas um dia a mulher dele tomou essa decisão
Fugiu com um boiadeiro e deixou ele na mão
Achei bom e achei pouco eu achei pouco e achei bom

A menina foi na igreja pra cumprir a religião
Um rapazinho mexia só dizendo palavrão
A menina mandou o pai esperar no quarteirão
Nesse dia o rapazinho levou tanto pescoção
Achei bom e achei pouco eu achei pouco e achei bom

Conheci uma donzela a mais bonita da região
Dizia com muito orgulho e batia o pé no chão
Com moço pobre eu não caso eu quero ter posição
Ficou velha solteirona mais feia do que um canhão
Achei bom e achei pouco eu achei pouco e achei bom

Conheci um fazendeiro dono de muitos milhão
Não dava esmola a ninguém e judiava dos peão
Castigo veio a cavalo perdeu tostão por tostão
Vi ele ganhando o pão no cabo do enxadão
Achei bom e achei pouco eu achei pouco e achei bom

O Patrão E O Camarada
Muito tempo fui patrão agora sou camarada
Eu fui patrão do meu pai na minha infância passada
O meu pai saia cedo como frio da madrugada
À tarde a roupa do velho de suor estava molhada
O velho pulou miúdo sozinho fazia tudo e eu não fazia nada

Meu pai trabalhou pra mim e me dava proteção 
Parecia um escravo do filho do coração 
Pra deixar tudo o que tenho encheu de calo as mãos 
No dia que eu me casei fiz a minha união 
O meu pai foi libertado passei a ser empregado e deixei de ser patrão

Agora sou empregado do filho que deus me deu
Enfrentando a mesma luta que papai lutou e venceu
Percorrendo os caminhos que o velho percorreu
Só trabalho pro meu filho a minha ilusão morreu
Ele tem vida folgada, pois o grande camarada lá de casa agora é eu

Minha vida de casado pode crer não é ruim
Nossa infância é passageira como flores do jardim
Não adianta reclamar nosso mundo é mesmo assim
Assim vai a humanidade caminhando até o fim
Ninguém vai sair do trilho hoje eu faço pro meu filho o que meu pai fez pra mim

Salada De Capim
Depois que o capim gordura tomou conta da cidade
O capim virou banquete na alta sociedade
Já que tem capim plantado na horta e no jardim
Até gente milionária faz salada de capim

Quem não quer capim gordura bate o pé e reclama
Quero grama, quero grama.

Quem gostava de verdura mudou pro capim gordura
O povo mais grã-fino que prefere o capim fino
Tinha um homem grandalhão comendo capim colchão
Um sujeitinho teimoso comia capim amargoso
E um cara cabeludo veja só como é que pode
Desprezou o capim gordura pra comer barba de bode

Até parece mentira mas é a pura verdade
A salada de capim tomou conta da cidade
Nos bares no restaurantes lanchonetes e hotel
A salada de capim serve até de coquetel

Quem não quer capim gordura bate o pé e reclama
Quero grama, quero grama

Briga De Velhos
Os prazeres que eu tinha não diminuiu 
Eu fui numa festa num lugar baixiu 
Na minha chegada que o povo me viu 
Soltaram rojão pro ar explodiu 
As moças bonitas na sala saiu 
Passou por nós dois pisando macio 
Sapatinho novo no pisar ringiu
Vendo moça bonita das feia eu desvio 
O meu coração quase repartiu 
Tem gente que fala violeiro é vadio 
Essa carapuça pra mim não serviu

Eu entrei no salão o povo aplaudiu 
Peguei na viola e as cordas tiniu 
Meu peito cantou e nunca mentiu 
Com meu companheiro que me garantiu 
Cantei moda nova que ninguém não viu 
Era um dia de geada o gelo caiu 
Eu passei a noite me dando arrepio
Os velhos da fogueira que não resistiu 
Beberam quentão a ideia fugiu 
No fim houve briga ninguém acudiu 
Tudo aquilo era pra esquentar o frio

Os velhos de fogo perderam o brio 
Um velho xingou outro arrepelio
Brigaram no tapa orelha zuniu 
O povo da festa na hora se abriu 
Os velhos brigava naquele feitio 
Pulando pra cima que nem dois tiziu 
Na arma de fogo ninguém não buliu
Foi no pé e no tapa que a briga seguiu 
Os velhos na roda virou corrupio 
Pra cima de mim a briga investiu 
Eu pulei a cerca a viola caiu

Chegou a Policia fazendo psiu 
O povo quietou e não deram um pio 
Um velho ficou, o outro sumiu 
Com a voz de prisão ele reagiu
Lutava bastante, não escapuliu 
Borracha cantou de fio a pavio 
Amarraram o velho com forte amarril 
A velha do velho quase recaiu 
O meu companheiro se atirou no rio 
A polícia deixou o terreiro vazio 
Acabaram com a festa e o meu desafio

Dá Licença 
A palavra dá licença delicadeza que tem
É uma frase tão bonita que acabou com a estupidez
Gosto de pedir licença eu gosto de ser cortês
Minha gente dá licença eu vou cantar pra vocês

A palavra dá licença faz parte da educação
Quem sabe pedir licença não sofre decepção
Eu também peço licença pra mim pisar neste chão
Se você me der licença eu vou pegar na sua mão

Cheguei pedindo licença, licença eu tive na hora 
Pedi licença aos senhores e também para as senhoras
Pedi licença as crianças e a moçada que namora 
Pra todos que estão aqui e pra alguns que estão lá fora

Nossa plateia querida nunca nos deixou sozinho
Se vocês me dão licença eu vou pedir com carinho
Que Deus e Nossa Senhora ilumine o seu caminho
São os votos mais sinceros de Jacó e Jacozinho

Pensão Da Rua Aurora
Morei numa pensão ali na rua Aurora
Meu Deus e Nossa Senhora que vida que levei
Dormia num beliche entre pulgas e mosquitos
Eu achava até bonito o lugar que arranjei

Quando alguém me perguntava onde é que você mora
Eu dizia sem demora mora na Augusta bicho
Eu então não respondia pra não dizer a verdade
Porque na realidade era na boca do lixo

Ai, ai que vida apertada eu tinha
Meu almoço e meu jantar era brisa com farinha
Meu jantar era brisa com farinha

Eu tenho um amigo que mora na Paulista
Ele é um grande artista de fama e projeção
Ele prometeu ajuda e por ela eu esperei
Finalmente eu mudei fui morar no Minhocão

Lá no ponto do Café, Arouche com Aurora
Todo dia toda hora eu ficava esperando
Alguém pra me levar pra um show de circo ou cinema
Eu vivia num dilema com a barriga roncando

Ai, ai que vida apertada eu tinha
Meu almoço e meu jantar era brisa com farinha
Meu jantar era brisa com farinha

De tanto andar a pé até esfolei meu pé
Ipiranga, São João, pensando num mustang
A noite eu sonhava que morria de desejo
Mas era um percevejo que sugava o meu sangue

Fui ao Rio de Janeiro e também nada deu certo
Fui até Belo Horizonte, Belém, São Salvador
Andei o Brasil inteiro mas valeu correr o risco
Consegui gravar um disco deixei de ser sofredor

Ai, ai que vida apertada eu tinha
Meu almoço e meu jantar era brisa com farinha
Meu jantar era brisa com farinha

O Cacho De Banana
Dizem que os pobres é mendigos mas às vezes a gente engana
Vou contar um caso sério que se deu esta semana
Lá num bairro muito rico que só tem gente bacana
Duas famílias tão nobre todos dois cheios da grana
Pois acabaram brigando por um cacho de banana

De um lado do vizinho este fruto foi plantado
E lá por cima do muro tombou e ficou tombado
Com o tempo a bananeira deu um cacho bem granado
Bananeira de uma banda e o cacho do outro lado
Vizinho cortou o cacho vejam só o resultado

Aqueles dois tubarão transformaram em dois rivais
Pois nenhum deles queriam recuar passos pra trás
Parecem que eles nasceram primeiro que os bananais
Por um cacho de banana foi moendo os capitais
Movimentou-se rádio patrulha, advogados e tribunais

Este caso da banana esparramou na região
Só serviu para envergonhar o nome dos tubarão
Todos os dois tinham dinheiro todos dois teve razão 
Um lobo não come lobo leão não come leão
Advogados puseram pano quente na questão

Sei que eu não tive sorte ter riquezas em meu caminho
Reconheço que sou pobre mas eu não sou tão mesquinho
Eu moro no interior também tenho o meu sitinho
Frutos que dão em meu sitio não posso comer sozinho
Bem por isso não importo repartir com meus vizinhos

Cuidado Com O Paletó
Um dia desses vi uma confusão gozada
Uma mocinha dessas muito assanhada
Usava saia e não cobria quase nada
O paletó sentiu uma vergonha danada
Me convidou com outras roupas envergonhada
Fazer cair aquela saia na calçada

O paletó falava de peito cheio
A dona saia já está me dando receio
Subiu depressa e não deu bola pro joelho
O paletó de vergonha ficou vermelho
Pegou a saia pra fazer um bombardeio
A saia curta teve que perder o galeio

Primeiro encontro paletó já reagiu
Pegou no zíper o zíper não resistiu
E deu um tapa na fivela o cinto abriu
E os colchetes dessa luta desistiu
A botãozada já rolou o pé e sumiu
Foi só risada quando a saia caiu

Daquela saia francamente eu tive dó
Minha gravata sapateou no meu gogó 
O meu lencinho no bolso fez caracol 
Sai correndo depois do forrobodó 
Cheguei em casa e avisei o meu xodó
Segure a saia cuidado com o paletó

Papo Furado
Se a menina fosse minha eu cuida eu cuidava no maior zelo
É bonitinha de rosto linda pacas de cabelo
A beleza vem caindo mocotó e tornozelo
Tem cara que está curtindo super dor de cotovelo
Meu Deus do céu que joinha de menina
Falou bicho eu também gostei da mina

A menina está na dela moderninha e bacaninha
Papai aqui na paquera de longe tirando linha
Estou esperando uma boca de encontrar ela sozinha
Vou bater aquele papo ela tem que entrar na minha
Meu Deus do céu que joinha de menina
Falou bicho eu também gostei da mina

O meu papo foi furado a mina ficou maluca
Me deu sessão de esculacho eu fiquei numa sinuca
A menina é pra play back não entro na arapuca
Esquentou minha moringa e fundiu a minha cuca
Meu Deus do céu que joinha de menina
Falou bicho eu também gostei da mina

Músicas do álbum Jacó E Jacozinho (1972) (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9159) - (1972)

Nome Compositor Ritmo
Amigo Da Onça Moacyr Dos Santos / Jacozinho Corta Jaca
O Fim Do Velho Marrudo Moacyr Dos Santos / Jacozinho Rojão
O Cheiro Da Onça Moacyr Dos Santos / Jacozinho Rasqueado
Eu Acho É Bom Moacyr Dos Santos / Jacozinho Pagode
O Patrão E O Camarada Moacyr Dos Santos / Jacozinho Rojão
Salada De Capim Jacozinho / Benedito Seviero Rojão
Briga De Velhos Moacyr Dos Santos / Jacozinho Moda De Viola
Dá Licença Moacyr Dos Santo / Jacozinho Rasqueado
Pensão Da Rua Aurora Tony Damito / Sebastião Ferreira Da Silva Balanço
O Cacho De Banana Moacyr Dos Santos / Jacozinho Rasqueado
Cuidado Com O Paletó Moacyr Dos Santos / Jacozinho Balanço
Papo Furado Moacyr Dos Santos / Jacozinho Balanço
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