Jacó E Jacozinho (1962) (Volume 1) (CONTINENTAL CLP 9025) - (1962) - Jacó e Jacozinho
Menina Moça
Menina moça não chores tanto
Rosto molhado quebra todo seu encanto
Menina moça não chores tanto
Eu não sou lenço, mas vou enxugar seu pranto
Não sou cigano, mas adivinho
Na sua vida não tem flor só tem espinho
Vou por um riso na sua dor
Pedindo à Deus pra te dar sorte no amor
Menina moça não chores tanto
Rosto molhado quebra todo seu encanto
Menina moça não chores tanto
Eu não sou lenço, mas vou enxugar seu pranto
Quem tá chorando levanta e chora
A coitadinha vive presa e não namora
O pai é bravo não quer o namoro
Os olhos dela foram feitos só pra choro
Menina moça não chores tanto
Rosto molhado quebra todo seu encanto
Menina moça não chores tanto
Eu não sou lenço, mas vou enxugar seu pranto
Filho Adotivo
Eu era bem pequenino quando meu pai faleceuÂ
Então a minha mãe a uma famÃlia me deu
E como filho adotivo com eles eu fui criadoÂ
Julgava ser meus pais, pois eu era bem tratado
Quando eu tinha treze anos alguém assim me falouÂ
Vai cuidar de sua vida que sua mãe eu não sou
Dizendo que minha mãe há muito tempo passadoÂ
Por ser viúva pobre a eles tinham me dado
Peguei a trouxa de roupa e pelo mundo saiÂ
Andando de deu em deu vivendo daqui pra li
E quando eu fiquei moço me veio à inclinaçãoÂ
Tocar viola e cantar pra alegrar meu coração
Um dia eu fui chamado pra num circo ir cantarÂ
Num show com outros artistas também fui me apresentar
E quando eu cantava eu podia repararÂ
Num canto da bancada uma senhora a chorar
A senhora estava em pranto que me deu pena de verÂ
E quando o show terminou da senhora eu fui saber
Porque quando eu cantava você estava chorandoÂ
A senhora muito triste sua história foi contandoÂ
Me falou que seu filhinho que em pequeno ela perdeuÂ
No fim fomos descobrir que seu filho era euÂ
Deu um grito de alegria em seus braços me envolveu
Eu fui assistir os artistas encontrei o filho meu
Burro Empacador
Eu alembro e tenho saudade do bom tempo que eu passavaÂ
No tempo que eu fui valente, o pessoal me respeitavaÂ
Sempre eu era arreliento em toda festa que eu chegavaÂ
Alembro de uma ocasião que o pessoal sempre me contavaÂ
Fiz correr quatorze homem de medo tudo gritavaÂ
Comigo fazia os quinze que na frente avoavaÂ
Corria mais do que os outros e nenhum não me alcançava
Sempre eu era de sorte porque Deus me ajudavaÂ
Todas brigas que havia sempre eu que apartavaÂ
O pessoal já conhecia perto de mim ninguém brigavaÂ
A canela do mateiro seguidinho eu emprestavaÂ
Eu via briga formada garrucha quando lumiavaÂ
Se saÃa algum tiro lá de longe eu escutavaÂ
Nunca eu fui testemunha que nesta hora eu não tava
Depois fiquei domador, mas é tempo que eu gozavaÂ
Empreguei numa fazenda os peão que tinha tudo eu cinzavaÂ
Eu vivia de reserva e de mim tudo ciumavaÂ
Esses burro empacador sempre a barda eu que tiravaÂ
Quando era redomão logo eu desabusavaÂ
Se o burro era queixudo na hora que ele empacavaÂ
Só pra não ficar bardoso eu apeava e puxava
O patrão me despachou falou que eu não atacavaÂ
Disse que eu não era peão pra lida eu não prestavaÂ
Eu fiquei louco de raiva de tanto que ele insultavaÂ
Eu arranquei do meu revolver que na cinta eu carregavaÂ
Depois vieram me agradar pensando que eu atiravaÂ
Nunca vi que viagem triste a vergonha que eu passavaÂ
Quando eu via boi no laço nem lá perto eu não chegava
Galo Carijó
As moça de hoje em dia nenhuma gosta que os violeiros canteÂ
Ela gosta é do baile porque ela dança com seus amanteÂ
Os velhos gosta é de moda que canta desde o tempo de Dante
Ele entra no catira e ele quer que os violeiros canteÂ
Toma um gole de quentão bate o pé que nem giganteÂ
Faz a sentir pra rapaziada vira o facão com o cabo pra dianteÂ
Nas festas de hoje em dia todas as mocinhas já sabe o jogo
Convida sua mãe pra ir que a velha sempre já toma um logro
Chega arranja namorado já com a desculpa de arranjar sogro
O velho fica de lado fica com os olhos que nem João BoboÂ
Se a filha for bonita tem medo de haver rouboÂ
Bem vale viver casada pra viver com a orelha pegando fogoÂ
Nossa fama sempre corre aqui o nome dos dois JacóÂ
Quando eu saio em festa longe levo a violinha de tiracoloÂ
Quando eu entro no catira risco no pinho e é uma vez sóÂ
Faço moça trocar vestido e olhar no espelho pra passar póÂ
Os velhos lá da fogueira vem fazendo caracol
Só pra ver a rebanada batida de espora do carijó
Se eu contar da minha vida que muita gente de mim tem dóÂ
Já fui moço divertido e gozei os tempos que foi melhorÂ
Violeiro depois que casa pra fazer moda ainda fica pior
Se a mulherzinha for brava ela chama ele só de bocóÂ
Chama ele de galo velho canta em cima do paiol
Já cantei em terreiro alheio todos correram do carijó
Silvério Dias
O senhor Silvério Dias foi um homem fazendeiro
Forte criador de gado tinha muito dinheiro
Mas só que ele não confiava nem no banco brasileiro
Na sua casa guardado tinha muitos mil cruzeiros
Dinheiro é seu inimigo por isso ele foi traÃdo
Por um homem desconhecido no traje de um boiadeiro
Pois um homem boiadeiro na sua casa chegou
Logo entraram em negócio comprou o gado e pagou
Contando algumas vantagens o seu Silvério acreditou
Ofereceu um curativo seu Silvério aceitou
Silvério sendo um homem ativo não desconfiou do perigo
Acreditou no inimigo fingindo ser curador
A noite teve seção a famÃlia acompanhou
Cada um com um copo d'água que este homem temperou
Quatro copos e quatro velas que este homem envenenou
Na hora do seu mandado de uma vez tudo virou
Quatro copos e quatro velas do casal foi ele e ela
Morreu as duas donzelas que o seu Silvério criou
Deu uma busca no cofre muito dinheiro encontrou
Numa lata de mamona este o ladrão não achou
Dinheiro de sua esposa que tanto ela trabalhou
Segurou e não valeu nada foi outro que aproveitou
Não encontraram na gaveta mais oitenta conto em letras
Que ladrão cheio de treta roubou tanto e ainda deixou
A casa amanheceu fechada, fechada mesmo ficou
Bezerrada da mangueira o dia inteiro berrou
Ajuntaram a vizinhança pra ver o que resultou
Ai, alguma novidade este homem não viajou
Não frequentava diversão pra não gastar nenhum tostão
Foi morto por um ladrão, ai sua fortuna deixou
Breganha De Mulher
As corda da viola é aço e a viola é de madeira
Encostada no meu peito chora turina e a toeira
Pra cantar minha modinha peço licença primeiro
Eu vou contar o que aconteceu na Fazenda das Corredeiras
Isto foi acontecido lá na Barra das Palmeira
E o Pedrinho e seu Manéco dois homens aventureiro
Entraram em combinação o camarada e o patrão
E caÃram em contradição e breganharo as companheira
O namoro tava firme, tava tudo controlado
Pedrinho chamou Manéco pra fazer esta negociada
Seu maneco consentiu aà por ser um homem relaxado
Podemos fazer a breganha se voltar uma boa eitada
Pedrinho imaginou logo, inda deu uma risada
Mas será que vai dá certo como eu tenho pensado
Eu volto a metade do sÃtio e a metade de um capado
Eu inda dou pro’cê levar mais quinhentão incolobado
Seu Manéco respondeu, apodemos ficar tratado
Eu vou falar com Mariquinha sobre essa negociada
E você fala com Palmira se ela está concordada
Este negócio é eu que quero, Palmira num manda nada
Porque já faz muito tempo, que nós vive descontrolado
Falta só nós combinar pra repartir a criançada
Eu vou dizendo de uma vez, eu fico com dois ou três
O resto fica pra vocês e a breganha está acabada
O negócio tava feito, tava tudo realizado
Pedrinho com Mariquinha foro passear na cidade
Pra fazer uma grande compra de fazenda e de calçado
Lá encontraram suas amiga, pra ela foi perguntado, aiÂ
Dá Breganha que fizeram, se não se achava envergonhada
Ela foi e respondeu não tenho vergonha de nada
Quando eu era do Manéco, eu sofria leva breca
Hoje eu sô uma boneca e do Pedrinho eu sô estimada
A Capa Do Viajante
Vou contar o que aconteceu isto é pura verdade
Que um moço que viajava gostava da vaidade
Numa véspera de domingo ele chegou numa cidade
Foi no clube dançar baile aproveitar da mocidade
Encontrou com uma mocinha os dois dançaram a vontade
Antes do galo cantar regulava onze horasÂ
A moça falou pra ele eu preciso ir embora
A noite tá chuviscando, mas a sua capa escora
você vai junto comigo os dois saÃram pra fora
SaÃram de braço dado na rua contando história
Chegaram lá na avenida fizeram a separaçãoÂ
Ela foi pra casa dela e ele foi pra pensão
E deixou seu endereço sobrescrito no cartãoÂ
Levou a capa do moço só pra dar demonstração
Que ela já era morta tava livre da ilusão
No outro dia bem cedo levantou foi procurarÂ
A casa do pai da moça custou muito pra ele achar
Bateu palma no portão o velho mandou entrarÂ
E sentou numa cadeira e pegaram conversar
Perguntou da sua filha o velho pegou chorar
A minha filha caçula que chamava AparecidaÂ
Tá fazendo muito tempo que ela foi falecida
Morreu foi pro cemitério e já passou pra outra vidaÂ
O moço falou pro velho com a voz meia tremida
Ontem eu estive com ela passeando na avenida
O velho falou pro moço você não quer acreditarÂ
Nós vamos no cemitério que eu quero lhe mostrar
A sepultura da filha só pra ver que jeito táÂ
O moço saiu com ele foram andando devagar
Chegaram no cemitério a capa dele tava lá
Degrau Da Fama
O degrau da fama é duro é difÃcil pra gente subir
É uma escada com muito perigo no começo eu logo já vi
Tem mentira e tem falsidade pra gente desiludir
Quando vai ser vitorioso aparece o tal invejoso balança a escada pra gente cair
Dois peitos que cantam sereno da batalha não pode fugir
Nossos peitos são duas metralhas não cochila pras balas sair
As balas é os versos bem feitos que pra longe nós fazemos ir
A defesa desses dois violeiros é dois palmo de peito mineiro que entrou na luta e não desisti
Já fizeram até mesa redonda violeiros que tem por aÃ
Mais de dez pra fazer uma moda eu sabendo já me preveni
As modas que eu canto no ano só no outro eu vou repetir
O mundo é uma bola que roda, nossa ideia é um tesouro de moda e este segredo só eu sei abrir
Eu gosto de fazer surpresa quando eu vou chegando no fim
Quebrei uma rima bonita este verso tem que ser assim
A inveja é coisa que mata a inveja matou o Caim
Pra aqueles que são despeitados peço a Deus que mande dobrado tudo que desejarem pra mim
Quem Sabe, Sabe
Quero ver se você sabe quanta estrela tem no céU
Quanta abelha tem no mundo fabricando nosso mel
Em que dia ficou pronta a tal arca do Noé
Em que dia da semana o Caim matou Abel
Me responda quantos metro nossa Terra tem de fundo
E quantos pingo de chuva cai na terra por segundo
Quero ver se você sabe aonde fica o fim do mundo
E quem nasceu primeiro a preguiça ou o vagabundo
O peso do Pão de Açúcar quero saber ele certo
E quantos grão de areia quem tem lá no deserto
A hora bem certinha que o Brasil foi descoberto
E o dia da sua morte se tá longe ou tá perto
Quantos peixes ainda existe para o pescador pescar
E quanto litro de água que tem lá dentro do mar
Quantas vezes a onda veio na praia e torno voltar
Me diga o dia certo que o mundo vai se acabar
Esse pagode foi feito com pergunta diferente
Vou fazer uma proposta para todos os continente
Quem me der essa resposta bem certinha exatamente
Eu lhe dou meus parabéns e a viola de presente
Tem Gente Pra Tudo
Tem gente que tá subindo tem gente que tá descendoÂ
Tem gente ficando pobre tem gente enriquecendoÂ
Tem gente que tá sorrindo tem gente que tá gemendoÂ
Tem gente que tá ganhando tem gente que tá perdendoÂ
Tem gente que tá comprando tem gente que tá vendendoÂ
Na Terra dá boa gente tem gente pra todo ladoÂ
Tem gente trabalhando tem muita gente paradoÂ
Tem gente na moleza tem gente no pesadoÂ
Tem gente que compra à vista tem gente que compra fiadoÂ
Tem gente que tá casando tem gente separadoÂ
Tem gente que tá chegando tem gente que tá saindoÂ
Tem gente dando esmola tem muita gente pedindoÂ
Tem gente que tá chorando tem gente que tá sorrindoÂ
Tem gente que fala certo tem gente que tá mentindoÂ
Tem gente me criticando tem gente me aplaudindoÂ
Tem gente beijando gente lá no banco do jardimÂ
Tem gente nascendo agora tem gente chegando ao fimÂ
Tem muita gente boa tem muita gente ruimÂ
Tem gente minha gente falando mal de mimÂ
Eu duvido que tem gente pra fazer um pagode assim
Cachaceiro
Eu não bebo pinga porque tenho medo a cachaça é boa, mas não é brinquedo
O homem que bebe não guarda segredo deita muito tarde e levanta cedo
Com a boca amargando e cuspindo azedo
O homem que bebe fica meio louco bebe uma garrafa e diz que é muito pouco
Quando chega em casa tá falando rouco da mulher e filho ele leva soco
Com a boca cheirando que nem ovo choco
Esses cachaceiros é que eu acho graça chega no boteco pra beber cachaça
Com o cigarro aceso soltando fumaça fica o dia inteiro fazendo arruaça
Contando garganta e desmentindo a raça
Muitos bebem pinga diz que é profissão pensa que a cachaça é alimentação
Por causa da pinga dá desprezo ao pão quando vê um copo em cima do balcão
Tá com os olhos acesos que nem lampião
Quem bebe cachaça é porque gosta dela bebe da branquinha e também da amarela
Quando não tem copo bebe na tigela dorme pras estradas em cima das macelas
Um dia esse cara vai morrer sem vela
Vai morrer sem vela com o litrão de lado a alma sai do corpo meio sapecado
Chega lá no céu a porta tá fechado São Pedro não abre por que tá enfezado
Lá no céu não entre gente embriagado
Pequeno E Valente
Vou contar nesta minha modinha o valor de um herói diferente
É um turfista que foi respeitado o senhor Franco Pinto Clemente
Ele tinha para seu recreio um cavalo pequeno e valente
As vitórias do cavalo hÃbrido estão na memória de um monte de gente
Dois quilômetros era a distância que o pequeno cavalo corria
Tanto era na areia molhada ou na grama isso tanto fazia
Seu Dedê que era seu treinador na chegada esperava e sorria
O Pierre no lombo do macho mostrava o caminho pra quem não sabia
Veio um dia da terra dos pampas um enorme veloz pareeiro
O tamanho do pingo argentino dava dois do baguá brasileiro
O contrato foi um mano a mano senhor Franco ganhou bom dinheiro
O argentino perdeu ficou zonzo chegando no rastro que nem perdigueiro
Um cavalo que foi tão valente merecia ter um monumento
Uma estátua no meio do prado levantada com ferro e cimento
Foi a fibra do sangue nativo desta raça que é um portento
Pois o hÃbrido sendo pequeno mostrou que tamanho não é documento
Músicas do álbum Jacó E Jacozinho (1962) (Volume 1) (CONTINENTAL CLP 9025) - (1962)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Menina Moça | Lourival Dos Santos / Jacozinho | Cana Verde |
Filho Adotivo | Francisco Laceerda / Jacozinho | Cururu |
Burro Empacador | Jacó / Jacozinho | Moda De Viola |
Galo Carijó | Jacó / Jacozinho | Moda De Viola |
Silvério Dias | Jacó / Jacozinho | Moda De Viola |
Breganha De Mulher | Jacó / Jacozinho | Moda De Viola |
A Capa Do Viajante | Jacozinho / Piracáia | Cateretê |
Degrau Da Fama | Lourival Dos Santos / Jacozinho | Cururu |
Quem Sabe, Sabe | Lourival Dos Santos / Jacozinho | Pagode |
Tem Gente Pra Tudo | Moacyr Dos Santos / Jacozinho | Pagode |
Cachaceiro | Jacozinho / Piracáia | Rasqueado |
Pequeno E Valente | Jacozinho / Piracáia | Cateretê |