Mãe De Carvão (GTLLP 1159) - (1989) - Liu e Léu

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Mãe De Carvão 
Montado no lombo da louca saudade deixei a cidade voltei pro sertão
Fui ver minha casa na velha fazenda o rancho, a moenda, o velho galpão
Cheguei de mansinho olhando pros lados meus olhos molhados de tanta emoção
Passei a cerquinha de arame farpado o angico encorpado me olhou do espigão

Na porta do rancho bem rente a soleira esbarrei na roseira, levei um arranhão
A linda roseira de rosas vermelhas puxava a orelha do filho fujão
Passei a saleta e fui pra cozinha no canto ainda tinha o velho fogão
Olhei pra parede meus olhos pararam e meus pés ficaram pregados no chão

Revi na parede um rosto traçado que há tempos passados eu fiz de carvão
O tempo e a chuva molhou o reboque e fez o retoque com tal perfeição
Me fez eu criança envolto na manta no colo da santa seguro em suas mãos
Seus olhos estavam radiantes de brilho segurando o filho e dando a benção

Fechei os meus olhos, rezei para ela, pintada na tela da minha ilusão
Mãezinha querida, meu grande tesouro, você é de ouro e não de carvão
No mundo onde ando, de loucas estradas, eu sei não sou nada sem sua proteção

Jogo É Jogo 
Vamos decidir na cara e coroa quem irá ganhar 
Vamos ver qual de nós vai partir ou quem vai ficar
Pegue a moeda, lhe dou o direito de fazer a escolha 
E se eu perder saiu numa boa com a mala nas costas pra qualquer lugar
Mas se eu ganhar, não lhe quero aqui nem mais um minuto 
Jogo é jogo isto eu não discuto, pense bem querida antes de jogar

Mas se quiser por as cartas na mesa e buscar solução 
Se quiser tentar a reconciliação, precisa ser antes de tudo acabar
Ainda a tempo de nós corrigirmos o que está errado, 
Juntos é ruim, pior separados, o amor é o eterno jogo de azar

Coisas Da Vida 
A paixão não marca ponto, o amor não marca encontro, não avisa pra chegar
Um amor é perigoso, pode matar de repente o amor é simplesmente a graça doce de amar
Tem coisas na vida que não dá pra explicar, olhei dentro dos teus olhos e fui me apaixonar

O amor não tem idade, pra dizer mesmo a verdade nem o tempo se desfaz
Não tem raça e não tem cor e traz a felicidade, alimenta de saudade quando se ama de mais
Tem coisas na vida que não dá pra explicar, olhei dentro dos teus olhos e fui me apaixonar

Sei que ninguém é perfeito também tenho os meus defeitos e agora vou dizer
Um deles eu te confesso, eu te amo loucamente e o outro felizmente vou te amar até morrer 
Tem coisas na vida que não dá pra explicar, olhei dentro dos teus olhos e fui me apaixonar

Meu Mundo Colorido 
Este verde da esperança são meus campos, desespero do amarelo é flor do Ipê
Esperança de voltar para seus braços, desespero de jamais rever você
As paisagens do meu mundo colorido me acompanham na distância dos meus passos
Doce paz na branca flor do cafezal, sol vermelho de uma tarde de mormaço
Manto azulado é o céu azul de minha terra, campinas de primavera, belezas de um chão florido
Chuva de ouro cai da lua como pranto dando beleza e encanto ao meu mundo colorido

Claro sol primeira luz que os olho viram, lençol branco que cobriu o meu bercinho
Vem de longe do arco-íris do meu tempo estas cores margeando meu caminho
A cor preta é o luto de quem perde para sempre o grande amor como eu perdi
Nunca tive a cor da felicidade sobre o céu dos longos anos que eu vivi
Manto azulado é o céu azul de minha terra, campinas de primavera, belezas de um chão florido
Chuva de ouro cai da lua como pranto dando beleza e encanto ao meu mundo colorido

Que Culpa Eu Tenho 
Acordei de manhãzinha, deixei a cama em um segundo
Era quatro e vinte cinco eu lavei o rosto e caí no mundo
O problema é que a noite minha mulher com seu costume
Passou brigando comigo pelo castigo do seu ciúme

Eu não tenho culpa posso até jurar
Não vou bater asa eu saiu de casa é pra trabalhar
Que culpa eu tenho de ser seu marido
Sei que não sou santo, mas no meu canto eu sou querido

Dou casa, cama e comida além de amor e muito carinho
Mas quando saiu e volto ela revista até meu bolsinho
Me beija por todo lado e para aumentar o meu castigo
Um cheirinho diferente de unha e dente briga comigo

Eu não tenho culpa posso até jurar
Não vou bater asa eu saiu de casa é pra trabalhar
Que culpa eu tenho de ser seu marido
Sei que não sou santo, mas no meu canto eu sou querido

Apesar de tudo isso a danadinha até que é boa
Traz a casa arrumadinha, anda limpinha e não fica a toa
Mas se ela desconfiar que eu saí um pouco na contra mão
A danada fica esperta a briga é certa e não tem perdão

Eu não tenho culpa posso até jurar
Não vou bater asa eu saiu de casa é pra trabalhar
Que culpa eu tenho de ser seu marido
Sei que não sou santo, mas no meu canto eu sou querido

Jeitão De Caboclo 
Se eu pudesse voltar aos bons tempos de criança
Reviver a juventude com muita perseverança
Morar de novo no sítio, na casa de alvenaria
Ver os pássaros cantando quando vem rompendo o dia
Eu voltaria a rever o pé de manjericão
A corruíra morando lá no oco do mourão
Os bezerros no piquete e nossas vacas leiteiras
O papai tirando leite bem cedinho na mangueira

Eu voltaria a rever o ribeirão Taquari
Com suas águas bem claras onde eu pesquei lambari
O nosso carro de boi, o monjolo e a moenda
As vacas Maria Preta, Tirolesa e a Prenda
Na varanda a tábua grande cheia de queijo curado
E mamãe assando pão no forno de lenha ao lado
Nossa reserva de mata, linda floresta fechada
As trilhas fundas do gado retalhando a invernada

Iria rever o sol com seus raios florescentes
Sumindo atrás da serra roubando o dia da gente
O pé de dama da noite junto ao mastro de São João
Que até hoje perfuma a minha imaginação
O caso é que eu não posso fazer o tempo voltar
Sou um cocão sem chumaço que já não pode cantar
Hoje eu vivo na cidade perdendo as forças aos poucos
Mas não consigo perder o meu jeitão de caboclo

Inverno Na Primavera 
Hoje eu encontrei na gaveta do criado mudo 
A fotografia que você tirou de blusa vermelha
Ah! Como era bonita, mais bela que tudo
Mas por dentro era uma leoa em forma de ovelha

Diz o ditado que as aparências às vezes enganam 
E por trás de um rosto bonito se esconde uma fera
Aconteceu comigo, eu lutei e fiz de você uma dama 
Mas você foi um triste inverno na primavera

Você chegou cheia de graça, cheia de virtude 
Me envolvi com sua juventude assim você tomou conta de mim
Mas eu não sabia que você fingia o tempo inteiro,
Foi uma loba em pele de carneiro e quase, quase me levou ao fim

Com suas garras sempre afiadas, felinas e mortais 
Fez comigo igual os chacais que devoram a presa sem terem piedade
Mas infelizmente é você a pessoa que nos sonhos eu chamo
É você a mulher que eu amo, apesar de tudo você foi a minha felicidade

Sombra Da Laranjeira 
Eis aqui mais uma história de amor de uma cabocla, onde as palavras são poucas porém reais
Esse tipo de amar me faz lembrar-me da saudade da minha feliz mocidade
Eu não sei o por que mas eu trago comigo guardado em minha lembrança
Uma jura de um certo casal que eu vi no meu tempo de criança
Foi na sombra de uma laranjeira florida e exalando seu olor
Que ele disse a ela, querida para o ano quando a laranjeira estiver florida eu virei lhe buscar meu grande amor

E os anos se passavam e ele não vinha e a curiosidade minha aumentava cada vez mais
Eu fui crescendo, crescendo e vendo ela sofrendo e o rapaz jamais
Ai fiz uma jura que quando eu tivesse um amor 
Jamais eu iria amar na sombra de uma laranjeira em flor
Hoje sei pelo que vi e já ouvi falar que um casal que ama em sua sombra não se consegue casar

Ano 2000 
O simples poeta que fez estes versos espera que o ano dois mil seja assim
Que as bênçãos Divinas protejam o universo e os anjos bailando ao som de um clarim
Quero ver os homens da terra cantando, colando os rostos e os corações
E Deus nas alturas do céu derramando a paz entre os homens, unindo as nações

O preto e o branco, o velho, a criança, ao céu ofertando eterno louvor
Provando que ainda existe a esperança e o mundo dormindo nas mãos do Senhor
A branca pombinha bebendo na fonte, o homem enterrando no chão o fuzil
O sol despontando no calmo horizonte, velinha do bolo do ano dois mil

Vão ter sobre a Terra florestas e ninhos e os lírios dos vales jamais vão morrer
As aves velando os seus filhotinhos e o homem aprendendo com as aves viver
Filhotes humanos terão o direito de um dia voarem e seus filhos virão
Não falte pro homem um teto e um leito, a terra sagrada não nega seu pão

Pra que tudo isso de fato aconteça, passagem das eras que o homem esperou
Precisam os gigantes manter a cabeça voltada pra terra que Deus presenteou
A Terra florida em todos os cantos, a paz então reina em cada país
Quero ver os anjos vestidos de branco, abrindo a cortina do ano dois mil

Quarto Azulado 
Me deixa ficar solitário num cantinho do mundo qualquer
Que eu quero pintar com a mente os traços daquela mulher
Nas luzes da aurora rever novamente seu rosto rosado
E que o verde vestido da serra também tenha na barra um bordado

Eu quero fazer com meus olhos o manejo que faz o pincel
Caprichar nos cantinho da boca moldando seus lábios de mel
No quarto azulado do céu minha deusa eu quero esperar
E no canto da sala terei o prateado abajur do luar

Das nuvens farei a capela, o meu templo que sempre sonhei
No eterno silêncio dos sinos eu sozinho na igreja entrarei
Se a caso encontrar-me sem vida, diga a todos que jeito morri
Debruçado na cama do mundo desenhando a mulher que perdi

Colecionador De Fotos 
Com meu capricho montei uma exposição, fui fazendo coleção de belas fotografias
Gente famosa de toda especialidade desde a nossa atualidade ao tempo da monarquia
Muito orgulho com meu acervo de quadros, gente de todos os lados vindo pra me visitar
Todas as fotos tinham seu nome na história, foram passados de glórias reunidas em um só lugar

De presidentes, ministro e doutores, artistas e professores, famosas celebridades
Reis e rainhas, heróis de guerras passadas, fotografias marcadas pelo tempo e a saudade
Veio o repórter de rádio e televisão visitar a exposição e um deles me disse isto
Que maravilha, mas existe um porém, vejo que você não tem nenhum retrato de Cristo

Eu respondi, eu tenho este retrato na parede do meu quarto e quando a tarde se encerra
Aquela imagem eu tenho pra venerar e jamais vou misturar com a dos homens da Terra

Pé De Rosa 
Eu plantei um pé de rosa no início do verão
Quando foi na primavera a roseira deu botão
Abriram primeiras flores, perfumando a casinha, 
Alegrando a rainha dona do meu coração

Chega a seca fico triste, roseira murcha e não cresce
Entra as águas fico alegre e a roseira floresce
Fico na porta do rancho olhando com minha amada 
E nas flores perfumadas cuitelinho sobe e desce

Cuitelinho vai embora depois das flores beijar
Quando é dali a pouco vai chegando um sabiá
Ele pousa de mancinho no galho da laranjeira 
E ali passa a tarde inteira cantando pra me alegrar

O meu ranchinho é pobre mais tem tudo que eu preciso
A cabocla carinhosa me dá beijos e sorriso
Sou um caboclo feliz, tenho a cabocla amorosa 
E também um pé de rosa pra enfeitar meu paraíso

Músicas do álbum Mãe De Carvão (GTLLP 1159) - (1989)

Nome Compositor Ritmo
Mãe De Carvão José Caetano Erba / Tião Do Carro Toada Balanço
Jogo É Jogo Jack Guarânia
Coisas Da Vida Meire / Tião Do Carro Rasqueado
Meu Mundo Colorido José Fortuna / Paraíso Toada
Que Culpa Tenho Eu João Do Reino Rojão/Batidão
Jeitão De Caboclo Waldemar Reis / Dr Sampaio Querumana
Inverno Na Primavera Jack / Sebastião Ferreira Da Silva Guarânia
Sombra De Laranjeira João Do Reino Valsa
Ano 2000 José Caetano Erba / Tião Do Carro Balanço
Quarto Azulado José Caetano Erba / Tião Do Carro Valsa
Colecionador De Fotos Joel Marques / João Gonçalves Toada
Pé De Rosa Eduardinho / Léu Recortado
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