Minhas Trovas (CHANTECLER CH 3160) - (1968) - Liu e Léu

Para ver a lista de músicas, clique na lista abaixo.

No Fim Da Estrada
Subo serra desço serra, vejo terra, vejo céu
Vejo mato só não vejo o fim da estrada
Vem janeiro vai janeiro o ano inteiro a caminhar
Só lidando e gritando com boiada

Agora eu vou quero encontrar o fim da estrada
Pra vender minha boiada e guardar meu dinheirinho
Pedir à Deus o meu cantinho sossegado
Juro que eu estou cansado de viver assim sozinho

Ter minha casa meu amor e meu filhinho
O mundo é grande e terá outro caminho
Que vale a vida sem um pouco de carinho

Roda Pião
Roda, roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Esse mundo é uma bola que vai rodando no espaço
Até a minha morena já rodou pra outros braços

Roda roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Roda roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Mas eu também vou rodando na longa estrada da vida
Vou dar a volta no mundo pra encontrar minha querida

Roda roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Roda roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Seu eu não encontrar ninguém sozinho não vou ficar
Nos braços de outro alguém por vingança vou rodar

Roda roda pião vai rodando no chão
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração
Enquanto a saudade roda dentro do meu coração

Primo Do Chico Mineiro
Meu tempo de boiadeiro eu não esqueço jamais
O primo Chico Mineiro que foi o meu capataz
O grito da peãozada em busca dos marruás
Quando eu peguei boi a laço no chão de Minas Gerais

Viajei pela boiadeira descendo dos pantanais
Formando nuvens de poeiras na copa dos coqueirais
E quantas noites dormidas no meio dos carrascais
Em cima de alguns baixeiros o forro dos animais

A comitiva pesada cargueiro de cereais
Berrante de madrugada manhãs de uns anos atrás
Passei por vales e montes dos quatro pontos cardeais
Fazendo entrega de boi em diversas capitais

Deixei de ser boiadeiro e quanto tempo já faz
O primo Chico Mineiro mataram em Minas Gerais
Daquele bom companheiro só existe restos mortais
Adeus peões e boiadas adeus para nunca mais

Amor Impossível
Se vocês soubessem como eu vivo triste não me falariam coisas de mal 
Sentiriam apenas este meu viver que ultimamente tem sido chorar
Vivo aqui distante da terra querida e longe de todos que eu adorei
A saudade bate tanto no meu peito mais eu deste jeito lá não voltarei

Sou apaixonado por um certo alguém que reside perto a casa dos meus pais
Eu a amo tanto embora sabendo que ela não pode ser minha jamais
Ela é casada e tem o seu lar muito embora tem me correspondido
Mas eu não desejo fazer para outro o que eu não quero que façam comigo

Um Pouco De Minha Vida
Eu morei numa fazenda que mais feia não havia
Era uma furna de serra que de serração cobria
Só depois de nove horas que o sol aparecia
E pra onde agente olhava só montanha é que se via
Lá pras bandas do poente como sufocava agente
Quando a tardinha morria

O lugar era assombrado minha mãe sempre dizia
Que certas horas da noite um gemido se ouvia
Era um ai ai tão triste que no quintal se expandia
Minha mãe ao lembrar disso ela conta e se arrepia
Não tinha vizinho perto vejam que lugar deserto
De nós só Deus que sabia

Não muito longe de casa um piquete existia
Onde meu pai conservava as nossas vacas de cria
Era preciso cuidado quando um bezerro nascia
Devido ter muito lobos por aquelas cercanias
Lembro-me bem como era o uivado dessas feras
Na solidão se perdia

Eu ainda era criança quase pra nada servia
Mas tirava doze e meia na enxada todo dia
O meu joguinho de malha era o que mais me entretia
Até que meus pais mudaram era assim que eu vivia
Hoje eu moro na cidade, mas recordo com saudade
Minha velha moradia

O Sertanejo
Sou filho de caboclo eu moro no sertão
Num rancho beira chão que fiz pra mim viver
E quando chega a madrugada escuto a passarada
Cantando até o amanhecer

O dia vem surgindo no pasto o gado berra
Os canários da terra começam a cantar
Eu me levanto espreguiçando na vida matutando
E vou pra roça trabalhar

A tardinha declina eu deixo meu roçado
Ouvindo o piado de um inhambu chitão
O sol que morre no poente renasce novamente
Trazendo a luz de outra manhã

A noite os vaga-lumes circulam a campina
Beijando a neblina da tarde que passou
Quem não contempla a natureza desconhece a beleza
Que Deus nosso Pai criou

Ribeirão
Ribeirão, ribeirão, ribeirão não se cansa de correr dia e noite sem parar
Vem de lá da cabeceira vem rolando nas pedreiras caminhando para o mar
Corta vale e dobra a serra descrevendo pela terra um destino uma missão
Numa estrada andejante lado a lado uma vazante coberta de plantação

Suas águas borbulhando muitos peixes marulhando em maredas de arrebol
Branca espuma flutuante que nem flores radiante se abrindo para o sol

Ribeirão, ribeirão, ribeirão
Onde o gado mata a sede e um caboclo estende a rede e um anzol para pescar
E parece que na sua correnteza nasce a voz da natureza no sertão pra murmurar
Passando a nuvem chuvosa se quebra no ribeirão e as águas furiosas vão criando turbilhão

Os barrancos vão caindo soterrando igarapé e as águas invadindo as moradas de sapé
Os barrancos vão caindo soterrando igarapé e as águas invadindo as moradas de sapé
Ribeirão, ribeirão, ribeirão

Minhas Trovas
Eu vi um sabiá cantando numa uma alta laranjeira
Dizendo que o primeiro amor traz saudade a vida inteira
No coração da infância tem uma roseira em flor
Cada ano é uma rosa cada espinho é uma dor

Minha flor da mocidade teve gotas de orvalho
Nos olhos da moreninha que me derrubou do galho

Morena Espanhola
Dedilhando a castanhola novamente ela voltou
Cheia de graça e beleza sorridente se apresentou
Na platéia entre tantas um alguém apaixonado
Com olhar acompanhava sua volúpia do bailado

Era o rapaz que a tempo pelas ruas da cidade
Depois de sua partida chorou por sentir saudade
E ali fez seu castelo de um pobre sonhador
Mataria seu desejo declarando seu amor

Para ele a vida é bela e o futuro é mais risonho
Depois de tanta amargura realizou seu grande sonho
Se casou e vive feliz tem alguém que lhe consola
Recebendo os carinhos da morena espanhola

E agora o circo se foi tristonho e sem alegria
Por saber que ali ficava a estrela da companhia
Por ela encontrar seu bem até deixou de bailar
Não dedilha a castanhola é rainha de um lar
Não dedilha a castanhola é rainha de um lar

Despedida De Um Filho
Adeus sertão adeus flores da cascata
Hoje nesta serenata eu venho me despedir
Até a lua lá no céu enche de mágoa
Geme o vento e chora as águas por ver um filho partir

Adeus cabocla linda flor da minha vida
Deixo a minha despedida e também meu coração
Eu quis ficar a teu lado mas não pude
Vou em busca de saúde estou doente do pulmão

Mamãe querida já esta chegando a hora
Do seu filho ir embora bem longe deste lugar
Me abrace forte enquanto eu não estou morto
Procure encontrar conforto pra senhora não chorar

Adeus meu pai adeus meu irmão querido
Vou partir aborrecido por deixar o que sonhei
Deixo também o meu pinho seresteiro
Adeus sertão brasileiro talvez não mais voltarei

Deus Lhe Pague
Querida aceite estas flores que apanhei pra te ofertar
São flores que tu plantaste no jardim do nosso lar
Hoje é uma data feliz eu quero te homenagear
Saudando a tua saúde e o passado relembrar

Já fui um mal companheiro, fui perverso e infiel
Mas uma esposa sincera enfrenta tudo que vier
É como diz o ditado anda errado só quem quer
Quando eu soube ser homem tu soubeste ser mulher

Hoje em dia me envergonho de ter um passado assim
Somente a sua bondade impediu meu triste fim
Enquanto eu repassava botequim por botequim
Você em casa esperava rezando em pranto por mim

Até um dia tuas preces lá do céu Deus escutou
Pois a mão no meu caminho meu destino transformou 
Abandonei a bebida minha vida endireitou
Me dediquei à família e o meu lar Deus abençoou

Hoje fazem quinze anos que nós dois enfrente ao altar
Juramos aos pés da Virgem para sempre se amar
Tua bondade impediu dessa jura eu quebrar
Deus te pague oh, querida por ter salvo o nosso lar

Adeus Minha Terra 
Ta fazendo hoje mais um ano que eu despedi dos meus pais
Deixei a casinha branca e a querência dos meus ais
Na viagem eu vinha cantando mas o meu coração eu deixava pra traz

Foi na hora da minha partida minha pobre mãe eu abracei
Em soluço eu pedi sua benção em seu rosto molhado eu beijei
Adeus minha mãe eu vou-me embora vou deixar minha casa e não mais voltarei

Pros amigos que me escrevem cartas vou pedir isto e nada mais
Não pergunte por uma pessoa porque muito desgosto me traz
Só por ela eu deixei pai e mãe por estar ausente eles choram demais

Hoje eu levo a vida cantando quem lastima vantagem não faz
Conhecendo este Brasil colosso interiores e as capitais
A viola é minha defesa ganho a vida fácil e ainda me distrai

Adeus terra que eu me criei adeus serra e adeus coqueirais
Adeus povo da velha Congonha adeus tempo que não volta mais
Hoje longe eu sofro calado porque fiz juramento de não voltar mais

Músicas do álbum Minhas Trovas (CHANTECLER CH 3160) - (1968)

Nome Compositor Ritmo
No Fim Da Estrada João Pacífico Toada
Roda Pião Tapuã Polca
Primo Do Chico Mineiro Sebastião Victor Toada
Amor Impossível Edmilson Corrêa Rasqueado
Um Pouco De Minha Vida Dino Franco Moda De Viola
O Sertanejo Sebastião Victor / Zé Maringá Guarânia
Ribeirão Manoel Bruno Linhares Toada
Minhas Trovas Edward De Marchi / Benedito Gonçalves Rasqueado
Morena Espanhola Tapuã / Zalo Rasqueado
Despedida De Um Filho Liu / Zico Toada
Deus Lhe Pague Zé Paioça / Joel Tavares Cateretê
Adeus, Minha Terra Liu / Léu Moda De Viola
Compartilhe essa página
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim