Mourão Da Despedida (RODEIO 75065) - (1982) - Pardinho e Pardal

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Mourão Da Despedida
Lá no mourão daquela porteira um verso eu escrevi
Pra uma cabocla ler que sempre passava ali
Relendo aquelas frases muita saudades senti
Então a porteira fechou o nosso amor separou
Pra nunca mais se unir

Sai sofrendo um abandono na longa estrada da vida
Levando muita saudade daquela mulher querida
Sem sair do pensamento a esperança perdida
Quanto mais eu caminhava de longe ainda avistava
O mourão da despedida

Me ausentei daquela cabocla distante eu fui morar
Aquele verso eu cantava somente pra não chorar
E depois de muito tempo voltei naquele lugar
No mourão da despedida um verso aquela fingida
Escreveu pra me deixar

No tempo da mocidade certa pessoa me venceu
E por esse alguém que digo foi que o nosso amor morreu
Hoje estou arrependida e todo erro é meu
Perdoe-me nesta agonia querido até um dia
Deixo o meu último adeus

Hoje com este mourão antigo eu me sinto comparado
Me retalharam de mágoa ele também foi cortado
A dor que eu sofro ele sofre nós dois fomos desprezados
Mourão meu bom companheiro você foi o mensageiro
Na história do meu passado 

Cofre Do Amor
Hoje meu peito é um quarto escuro abandonado
No canto esquerdo meu coração é o cofre do amor
Nele conserva todas as mágoas e desenganos
Sonhos que guardo no porta jóia da minha dor

Você ingrata é quem conhece todo segredo
Só teu carinho consegue abrir o meu coração
Quem bom seria se novamente você entra-se
Neste meu peito recanto triste da solidão

Você ingrata usando a chave da falsidade
E minha vida sem piedade você roubou
As esperanças e toda a minha felicidade
O meu futuro, a minha base tudo o que sou

Neste meu cofre deixou apenas velhas lembranças
Como se fosse simples rascunhos de anotações
Dias e horas que assinalaram nossos encontros
E pouco a pouco se transformaram em desilusões

As horas longas de meu desterro foi transformando
Em aço puro meu coração que jamais se abriu
Só o seu beijo queimando em brasa conseguiria
Atravessar a parede dura de aço frio

Me lembro ainda aquele tempo que lhe amava
Seus doces beijos eu recebia com tal calor
E eu sentia quebrando tudo aqui por dentro 
Fazendo em cacos meu inquebrável cofre do amor

Presente De Natal
Sente ao meu lado seu moço não tenha pressa rapaz
Vou lhe contar uma história que não me esqueço jamais
Eu era muito criança quando isso aconteceu
Foi no dia de natal mudou o destino meu
Veja que presente triste que papai Noel me deu

A casa que eu morava era pequena e modesta
Papai estava contente pois era dia de festa
Eu estava tão feliz quando tudo terminou
Em meu rosto de criança muita lágrima rolou
O presente mais bonito papai Noel me roubou

Vinte e cinco de dezembro dia de Nosso Senhor
Dia que todos festejam todos com paz e amor
Vejo meu filho brincando com os presentinhos seus
Esse dia para mim relembra o passado meu
Minha mãe foi sepultada dia que Jesus nasceu

O Dia Da Caça
Perseguido como fera eu segui minha carreira
Fui a caça que escapou da mira da cartucheira
Caçador fez armadilha, cachorrada fez barreira
Cercaram todo meu trilho pra me pegar no gatilho 
Ou então numa rasteira

Eu estava inocente, caçador bem prevenido
Cada passo que eu dava era sempre perseguido
Caçador tinha uma corja de cachorros instruídos
Além de levar meu ouro queriam tirar meu couro
Entregar para o bandido

Precisei me debandar por estar sendo acuado
Mas voltei de vagarinho pra não dar o pulo errado
Caçador e os vira-latas peguei eles descuidados
Ao perderem minha trilha caíram na armadilha
Que tinha bem preparado

Já quebrei a cartucheira não sai chumbo e nem fumaça
Caçador está tremendo por ver o leão na praça
O bando de passa fome esconderam na quiçaça
Destruí a covardia caçador teve seu dia
Porque o daí da caça

Nas Mãos De Deus
Meu patrão estou chegando eu vindo da roça
O suor está grudando minha camisa nas costas
Pra dar conta do serviço trabalhei o dia inteiro
Mas vi pedir pro senhor me faça um grande favor
Eu preciso de dinheiro

Minha mãe está doente foram na roça avisar
Eu vou levar ela urgente para um doutor consultar
Eu vou ficar lhe devendo estou sendo verdadeiro
Patrão me ajude agora, por Deus e Nossa Senhora
É meu grande o meu desespero

O patrão me respondeu dinheiro é no fim do mês
Nunca fiz adiantamento e não me peça outra vez
Leve ela a um benzedor ou em algum curandeiro
Me entenda meu bom rapaz não volto a palavra atrás
Não fale em dinheiro

Então eu fui pra cidade com o doutor fui falar
O doutor me respondeu é só depois que me pagar
Se não tem pede emprestado a quantia que importa
Com o coração em brasa eu voltei pra minha casa
Minha mãe já estava morta

Quando o caixão saiu a tristeza foi demais
Sepultei minha mãezinha num pranto cheio de ais
No coração do roceiro foi um golpe mais profundo
Não pode salvar a vida da mãezinha tão querida
Meu maior amor do mundo

Como tem gente ruim neste mundo de maldade, ai
Entreguei nas mãos de Deus a justiça da verdade, ai, ai, ai

O Expresso Boiadeiro
Se não manter os peões de muita raça
Lá no sertão galopando as invernadas
Os caminhões do expresso boiadeiro
Não tem serviço rodam vazios na estrada

Mas eu ainda sou peão de boiadeiro
Graças à Deus não perdi a profissão
E o meu laço de pegar mestiço arisco
Ta pendurado na garupa do burrão

Tenho também um bom cachorro campeiro
É ensinado amigo de estimação
E o meu cachorro muito tem me ajudado
A por o gado lá dentro do caminhão

Se não manter os peões de muita raça
Lá no sertão galopando as invernadas
Os caminhões do expresso boiadeiro
Não tem serviço rodam vazios na estrada

E o mestiço que ficou bem alongado
Ta escondido na quiçaça ou no guapé
O caminhão eu já sei que não vai lá
Se ele entrar pra sair não vai dar pé

Pois é preciso um peão bem traquejado
Firme no laço e também de muita fé
Trago o mestiço na chincha do burrão
Pro caminhão nem que for de marcha ré

Se não manter os peões de muita raça
Lá no sertão galopando as invernadas
Os caminhões do expresso boiadeiro
Não tem serviço rodam vazios na estrada

Eu agradeço o expresso boiadeiro
O motorista que vai firme no volante
Não vejo mais sofrimento de boiada
Não vejo mais sofrimento dos marchantes

Tem muita gente chorando de saudade
Daquele tempo que já vai muito distante
Eu vivo hoje no tempo que já se foi
Lido com boi e ainda toco berrante

Do Jeito Que Tá, Tá Bom
Deixa do jeito que ta não precisa por a mão
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

As mocinhas lá da roça que gostam do batidão
Arrasta o pé no fandango é a sua diversão
Elas não tem na cidade pra dançar lá no salão
Vai no baile de barraca clareado pó lampião
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

Deixa do jeito que ta não precisa por a mão
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

Um caboclo lá do mato quando vem na povoação
Camisa de pano grosso cheirando terra do chão
Chapéu grande na cabeça calçado de sapatão
Se quiser enfeitar ele não vai ter arrumação
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

Deixa do jeito que ta não precisa por a mão
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

Nossa moda sertaneja nascida lá no sertão
Ta mandando no pais quase em toda região
Rapaziada de hoje em dia desta nova geração
Não mexam nas minhas modas se não quebra a tradição
Deixa do jeito que ta, do jeito que ta, ta bom

Voltei A Ser Feliz

Fiz um pedido pra Jesus Nosso Senhor
Que acalma-se a minha dor implorei com muita fé
Dias e noites eu sofria no abandono
Sem comer e sem ter sono por gostar de uma mulher

Fui atendido tudo fui tão passageiro
Acabou me desespero já não sofro de saudade
Porque agora surgiu outra em meu caminho
Que me beija com carinho e me ama de verdade

Estou sorrindo como era antigamente
E assim vivo contente no jardim cheio de flor
E hoje em dia pra mim tudo é nuança 
Porque veio a esperança reviver meu grande amor

Sinto de novo os prazeres desta vida
Minha alma foi ferida, mas sumiu a cicatriz
A minha casa não é rica e nem é pobre
Em lugar de gente nobre hoje eu vivo bem feliz

Velho Vaqueiro
Vejo uma nuvem de pó lá na curva do estradão
É poeira de boiada vindo lá do meu sertão
Eu vejo o boiadeiro montado em seu alazão
O toque do seu berrante machuca meu coração

Depois que a boiada passa de novo eu fico tristonho
Então eu chego a pensar que tudo isso é um sonho
Eu entro no meu ranchinho neste deserto medonho
Choro de tanta tristeza falo e não me envergonho

Eu também fui boiadeiro e hoje eu não sou mais nada
O consolo que eu tenho ver a tralha pendurada
Quando saiu na janela e olho lá na invernada
Aperta minha garganta e a voz fica embargada

O meu cachorro campeiro amigo de vaquejada
Hoje também está velho no finzinho da jornada
Estou no mesmo caminho sinto as pernas fraquejadas
Só terei o meu descanso na derradeira morada

O Barqueiro Da Barca
O barqueirinha da barca olhe lá tome cuidado
Esta mulher que tu levas sempre foi meu bem amado

O barqueirinha da barca pra levar meu querer
O barqueirinha da barca não deixe a barca tremer
Estou do lado do cá aonde eu posso te ver
O barqueirinha da barca estou de olho em você

O barqueirinha da barca olhe lá tome cuidado
Esta mulher que tu levas sempre foi meu bem amado

O barqueirinha da barca não deixe o remo parar
O barqueirinha da barca vai levar meu bem pra lá
Cuidado com a correnteza meu bem não sabe nadar
O barqueirinha da barca não deixe a barca virar

O barqueirinha da barca olhe lá tome cuidado
Esta mulher que tu levas sempre foi meu bem amado

O barqueirinha da barca vai remando apaixonado
O barqueirinha da barca tem a morte todo lado
Atravessa o rio solteiro e pra cá volta casado
O barqueirinha da barca diz que tem amor roubado

O Milagre Da Chuva
Em uma casinha de tábua de pinho na beira da estrada num sítio largado
Morava um caboclo que tinha dois filhos o homem sofria, mas sempre calado
Levantava cedo no romper da aurora fazia o almoço e ia pro roçado

Fui no mês de agosto num dia tão quente ele terminava a sua empreitada
Já vinha voltando do seu trabalho avistou distante lá na baixada
Fumaça subindo e um fogo ardente viu a sua casa toda incendiada

O pobre caboclo tão desesperado não viu no terreiro seus filhos queridos
Por Nossa Senhora ele chamou caiu de joelhos e fez o pedido 
Pra salvar o filho daquela tragédia naquele momento ele foi atendido

O céu nesta hora foi escurecendo forte temporal logo começou
A chuva caiu tão rapidamente nenhuma brasa acesa ficou
Foi mais um milagre de Nossa Senhora e os dois meninos o fogo não queimou

E naquela hora ele decidiu pra ver a imagem da mãe verdadeira
O filho pequeno levou no colo e outro andando atravessou a fronteira
Viajaram a pé vinte e cinco dias foi agradecer a nossa Padroeira

Amigo Da Onça
Amigo meu, seja um pouco mais sensato
Se você não mata o bicho, então desocupa o mato
Amigo meu, seja um pouco mais sensato
Se você não mata o bicho, então desocupa o mato

A mulher do meu amigo francamente é um barato
Eu estou gamado nela, mas ele ta aqui de lado
Ele não solta a morena só pra evitar dar boato
Ta sempre grudado nela como faz o carrapato
Ela tem tudo que eu quero carinho ali é mato
Mas ele num sai da moita, nem tampouco amarra o gato

Amigo meu, seja um pouco mais sensato
Se você não mata o bicho, então desocupa o mato
Amigo meu, seja um pouco mais sensato
Se você não mata o bicho, então desocupa o mato

O malvado não tem força nem pra levanta o sapato
Já anda arrastando os pés ta derrubado de fato
A morte já tem motivo pra caçar seu mandato
Tenho tanta pena dela como a lontra tem do pato
Ela tem tudo que eu quero, carinho ali é mato
Mas ele num sai da moita, nem tampouco amarra o gato

Músicas do álbum Mourão Da Despedida (RODEIO 75065) - (1982)

Nome Compositor Ritmo
Mourão Da Despedida Dino Franco Rojão
Cofre Do Amor José Fortuna / Mairiporã Guarânia
Presente De Natal Tião Do Carro / Luiz Cigano Valsa
O Dia Da Caça Moacyr Dos Santos Pagode
Nas Mãos De Deus Tião Do Carro / Carreirinho Moda De Viola
O Expresso Boiadeiro Moacyr Dos Santos / Tião Do Carro Corrido
Do Jeito Que Tá, Tá Bom Moacyr Dos Santos / Tião Do Carro Pagode
Voltei A Ser Feliz B. Amorim Toada
Velho Vaqueiro Tião Do Carro / Neguinho Rasqueado
O Barqueiro Da Barca Moacyr Dos Santos / Tião Do Carro Embolada
O Milagre Da Chuva Tião Do Carro / Luiz Cigano Moda De Viola
Amigo Da Onça Tião Do Carro / Zé Mulato Rojão
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