Pedro Bento E Zé Da Estrada (1968) (CABOCLO-CONTNENTAL CLP 9043) - (1968) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Dança Do Pagode
Eu recebi um convite veio de Minas Gerais
Pra dançar um cateretê na casa do Zé Novaes
Gente boa por demais

Fomos chegando na festa, já estava no escurecer
O estouro do rojão dava gosto de se ver
A dança do cateretê

O festeiro me chamou quero apresentar você
A minha filha mais nova vai dançar pra você ver
Até o dia amanhecer

Foi chegando lá de dentro som corpo balançando
Uma linda italianinha batendo o pé repicado
Verdade passe apurado

Eu chamei meu companheiro, nos temos boa instrução
Dei um retoque na viola e fiz logo a marcação
Sapequei o pé no chão

Cada tranco que nós dava a casa toda tremia
As mocinhas admiravam os versos que nós fazia
Foi até raia do dia

O galo cantou distante a festa foi se acabando
Eu chamei os catireiros que com nós tava dançando
As moças ficou chorando

Retrato Do Boi Soberano
No braço desta viola quero contar quem eu sou
No meu tempo de menino este caso se passou
Fiquei ciente da história porque meu pai me contou
O velhinho foi falando com a voz quase apagando
Dos seus olhos marejando, duas lágrimas rolou

Meu filho nunca duvide do poder do Criador
O retrato de um boi preto nesta hora me mostrou
Esse boi é o soberano que um dia te salvou
Não me sai mais do sentido quando eu vi você perdido
Na hora fiz um pedido e o milagre Deus mando

Na cidade de Barretos muita gente presenciou
O passar de uma boiada com destino ao matador
No repique do berrante quando a boiada estourou
Nesse momento tirano você estava brincando
Quando o boi Soberano na sua frente parou

Os gritos dos boiadeiros de muito longe escutou
A rua cobriu de poeira quando a boiada passou
Quem assistiu a passagem de emoção até chorou
Este boi lhe defendia com tamanha valentia
Que até chorei de alegria e o povo se admirou

Este caso do passado assim meu pai me contou
Do milagre acontecido eu fiquei conhecedor
Fui crescendo e fiquei moço hoje sou um cantador
Vou seguindo meu destino e por um milagre divino
Eu sou aquele menino que o Soberano salvou

Resposta Do Adeus
Quando a aurora raiou eu chorei
Chorei como chora um sofredor
Chorei tanto por que eu amei
Na cruel ilusão do amor

Neste pinho encostado no peito
Solucei tão baixinho o adeus
Compreendi que este amor foi desfeito
Porque assim o destino escreveu
Compreendi que este amor foi desfeito
Porque assim o destino escreveu

Quando passo por esta capela
Sinto ainda o tocar dos sinos
Que festeja o seu matrimonio
Quando a outra abraçaste sorrindo

Com teu lindo vestido de noiva
Me olhando e querendo chorar
E sorrindo triste saudando
A tristeza que eu ia ficar
E sorrindo triste saudando
A tristeza que eu ia ficar

Rompe a aurora eu fico chorando
Procurando esquecer este adeus
Me deixando na escada da igreja
Conformando o com o destino teu

Quantas vezes procurei te esquecer
Sendo inútil por tudo que fiz
Só prefiro um dia morrer
Por que assim talvez eu seja feliz
Só prefiro um dia morrer
Por que assim talvez eu seja feliz

Santo Reis
Vai chegando o santo reis, ai, com a bandeira na mão, ai
Louvando o dono da casa, eh, ai, junto com seus foliões, eh, ai

Santo Reis chega de longe, cansado de viajar, ai
Vem pedir a sua esmola ,eh, ai, pro seu dia festejar, eh, ai 

Santo Reis que abençoa a sua família inteira
Nós temos que viajar ,eh, ai, traga pra fora a bandeira, eh, ai

Santo Reis aqui despede com prazer e alegria
Quem tiver saudade dele, eh, ai,  vai na festa no seu dia, eh, ai

Maria Rosa Do Sertão
O arraial chorou todo de tristeza e emoção
O dia que se casou Maria Rosa do Sertão
Era coisa combinada desde o tempo de criança
De ela se casar com o Zico da fazenda Barra Mansa

E entre muitos pretendentes que pediram sua mão
Tava o Chico Cascavel homem ruim de coração
Vendo seus planos falhando sem um pingo de esperança
Cascavel homem malvado pensou logo na vingança

Na igrejinha do arraial na hora do casamento
Quando o padre perguntou tem algum impedimento
Só dois tiros respondeu no meio de dois clarão
Cascavel baleou os noivos e sumiu na confusão

E o padre ajoelhando chorava que nem criança
Pegando as mãos dos mortos colocou as alianças
Quando ele se levantou tava tudo terminado
O Zico e Maria Rosa ante Deus estavam casados

Ele vestido de preto, ela de grinalda e véu
Se casaram aqui na terra pra ir morar lá no céu
Tantos anos de gostaram para ter tão triste sorte
Viver solteiro na vida, para ser casado na morte

E agora no cemitério tem duas campas emparelhada
Em cima de cada uma, uma roseira plantada
As roseiras se juntaram com seus ramos entrelaçados
Parecia a alma dos dois num longo abraço apertado

Jamais Seremos Esquecidos
Meus amigos e colegas nós ficamos agradecido
De elevar o nosso nome nas alturas que tem ido
Cantando no nosso estilo prova que somos querido
Enquanto imitarem nós, jamais seremos esquecido

Nos programas sertanejos nas horas que eu tenho ouvido
Até meu tocar de viola querem imitar meu batido
Meu segredo de violeiro comigo eu trago escondido
Enquanto imitarem nós jamais seremos esquecido

Quando chegar em São Paulo violeiro desconhecido
Nas companhias de disco são muito bem recebido
Se cantar no nosso estilo seu sucesso é garantido
Enquanto imitarem nós jamais seremos esquecido

Colegas da profissão se por nós foi ofendido
Não foi por nossa vontade, não deve ficar sentido
Quanto mais imitador, mais nós dois temo subido
Enquanto imitarem nós jamais seremos esquecido

Aqui fica nosso abraço de seus artistas queridos
Embora você não diz, mas trás consigo escondido
Aos meus caros imitadores progresso eu sentido
Enquanto imitarem nós jamais seremos esquecido

Rei Do Volante
Eu sou motorista que vivo lutando
Enfrento o volante há quase dez anos
Não tenho parada to sempre viajando
Faço viagem longa alegre cantando
Eu sou cuidadoso e não facilito
Passo estrada, rua e lugar esquisito
Com o silencioso ele ronca bonito
Piso na buzina só pra ver o grito

Se a estrada é plaina aproveito a corrida
Só passo a segunda quando é na subida
Se ela for brava faço a reduzida
Tenho fé no breque quando e na descida
Se o tempo revolta e forma temporal
Eu fecho a vidraça e deixo rodar
Chuva e tempestade não me faz parar
Porque viajo muito na estrada oficial

Eu faço transporte pra muito lugar
Saio de São Paulo e vou pro Paraná
Passo do Rio Grande em Minas Gerais
Eu só faço entrega já quero voltar
Pra fazer corrida eu tenho coragem
A estrada longa é minha garagem
De todos os colegas eu levo vantagem
Sou sempre o primeiro a regressar de viagem

O patrão me estima e me da garantia
É por que sou forte viajo noite e dia
Em toda cidade que tem freguesia
Eu faço entrega da mercadoria
Em toda viagem eu sou muito franco
Se recebo em cheque desconto no banco
Encho o porta luva de dinheiro e tranco
E volto pra empresa no primeiro arranco

Brasil Glorioso
O nosso Brasil é cheia de glória
Em todas as partes ele tem vitória
Se todas as nações tem a sua história
A do meu Brasil guardo na memória
Somos patriotas, filho verdadeiros
Pelo liberdade somos justiceiro
O maior orgulho de nós brasileiro
E ser estimado pelo mundo inteiro

Terra que produz café e algodão
Tudo que plantar neste meu torrão
Pro nosso consumo e pra exportação
Seguem em quantidade pra outra nação
Temos cachoeiras sempre murmurar
Cidades praianas e porto de mar
Temos o cruzeiro no céu a brilhar
E um povo alegre que vive a cantar

Assim vou lutando, estudando e aprendendo
Num Brasil glorioso, onde estou vivendo
Pois o seu progresso o mundo está vendo
Cada dia que passa vai se enaltecendo
Chega imigrante de longe e de perto
Homens e mulheres com destino incerto
Tem lugar pra todos isso é muito certo
O nosso Brasil é um céu aberto

O Brasil é um sonho de amor e esperança
A sua riqueza não tem semelhança
Seus filhos são fortes, trabalha e avança
Com honestidade a vitória alcança
Cheia de bondade terra altaneira
Onde enaltece a nossa bandeira
Terra abençoada e hospitaleira
Esteio do mundo nação brasileira

Rainha Da Perdição
Hoje em dia eu me vejo entre as portas da desgraça
Os meus sonhos e desejos são como as nuvens que passam
A brisa fria e calma faz crescer a minha dor
Afogando a minha alma desenganada do amor

Eu bem sei que o teu lema é ser falsa e cruel
Resolvendo seus problemas de modo tão infiel
És amiga do desprezo, companheira da traição
Entre as quais eu vivo preso nas grades de uma prisão

Sei que o mundo é tua vida e teu corpo é uma prenda
Mas tem a alma perdida e coração a venda
Precisei ficar de lado ao ver o primeiro lance
Por que o preço elevado não estava em meu alcance

Esse nome de rainha que eleva a tua vaidade
Eu bem sei que tu não tinhas se não fosse a sociedade
Mas talvez futuramente ao morrer minha ilusão
Tu serás unicamente rainha da perdição

Valente Malandro
Um dia encontrei um valente malandro
Bebendo e brigando e fazendo explosão
O povo gritando que era o Cristiano
Que estava surrando um violeiro a facão

Eu banquei o louco e peguei o caboclo
No primeiro soco ele foi no chão
Eu sempre fui forte não conto com a morte
Infeliz do sem sorte onde bato com a mão

Eu fui numa festa de um fazendeiro
Lá vi um violeiro querendo ser bom
Malvado cantava e me provocava
Querendo imitar qualquer folgazão

Por querer quebrar uma dupla de nome
E preciso que tome uma boa lição
A viola no peito eu quebrei o sujeito
O meu verso e feito só de prevenção

Tem muito violeiro que é bom companheiro
Merece elogio e consideração
Mas também existe violeiro maroto
Que lida com outro só de traição

Mas eu pego a viola e dou logo uma escola
Pra esse gabola do tipo embrulhão
Que vem pra cidade sem capacidade
E tem muita vontade de ser campeão

Mágoa De Boiadeiro
Antigamente nem em sonho existia, tantas pontes sobre os rios nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinueiros pra trazer os pantaneiros no rodeio da boiada
Mas hoje em dia tudo é muito diferente com progresso nossa gente nem se quer faz uma idéia
Quem entre outros fui peão de boiadeiro por este chão brasileiro os heróis da epopéia

Tenho saudade de rever nas corruptelas as mocinhas na janela acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor
Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração
E quando olho minha tralha pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto afora e por certo também chora na mais triste solidão
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga, uma bruaca de carga, o berrante e um facão
O velho basto, o sinete e o apeiro, o meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão

Não sou poeta sou apenas um caipira e o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando imbuído nesta mágoa rabisquei estas palavras e saiu esta canção
Canção que fala da saudade das pousadas que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir o som manhoso de um berrante preguiçoso nos confins do meu sertão

Pai João
Caminheiro que passar naquela estrada
Vê uma cruz abandonada, como quem vai pro sertão
Há muitos anos neste chão foi sepultado
Um preto velho erado por nome de Pai João

Pai João na Fazenda dos Coqueiros 
Foi destemido carreiro querido do seu patrão,
Sua boiada, no morro mais perigoso
O Chibante e o Brioso arrastavam o carretão

Numa tarde, Pai João não esperava 
que a morte lhe rondava lá na curva do areião
E numa queda em baixo do carro caiu
Do mundo se despediu preto velho Pai João

Caminheiro aquela cruz do caminho 
já contei tudo certinho a história de Pai João
Resta saudade daquele tempo que foi
O velho carro de boi no fundo do mangueirão

Músicas do álbum Pedro Bento E Zé Da Estrada (1968) (CABOCLO-CONTNENTAL CLP 9043) - (1968)

Nome Compositor Ritmo
Dança Do Pagode Pedro Bento Pagode
Retrato Do Boi Soberano Dino Franco / João Caboclo Moda De Viola
Resposta Do Adeus Pedro Bento / Romerim Rancheira
Santo Reis Liu / Léu Reizado
Maria Rosa Do Sertão Serrinha / Campos Negreiro Toada
Jamais Seremos Esquecidos Zé Carreiro / Carreirinho Cururu
Rei Do Volante Paiozinho / Zé Tapera Rasqueado
Brasil Glorioso Priminho / Maninho Rasqueado
Rainha Da Perdição José Pereira Sales / Zé Do Rancho Cateretê
Valente Malandro Anísio Teodoro / Pedrão Corta Jaca
Mágoa De Boiadeiro Nonô Basílio / Ãndio Vago Toada
Pai João Zé Carreiro / Tião Carreiro Toada Balanço
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