Seleção De Ouro (CHANTECLER 211405603) - (1979) - Tião Carreiro e Paraíso

Hoje Eu Não Posso Ir
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui

Quantas meninas bonitas eu vejo aqui do meu lado
Esta noite ninguém dorme, todo mundo acordado
Na hora da despedida aí que a menina chora
Nos meus braços vai dizendo meu amor não vá embora
Nos meus braços vai dizendo meu amor não vá embora

Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui

Tendo amor e saúde da vida eu não reclamo
Eu amo a vida que levo e levo a vida que amo
Ganhei o ouro do sol, ganhei a prata da lua
Estou ganhando amor de quem mora nesta rua
Estou ganhando amor de quem mora nesta rua

Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Avise o pessoal lá em casa que hoje eu não posso ir
Gostei muito desta casa eu vou ficar por aqui
Gostei muito dessa casa eu vou ficar por aqui

Chave Do Apartamento
Um certo dia ao voltar de uma viagem
Faltou-me toda coragem ao chegar no apartamento
Bati na porta e a porta estava fechada
Passei hora amargurada no mais triste sofrimento

E por castigo para a dor ser mais patente
Meu vizinho estava ausente só à noite que voltou
Entregou-me amargurado com pena do meu estado 
A chave que ela deixou

Abri a porta envolvido de emoção 
Meu infeliz coração loucamente a pulsar
Entrei no quarto estava bem arrumado 
Com alcova de noivado como alguém que vai se casar

Na ânsia louca este amor fui revivendo
E as gavetas remexendo um bilhete dizia assim
Perdoe-me por favor se nunca lhe tive amor 
Adeus esqueça de mim

Ara Pó
Ara pó, ara pó, ara pó, ara pó
É ponto de nego velho de jongueiro cantador
É no A e é no R, é no P e é no O
Amarrei o leão na linha e o leão não escapou
Pode crer meu sinhô

É no estilo de jongo que cantar agora eu vou
Fui levar uma boiada dona Júlia quem comprou
Ela esperou na porteira o gado ela contou
Ela comprou mil cabeças novecentas só passou
Dona Júlia era sabida, mas comigo se enganou, ara pó, ara pó

Ara pó, ara pó, ara pó, ara pó
É ponto de nego velho de jongueiro cantador
É no A e é no R, é no P e é no O
Amarrei o leão na linha e o leão não escapou
Pode crer meu sinhô

Entrei na roda do jongo Negro velho me falou
Eu tinha um laço de embira quando eu era laçador
Eu fui amansar uma tropa só de burro pulador
Quem levou laço de couro foi só laço que estourou
Meu laço era de embira meu laço não rebentou, ara pó, ara pó

Amargurado
O que é feito daqueles beijos que eu te dei
Daquele amor cheio de ilusão que foi a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que me fizeste
Não se importando que o nosso amor viesse a morrer

Talvez com outro estejas vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois tu sonhavas com uma riqueza que eu nunca tive
E se ao meu lado muito sofrestes o meu desejo é que vivas melhor
 
Vai com Deus sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado que muito sofre por ti amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso creias que ainda te possa ajudar

Vai com Deus sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado que muito sofre por ti amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso creias que ainda te possa ajudar

Rio De Lágrimas
O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Lá no bairro que eu moro só existe uma nascente
A nascente dos meus olhos já formou água corrente
Pertinho da minha casa já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos por causa de uma pessoa

O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Eu quero apanhar uma rosa minha mão já não alcança
E choro desesperado igualzinho uma criança
Duvido alguém que não chore pela dor de uma saudade
Quero ver quem que não chora quando ama de verdade

O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora
Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Saudade
Saudade palavra rica que martiriza e fica dentro de um coração
Da felicidade morta que a saudade conforta trazida deu ma paixão
Saudade eu tenho de alguém uma saudade que vem de uma distância sem fim
Será que ela também na falta de um outro alguém sente saudades de mim

Eu vivo sempre pensando meus olhos vivem chorando não tenho felicidade
Estou morrendo aos poucos o que me deixa mais louco é a maldita saudade

Cabelo Loiro
Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Todos velhos já foi moço já gozou a mocidade
Eu também já tive amor, hoje só resta saudade

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Vou me embora pra bem longe aqui não posso ficar
Vivendo pertinho dela minha vida é só chorar

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Você diz que bala mata, bala não mata ninguém
A bala que mais me mata é o desprezo do meu bem

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Casa de pobre é ranchinho, casa de rico é de telha
Se ter amor fosse crime minha casa era cadeia

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Quanto mais tu me despreza a dor no meu peito inflama
Quem não quero me quer bem, quem eu quero não me ama

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Beija-flor que beija a rosa se despede do jardim
Assim fez o meu amor quando despediu de mim

Cabelo loiro vai lá em casa passear, vai, vai 
Cabelo loiro vai acabar de me matar

Pagode Em Brasília
Quem tem mulher que namora, quem tem burro empacador
Quem tem a roça no mato me chame que jeito eu dou
Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora
E o burro empacador eu corto ele de espora
E a mulher namoradeira eu passo o coro e mando embora

Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão
Tem muita sogra encrenqueira e tem violeiro embrulhão
Pro prisioneiro inocente eu arranjo advogado
E a sogra encrenqueira eu dou de laço dobrado
E os violeiros embrulhão com meus versos estão quebrado

Bahia de Ruy Barbosa, Rio Grande deu Getúlio
Em Minas deu Juscelino de São Paulo eu me orgulho
Baiano não nasce burro gaúcho é o rei das cochilhas
Paulista ninguém contesta é um brasileiro que brilha
Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasília

No estado de Goiás meu pagode está mandando
O bazar do Valdomiro em Brasília é o soberano
No repique da viola balancei o chão goiano
Vou fazer a retirada e despedir dos paulistanos
Adeus que eu já vou embora que Goiás tá me chamando

A Mão Do Tempo
Na solidão do meu peito o meu coração reclama
Por amar que está distante e viver com quem não ama
Eu sei que você também da mesma sina se queixa
Querendo viver comigo, mas o destino não deixa

Que bom se a gente pudesse arrancar do pensamento
E sepultar a saudade na noite do esquecimento
Mas a sombra da lembrança é igual a sombra da gente
Pelos caminhos da vida ela está sempre presente

Vai lembrança e não me faça querer um amor impossível
Se o lembrar nos faz sofrer esquecer é preferível
O que adianta querer bem alguém que já foi embora
É como amar uma estrela que foge ao romper da aurora

Arranque da nossa mente horas distante vividas
Longas estradas que um dia foram por nós percorridas
Apague com a mão do tempo os nossos rastos deixados
Como flores que secaram no chão do nosso passado

A Vaca Já Foi Pro Brejo
Mundo velho está perdido já não endireita mais
Os filhos de hoje em dia já não obedecem os pais
É o começo do fim, já estou vendo os sinais
Metade da mocidade está virando marginais
É um bando de serpente, os mocinhos vão na frente e as mocinhas vão atrás

Pobre pai e pobre mãe morrendo de trabalhar
Deixa o couro no serviço pra fazer o filho estudar
Compra carro à prestação para o filho passear
Os filhos vivem rodando fazendo o pneu cantar
Ouvi um filho dizer o meu pai tem que gemer não mandei ninguém casar

O filho parece rei, filha parece rainha
Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha
Manda a mãe calar a boca, coitada fica quietinha
O pai é um zero a esquerda é um trem fora da linha
Cantando agora eu falo terreiro que não tem galo, quem canta é frango e franguinha

Pra ver a filha formada um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou o pobre homem comeu
Quando a filha se formou foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai quem vai embora sou eu
Pobre pai banhado em prantos o seu desgosto foi tanto que o pobre velho morreu

Meu mestre é Deus nas alturas o mundo é meu colégio 
Eu sei criticar cantando Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro o pau, eu mato e não apedrejo 
Dragão de sete cabeças também mato e não aleijo
Estamos no fim do respeito 
Mundo velho não tem jeito a vaca já foi pro brejo

Golpe De Mestre
Zezinho não tinha nem pai e nem mãe rolando pro mundo vivia judiado
Mariazinha menina rica e o pobre Zezinho era seu empregado
Mas o destino preparou pro dois porque um do outro ficou enamorado
Maria dizia Zezinho eu te amo, serei sempre tua meu anjo adorado
Aos pés de Maria dizia o Zezinho sou muito pouquinho pra ser teu amado

O pai de Maria um sujeito malvado cismou de dar fim no amor das crianças
Pegou um chicote de tala bem larga falou pro Zezinho no couro de danças
A minha filha é menina rica está nas alturas você não alcança
Moleque atrevido cachorro sem dono, pegue teus trapos e faça mudança
Zezinho recebe um golpe profundo e some no mundo cheio de esperança

Antes da partida Zezinho escondido, procurou Maria falou desse jeito
Existe um bom Deus que está nas alturas ele é bom demais faz tudo perfeito
Sou um caboclinho de sangue nas veias enfrento lança e quebro no peito
Querida Maria você vai ser minha, de agora em diante meu plano está feito
Se um dia obrigarem você se casar no altar estarei pra ser tudo desfeito

Passaram dez anos correram depressa Maria solteira, Zezinho solteiro
O pai de Maria um sujeito ambicioso arrumou pra filha por sem merecer
Um velho careca, feio e barrigudo, mas dono do mundo com muito dinheiro
Pobre Maria detestava o velho, queria o Zezinho seu amor primeiro
Mas o casamento já estava marcado pra ser realizado no mês de janeiro

Chegou o grande dia do casamento Maria de branco estava divina
Bastante capangas e guardas armados cercavam a igreja aguardavam a menina
Zezinho amoitado esperava no altar fugiu com Maria e sumiu na surdina
O Zezinho deu um golpe de mestre somente eu contando ninguém imagina
Lá na igreja ninguém desconfiava que o Zezinho estava dentro da batina 

O Pulo Do Gato
Um sujeito endinheirado que fazia e desfazia 
Menina nova e bonita era o que ele perseguia
Das garras deste gavião quando a menina saía 
Lá pra casa dos seus pais muito triste ela ía
A menina tão formosa um lindo botão de rosa
Que no galho já morria

O que é bom logo se acaba confirma o velho ditado 
Pote tanto vai à fonte que um dia volta quebrado
Foi quebrado logo cedo o encanto deste malvado 
Ele zombou de um amor da filha de um coitado
Ele quis fazer peteca de um linda boneca
Mas filha de um pai honrado

A coitadinha chorando pro seu pai contou o fato
Tenho na minha garganta um nó que eu não desato
Naquele rosto de pai, vergonha ali era mato 
O velho entrou em cena foi no derradeiro ato
Jurou de joelho no chão vou pular neste gavião 
Do jeito que pula um gato

O caboclo de vergonha deu um balanço na vida 
Viu sua esposa rezando perto da filha querida
Viu sua filha chorando numa estrada sem saída 
Dentro da sua razão ele entrou nesta partida
Foi só pena que voou o gavião se acabou 
Desta vez pra toda vida

Este caboclo que eu digo mora lá no pé do morro 
Numa casa escondida parece a toca do zorro
Onde a corruíra canta e faz o seu ninho no forro 
Tem azeitona de aço malandro não tem socorro
Malandro naquela casa topa besouro sem asa 
Tá num mato sem cachorro

Pai João
Caminheiros que passar naquela estrada
Vê uma cruz abandonada como quem vai pro sertão
Há muitos anos neste chão foi sepultado
Um preto velho e erado por nome de Pai João

Pai João na fazenda dos coqueiros
Foi destemido carreiro querido do seu patrão
Sua boiada o Chibante e o Brioso
Nos morros mais perigosos arrastava o carretão

Numa tarde Pai João não esperava
Que a morte lhe rondava lá na curva do areião
E numa queda embaixo do carro caiu
Do mundo se despediu preto velho Pai João

Caminheiro aquela cruz do caminho
Já contei tudo certinho a história do Pai João
Resta saudade daquele tempo que foi
Do velho carro de boi no fundo do mangueirão

Carteiro
Eu estava no portão quando o carteiro passou
Tirou da correspondência uma carta e me entregou
Abri a carta pra ler os ares diferenciou
Quando li o cabeçalho os meus olhos se orvalhou
Ai, lágrimas no chão pingou

Dois amigos que passavam me viu chorando e parou
O que tinha acontecido um deles me perguntou
A causa dessa tristeza meu amor me abandonou
Amigos fiquem sabendo primeira vez por amor
Ai, que este caboclo chorou

O amor que eu tinha nela em ódio se transformou
Por ser uma mulher falsa não cumpriu o que jurou
Não quero saber onde anda nem ela onde eu estou
Vai ser como o sol e a lua quando um sai o outro já entrou
Ai, não quero ter mais amor

Das mulheres que eu conheci só uma que confirmou
Um amor sincero e puro que nunca me atraiçoou 
Em minhas horas amargas o quanto me confortou
Primeiros passos da vida foi ela que me ensinou
Ai, minha mãe que me criou

Músicas do álbum Seleção De Ouro (CHANTECLER 211405603) - (1979)

Nome Compositor Ritmo
Hoje Eu Não Posso Ir Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Rojão
Chave Do Apartamento Carreirinho Milonga
Arapô Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Rojão
Amargurado Dino Franco / Tião Carreiro Guarânia
Rio De Lágrimas Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Piraci Rojão
Saudade Tião Carreiro / Zé Matão Rancheira
Cabelo Loiro Tião Carreiro / Zé Bonito Arrasta-pé
Pagode Em Brasília Teddy Vieira / Lourival Dos Santos Pagode
A Mão Do Tempo Tião Carreiro / José Fortuna Cateretê
A Vaca Foi Pro Brejo Tião Carreiro / Lourival Dos Santos / Vicente P. Machado Cururu
Golpe De Mestre Lourival Dos Santos / Mairiporã Rancheira
O Pulo Do Gato Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Curu
Pai João Tião Carreiro / Zé Carreiro Toada Balanço
O Carteiro Carreirinho / Sebastião Victor / Tião Carreiro Cateretê
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