Nem Carro, Nem Boiada (RANCHO 2493423) - (1982) - Tião Do Carro e Mulatinho
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Tem Gambá No Galinheiro
O dono das galinhas tá vivendo em desespero
Quando ele sai de casa tem gambá no galinheiro
O dono das galinhas tá vivendo apavorado
Ele já sondou a casa passou a noite acordado
O gambá que é sabido não dá um pulo errado
Quem tem galinha em casa nunca dorme sossegado
O dono das galinhas é uma ótima pessoa
O gambá também já sabe que a galinha é muito boa
O gambá que é sabido não dá um pulo a toaÂ
Com gambá no galinheiro é só pena que avoa
O dono das galinhas tá vivendo em desespero
Quando ele sai de casa tem gambá no galinheiro
A galinha é bonita parece um chamariz
O gambá lá do meu bairro já está correndo risco
Na hora que o dono chega o gambá vira um corisco
Não há diabo que pegue um gambá que é arisco
O dono fez armadilha mas o tal gambá não vinha
O gambá também conhece quando a casa está sozinha
Quando o dono sai de casa vai na casa da vizinha
O gambá no galinheiro já tá comendo a galinha
Nem Carro, Nem Boiada
Não se vê mais boi de carro, nem poeira de boiada
Não se vê mais o carreiro, nem carro de boi na estrada
O carreiro foi um valente desbravando meu sertão
Era meio de transporte era nossa condução
Era boi puxando carro carreiro na solidão
Foi um grande sofrimento naquela estrada de chão
Carreiro e carro de boi, há muito tempo já foi o orgulho da nação
Não se vê mais boi de carro, nem poeira de boiada
Não se vê mais o carreiro, nem carro de boi na estrada
Obrigado boi de carro, obrigado meu carreiro
A luta será lembrada pelo povo brasileiro
Você lutou nesta terra como um soldado guerreiro
Quem transporta o progresso agora é o caminhoneiro
Caminhões e as jamantas transportam o que o povo planta por este Brasil inteiro
Não se vê mais boi de carro, nem poeira de boiada
Não se vê mais o carreiro, nem carro de boi na estrada
O carreiro não grita mais, o sertão emudeceu
Boiada saiu da canga e o carro apodreceu
E só ficou a saudade do cocão que já gemeu
Asfalto cobriu a terra, onde o carreiro sofreu
Caminhões e caminhoneiros, colocaram meu carreiro pra viver na paz de Deus
Mensagem De Fé
Fiz uma pergunta para os professores, sábios doutores sobre a nossa vida
Porque neste mundo a maldade impera nossa atmosfera vive poluÃda
Porque tem inveja, miséria e guerra metade da Terra da vaidade gosta
Eles me chamaram até de mercenário depois consultaram bÃblia e dicionárioÂ
E até agora não deram resposta
Perguntei também a um catedrático homem muito prático de grande valor
Por que a juventude faz da droga um vÃcio vivem num suplÃcio esquecendo o amor
Mas a Terra um dia a tudo consome será que o homem de Deus esqueceu
Ele prometeu pensar no meu caso chegou até mesmo marcar um bom prazo
Mas até agora resposta não deu
Resolvi eu mesmo procurar caminho encontrar sozinho uma explicação
Estudei em livro de capas douradas e não achei nada para a solução
Olhei para o céu contemplei a lua caminhei na rua e fui inspirado
Deus lá nas alturas é que estava certo seu filho não morreu de braços abertos
Pra ninguém ficar de braços cruzados
Na Minha Razão
Doutor delegado eu vim lhe contar a minha história irá escutar
Estava na rua em frente um barÂ
Olhei rua acima da na casa da esquina vi um homem entrar
Estava roubando quando lá cheguei a mulher e os filhos chorando encontrei
Fiquei alucinado revólver puxei
Chegando pra perto e num tiro certo ladrão eu matei
Aqui eu estou pra me apresentar por tudo que fiz preciso pagar
É cena de um homem não devo ocultar
Serei prisioneiro mas o meu dinheiro não deixei levar
Dali em diante fiquei na prisão sofrendo martÃrio da condenação
Mas peço pra Deus me dar o perdão
Me sinto infeliz do erro que fiz na minha razão
O Pescador
A vida do pescador quem não conhece caçoaÂ
O ranchinho aonde moro é coberta é de taboa
Minha vida é pescaria faço sol, faça garoaÂ
Ai, ai, de pescar não me enjoa
Cedo desço o rio abaixo desço sentado na proa
Vou pescando de rodada pra não ir descendo a toa
Eu levo aminha tarrafa que já tem fama de boa
Ai, ai, eu loto a minha canoaÂ
No varjão do rio Mogi que o rio Claro deságua
Onde eu passo de manhã remando a minha canoa
Onde cedo a garça senta quando meu cachorro acua
Ai, ai, ela se assusta e avoa
Eu não troco a minha vida por qualquer outra pessoa
Vou pescando vou rodando na minha velha canoa
Pra mandar a tristeza embora quando a gente se magoa
Ai, ai, tenho uma viola boa
O Sucessor
Não censure meu amigo eu lhe peço por favor não fale mais dessa mulher
Sua derrota foi maior do que a dor você não é o homem que ela querÂ
Eu seu peito a paixão fez moradia entre nós dois ela quis o meu amor
Para mim renasceu um novo dia dos beijos dela eu fui o sucessor
Agora tenho a mulher da minha vida dedico a à ela muito amor e muito zelo
Ela veio tomar parte em minha vida para aumentar a tua dor de cotovelo
Aqueles lábios que beijei antigamente agora tenho outra vez para beijar
Felicidade vou te dar futuramente porque amor com amor quero pagar
Naquele beijo selou minha esperança nunca é tarde pra ser feliz eu tenho fé
Ela me abraça com sorriso de criança eu sou o homem da vida desta mulherÂ
Agora tenho a mulher da minha vida dedico a à ela muito amor e muito zelo
Ela veio tomar parte em minha vida para aumentar a tua dor de cotovelo
Sobe E Desce
Na linha do sobe e desce, sobe e desce todo mundo
A água sobe na terra quando desce vai pro fundo
A polÃcia desce o pau em malandro e vagabundo
Tá subindo e tá descendo uma pancada por segundo
A cachaça sobe e desce na cuca de quem bebeu
Eu não sei se sobe ou desce a alma de quem morreu
Sobe e desce meus amigos chama o pagode meu
Tem gente que tá subindo naquilo que não é seu
Subiu e desceu pra Terra o homem que foi pra lua
Amanhã menina eu desço bem cedo na casa sua
E depois subo de novo voltando pra mesma lua
É subindo e descendo que a vida continua
No final do sobe e desce todos nós somos feliz
Quem subiu e já desceu foi a sorte que não quis
Quem gostou do sobe e desce pode me pedir o bis
Amanhã menina eu desço com você lá na matriz
O Carreiro Da Paixão
Eu vou pra lá carreio tá me chamando
Carreiro tem um costume chama a gente e vai andando
Seu carreiro está com pressa mas espere, por favor
É no carro do carreiro que pra lá eu também vou
Vou na traseira do carro até lá no carreador
Lá eu desço bem na frente da casa do meu amor
Eu vou pra lá carreio tá me chamando
Carreiro tem um costume chama a gente e vai andando
Pra mim alcançar o carro eu saio no carrerão
É só eu pular no carro escuto cantar o cocão
Parece que vai vazio, mas geme no chapadão
Não tem carga mais pesada do que o peso da paixão
Eu vou pra lá carreio tá me chamando
Carreiro tem um costume chama a gente e vai andando
Quando o carro vem de volta passa lá e me leva embora
Carreiro não tenha pressa quero que você demora
Enquanto você não vem nós aproveita e namora
Quando o carro vem cantando meu amor me abraça e chora
Descendo O Malho
Agora minha gente eu desço o malho
Agora minha gente afirmo o pé
Minha verdade vou dizendo desse jeito
Quem é bom já nasce feito quem paga pra ser não é
Amigo falso não serve pra ser parceiro
Quem faz trapaça para mim é trapaceiro
Quem vive só comprando amor com dinheiro
Não é casado, nem viúvo e nem solteiro
Trem mulher que não sai lá do portão
E a panela tá queimando no fogão
E lá no canto um montão de roupa suja
Igual ninho de coruja e ela não põe a mão
Agora minha gente eu desço o malho
Agora minha gente afirmo o pé
Minha verdade vou dizendo desse jeito
Quem é bom já nasce feito quem paga pra ser não é
Quem paga pra cantar não é cantor
Quem paga pra tocar não tem valor
E o poeta que só entra em moda feita
Engole a nossa desfeita nunca foi compositor
Tem gente que vive fazendo rolo
Me atirou pedra pensando que eu era tolo
Pra esta gente eu quero mostrar a raça
Já deixei de ser vidraça e a gora virei tijolo
Agora minha gente eu desço o malho
Agora minha gente afirmo o pé
Minha verdade vou dizendo desse jeito
Quem é bom já nasce feito quem paga pra ser não é
Cabra Macho
Meu avô chegou do norte de noite me procurou
Contou caso do Lampião que até me admirou
Lampião morreu de velho, mas matar ninguém matou
A história eu escrevi e depois eu aprendi um coral que ele cantou
Virgulino, Virgulino quando foi cabra valenteÂ
Nas caatingas do nordeste catingava chumbo quente
Ele disse que o Lampião lá nunca ficou por baixo
O punhal que ele tinha furava fundo de tacho
Na batalha que ele fez na beirada de um riacho
Morreu gente de montão, Vrigulino Lampião era mesmo um cabra macho
Que mataram o Lampião, meu avô não acredita
Ele disse que o papel aceita qualquer escrita
A morte do Lampião no cinema foi só fita
Ele deixou o cangaço para viver lá nos braços de Maria mais Bonita
Virgulino, Virgulino quando foi cabra valenteÂ
Nas caatingas do nordeste catingava chumbo quente
Meu avô falou bonito, bonito como ninguém
Porque seus conhecimentos garanto que ninguém tem
É do tempo da pataca, do mil réis e do vintém
Acordei fiquei tristonho meu avô veio num sonho ele já morreu também
Corda Do Meu Coração
Noite vai, noite vem noite triste sem ninguém
A saudade é também muito louca do meu bem
Eu choro quando eu fico longe da pessoa amada
A noite é um mundo de treva rolo na cama tão desesperado
Falo sozinho sonhando acordado
Sua ausência me enlouquece teus carinhos é uma doçura
Seus lábios são deliciosos que me beija com muita ternura
Esse amor me leva a loucura
Noite vai, noite vem noite triste sem ninguém
A saudade é também muito louca do meu bem
Este amor me leva distante muito além da imaginação
Seus carinhos, abraços e beijos é a corda toda do meu coração
Que me estraçalha de amor e paixão
Noite vai, noite vem noite triste sem ninguém
A saudade é também muito louca do meu bem
Marido Maldoso
Teu marido é muito maldoso sei que ele te judia
Você vai saber agora coisas que não sabia
Se eu fosse rico eu tirava você da agonia
Ia ser o teu amigo te levar você comigo para ser minha companhia
Tua vida não é vida é um grande pesadelo
Teu rosto é de boneca teu corpo é de modelo
Ao ver-te batendo chego arrancar os cabelosÂ
Eu não posso reagir sou obriga a curtir minha dor de cotovelo
Eu sou igual ao vento que no mundo vive solto
Eu sou aquele navio que não tem cais e nem porto
Não te levo agora porque não tenho confortoÂ
Você tem onde morar e eu não tenho lugar nem se quer pra cair morto
Vejo ele te batendo chego a perder a fala
Seu marido não merece nem o chumbo de uma bala
Se um dia eu ficar rico você pode dormir na salaÂ
Anoitece e não amanhece meu bem você não carece levar dinheiro e nem mala
Músicas do álbum Nem Carro, Nem Boiada (RANCHO 2493423) - (1982)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Tem Gambá No Galinheiro | Moacir Dos Santos / Tião Do Carro | Pagode |
Nem Carro, Nem Boiada | Moacir Dos Santos / Tião Do Carro | Rojão |
Mensagem De Fé | Tião Do Carro / André Machado | Guarânia |
Na Minha Razão | Limense / Mulatinho | Rojão |
O Pescador | Carreirinho / OvÃdio Carlos Martins | Cururu |
O Sucessor | Capitão Pereira / Tião Do Carro | Rasqueado |
Sobe E Desce | Silvaninho / Waldir G. Ferreira | Pagode |
O Carreiro Da Paixão | Moacir Dos Santos / Tião Do Carro | cateretê |
Descendo O Malho | Neguito / Moacir Dos Santos | Corrido |
Cabra Macho | Moacir Dos Santos / Tião Do Carro | Rojão |
Corda Do Meu Coração | Dalva / Tião Do Carro | Rancheira |
Marido Maldoso | Moacir Dos Santos / Tião Do Carro | Rancheira |