Clássicos Sertanejos (POLIGRAM 5327082) - (1996) - Chitãozinho e Xororó

Luar do Sertão 
Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

Oh que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando, folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade, do luar lá do sertão

Se a lua nasce por detrás da verde mata
Mais parece um sol de prata, prateando a solidão
E a gente pega na viola que ponteia
E a canção e a lua cheia, a nascer no coração

Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

Coisa mais bela neste mundo não existe
Do que ouvir um galo triste no sertão se faz luar
Parece até que a alma da lua que descamba
Escondida na garganta deste galo a soluçar

Ai quem me dera eu morresse lá na será
Abraçado a minha terra e dormindo de uma vez
Ser enterrado numa cova pequenina
Onde a tarde a sururina conta a sua viuvez

Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão
Não há, ó gente, oh! Não, luar como esse do sertão

Colcha de Retalhos 
Aquela colcha de retalhos que tu fizeste
Juntando pedaço em pedaço foi costurada
Serviu para nosso abrigo em nossa pobreza
Aquela colcha de retalhos está bem guardada

Agora na vida rica que estas vivendo
Terás como agasalho colcha de cetim
Mas quando chegar o frio no teu corpo enfermo
Tu hás de lembrar da colcha e também de mim

Eu sei que hoje não te lembras dos dias amargos
Que junto de mim fizeste um lindo trabalho
Se nesta sua vida alegre tens o que queres
Eu sei que esqueceste agora a colcha de retalhos

Agora na vida rica que estas vivendo
Terás como agasalho colcha de cetim
Mas quando chegar o frio no teu corpo enfermo
Tu hás de lembrar da colcha e também de mim

É Disso Que o Velho Gosta 
Eu sou um peão de estância nascido lá no galpão
E aprendi desde criança honrar a tradição
Meu pai era um gaúcho que nunca conheceu luxo mas viveu folgado enfim
E quando alguém perguntava o que ele mais gostava o velho dizia assim

Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer
Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer

E foi assim que aprendi a gostar do que é bom
A tocar minha acordeona cantar sem sair do tom
Ser amigo dos amigos nunca fugir do perigo meu velho pai me ensinou
Eu que vivo a cantar sempre aprendi a gostar do que meu velho gostou

Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer
Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer

Saí da minha fazenda e me soltei pelo pago
Hoje tenho uma gaúcha para me fazer afago
E quando vier o piazinho para enfeitar nosso ninho mais alegria vou ter
E se ele me perguntar Do que se deve gostar como meu pai vou dizer

Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer
Churrasco e bom chimarrão, fandango, trago e mulher
É disso que o velho gosta é isso que o velho quer

Asa Branca
Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai! por que tamanha judiação?
Eu perguntei a Deus do céu, ai! por que tamanha judiação?

Que braseiro, que fornalha nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado, morreu de sede meu alazão
Por falta d'água perdi meu gado, Morreu de sede meu alazão

Até mesmo o asa branca bateu asas do sertão
Então eu disse adeus Rosinha guarda contigo meu coração
Então eu disse adeus Rosinha guarda contigo meu coração

Hoje longe muitas léguas numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo prá eu voltar pro meu sertão
Espero a chuva cair de novo prá eu voltar pro meu sertão

Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chores não, viu! que eu voltarei, viu! Meu coração
Eu te asseguro não chores não, viu! que eu voltarei, viu! Meu coração

Chitãozinho e Xororó
Eu não troco o meu ranchinho amarradinho de cipó
Por uma casa na cidade nem que seja bangalô
Eu moro lá no deserto sem vizinho eu vivo só
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó

Quando rompe a madrugada canta o galo carijó
Pia triste a coruja na cumeeira do paiol
Quando chega o entardecer pia triste o jaó
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó

Não me dou com a terra roxa com a seca larga pó
Na baixada do areião eu sinto prazer maior
Ver a rolinha no andar no areião faz caracol
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó

Eu faço minhas caçadas antes de sair o sol
Espingarda de cartucho patrona de tiracolo
Tenho buzina e cachorro pra fazer forrobodó
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó

Quando sei de uma notícia que outro canta melhor
Meu coração dá um balanço, fica meio banzaró
Suspiro sai do meu peito que nem bala geveló
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó
É o inhambu chitão e o xororó é o inhambu chitão e o chororó

Saudade de Minha Terra 
De que me adianta viver na cidade se a felicidade não me acompanhar
Adeus paulistinha do meu coração lá pro meu sertão eu quero voltar
Ver a madrugada quando a passarada fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação arreio o burrão cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando, o sabiá cantando no jequitibá

Por Nossa Senhora meu sertão querido vivo arrependido por ter deixado
Esta nova vida aqui na cidade de tanta saudade eu tenho chorado
Aqui tem alguém diz que me quer bem, mas não me convém eu tenho pensado
Eu digo com pena, mas esta morena não sabe o sistema que eu fui criado
To aqui cantando de longe escutando alguém está chorando com o rádio ligado

Que saudade imensa do campo e do mato, do manso regato que corta as campinas
Aos domingos ia passear de canoa nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria o mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado eu sou bem guiado pelas mãos Divinas

Pra minha mãezinha já telegrafei e já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida pra terra querida que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando o inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada a relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali foi lá que nasci, lá quero morrer

Caboclo na Cidade 
Seu moço eu já fui roceiro no triângulo mineiro onde eu tinha meu ranchinho
Eu tinha uma vida boa com a Isabel minha patroa e quatro barrigudinhos
Eu tinha dois bois carreiros, muito porco no chiqueiro e um cavalo bom arriado
Espingarda cartucheira quatorze vacas leiteiras e um arrozal no banhado

Na cidade eu só ia a cada quinze ou vinte dias pra vender queijo na feira
E no mais estava folgado todo dia era feriado pescava a semana inteira
Muita gente assim me diz que não tem mesmo raiz essa tal felicidade
Então aconteceu isso resolvi vender o sítio e vir morar na cidade

Já faz mais de doze anos que eu aqui já to morando como eu to arrependido
Aqui tudo é diferente não me dou com essa gente vivo muito aborrecido
Não ganho nem pra comer já não sei o que fazer to ficando quase louco
É só luxo e vaidade penso até que a cidade não é lugar de caboclo

Minha filha Sebastiana que sempre foi tão bacana me dá pena da coitada
Namorou um cabeludo que dizia ter de tudo, mas fui ver não tinha nada
Se mandou pra outras bandas ninguém sabe onde ele anda e a filha tá abandonada
Como dói meu coração ver a sua situação nem solteira e nem casada

Até mesmo a minha veia já tá mudando de idéia tem que ver como passeia
Vai tomar banho de praia tá usando mini-saia e arrancando a sobrancelha
Nem comigo se incomoda quer saber de andar na moda com as unhas todas vermelhas
Depois que ficou madura começou a usar pintura credo em cruz que coisa feia

Voltar pra Minas Gerais sei que agora não dá mais acabou o meu dinheiro
Que saudade da palhoça eu sonho com a minha roça no Triângulo Mineiro
Nem sei como se deu isso quando eu vendi o sítio para vir morar na cidade
Seu moço naquele dia eu vendi minha família e a minha felicidade

Tristeza Do Jeca 
Nestes versos tão singelos minha bela, meu amor
Pra você quero contar o meu sofrer a minha dor
Sou igual um sabiá quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está 

Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade

Eu nasci naquela serra num ranchinho beira-chão
Todo cheio de buraco onde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada lá no mato a passarada
Principia um barulhão

Nesta viola eu canto e gemo de verdade
Cada toada representa Uma saudade 

Lá no mato tudo é triste desde o jeito de falar
Pois o jeca quando canta dá vontade de chorar
E o choro que vai caindo devagar vai se sumindo
Como as águas vão pro mar
E o choro que vai caindo devagar, vai se sumindo
Como as águas vão pro mar

Cabocla Tereza 
Lá no alto da montanha numa casa bem estranha toda feita de sapé
Parei uma noite o cavalo pra mordi de dois estalos que ouvi lá dentro bater
Apeei com muito jeito ouvi um gemido perfeito e uma voz cheia de dor
Você, Tereza, descansa Jurei de fazer vingança por causa do meu amor
Pela frésta da janela por uma luzinha amarela de um lampião quase apagando
Eu vi uma cabocla no chão e o cabra tina na mão uma arma alumiando
Virei meu cavalo a galope e risque de espora e chicote sangrei a anca do tal
Desci a montanha abaixo e galopando aquele macho o seu doutor fui chamar
Voltamos lá pra montanha naquela casinha estranha eu e mais seu doutor
Topamos um cabra assustado que chamando nós pra um lado a sua história contou

Há tempos eu fiz um ranchinho pra minha cabocla morar
Pois era ali nosso ninho bem longe desse lugar
No alto lá da montanha perto da luz do luar
Vivi um ano feliz sem nunca isso esperar

E muito tempo passou pensando em ser tão feliz
Mas a Tereza, doutor felicidade não quis
Pus meus sonhos neste olhar paguei caro o meu amor
Por causa de outro caboclo meu rancho ela abandonou

Senti meu sangue ferver jurei a Tereza matar
O meu alazão arriei e ela eu fui procurar
Agora já me vinguei é esse o fim de um amor
Essa cabocla eu matei é a minha história, doutor

Pombinha Branca 
Se eu pudesse voar igual uma pombinha
Eu voaria em busca do meu bem
Eu pediria as nuvens, eu pediria aos anjos
Que me ajudassem a encontrar o meu grande amor

Voa pombinha branca, voa, diz ao meu bem para voltar
Diz que eu estou triste e chorando prá nunca mais me abandonar

Sonho em vivermos felizes, inseparáveis
De testemunha a lua, o céu e o mar
Hoje só resta lembrança porque você me deixou
Vivo ouvindo distante os sinos do amor

Voa pombinha branca, voa, diz ao meu bem para voltar
Diz que eu estou triste, chorando prá nunca mais me abandonar

Cavalo Enxuto 
Eu tenho um vizinho rico fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo só compra carro importado
Eu conservo a minha tropa e meu cavalo ensinado
O fazendeiro moderno só me chama de quadrado
Namorando a mesma moça veja só o resultado

Um dia a moça falou pra não haver discussão
Vamos fazer uma aposta a corrida da paixão
Granfino corre no carro você no seu alazão
Eu vou pra minha fazenda esperar lá no portão
Quem dos dois chegar primeiro vai ganhar meu coração

Ele calibrou os pneus apertou bem as arruelas
Eu ferrei o meu cavalo que tem asas nas canelas
O granfino entrou no carro pulei em cima da sela
Ele funcionou o motor e fechou bem as janelas
Chamei o macho na espora bem por baixo das costelas

Eu entrei pelos atalhos pulando cerca e pinguela
Quando terminou o asfalto ele entro numa esparrela
Numa estrada boiadeira toda cheia de cancela
Cheguei no portão primeiro dei um beijo na donzela
Quando o granfino chegou, eu já estava nos braços dela

O progresso é coisa boa reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão meu cavalo é absoluto
Foi Deus a natureza que criou esse produto
Essa vitória foi minha e do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive nos braços deste matuto

Amor Distante 
Se eu fosse um passarinho queria voar no espaço
E pousar devagarinho nas voltinhas do seus braços
Queria sentir seu carinho para aliviar a dor que passo
Queria te dar um beijinho e depois um forte abraço

Depois que você partiu minha vida é sofrer
Me escreve sem demora que estou louco pra saber
O lugar que você mora também quero lhe escrever
Marcando para qualquer hora um encontro com você

Você partiu me deixando na mais negra ansiedade
Sofrendo tanta amargura e chorando de saudade
Meu coração não resiste pra dizer mesmo a verdade
Pra mim já não existe a tal felicidade

É um ditado muito certo quem ama nunca esquece
Que tem seu amor distante chora, suspira e padece
Coração sofre bastante saudade no peito cresce
Se você tem outro amor seja franca e me esclareça

Vou Tomá Um Pingão 
Oh, vida amargurada, quanta dor que sinto neste momento em meu coração
Oh, que saudade dela, não agüento mais vou lá na vendinha tomá um pingão
Oh, vida amargurada, quanta dor que sinto neste momento em meu coração
Oh, que saudade dela, não agüento mais vou lá na vendinha tomá um pingão

Ela foi embora, partiu pra longe eu fiquei sozinho
Ela foi chorando, sentindo pena em me deixar
Qualquer dia destes eu fico de fogo e saio zuando
Onde ela mora juro por Deus que eu vou morar

Coração Sertanejo 
Andei, andei, andei até encontrar
Este amor tão bonito que me fez parar
Nesse pedaço de chão
No coração do sertão encontrei meu lugar

Tem peão de boiadeiro que vive a laçar
Tem tanto amor verdadeiro que nunca vai faltar
Lendas de animais e rios
Aves, flores, desafios este é o meu lugar

E no final do dia o fogo faz companhia
E um violeiro toca pra gente sonhar
Aqui não se vê tristeza em meio a natureza
No coração sertanejo é que é o meu lugar

Músicas do álbum Clássicos Sertanejos (POLIGRAM 5327082) - (1996)

Nome Compositor Ritmo
Luar Do Sertão Catulo Da Paixão Cearense Toada
Colcha De Retalhos Raul Torres Guarânia
É Disso Que O Velho Gosta Gildo Campos / Berenice Azambuja Vanerão
Asa Branca Luis Gonzaga / Humberto Teixeira Baião
Chitãozinho E Xororó Athos Campos / Serrinha Toada
Saudade De Minha Terra Goiá / Belmonte Rasqueado
Caboclo Na Cidade Dino Franco / Nhô Chico Moda De Viola
Tristeza Do Jeca Angelino De Oliveira Toada Balanço
Cabocla Tereza João Pacífico / Raul Torres Toada
Pombinha Branca B. Cherunini / C. Concina - Versão: M. Rodrigues Rancheira
Cavalo Enxuto Moacir Dos Santos / Lourival Dos Santos Pagode
Amor Distante Maurico / Maurozinho Rasqueado
Vou Tomá Um Pingão Léo Canhoto Country/Corrido
Coração Sertanejo Neuma Morais / Neon Morais Balanço
Compartilhe essa página
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim