Irmãos Lima (CD 270111) - (1969) - Chitãozinho e Xororó

Chitãozinho e Xororó
Eu não troco o meu ranchinho amarradinho de cipó
Por uma casa na cidade nem que seja bangalô
Eu moro lá no deserto sem vizinho eu vivo só
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o chororó

Quando rompe a madrugada canta o galo carijó
Pia triste a coruja na cumeeira do paiol
Quando chega o entardecer pia triste o jaó
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó

Não me dou com a terra roxa com a seca larga pó
Na baixada do areião eu sinto um prazer maior
Ver a rolinha no andar no areião faz caracol
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó

Eu faço minhas caçadas bem antes que sai o sol
Minha espingarda de cartucho patrona de tiracolo
Tenho buzina e cachorro pra fazer forrobodó
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó

Quando sei de uma notícia que outro canta melhor
Meu coração dá um balanço fica meio banzaró
Suspiro sai do meu peito que nem bala jeveló
Só me alegra quando pia lá praqueles cafundó
É o inhambu chitão e o xororó, é o inhambu chitão e o xororó

Sanfona Furada
Eu fui numa festa lá no seu Mingote
Onde o sanfoneiro só tocava xote
Sanfona furada só fazia foque
Fi, fi, ri, fi, fim, fi, fi, ri, fi, fim

Dança minha gente aproveita o xote
Tira a Nhá Barbina que ela vem de trote
Mas o Zé Cupido tocava de coque
Fi, fi, ri, fi, fim, fi, fi, ri, fi, fim

E a Margarida dançava com o Roque
Muito apertadinha tava dando choque
Mas o sanfoneiro não parava o xote
Fi, fi, ri, fi, fim, fi, fi, ri, fi, fim

Logo a meia noite veio o seu Mingote
Deu pro sanfoneiro um prato de nhoque
Ele de contente foi mudando o toque
Fo, fo, ro, fom fom, fo, fo, ro, fom fom

Granja Cocodéco
Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco
Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco

Noutra granja ali bem perto um macau corococó
Um frangote boa pinta suspirava de dar dó
O cupido teve pena vendo o jovem frango só
Reuniu a franga preta ao franguinho carijó

Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco
Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco

O peru recém casado ficou meio jururu
Quando viu sua perua na toceira de bambu
Acanhada no seu ninho ela disse pro peru
Estou esperando um ovo e o culpado disso, é tu

Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco
Na granja cocodéco
Além de frango tem peru e tem marreco

Casamento no Escuro
Titio antes de casar já arrumou o seu futuro
Hoje vive na moleza em solteiro andava duro
Veja você em solteiro andava duro
Arranjou no Silvio Santos casamento no escuro

Saracura deu três potes, Nhá Barbina deu um brinco
O Geraldo deu a viola pra ensaiar com muito afinco
Veja você pra ensaiar com muito afinco
Se cantar bem direitinho Zé Fernando e vai Darci

Cada um dá o que pode, tive pena do Silvino
Que comprou a prestação do compadre Belarmino
Veja você, do compadre Belarmino
E da comadre Gabriela um repolho e um pepino

O titio comeu à beça doce de abobora e coco
Depois foi cantar um pouco com Tonico e Tinoco
Veja você com Tonico e Tinoco 
Se forçou tanto no agudo que acabou ficando rouco

O Chacrinha entrou na festa nas comidas já deu fim
Daí o Capitão Furtado combinou com o Nacim
Veja você, combinou com o Nacim
Você entra com o kibe e eu reforço com capim

Calango Mineiro
O meu lenço branco é que eu gosto mais balançar o calango de Minas Gerais
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá

A mineirinha foi pra Goiás ensinar calango de Minas Gerais
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá

O calango mineiro a saudade traz é da moreninha de Minas Gerais
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá
Um passo aqui, um passo lá Vamos moreninha calanguiá

Destinos Iguais
Já foi no morrer do dia quando vi com alegria
Dois canários a cantar
Com gorjeios de ternura o casal trocava juras
De jamais se separar

De repente na galhada como alguém numa emboscada
Vi surgir um gavião
Atacou a canarinha e levou a avezinha
Completando a traição

O canário alucinado perseguiu desesperado
O terrível malfeitor
Mas depois voltou chorando, muito triste soluçando
Num gorjear cheio de dor

Ao ouvir o triste canto compreendi que era o pranto
De quem chora por alguém
Eu ali tão solitário triste só como o canário
Sem querer chorei também

Em vez da felicidade a amargura da saudade
Não nos deixará jamais
Somos dois que assim padecem nossas vidas se parecem
E os destinos são iguais

Casa da Mãe Joana
Alô meu santo é forte, estourou no norte
Tá tudo azul, estourou no sul.
Ai ai! O que foi João? Estourou na mão.
Ô João Caipora, vai estourar lá fora.

Isto aqui está parecendo a casa da mãe Joana 
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana, oi que bacana

Não adianta dar espinho, muito menos carraspana  
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Para espantar a fumaceira, um assopra e outro abana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Aqui entra o mão aberta e também o muquirana 
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Pra entrar na pagodeira não precisa nem ter grana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Entra gente da favela e também de Copacabana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Uns preferem frango assado outros bife a parmegiana 
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Nós queremos mocotó, bacalhau, pão e banana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Aqui tem gente pra frente que assobia e chupa cana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Tem moçada cabeluda que a muita gente engana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Moça de calça comprida e rapaziada de baiana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

A distância não se sabe se é Caetano ou Caetana
Oi que bacana, oi que bacana
Oi que bacana , oi que bacana

Puxando o Fole
Na nossa vila quem vai lá volta outra vez
Pra viver com alegria temos festa todo mês
Quem vai um dia quer ficar logo freguês
Pois tem festa do Divino e também dos Santos Reis

Pra uns a vida é dura pra nós a vida é mole
É uma gostosura viver só puxando o fole
Pra uns a vida é dura pra nós a vida é mole
É uma gostosura viver só puxando o fole

Tem Santo Antonio, tem São Pedro e São João
Também temos São Gonçalo que é da nossa devoção
São Benedito é quem puxa a procissão
E nós só puxando o fole como manda a tradição

Pra uns a vida é dura pra nós a vida é mole
É uma gostosura viver só puxando o fole
Pra uns a vida é dura pra nós a vida é mole
É uma gostosura viver só puxando o fole

Barbaridade
Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade
Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade

Eu estava pescando peixe debaixo de um pé de embira
Peguei duzentos dourados e quatrocentas traíra
Ainda me escapou peixe que até hoje me admira

No canudo da taquara eu achei uma abelheira
Com quinze guampas de mel e catorze arrobas de cera
Do canudo da taquara fiz vinte e cinco peneiras

Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade
Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade

Achei um ninho de pomba fiquei muito admirado
Duzentos pombinhos andando, trezentos ovos furados
Duzentos e vinte e cinco que não tinham descascado

Fui fazer uma caçada me lembro quase desmaio
Foi só num tiro que eu dei matei trinta papagaio
E a bala veio de volta e matou meu cachorro baio

Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade
Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade

Domingo de tardezinha vi uma coisa interessante
Vinte e cinco formiguinhas carregando um elefante
E o bichão de sentimento enforcou-se num barbante

Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade
Barbaridade isto é bom que mete medo
O que mete medo é bom isto é bom barbaridade

Tô Maluco por Você
Tô maluco por você seu xodó me desacata
Tô que nem um português quando vê uma mulata
Tô maluco por você pois você é tão bacana
Tô que nem Pelé por bola e macaco por banana

Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você
Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você

Tô maluco por você que nem boi por invernada
A mulher pela novela e o baiano por cocada
Tô maluco por você que já nem sei o que faço
Tô que nem galo por milho e o gaúcho por cavalo

Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você
Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você

Tô maluco por você, tão maluco que eu juro
Mais do que dois namorados quando estão num beco escuro
Tô maluco que até vou lhe confessar
Por você faço loucuras sou capaz de me casar

Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você
Tô, tô, tô pela cara já se vê
Tô, tô, tô, tô maluco por você

Moreninha Linda
Meu coração está pisado como a flor que murcha e cai
Pisado pelo desprezo do amor quando desfaz
Deixando a triste lembrança adeus para nunca mais

Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você

O amor nascer sozinho não é preciso plantar
A paixão nasce no peito falsidade no olhar
Você nasceu para outro eu nasci pra te amar

Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você

Eu tenho meu canarinho que canta quando me vê
Eu canto por ter tristeza, canário por padecer
Com saudade da floresta, eu saudade de você

Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você

Aquarela Sertaneja
Quando surge a madrugada
Vai-se a lua cor de prata
Envolvendo toda a mata
Passa a brisa a sussurrar

Os passarinhos
A cantar em revoada
Anunciam alvorada
Novo dia vai chegar

Lá no sertão, lá no sertão
Reina a alegria no coração
Lá no sertão, lá no sertão
Reina a alegria no coração

Vem a luz do sol brilhando
Sobre a relva das campinas
E as águas cristalinas
Vence rios a correr

A natureza
Mais formosa e mais bela
Representam a aquarela
No alvor do amanhecer

Lá no sertão, lá no sertão
Reina a alegria no coração
Lá no sertão, lá no sertão
Reina a alegria no coração

Músicas do álbum Irmãos Lima (CD 270111) - (1969)

Nome Compositor Ritmo
Chitãozinho E Xororó Serrinha / Athos Campos Toada
Sanfona Furada José Alves / Moreno Xote
Granja Cocodéco Zé Cupido / Ariovaldo Pires Corrido
Casamento No Escuro Donaby / Ary Guardião Corrido
Calango Mineiro Tonico / Tinoco / Zé Cupido Calango
Destinos Iguais Laureano / Ariovaldo Pires Toada
Casa Da Mãe Joana Moreno / Capitão Furtado Cana Verde
Puxando O Fole Argonauta / Piquerobí Xote
Barbaridade Walter Amaral Corrido
Tô Maluco Por Você Capitão Furtado / Zico Calango
Moreninha Linda Priminho / Maninho / Tonico Cana Verde
Aquarela Sertaneja J. M. Alves Toada
Compartilhe essa página
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por João Vilarim