Minha Vida, Minha Luz - (2003) - Goiano e Paranaense

Meu Recanto Meu Paraíso
Eu sou caipira do mato sou um caboclo nato e não nego a raiz 
Tenho a pele queimada essência entranhada da flor no nariz 
Chapéu de palha e botina luta matutina que me faz feliz 
Não sou homem de gravata meu rancho de taipa eu mesmo é quem fiz 

O galo canta e eu levanto sempre me encanto com a cerração 
Também contemplo as rolinhas que pousam e caminham lá no mangueirão 
Os canarinhos cantando e o sanhaço bicando a polpa do mamão 
Jogo milho pras galinhas e o sol sugo as gordinhas de orvalho no chão 

Sinto uma satisfação quando a criação termino de tratar 
Volto pro rancho e a mulher me serve um café com bolo de fubá 
Faço um cigarro de palha e vou a batalha o outro dia enfrentar 
Passo e levo da mina pura e cristalina água pra tomar

Bem lá no alto da serra no ventre da terra semeio a semente
Rego com muito suor, com fé e amor eu espero paciente 
Que é o centeio do pão nasce e vinga o botão pra dar fruto pra gente
E à tarde eu volto à palhoça quando o sol na roça se vai no poente

Me banho no ribeirão depois tomo um pingão na hora do jantar
Sento num banco lá fora e ali fico horas a admirar 
O céu com sua centelha e vendo as estrelas mudar de lugar
Vejo da lua o seu lume com os vagalumes no escuro a brilhar

Este meu reino encantado é abençoado por Nosso Senhor
Graças à mãe natureza fartura na mesa tem o lavrador
Eu sou um caboclo rude, mas tenho saúde, a paz e o amor
Se existe a felicidade nasceu na verdade no interior
Se existe a felicidade nasceu na verdade no interior

No Fim Dos Tempos
Oh meu Deus de amor e bondade peço que nos livre do grande tormento
A fome e a guerra estão nos rondado e nos direcionando para o sofrimento
Os poderes vão se agigantando e nos arrebanhando para o desalento
No mar da maldade estamos navegando para naufragar no esquecimento

Somos escravos de drogas e vícios lutas e sacrifício não tem mais valor
Nossas crianças estão abandonadas não resta mais nada fazer por amor
A grande escassez de água e energia já causa agonia tristeza e dor
Nossos governantes de alma vazia recitam poesia e conquistam o eleitor

Subestimaram a sabedoria e a torres caíram em chamas na cidade
Grito de socorro de lamento e histeria e o mundo assistia tantas nulidades
A impunidade gera violência e a incompetência gera impunidade
Por isso que estamos pedindo falência perante os transtornos da humanidade

O grito de guerra e o grito da fome às vezes consome minha inspiração
Tantos inocentes perdendo a vida e pedindo comida sem ter proteção
Seria Senhor a grande profecia que o mestre um dia ditou com razão
Se assim seria eu me calaria e só me restaria pedir-lhe perdão

Minha Vida, Minha Luz
Me ausentei da família, deixei meu Goiás
Tanto eu lutei pra alcançar os meus ideais
Tive as glórias e as derrotas que a vida nos traz
E quando andei na contra mão eu sofri demais

Vários tombos nesta vida já levei
Tive até bons resultados do bem que plantei
E no chicote do tempo apanhei
Quando da realidade me distanciei

No ventre do solo fértil do meu coração
Plantei todos os meus sonhos, nasceu ilusão
De ser um homem feliz em eterna união
Mas eu caí no abismo da incompreensão

Das turbulências da vida eu tirei
A experiência e a bagagem comigo guardei
Com a humildade e a fé eu conquistarei
De volta o amor das pessoas que amei

Várias vezes nesta vida chorei
O amor de quem mais precisava não conquistei
Quem eu mais quis ajudar magoei
Foi assim que tentando acertar eu errei

É tão alto o preço que a gente paga pra viver
Andar sobre uma corda bamba tem que aprender
Nem tudo que a gente planta consegue colher
Mas tendo a presença de Deus tudo vai florescer

Mantendo A Tradição
Viola pastora minha professora fiel defensora de uma tradição
Viola muralha que trouxe a medalha do chapéu de palha da nossa canção
Viola cristã minha anfitriã alcova e divã da inspiração
Viola batina que tanto fascina tu és a vitrine e retrata o sertão
Viola monarca, minha patriarca que veio na arca do velho Noé
Viola chancela verde e amarela mantenho com ela a tradição de pé

Viola herança que estampa a lembrança e revela a infância do meu dia a dia
Viola de prata seu leito retrata que veio da mata trazendo harmonia
Viola universo esteio e progresso do grande sucesso das melodias
Viola essência que embala inocência da sobrevivência da poesia
Viola monarca, minha patriarca que veio na arca do velho Noé
Viola chancela verde e amarela mantenho com ela a tradição de pé

Viola bastão elo da união da nossa canção raiz e dileta
Viola patroa que canta e entoa por música boa está sempre alerta
Viola brejeira que cheira a poeira tu és brasileira e também predileta
Viola astuta que vive na luta ensinando o recruta e formando poeta
Viola monarca, minha patriarca que veio na arca do velho Noé
Viola chancela verde e amarela mantenho com ela a tradição de pé

Palavra De Honra
Todo homem tem seu preço, todo santo tem seu dia
Mundo velho está mudado de quando os avós viviam
Quando a palavra de um homem mais que dinheiro valia
Pra se firmar um negócio documentos não haviam
Arrancava um fio da barba e dava por garantia

Não usava documentos como nos tempo atuais
Para tratar com um homem costumavam pensar mais
Porém se desse a palavra por nada voltava atrás
Honrava o que dizia mesmo com riscos fatais
Hoje a palavra de honra manter ou não, tanto faz

Hoje tudo tá mudado, pra ninguém isso é segredo
A moral de certos homens tá servindo de brinquedo
Quando fala volta atrás muda a verdade por medo
São simples montes de gelo que se passam por rochedo
Pra encontrar muitos deles não precisa sair cedo

Quanto mais o tempo passa mais se perde a tradição
Filhos de homens direito perde o nome em tabelião
O bom conceito que herdaram se vai nos golpes que dão
Não importa a honra da casa, querem ser mais do que são
Pra se andar nas alturas deixa a moral lá no chão

Franguinho Na Panela
O recanto onde moro é uma linda passarela
O carijó canta cedo bem pertinho da janela
Eu levanto quando bate o sininho da capela
E lá vou eu pro roçado tenho Deus de sentinela
Tem dia que meu almoço é um pão com mortadela
Só que lá no meu ranchinho pra mulher e os meus filhinhos tem franguinho na panela

Eu tenho um burrinho preto bom de arado e bom de sela
Pro leitinho das crianças a vaquinha Cinderela
Galinhada no terreiro papagaio tagarela
Eu ando de qualquer jeito de botina ou de chinelo
Na roça a fome aperta vou apertando a fivela
Só que lá no meu ranchinho pra mulher e os meus filhinhos tem franguinho na panela

Quando eu fico sem serviço a tristeza me atropela
Eu pego uns bicos pra fora deixo cedo a corruptela
Eu levo meu viradinho é um fundinho de tigela
É só farinha com ovo, mas da gema bem amarela
Esse é o meu almoço que desce seco na goela
Só que lá no meu ranchinho pra mulher e os meus filhinhos tem franguinho na panela

Minha mulher é um doce diz que sou o doce dela
Ela faz tudo pra mim e tudo que eu faço é pra ela
Não vestimos lã e nem linho é no algodão e na flanela
Assim é a nossa vida que levamos na cautela
Se eu morrer Deus dá um jeito, pois a vida é muito bela
Só que lá no meu ranchinho pra mulher e os meus filhinhos tem franguinho na panela

Viola Boneca, Criança Sapeca
Viola romeira que passou fronteira abrindo porteira e levando ternura
Viola tulipa tão meiga e bonita entre as palafitas nascestes tão dura
Viola paixão de todo o sertão da geração de poesias futuras
Viola serena, humilde, pequena que não envenena a nossa cultura

Viola arrebol, madeira sem nó o guia em farol do espaço celeste
Viola neon que vibra no tom seu canto e seu som é um hino de prece

Viola redoma que meus versos doma e assina o diploma da tradição
Viola bendita teu canto levita e afasta a maldita solidão
Viola menina você me fascina é a membrana e retina da canção
Viola estampa porongo e tampa que vive na rampa do meu coração

Viola arrebol, madeira sem nó o guia em farol do espaço celeste
Viola neon que vibra no tom seu canto e seu som é um hino de prece

Viola macia vovô já dizia tua melodia tem som de cristal
Viola cauã, meu sol da manhã luz e talismã, estrela real
Viola boneca, criança sapeca que faz de peteca quem for seu rival
Viola madrinha que luta sozinha para por na linha o respeito e a moral

Viola arrebol, madeira sem nó o guia em farol do espaço celeste
Viola neon que vibra no tom seu canto e seu som é um hino de prece

Nunca Mais Vou Te Esquecer
Porque me deu vontade de te ver
De deitar no seu corpo e amar você
Se eu já não sentia mais esta paixão
Porque bateu em mim esta recordação
E esta saudade queimando feito brasa no meu coração

Porque me deu vontade de chorar
Se eu mesmo pedi pra você não voltar
Porque ainda sinto em mim as suas mãos
Porque fiquei com medo desta solidão
E esta saudade queimando feito brasa no meu coração, no meu coração

Porque será que ainda está doendo assim?
Se eu já encontrei outro amor e matei você dentro de mim
Meu Deus será que nunca mais vou te esquecer?
Será que eu vou te esquecer
Eu me engano beijando outro corpo e lembrando você

Homem Do Milênio
Abri o arquivo do meu pensamento e vi cem por cento na tela da mente
A imagem viva de um patriota que plantou a rota da boa semente
No solo sagrado do nosso progresso alcançou sucesso honestamente
Na luta diária venceu o duelo e do verde amarelo hoje é linha de frente

Sua origem é o sertão dos Inácios e o seu prefácio foi um lavrador
Trabalhou na roça ainda menino regou seu destino com muito suor
Em busca do sonho da felicidade veio pra cidade pra ser vencedor
Porque seu caminho já estava traçado e seus passos marcados por Nosso Senhor

Com fé e bravura este jovem rapaz venceu os ideais sem maracutaia
Driblou as barreiras no jogo da vida em todas as partidas nunca levou vaia
E o começo nada foi um mar de rosa e nas horas dolosas não fugiu da raia
Com a viola no peito em versos cantando eu falo de Orlando Ferreira Maia

Nas dunas do peito de um coração garimpando a paixão encontrou um brilhante
A dona Iraci, uma mulher fiel um anjo do céu, esposa e amante
Seu patrimônio de grande valor é um mútuo amor que sente constante
Seus filhos, Alessandro, Junior e Lucelena são joias supremas, topázio e diamante

Sou um caipira e violeiro nato caboclo de fato com muita humildade
Mas quero aplaudir quem lutou em prol de um lugar ao sol e da sociedade
Que Deus ilumine a família Maia que suba e não caia vossa majestade
Parabéns seu Orlando, o caipira gênio homem do milênio e da nossa amizade

Casa De Capim
Fui criado no sertão onde reside a verdade 
No meio dos animais da pequena propriedade 
Nada faltava lá em casa tinha de tudo a vontade 
A família era feliz não conhecia a vaidade 
Mudamos nossa rotina, trocamos a lamparina pela eletricidade 

Com a chegada da energia foi grande minha emoção 
Comprei logo a geladeira, vídeo e televisão 
Despertador digital, micro system e fogão 
Aposentei o meu galo, forno caipira e violão 
Pelo progresso dopado não vi que eu tinha entrado numa rua contra mão 

As imagens de conforto que mostravam na telinha 
Achei que eram verdades fizeram a cabeça minha 
Mudei pra cidade grande antes vendi o que tinha 
Tô levando na marmita ovo, feijão e farinha 
A barriga está roncando eu sonho saboreando um guisado de galinha 

Por causa da ignorância passei a viver assim 
As flores da esperança morreram no meu jardim 
O pesadelo me arrasa parece que não tem fim 
Viver na cidade grande, isto não nasceu pra mim 
É uma experiência sem graça, igual colocar vidraça numa casa de capim

Minha Vizinha
Minha vizinha se enrolou com um coroa tá feliz, sorrindo à toa, ela tem tudo que quer
Apartamento, mansão e carro importado casa cheia de empregado e massagista até pro pé
Nesse conforto que ela estará vivendo eu estava percebendo que uma coisa ia mudar
Fiquei sabendo, chacachaca lhe faltava ela sempre reclamava disso, pra lhe completar

Um dia desse ela chegou cheia de prosa me deu um banho de loja e me chamou pra conversar
Foi me falando que ele só vive ocupado quando chega tá cansado, deita e começa a roncar
Nesse momento fui consolar a vizinha ela muito assanhadinha, não deu pra segurar

Foi um pega-pega, foi um beija-beija na cama e na mesa, em cima do sofá
A sua vontade com o meu desejo foi a faca e o queijo pra gente se amar

Nesse conforto que ela estará vivendo eu estava percebendo que uma coisa ia mudar
Fiquei sabendo, chacachaca lhe faltava ela sempre reclamava disso, pra lhe completar

Um dia desse ela chegou cheia de prosa me deu um banho de loja e me chamou pra conversar
Foi me falando que ele só vive ocupado quando chega tá cansado, deita e começa a roncar
Nesse momento fui consolar a vizinha ela muito assanhadinha, não deu pra segurar

Foi um pega-pega, foi um beija-beija na cama e na mesa, em cima do sofá
A sua vontade com o meu desejo e a velha praça comecei a derrubar

Foi um pega-pega, foi um beija-beija na cama e na mesa, em cima do sofá
A sua vontade com o meu desejo e a velha praça comecei a derrubar

Comecei a derrubar, derrubar, derrubar, derrubar, derrubar
E a velha praça consolar
Comecei a derrubar, derrubar, derrubar e a velha praça comecei a derrubar

Pout Pourri De Pagodes - Intrumental
Ingrata Maria
De noite eu tive sonhando contigo minha princesa 
Acordando não vi nada o sonho não é certeza
Eu passei o dia todo chorando só de tristeza. 
Esta minha triste vida eu confesso com franqueza 
Ando vendo em toda parte teu semblante de beleza

É triste viver no mundo amando sem ser amado
Um coração que padece vive triste amargurado
E um coração que não ama vive alegre sossegado
Quando você passar por mim com seu andar balanceado
Eu prego os olhos no chão pra chorar mais disfarçado

Quisera que Deus me desse o prazer de conquistar
Desse seus olhinhos lindos a ventura de um olhar
E depois de um certo tempo suas mãozinhas segurar
E encostada no meu peito só pra você escutar
E sentir o tic-tac de um coração disparar

Eu quisera ser o pente pra ajeitar seu penteado
E uma fita cor de rosa no seu cabelo amarrado
Eu quisera ser a barra do seu vestido rendado 
Eu quisera ser o salto do seu sapato dourado
Pra você pisar bem forte nesse coração magoado

A tristeza me acompanha, não tenho mais alegria 
Eu procuro disfarçar esta minha melancolia
Eu quisera nascer cego talvez assim não sofria 
E melhor viver nas trevas do que ver a luz do dia 
Do que ver o semblante de você Ingrata Maria

Solos De Viola - Instrumental






Músicas do álbum Minha Vida, Minha Luz - (2003)

Nome Compositor Ritmo
Meu Recanto Meu Paraíso Goiano / João Miranda Querumana
No Fim Dos Tempos Goiano / Valdemar Reis Junior Cururu
Minha Vida Minha Luz Goiano / João Miranda - Dr. Paulo Pontes Balada
Mantendo A Tradição João Miranda / Bento Guidini Querumana
Palavra De Honra Pedro Tomás De Aquino / Tião Carreiro Cururu
Franguinho Na Panela Moacyr Dos Santos / Paraíso Rasqueado
Viola Boneca, Criança Sapeca Goiano / João Miranda Cururu
Nunca Mais Vou Te Esquecer Cezar Augusto / Lucas Robles Balanço
Homem Do Milênio Goiano / João Miranda Querumana
Casa De Capim Ademir Rico Cururu Piracicabano
Minha Vizinha Negro Cosmo / Paulo Nascimento Xote
Pout Pourri De Pagodes Goiano / Donizete Santos
Ingrata Maria Raul Torres Moda De Viola
Solos De Viola Goiano Pagode
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