Jacó E Jacozinho 70 (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9101) - (1970) - Jacó e Jacozinho
Uai!
Se um dia acontecer o que eu estou pensandoÂ
O mundo fica escuro e o sol não saiÂ
As grandes cachoeiras vão voar pra cimaÂ
No dia que o mineiro não falar uaiÂ
Um ônibus de Minas, outro de GoiásÂ
Fazia um horário muito apertadoÂ
E logo na divisa houve uma trombadaÂ
Foi só uai sô, pra todo ladoÂ
Mineiro de verdade não quebra o jejumÂ
Comendo logo cedo ele se sente bemÂ
Eu sempre levantava de madrugadinhaÂ
Lavava o pescoço e comia um tremÂ
Depois das cinco horas eu já suspendiaÂ
Seguia meu caminho junto com meu paiÂ
Voltava de tardinha com um trem no bolsoÂ
E a cabeça cheia sô, de tanto uai
Meu caro conterrâneo não me leve a malÂ
Por essa brincadeira que não tem maldadeÂ
Achei por intermédio da palavra uaiÂ
A forma mais alegre de falar saudadeÂ
Você que me pergunta uai o que éÂ
Depende da maneira que a pergunta caiÂ
Segundo o dicionário lá da minha terraÂ
Esse tal uai, sô, quer dizer uai, uai
Nasceu um garotinho na rua de ribaÂ
O nome que lhe deram quase deu enguiçoÂ
Seu uma sapituca nos parentes deleÂ
A cidade inteirinha só falava nissoÂ
Uái Mane Capanga que trem doido é esseÂ
Compadre João Ribeiro uai o que é que temÂ
O filho do Mutuca já foi batizadoÂ
Joaquim Uai de Oliveira Trem
Nariz Rebitadinho
Vocês não viram passar por aÃ
Meu amorzinho que um dia foi emboraÂ
Faz tanto tempo que eu ainda não esqueciÂ
O tempo passa e ainda mais meus olhos choramÂ
Meu endereço eu deixei esclarecidoÂ
Mas eu não disse como é o meu benzinhoÂ
Ela só anda num passinho delicadoÂ
Tem uma pinta de lado e o nariz rebitadinhoÂ
Neste momento se ela estiver me ouvindoÂ
Peço que venha atender o meu apeloÂ
E venha logo peço pelo amor de DeusÂ
Venha para os braços meus que eu estou em desesperoÂ
Meu endereço eu deixei esclarecidoÂ
Mas eu não disse como é o meu benzinhoÂ
Ela só anda num passinho delicadoÂ
Tem uma pinta de lado e o nariz rebitadinhoÂ
Neste momento se ela estiver me ouvindoÂ
Peço que venha atender o meu apeloÂ
E venha logo peço pelo amor de DeusÂ
Venha para os braços meus que eu estou em desespero
Somente Deus
Estou novamente sozinho sem ter os carinhos do meu bemÂ
Estou novamente chorando seu nome chamando e ela não vemÂ
Nos braços de outro estará trocando palavras de amorÂ
E eu amargurado mesmo calado em prantos de dor
Foi o maldito ciúme foram os malditos pensamentos meusÂ
E agora não sei o que faço pra guiar meus passos somente DeusÂ
Foi o maldito ciúme foram os malditos pensamentos seusÂ
E agora não sei o que faço pra guiar meus passos somente Deus
O Ladrão E O Japonês
Um motorista de praça certo dia viajouÂ
Vinha voltando era noite quando de longe avistouÂ
Duas mulheres e uma mala a mão pra ele acenouÂ
O japonês sem malÃcia num assalto não pensou e parouÂ
As duas mulheres entraram no banco de traz sentouÂ
Pelo espelhinho da frente o japonês desconfiouÂ
Que ali estavam dois ladrões pelo braço ele notouÂ
Era um braço cabeludo foi o que ele pensou roubado estou
O japonês muito calmo um plano premeditouÂ
Foi freando devagar e o carro ele parouÂ
O japonês disse a elas meu carro nunca enguiçouÂ
Vocês descem pra empurrar porque meu carro afogou por favor
Somente uma desceu a outra lá dentro ficouÂ
O japonês muito vivo no freio ele segurouÂ
Desce a senhora também quando a outra saltouÂ
Deu um pisão na gasolina e quatro pneu cantou poeira levantouÂ
Na delegacia próxima o japonês lá chegouÂ
Contou tudo ao delegado e a mala ele entregouÂ
Ferramentas de ladrão e um milhão encontrouÂ
O ladrão pensou em roubar, mas roubado ele ficou seu plano falhou
Mascate Fracassado
Comprei cinco dúzias de lencinhos brancosÂ
Pois na minha mala e fui mascatearÂ
Se eu vendesse logo aqueles lencinhosÂ
Teria bom lucro pra vida gozarÂ
Cheguei numa casa, já bati na portaÂ
Veio um broto lindo nunca vi assimÂ
Olhei pra ela, ela também me olhouÂ
Eu gamei por ela, ela gamou por mim
Peguei na mão dela com tanta ternuraÂ
Beijei seu rostinho naquele momentoÂ
Olhei nos seus olhos, vi que ela me amavaÂ
Marquei ali mesmo o nosso casamentoÂ
Parecia até que eu estava nas nuvensÂ
Por ter encontrado aquele amorzinhoÂ
Já nem me lembrava que eu era mascateÂ
Esqueci até de vender os lencinhosÂ
Voltei para casa cheio de alegriaÂ
Mas no outro dia que desilusãoÂ
Recebi uma carta que dizia assim
Vou me casar com outro, não te quero nãoÂ
Hoje vivo triste muito aborrecidoÂ
Não sou mais mascate eu padeço tantoÂ
Aqueles lencinhos que eu não vendiÂ
Tão servindo agora pra enxugar meu pranto
Por Favor
Sem favor ninguém não vive porque dele alguém precisaÂ
A palavra por favor veja o quanto simbolizaÂ
Eu devo favor até para o pano da camisaÂ
Para a água que a gente toma e para a terra que a gente pisaÂ
Eu devo favor aos pobres ao povo de posiçãoÂ
Para o sol e para a lua que ilumina a imensidãoÂ
Para o vento que refresca para a chuva que molha o chãoÂ
Eu devo favor também para as águas do ribeirão
Eu devo favor a quem me agrada com seus beijosÂ
Para a luz dos olhos meus por tudo aquilo que vejoÂ
Para o povo da cidade para o povo sertanejoÂ
Eu devo favor também pra viola que eu manejo
Eu devo favor a Deus por eu ser feliz assimÂ
Eu devo favor as flores que perfuma o meu jardimÂ
Eu devo favor a vida que me leva para o fimÂ
Eu devo favor a quem deu a vida para mim
O Dever De Um Médico
Minha casa é de caboclo, mas mora a felicidade
Encontrei a preferida rainha da minha vida
Com ela eu sou tão feliz assim o destino quis
No jardim do nosso amor nasceu uma linda flor
Com cinco anos somente menina ficou doente sofrendo uma grande dor
Em altas horas da noite mandei chamar o doutor
Â
Eu mandei meu camarada lá em sua residência
De volta o rapaz dizia que atender-me não podia
Eu fiquei desesperado mandei de volta o empregado
Virou nos pés o cavalo dava trovões e estalos
Mas trouxe o doutor consigo tirando-a do perigo convidei pra pernoitar
Me falou que tinha pressa necessitava voltar
Â
Vendo minha filha salva fui com ele até sua casa
Vi tanta gente só vendo dia estava amanhecendo
Eu disse à ele contente senhor tem muitos clientes
Não é verdade doutor vi nele profunda dor
Suas lágrimas brotou sem resposta me deixou fiquei suspenso no ar
Pôs as mãos nas minhas costas me convidou pra chegar
Â
Quando entrei em sua casa que passei a compreender
Triste surpresa eu tive quando vi não me contive
Vi quanto o doutor sofria tinha perdido uma filha
Quantos pêsames lhe dei franqueza também chorei
O doutor me agradeceu e depois me respondeu o que é que vamos fazer
Eu fui salvar sua filha para cumprir meu dever
Sonhos Perdidos
Já brotaram de novo as roseiras junto a fonte do velho jardim
Onde fizestes um juramento só foi fingimento e teve seu fim
Quantas juras de amor me fizeste iludido eu acreditei
Foram todos meus sonhos perdidos fiquei esquecido de quem tanto amei
Mas os anos que passaram foram transformando tudo em grande dor
O meu pobre coração hoje chora teu amor
Recordando os momentos felizes junto destas flores
Nós dois juntinhos cheio de carinho falamos de amor e esquecendo a dor
Ao votarem as noites de inverno e a neblina cobrir o jardim
Na tristeza ira me matando estarei chorando esperando meu fim
Não importa que tenha esquecido o carinho que um dia te dei
São lembranças desse amor que vivido embora perdido hoje recordei
Mas os anos que passaram foram transformando tudo em grande dor
O meu pobre coração hoje chora teu amor
Recordando os momentos felizes junto destas flores
Nós dois juntinhos cheio de carinho falamos de amor e esquecendo a dor
Começo Do Fim
Pra cantar gostoso de longe eu vim
Modinhas bonito tem que ser pra mim
O fim do começo tem que ser assim
O que tem começo tem que ter um fim
Lá no fim do sul começo do norte
O fim da colheita começa o transporte
O fim da boiada começa no corte
O fim do azar é o começo da sorte
Â
É no fim do cabo começa o arreio
É no fim dá rédea começo do freio
No fim da confiança começa o receio
No fim da metade é o começo do meio
Â
No fim da cachaça começa a gandaia
É no fim do mar começo da praia
O fim do artista é o começo da vaia
O fim do joelho o começo da saia
O fim do bandido começa o xerife
O fim do dinheiro é o começo do pif
É o fim do boi o começo do bife
É no fim da cabeça o começo do chifre
Cidade De Assis
O sonho mais lindo que tive em criançaÂ
Foi ser algum dia um grande cantor
Louvar em meus versos no verde da mata
No canto da fonte, o orvalho na florÂ
Com quatorze anos deixei minha terraÂ
E quase que a mágoa me mata de dorÂ
Morei em palácio em rancho de palhaÂ
Comi em banquete vi triste migalhaÂ
Mas o itinerário de Deus nunca falhaÂ
Na grande batalha eu fui vencedorÂ
Fiz grande amizade em minha jornadaÂ
Sem ter preconceito de raça ou de corÂ
Fui incentivado em várias escalasÂ
Que vão de lixeiro a governador Â
Sou grato por tudo, mas não vaidosoÂ
As coisas da mente só tem um autorÂ
Tal qual a aragem que o mundo a campinaÂ
A onda serena me acalma e ensinaÂ
Embora imperfeito a mim iluminaÂ
A graça divina do meu Criador Â
Às vezes perguntam os meus companheirosÂ
O grau de cultura que sou portador Â
Não faço campanha em meu beneficioÂ
A minha modéstia tem muito valorÂ
Sou filho dileto da simplicidadeÂ
Adoro a vida do interiorÂ
Viajo na escala do meu carrossel
De Trem ou de Bonde, Impala ou CorcelÂ
A todo o Brasil sou sempre fielÂ
Cidade de Assis meu berço de amor
Amargo Desgosto
Os dias que passam na vida são como as folhas que o vento levouÂ
Este dias na vida ditosa são memórias que o tempo deixouÂ
Amei uma mulher era um anjo era um anjo a mulher que ameiÂ
Mas enfim até hoje ainda amo só quando morrer deixareiÂ
Este amor eu julguei ser amado e iludido enganado eu viviaÂ
Ilusão tão vagueira e tão doce rouba mesmo ainda mais eu diriaÂ
É bem triste saber que ela vive gozando os carinhos de outroÂ
Me deixando num triste abandono estou sofrendo este amargo desgosto
Enquanto eles vivem felizes eu vivo a perambularÂ
Vou afogando esta triste sina neste copo da mesa de um barÂ
Peço a Deus que te faça ditosa peço a deus que me tire esta vidaÂ
Esta vida ralada de angústia pela sorte cruel tão combatida
Esta vida ralada de angústia pela sorte cruel tão combatida
Quando A Gente Gosta De Alguém
Quando a gente começa a gostarÂ
De um alguém que não gosta da gente
É uma cruz que a gente vai levar
Pela estrada da vida pra sempre
O amor é uma coisa engraçada
Deveria ser bem diferente
A gente só devia gostar
De quem gosta bastante da gente
O amor é uma coisa tão pura
Com a rosa ao desabrochar
O amor faz a gente sorrir
Mas também faz a gente chorar
Quando estou longe dela eu choro
Minha alma se sente vazia
E depois quando estamos juntinho
Eu e ela choramos de alegria
Músicas do álbum Jacó E Jacozinho 70 (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9101) - (1970)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Uai! | Goiá | Balanço |
Nariz Rebitadinho | Cambará / Belmonte | Corrido |
Somente Deus | Cambará / Belmonte | Corrido |
O Ladrão E O Japonês | Jacó / Jacozinho | Rojão |
Mascate Fracassado | Léo Canhoto | Rasqueado |
Por Favor | Moacyr Dos Santos / Bambico | Rancheira |
O Dever De Um Médico | Jacó / Jacozinho | Toada Balanço |
Sonhos Perdidos | Belmonte / J. Garcia | Rasqueado |
Começo Do Fim | Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos | Rasqueado |
Cidade De Assis | Goiá | Rasqueado |
Amargo Desgosto | Belmonte | Toada Balanço |
Quando A Gente Gosta De Alguém | Léo Canhoto | Fox |