O Carro Do Pai João (RDG 31011) - (1982) - Acácio e Cacinho
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O Carro Do Pai João
Muita gente me pergunta porque eu tenho guardado
Um velho carro de boi no galpão bem conservado
As cangas e o candeeiro e os canzis lá pendurados
Uma vara de ferrão e um couro de boi dobrado
Existia na fazenda há muitos a nos passados
Um preto velho carreiro por todos era estimado
O rei de todos carreiros na fazenda do Lajeado
Por isso guardo este carro deste carreiro afamado
Me lembro do velho carro nas estrada do sertão
A saudade faz chorar quando entro no galpão
Parece que ainda escuto lá no fundo do grotão
Um carro de boi cantando e os gritos do pai João
Um carro de boi cantando e os gritos do pai João
Mulher Fingida
Você mulher destruiu o nosso larÂ
E hoje vive na amargura e solidão
Que se disfarça com um copo de bebidaÂ
E o cigarro sempre está em suas mãos
E cada dia vai vivendo o seu fracasso
Neste ambiente de lama e escuridão
Vendendo beijos para quem chegar primeiro
Sem perceber que está num mundo de ilusão
És uma flor que pouco a pouco vai murchando
Sem ter um dono passando de mão em mão
E cada dia sempre tem um novo amor
Sem decidir a quem vai dar seu coração
Sente vergonha de viver aonde vive
Sempre sorrindo e sem dar demonstração
Estás pagando pelo mal que me fizeste
Você mulher já não merece o meu perdão
A Mulher E O Automóvel
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
Essas mocinhas de hoje que são namoradeira
É um carro bem ligeiro não ocupa nem primeira
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
Tem moça que eu conheço nunca teve namorado
É um carrão de luxo na garagem está guardado
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
As moças solteirona que não acha casamento
É um carro sem dono está no estacionamento
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
As mulher que são casadas e gosta de namorar
É um carro de aluguel qualquer um pode embarcar
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
As velhas fofoqueiras é um carro que eu não quero
É muito gastador já está no ferro velho
Aperta bem o breque segura bem o pé
Enquanto o homem faz primeira mulher faz volta e da marcha ré
Namoro Infeliz
Namorei uma pretinha a filha do Serafim
Eu gostava muito dela e ela muito de mim
Foi passear em sua casa nós ficamos meio assim
Me trouxeram um cafezinho emprestado do vizinho com paçoca de amendoim
O velho passou na sala não falou nada pra mim
Ele perguntou pra velha de onde é este chupim
E a velha respondeu este é o filho do Joaquim
Ele falou muito bravo pretinho mal encarado cabecinha de cupim
O velho veio chegando com uma vara de alecrim
Bateu bastante na moça e sobrou um pouco pra mim
Ele me deu uma varada que acertou em cima do rim
Da escada pulei no mato que na sola do sapato pra trás eu joguei capim
E quando eu ia correndo encontrei com o seu Tomaz
Ele já me perguntou porque tu corres rapaz
Contei o caso pra ele tudo o que o homem me faz
Ele respondeu num instante se você apanhou bastante precisava apanhar mais
Eu puxei do meu revolver ele também do seu punhal
Já fiquei muito arisco e dei um pulo pra trásÂ
Puxei seis vezes no gatilho as balas negam e não saem
O velho virou serpente sai correndo na frente e ele correndo atrás
Fui lá pra delegacia falar com o juiz de paz
Ele mandou dois soldados que levassem eu pra trás
Eu fiquei muito contente o meu casamento sai
Me trancaram na cadeia perdi a pretinha feia pois não ame soltaram mais
Quando A Cana Chega
O povo lá do meu bairro ficou muito assombrado
Quando viu um bode preto berrando desesperado
Eu saà da minha casa também fiquei assustado
Porque o preto feiticeiro num bode tinha virado
E fui numa sexta feira que este fato se passou
Preto velho feiticeiro que muita gente enganou
Ficou um bode muito feio muita gente desmaiou
Neste dia o feitiço o feiticeiro enganou
Lá no bairro onde eu moro o povo já sossegou
Não tem mais roda de samba nem casa de pai Nagô
Preto velho macumbeiro a polÃcia encanou
Bode preto de macumba nunca mais aqui voltou
Aqui vai minha mensagem à todos os feiticeiros
Pra não enganar ninguém a fim de ganhar dinheiro
Que quando a cana desce ai vem o desespero
A polÃcia vai chegando e varrendo o seu terreiro
A Volta Das Andorinhas
Voltaram as andorinhas é chegada do verão
Só você que não voltou eu não sei porque razão
Andorinha foi embora na mudança da estação
Você também meu deixou sem dar uma explicação
Já está fazendo um ano que todo meu sofrimento
As quatro estações do ano pra mim foram só tormento
No outono as folhas caem e junto eu caio também
Hoje as folhas já brotaram sói eu não me levantei
No inverno é tanto fio sem nada pra me aquecer
Uma coberta gelada e uma cama sem você
Na primavera das flores fui cruel a minha vida
Fiquei um triste jardim sem rosas e margaridas
Se você estiver me ouvindo por favor volte correndo
Esse alguém que está sentindo de solidão está morrendo
Mas se você não voltar que será da vida minha
Se Deus me der uma asa eu abandono esta casa e vou com as andorinhas
Pedaço Da Minha Vida
Muita gente me pergunta se me criei na cidade
Qual meu nÃvel de cultura se estudei a faculdade
Pedaço da minha vida eu vou contar pra vocês
Eu fui criado em Minas num ranchinho na colina sou filho de um camponês
Foi um tempo tão custoso o tempo que fui menino
Havia dificuldade pra conseguir o ensino
No meu tempo meus amigos não existia Mobral
O pouco que hoje sei com esforço estudei numa escola rural
Quando eu tinha doze anos papai me tirou da escola
Para ser seu ajudante eu era criançola
Meu pai era carreiro meu Deus quanto eu sofria
Eu ia sempre na frente descalço na terra quente chamando os bois de guia
O meu pai Deus já levou já faz bastante janeiro
Hoje eu sinto saudade quando fui seu companheiro
Cantiga do velho carro da mente nunca saiu
Deixei de ser candeeiro cresci e sou violeiro e alegro o meu Brasil
Castigo Do Fazendeiro
Numa cidade de Minas triste fato acontecido
Fazendeiro muito rico viu seu cafezal perdido
Não chovia há muito tempo e o homem sem religião
Fez então uma proposta ao santo São Sebastião
Levou a imagem à roça deixou ali no chão
E disse com a voz grossa escuta sue sabichão
Diz que você faz milagre assim o povo é quem fala
Se não chover esta noite te arrebentarei de bala
No outro dia bem cedo fazendeiro levantou
Olhando a terra seca seu revólver ele pegou
Foi ao encontro do santo mas quando ele apontou
A terra seca tremeu num buraco ele afundou
Gritando desesperado aquele home sem fé
Ficou vermelho em fogo parecia o Lúcifer
Este caso me contaram é puro e verdadeiro
Até hoje ninguém sabe onde anda o fazendeiro
Brincar com o que é sagrado é coisa que não se faz
Quem já brincou uma vez não vai brinca nunca mais
Velho Punho De Aço
Numa estradinha deserta vinha vindo um boiadeiro
Com dez peões e capataz por este chão brasileiro
Levando um poeirão quinhentos bois pantaneiros
Repicando seu berrante por todo sertão mineiro
Ao chegar num certo ponto num rancho beira da estrada
Já ia caindo a tarde ele fez uma paradaÂ
Naquele velho ranchinho viu que era uma morada
E gritando com os peões resolveu fazer pousada
O velho que ali morava contando o seu passado
Eu já fui um boiadeiro e no laço respeitado
E pelo nosso sertão sempre lidando com gado
Ao saberem do seu nome os peões ficaram abismados
Hoje já estou cansado me encontro neste bagaço
Minha pernas enfraquecidas é a marca do meu fracasso
E pelo Brasil inteiro eu já fui o rei do laço
Minha fama correu mundo eu sou o Punho De Aço
Quando Morei No Sertão
Nós morava no serão não tinha vizinho perto
Atrás daquelas montanhas onde o sol era encoberto
Minha mãe sempre chorava era mesmo um deserto
O gemido das pintadas de longe se ouvia o eco
Guardo ainda na lembrança não me sai do pensamento
Os meus passado de glória também de padecimento
Do meu tempo de menino meu Deus quanto sofrimento
Quando chegava a tardinha pra mim era um tormento
Para me dar o ensino papai mudou pra cidade
E assim eu estudei nas escolas e faculdade
Mas agora eu confesso com toda sinceridade
Da minha infância querida eu tenho muita saudade
Papai e mamãe partiram há muitos anos atrás
Foram pra eternidade e não voltaram jamais
Com tristeza eu recordo lágrimas dos olhos caem
Dos carinhos de mamãe não esqueço nunca mais
Velha Saudade
Saudade velha saudade no meu peito fez morada
Saudade de um alguém, alguém que foi minha amada
Saudade é uma palavra quero ver quem que não tem
Pra gente sentir saudade deve gostar de alguém
Quem parti leva saudades quem fica saudades tem
De alguém que vive distante espero e ela não vem
Minha saudade é tão grande tão grande que não tem fim
Sói vou matar a saudade quando ela voltar pra mim
Noite Sem Fim
Ao saber que ela vai se casarÂ
Com alguém talvez nem a ame eu não quero acreditar
Longas madrugadas eu não posso suportar
Pois aquela que eu tanto amo com outro vai se casar
Meu amor eu estou indo embora já não posso ais ficar aquiÂ
E ao vê-la nos braços de outro eu não sei se vou resistir
Longas madrugadas que eu passo longe de ti
Longas madrugadas amanhã mesmo eu irei partir
Músicas do álbum O Carro Do Pai João (RDG 31011) - (1982)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
O Carro Do Pai João | Acácio / Cacinho | Querumana |
Mulher Fingida | Acácio / Cacinho | Guarânia |
A Mulher E O Automóvel | Acácio / Cacinho | Rojão |
Namoro Infeliz | Turuna / Campeão | Moda De Viola |
Quando A Cana Chega | Acácio / Cacinho | Cateretê |
A Volta Das Andorinhas | Diogenes Duzzi | Querumana |
Pedaço Da Minha Vida | Elias Cândido Farias | Pagode |
Castigo Do Fazendeiro | Diogenes Duzzi / Acácio | Toada |
Velho Punho De Aço | Acácio / Cacinho | Moda De Viola |
Quando Morei No Sertão | Acácio / Cacinho | Cateretê |
Velha Saudade | Acácio / Cacinho | Querumana |
Noite Sem Fim | Acácio / Cacinho | Rancheira |