Sonho De Poeta - Volume 3 - (2012) - Adail e Adalberto

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Sonho De Poeta
Foi a saudade que eu senti lá do sertão
Um dia desse eu acordei sendo criança
A fazendinha cheia de gente da roça
Do outro lado conversei com a vizinhança

O ribeirão de água limpa que eu pescava
E aos domingos escondido me banhava
Os meus amigos de estilingue e calça curta
E meu cachorro caçando me acompanhava

A minha mãe lavando roupa lá na mina
Todos domingos pois ela não descansava
A minha casa cercada de pau a pique
Do mesmo jeito o seu barro conservava

No assa peixe um bando de pintassilgo
Meu cavalinho estava olhando para mim
Montado em pelo para ir trocar fubá
E ver o monjolo no sítio dos Bovoli

Minha arapuca armava na beira da mata
Pegara codorna, i inhambu e a juriti
O gavião chamando chuva no serrado
O passo preto e cantar de um bem-te-vi

O tico-tico, o tiziu e a coleirinha
Lá no café eles cantava no ponteio
O joão de barro, o canário e o sabiá
Em revoada tomam conta do terreiro

E a porteira que eu passava todo dia
Quando bateu voou um bando de rolinha
Cantarolando eu voltei pra minha casa
A lua cheia clareou nossa casinha

Quando acordei vi que tudo era um sonho
Foi tão bonito eu reviver a minha infância
Com alegria que eu voltei ao meu passado
Com meus amigos tive um dia de criança

Minha Homenagem
Quero agradecer cantando em nome do Criador
Arrancando do meu peito para sempre essa dor
Tive doença no corpo e o destino preparou
Mas hoje eu estou curado com saúde agora estou
Mandando minha homenagem pra todos que me ajudou

Primeiro agradeço a Deus que a benção enviou
Para toda a medicina que pra isso estudou
Muitos doutores se empenharam pra curar a minha dor
Eles não mediam esforço com carinho e muito amor
São os deus aqui na Terra transformados e doutor

Agradeço as igrejas sejam elas de qual for
Todas oraram por mim e pediram pro Senhor
Querendo a minha saúde muitos deles até chorou
Cidade de ponta a ponta toda igreja que orou
Receba toda saúde quem em meu nome falou

Juro que eu não sabia que eu era tão estimado
Recebi tantas visitas que eu fiquei emocionado
Todos que me visitaram será por Deus abençoado
E aqueles que não vieram que também será lembrado
Por que Deus vai dar em dobro o que pra mim foi desejado

Na Aparecida do Norte lá também eu fui lembrado
Caminhando a cavalo meu retrato foi levado
Todos de bom coração cumprindo o dever sagrado
Lutando junto comigo muitos médico afamado
E também minha família que tá sempre do meu lado

Baile De São João
Foi na fazenda num baile de São João
Que numa dança eu gelei meu coração
Uma morena a mais bonita do salão
Quando dançava ela apertava a minha mão

Ai, meu São João essa morena magoou meu coração
Ai, meu São João essa morena machucou meu coração

Quem tem amor tem ciúme e tem paixão
Quem não tem nada também não tem ilusão
Lá na fazenda nos bailes de acordeom
Sem a morena o baile não tava bom

Ai, meu São João essa morena magoou meu coração
Ai, meu São João essa morena machucou meu coração

O leiloeiro põe a rosa no leilão
Poucas mulheres tinha homem de montão
O engraçadinho aproveitava a ocasião
Tomava tapa já quebrava o lampião

Ai, meu São João essa morena magoou meu coração
Ai, meu São João essa morena machucou meu coração

Como é bonito um baile de São João
Tinha fogueira, muitas bombas e quentão
Enquanto os velhos dançavam o vaneirão
E atrás da tulha namorar na escuridão

Ai, meu São João essa morena magoou meu coração
Ai, meu São João essa morena machucou meu coração

Viola No Rodeio
Já arrumamos a bagagem vamos indo pro rodeio
Na sela de montaria a viola vai no meio
Carro cheio de mulher pra matar o meu desejo
Cavalo amanso na espora mulher amanso no beijo

Mulher bonita e viola para mim é diversão
Montar em cavalo brabo é a minha profissão
No rodeio que eu monto eu faço tremer o chão
O aplauso da galera é alegria do peão

Peão que monta e não cai merece ser aplaudido
Já ganhei muitas medalhas já quebrei um boi bandido
Com o ponteado dessa viola mulher largou do marido
Pra montar eu sou dons bons na viola eu sou querido

Na festa que eu to cantando treme o chão e o tabuado
No lombo de touro bravo parece to amarrado
A galera se agita moçada levanta e grita
Onde tem mulher bonita o ar fica perfumado

Peão que é ciumento pois comigo não se encara
Violeiro que não vai quando eu canto ele para
Vai de manso até manso até esquina quando vira até patina
Na hora que o show termina já vazou na braquiara

O Agricultor
No braço dessa viola eu vou falar do passado
Nasci em casa barreada lá no meio do roçado
Já fui caboclo do mato já andei de pé no chão
Fiz lavoura de café com meu pai e meus irmãos
Sou quem na roça sofreu sabe tudo igual a eu pra falar do meu sertão

O cantar dos passarinhos enfeita a natureza
A chuva cai sobre a mata eles cantam sem tristeza
Nosso sertão é tão lindo é coberto de beleza
A noite o gado se junta a lua que toma conta
O galo canto cedinho caboclo pega o caminho na hora que o sol aponta

Mas o caboclo da roça veio morar na cidade
Trouxe os filhos pra estudar e ir para a faculdade
Sem apoio na lavoura ele teve que parar
Hoje a cidade tá cheia não tem mais onde morar
Vive todo amontoado muitos já desempregados e não podem mais voltar

Os jovens todos estudando logo irão se formar 
Depois de tudo formados não tem onde trabalhar
O nosso homem do campo um dia vai acabar
O sertão abandonado dali vocês vão lembrar
O nosso Brasil crescendo todo esse povo comendo sem ter ninguém pra plantar

Chora Na Rampa
Chora viola sentida no braço do violeiro
Chora sanfona xonada nos braços do sanfoneiro
Também chora o negrinho debulhando no pandeiro
Quem não chora é que não mama é um ditado verdadeiro
O motor chora na rampa e o porco no chiqueiro

Chora muito o lavrador que o mantimento perdeu
Chora a dona de casa porque o preço é um exagero
Também chora pra verdura freguesa do verdureiro
Quem não chora é o preguiça porque dorme o dia inteiro
Se você pegar no duro nunca vai faltar dinheiro

Chora o homem quando vê que casou com mulher feia
Chora a mãe quando ela sabe que o filho tá na cadeia
Também chora o malandro quando apanha de correia
Quem não chora é o cego que não vê a coisa feia
Se o homem for bem macho não ponha brinco na orelha

Chora o dono do bar só porque vendeu fiado
Chora a moça solteirona que perdeu o namorado
Também chora a barata quando ela cai no melado
Quem não chora é o agiota que seu juro é sagrado
Se não fosse o vinte e quatro também não teria o veado

Chora o velho quando lembra o que era no passado
Chora a velha quando vê que tá tudo derrubado
Também chora a viúva com o capital parado
Quem não chora é a moçada que tá tudo liberado
Se Deus fosse fazer conta o mundo tinha acabado

Adeus Maiada
Na mangueira da fazenda que eu morei
Minha infância ali passei cresci no meio do gado
Desde criança trabalhava de leiteiro
Trinta anos no mangueiro meu dever era sagrado

De manhazinha todas vacas eu chamava
E elas já caminhavam no curral pra me esperar
No meio delas tinha uma vaca maiada
Era a rainha do leite não havia outra igual

Um certo dia já da lida bem cansado
Eu fiquei muito abalado veja só o que foi se dar
Eu conheci longe o berro da maiada
Tava a mangueira fechada patrão fechou pra matar

As minhas lágrimas rolaram ali no chão
Quando ouvi do patrão não presta mais para criar
E ali me olhando com o olhar já meio cansado
Alembrando do passado ela queria falar

Quantos bezerros eu dei pro patrão vender
Para alimentar seus filhos o meu ficou sem comer
Lhe dei meu sangue agora quer minha vida
Minha carne foi vendida amanhã ninguém me vê

Foi nesse dia que dali eu vim embora
O meu peito ainda chora desprezo que recebeu
Adeus maiada que morreu tão inocente
Fazendo o patrão contente matando você e eu

O Respeito
Abri o livro da vida na página do passado
O tempo é uma faculdade que muitos já tem cursado
Sempre ouvindo os mais velhos que tem exemplo pra dar
Os filhos seguiam os pais sempre querendo ajudar
Com sete anos de idade começava a trabalhar
Respeitava pai e mãe disposto sem reclamar 

Filho tinha educação não precisava falar
Os pais olhavam pra os filhos não precisava mandar
Sabiam da obrigação cada um no seu lugar
Se om pai tava conversando filho tinha que escutar
Não entrava na conversa sem os pais autorizar
Hoje entrem na conversa e faz os velhos parar

O respeito vem do berço tá no que tá
Deixar fazer o que quer e depois tem que aguentar
Com sete anos de idade tem seu lugar pra falar
Só aprende o que não presta o que é bom deixa pra lá
Tem pai que acha bonito ver os filhos nele mandar
Com esse mundo moderno não posso me acostumar

O homem que tem vergonha muitas vezes sofre calado
Com essa lei dos menores é esse o resultado
Se bater vai pra cadeia e eles ficam largados
O menor pode bater e não pode apanhar
Eles podem fazer tudo só não pode trabalhar
Se for indo desse jeito só Deus pode consertar

Carreiro Do Sertão
No tempo que eu fui carreiro no meu querido sertão
Os passos lentos dos bois conhecia o estradão
Saia de madrugada pra de tardinha voltar
Dose léguas da cidade pro mantimento entregar
Por cauda de uma morena tinha pressa de chegar
Gritando o nome dos bois cantando pra disfarçar

Vai, vai boiada levanta a poeira do chão
Puxando a carga pesada machucando o meu coração

Minha boiada carreira todos bois fortes e ligeiros
Canário e Fumaça no meio na frente o Bordado e o Ponteiro
A junta do cabeçalho era o Segredo e o Extremo
Todos bois bem ensinados trabalhava o ano inteiro
O meu caro apodreceu canta canzil e tamoeiro
Só ficou como lembrança o nome dos bois carreiros

Vai, vai boiada levanta a poeira do chão
Puxando a carga pesada machucando o meu coração

Lenço branco na cabeça minha mãe fazendo pão
Meu pai chegando da roça indo lá pro mangueirão
Meu irmão de oito anos vinha de cata pinhão
Era uma vida sofrida tudo pra nós tava bom
Mas ainda valeu a pena vivo de recordação
Hoje eu pego na viola canto a minha canção

Vai, vai boiada levanta a poeira do chão
Puxando a carga pesada machucando o meu coração

Homenagem Ao Compositor
Eu fiz essa moda com muito respeito
Aos compositor eu canto desse jeito
Quem ouve não sabe mas tem que saber
O quanto os poetas sofrem pra fazer
Vou dar alguns nomes que são os primeiros 
Mas esses poetas pra nós não morreram

Tinha Raul Torres, Serrinha e Sulino
Lourival dos Santos, Moacyr, Tião Carreiro
Tião João Pacífico, Tonico e Carreirinho
Anacleto Rosas, Nonô e Teddy Vieira
Tinha Zé Fortuna, Palmeira e Goiá
E tem muitos outros para completar

Aos compositores do Brasil inteiro
Recebam a homenagem destes dois violeiros
As duplas famosas de muito valor
Devem uma parte aos compositor
Que deu sua fama nas composições
Que trouxe alegria em nossos corações

Eu sou violeiro que canta sereno
As modas que eu faço vocês estão vendo
Eu não tenho inveja de quem é maior
Também não desfaço de quem é menor
Canto porque gosto não é por troféu
Se alguém faz igual eu tiro o meu chapéu

Pagode Verdadeiro
Pagode pra ser pagode tem viola e violão
Dois caboclos afinados e firme no batidão
Cantam versos de amor pra alegrar seu coração
Tira os versos da alma da boa inspiração
Só canta moda bonita pra cidade e pro sertão

Essas modas de hoje em dia tá estragando a tradição
Fala uma coisa só sem assunto é um barulhão
Só porque tá requebrando tá na boca do povão
Nosso mundo está perdido veja que situação
Quem canta se requebrando é por que tá virando a mão

Dessas duplas de hoje em dia pra ganhar o seu milhão
Canta umas besteiradas no rádio e televisão
Dizem que é sertanejo mas é uma humilhação
Quem aplaude é da moda dizem que eles são os bons
Quem gosta do que não preta prato cheio tá na mão

Nossa moda sertaneja que é o orgulho da nação
Já está tudo mudado não tem mais arrumação
Só aumenta o que não presta vamos fazer oração
Minha moda é verdadeira vocês prestem atenção
Pra derrubar meu pagode quero ver quem é o bom

No Braço Da Viola
Na hora que eu estou triste eu passo a mão na viola
Cantando tudo que eu sei sou sabiá na gaiola
To no braço da morena ou no braço da viola
To no braço da morena ou no braço da viola

Canto verso que eu faço tenho muito na cachola
Sou um canário da terra pra cantar não tive escola
To no braço da morena ou no braço da viola
To no braço da morena ou no braço da viola

Na festa que eu chego e canto a moçada me adora
Os velhos tomam quentão arrasta o pé e gasta a sola
To no braço da morena ou no braço da viola
To no braço da morena ou no braço da viola

Sou um cantador do povo não tem dia e não tem hora
Eu canto o que o povo pede os meus versos te consola
To no braço da morena ou no braço da viola
To no braço da morena ou no braço da viola

Flor Sertaneja
Chora morena, chora morena linda pequena do meu sertão
Se está chorando fica mais bela aumenta mais a minha paixão
Seus olhos pretos tem a beleza de uma noite de são João
Queria ser o seu namorado viver juntinho sempre abraçado
Sentir a batida do seu coração

Chora morena, chora morena linda pequena do meu sertão
Olhar sereno é um veneno que fere a gente igual ferrão
Sua beleza é da natureza é a flor mais bela do meu sertão
Que não tem nada não tem riqueza mas vale mais a sua beleza
De mundo inteiro e muitos milhões

Chora morena, chora morena linda pequena do meu sertão
Nas noites lindas enluaradas canto pra ela minha canção
Eu vou cantando em serenata a voz se perde na imensidão
Vejo na estrela o seu cabelo na lua cheira seu corpo inteiro
Que me ilumina com seu clarão

Chora morena, chora morena linda pequena do meu sertão
Queria ser o seu travesseiro pra tá pertinho do seu coração
Quando sonhava eu escutava e não contava pra não ouvir não
Minha saudade vai aumentando minha esperança vai se acabando
O meu destino é a desilusão

Músicas do álbum Sonho De Poeta - Volume 3 - (2012)

Nome Compositor Ritmo
Sonho De Poeta Adail Manzoni Toada
Minha Homenagem Adail Manzoni Toada
Baile De São João Adail Manzoni Cana Verde
Viola No Rodeio Adail Manzoni Pagode
O Agricultor Adail Manzoni Moda De Viola
Chora Na Rampa Adail Manzoni Pagode
Adeus Maiada Adail Manzoni Moda De Viola
O Respeito Adail Manzoni Moda De Viola
Carreiro Do Sertão Adail Manzoni Toada
Homenagem Ao Compositor Adail Manzoni Rancheira
Pagode Verdadeiro Adail Manzoni Pagode
No Braço Da Viola Adail Manzoni Arrasta-pé
Flor Sertaneja Adail Manzoni Rancheira
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