Peão Sabido (CHANTECLER 111405646) - (1985) - Cacique e Pajé

Para ver a lista de msicas, clique na lista abaixo.

Peão Sabido
Sou peão sabido e sou viajado já conheço bem os vinte e dois estados 
No lombo de burro lidando com gado peão muito pobre, mas sempre honrado 
Só fui camarada nunca fui patrão, mas um belo dia tive meu quinhão

Do Rio Grande do Sul recebi um chamado pra ir com urgência venha preparado 
Quando lá cheguei fiquei encantado era uma gaúcha dos quatro costados
Viúva bonita cheia do dinheiro moço eu te quero pra ser meu herdeiro

Que gaúcha linda era um pancadão ficou sendo dona do meu coração 
Casei coma viúva cheia do graudão pensando no gado e no fazendão
O pobre precisa dessa proteção quem era empregado hoje é patrão

Que vida feliz que eu levo agora dinheiro bastante e uma boa senhora 
Pois eu me casei pra viver na glória eu agrado ela e ela me adora 
Sou dono de tudo nada me amola se ela fizer fiasco me viro por fora

Conselho De Patrão
Eu só tinha vinte anos mas já fazia meus planos cada vez mais confiante
Num lindo dia de sorte numa firma muito forte fui ser um representante
Meu patrão um milionário pagava um bom salário me ajudava bastante 
Trabalhava e estudava nas folgas eu namorava uma moça importante 

Mas a moça era nobre e eu era um moço pobre meus dias foram terríveis 
Passei desgosto profundo por saber que o nosso mundo não era do mesmo nível 
Namoramos em segredo às vezes eu tinha medo do nosso amor impossível 
Mas um homem apaixonado vendo a sorte do seu lado se torna quase invencível

Um certo dia ao patrão com bastante intuição fui dizendo meu dilema 
Me falou com segurança encomende as alianças, amor é graça suprema
Fale com essa donzela de um drible no pai dela eu resolvo seu problema 
Tracei um pleno certeiro meu patrão me deu dinheiro eu fugi com a Iracema 

Foi assim que eu me casei consegui o que sonhei hoje só tenho alegria 
Deixei de viver solteiro hoje sou mais um herdeiro daquela rica família
Tenho amor, tenho riqueza mas eu tenho certeza que meu patrão não sabia 
Que a minha pretendida a minha Deus escolhida era a sua própria filha

Abrindo Picada
Eu deixei a minha terra pra seguir minha jornada ouvindo os gritos de guerra
Mas não corri da parada fé em Deus foi meu abrigo 
Coragem foi minha espada nas matas dos inimigos entrei abrindo picada
Enfrentando os perigos se livrando de emboscada

Meu talento e minha raça com esforço foi mostrando onde pouca gente passa
Com firmeza fui passando sempre em busca de glória
Avante fui caminhando sentindo em cada vitória minha esperança aumentando
Vi no fim da trajetória minha estrela brilhando

Eu sei que existe alguém que só quer me destruir esse gosto ninguém tem
Porque não vou permitir já vi gente que tentou
E ninguém me viu cair quem quiser ser o que sou vá lutar pra conseguir
Porque de onde eu estou eu luto pra não sair

Patriota
Para quem me perguntou na resposta ponho um fim 
Vou falar de onde sou e também de onde vim 
Sou um brasileiro nato, caboclo de coração 
Nasci no meio do mato nos confins do meu sertão 

Eu sou aquele que planta que cavoca o solo bruto 
Eu sou aquele que arranca do solo fértil o produto 
Sou aquele que trabalha sol a sol de pé no chão 
Minha arma na batalha é a foice e o enxadão 
Eu sou aquele que mora nas entranhas dos sertões 
Sou aquele que ignora se tem guerra entre as nações 

Eu sou aquele que canta desde o dia amanhecer 
Eu sou aquele que planta na esperança de colher 
Sou aquele que semeia lírios brancos sobre a terra 
Sou aquele que odeia os homens que fazem guerra

Eu sou o que não se queixa se ninguém fala o meu nome 
Sou aquele que não deixa meu mundo morrer de fome 
Sou aquele caipira que discute todo assunto 
E quando a engrenagem gira, faço parte giro junto 
Sou aquele que labuta, não sou aquele que agita 
Eu sou aquele que luta por uma pátria bendita

Viola Caipira
Eu comecei muito cedo a tocar minha viola 
Nunca tive professor e muito menos escola 
No meio do sertanejo se aprende tocar na hora 
Não tem nada complicado como essas modas de agora 
Viola nas minhas mãos tem repique de catira 
Não há coração que aguente a minha viola caipira 

Tocando minha viola canto e danço recordando 
Nas festas que tem fandango sou o primeiro convidado 
Meus ponteados de viola tem um som apaixonado 
Com a viola nos meus braços os aplausos são dobrados 
Viola nas minhas mãos tem repique de catira 
Não há coração que aguente a minha viola caipira 

Com os pés que dançam catira leva o caboclo pra lida 
As mãos que plantam sementes na viola é destemida 
A mágoa do sertanejo sai numa moda sentida 
O caboclo violeiro nunca perde a fé na vida
Viola nas minhas mãos tem repique de catira 
Não há coração que aguente a minha viola caipira 

O Lixeiro E O Doutor
Meu boné enterrado na cabeça luvas rasgadas por pedaços de tranqueira
E um macacão já bem velho e surrado estava sempre avermelhado de sujeira
Este uniforme era da minha profissão eu trabalhava com ele a semana inteira

Eu catei lixo das favelas e mansões aproveitei muitas coisas abandonadas 
Cortei meus dedos na garrafa sem gargalo tremi de frio nas medonhas madrugadas
Entrei na igreja com os sapatos furados peguei no lixo atirado na calçada

Eu nesta lida tive uma grande surpresa aconteceu numa noite de verão 
Ouvi um choro baixinho em meus ouvidos quando eu levava uma tranqueira em minhas mãos
Eu carregava junto ao lixo uma criança recém nascida enrolada em papelão

Larguei de tudo e corri pra minha casa cheguei há tempo e a criança então salvei
No outro dia registrei como meu filho muito amor e com carinho então criei
Dei comida, dei um teto e dei estudo com sacrifício um grande homem eduquei

Mais trinta anos depois fui aposentado meu uniforme de trabalho encostei
Agora vejo um doutor de roupas brancas que num uniforme alaranjado agasalhei
Aí está pra amenizar a dor humana o grande homem que do lixo eu retirei

Quebra Galho
Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho
Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho

Não desfaço de mulher seja lá ela qual for
Não adianta ser bonita se não entender de amor
Nem tudo que brilha é ouro o ditado assim diz
Eu tive uma mulher feia mas me fez muito feliz

Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho
Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho

A mulher estava feita, mas faltava algo nela
Foi um pedaço do homem completou o corpo dela
Mas a mulher tão ingrata deste fato esqueceu
Por isso de vez em quando eu cobro o pedaço meu

Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho
Trem bom é mulher bonita eu gosto e não me atrapalho
Quando estou de cara cheia mulher feia quebra o galho

Desejo De Um Poeta
Tem muito pranto caindo no chão deste velho mundo 
Tem trabalhador vivendo em sofrimento profundo 
Tem mulher que vale ouro casada com vagabundo 
Meu desejo é ver sorriso não ver pranto derramado 
Ver trabalhador contente ganhando bom ordenado 
E ver a boa esposa marido bom e honrado 

Tem gente fazendo guerra matando se piedade 
Tem malandro enriquecendo explorando a humanidade 
E tem inocente preso e o culpado em liberdade 
Meu desejo é ver a paz onde o povo se odeia 
Ver malandro ser honesto respeitando vida alheia 
Ver o inocente solto e o culpado na cadeia 

Tem rico que tem demais, nem sabe do que é dono 
Tem gente passando fome morrendo no abandono 
Por desprezo de quem ama, tem gente perdendo sono 
Meu desejo é ver o rico dar um pouco do que tem 
Ver o pobre com fartura e amparado por alguém 
Ver quem ama de verdade recebendo amor também 

Tem filho de mãe solteira sofrendo por não ter pai 
Tem gente perdendo a fé nem na igreja não vai 
E lembra que existe Deus só depois que o raio cai 
Meu desejo é ver o filho, ver pai o pai quando levanta 
Ver todo mundo com fé seguindo uma estrada santa 
Meu Deus atenda o desejo deste poeta que canta

Brinquedo De Esconder
Quando eu era criancinha três anos muito queria
O brinquedo de esconder mamãe ensinou-me um dia
Quase sempre atrás da porta onde ela se escondia
Mamãe era divertida comigo se distraía

Por todo canto da casa correndo eu a procurava
Às vezes pertinho dela passava e não enxergava
Cansava de procurar aborrecia e chorava
Mamãe vinha gargalhando e com beijos me agradava

Quando eu fiz cinco anos lembro bem do que passou
Mamãe foi pra sua cama de lá não se levantou
Minha casa encheu de gente lembro que o papai chorou
Mamãe se escondeu de mim nunca mais ela voltou

Procurei por toda parte até mesmo atrás da porta
Papai chorando dizia mamãezinha logo volta
O brinquedo de esconder francamente até me revolta
Quando cresci entendi que mamãe já estava morta

Índio Na Cidade
Sou um índio que vivi sossegado na aldeia
Admirando as flores e o zuado das abelhas
Contemplei os passarinhos, namorei a lua cheia
Com penas de periquito fiz o meu cocar bonito e minha tanga vermelha

Deixando o índio em paz nunca vai ter sururu
O índio adora a selva e o cantar do uirapuru
E dos transados de junco, de imbé e de bambu
Fui chamado de selvagem deixei aquelas paragens e vim pro lado do sul

Índio veio pra cidade realmente esforçado
Este puro brasileiro tem quer ser mais respeitado
Tem gente de preconceito de olhos arregalados
Diz que o índio está por fora mas hoje o índio tem vitória chega de ser humilhado

Nós já estamos na luta para vencer eu confesso
Somos Cacique e Pajé nas paradas de sucesso
Temos cacique Juruna pra lutar lá no congresso
Pelas cores da bandeira desta terra brasileira que fala em ordem e progresso

Violeiro Cobiçado
Vieram me perguntar se sou solteiro ou casado
Meu coração seu um balanço bateu desassossegado
Eu então fiquei ansioso pedi logo pra falar
Era uma mulher casada querendo me conquistar

Ela me falou sorrindo tu és pobre eu bem sei
Apesar de eu ser casada por você me apaixonei
Deixa a viola de lado, vem comigo violeiro
Pra nossa felicidade eu tenho muito dinheiro

Respondo muito obrigada da sua boa vontade
Se eu deixar este pinho, sei que vou sentir saudade
Em você não tenho amor, dinheiro não me consola
Quero viver pobrezinho tocando a minha viola

Quem deixa seu próprio lar por que juízo não tem
O dinheiro logo acaba e vai me deixar também
Só quero a minha viola pra vivermos bem juntinhos
Com ela eu tenho tudo, dinheiro, amor e carinho

Minha Sitioca
Eu fiz um ranchinho na minha sitioca 
Ranchinho de vara por fora reboca 
Eu plantei em volta uns pés de mandioca 
À tardinha canta um sabiá poca naquelas bibocas 

Quando é de tardinha eu grito pro Doca 
Ele vem da roça nem roupa não troca 
Pega o enxadão pra arrancar minhoca 
Nós vamos descendo pra aquelas barroca no rio nós emboca 

A canoa desce quebrando as tabocas 
Nós vamos mexendo todas aquelas lotas 
Faço as capivaras espirrar das tocas 
Firmo a pontaria, arrebenta pipoca a bicha embodoca 

Com meu cachorrinho todo mundo invoca 
Mas no meu terreiro tatu não cavouca 
O gambá não vem no ninho da choca 
Lá não tem mosquito e nem muriçoca não conto fofoca

Msicas do lbum Peão Sabido (CHANTECLER 111405646) - (1985)

Nome Compositor Ritmo
Peão Sabido Cacique / Nhô Veio Rasqueado
Conselho De Patrão Quintino Eliseu / Cacique / Pajé Cururu
Abrindo Picada Jesus Belmiro / Cacique Corta Jaca
Patriota Tião Do Carro / José Caetano Erba Rojão
Viola Caipira Cacique / Clemete / Adolfo Cururu
O Lixeiro E O Doutor Tião Do Carro / José Caetano Erba Toada
Quebra Galho Vicente Dias / Luiz De Castro / Cacique Rojão
Desejo De Um Poeta Cacique / Jesus Belmiro / Tonico Martins Cururu
Brinquedo De Esconder Carreirinho Rancheira
Índio Na Cidade Antonio Teodoro / Cacique / Mulatinho Cururu
Violeiro Cobiçado Nhô Veio / Cacique Rasqueado
Minha Sitioca Décio Dos Santos / Mulatinho Cururu
Compartilhe essa pgina
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por Joo Vilarim