Aparecida Do Norte (CHANTECLER 211405313) - (1980) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Silêncio Do Berranteiro
Junto a casinha do estradão que dia um boiadeiro preso ali ficou 
Pelos carinho da mulher amada e seu berrante nunca mais tocou 
Lá encontrei uma mulher sozinha quis saber dela o que se passou 
Mandou sentar-me pra ouvir seu drama, do companheiro ela assim falou 
Ele morreu e prosseguiu viagem na estrada longa que ao céu conduz 
Hoje as estrelas são sua boiada no azul dos campos de infinita luz. 

Ainda hoje veja na janela lá no estradão a boiada a passar 
Como a boiada longa dos meus passos dentro de mim a passo a caminhar 
Amigos seus às vezes me perguntam por onde anda o velho boiadeiro 
A todos digo ouça a voz do vento que traz do além a voz do berranteiro
Aqui estou meus velhos companheiros olhem pra cima pra me ver passando 
Em meu cavalo raio de luar pelo estradão de estrelas galopando 

O meu berrante, hoje são trombetas que os anjos tocam chamando a boiada 
De nuvens brancas no sertão do espaço vindo ao curral azul da madrugada

A Vida É Assim
Neste mundo louco que estamos vivendo 
Não há mais concórdia e nem união 
Esposa e marido já não se entendem 
Não existe amor nestes corações 

Que bom que seria tudo sem maldade 
A felicidade seria total 
Assim as crianças não vinham revoltadas 
Só fariam o bem, sem conhecer o mal 

Vamos sorrir e cantar por que não adianta gritar e chorar 
A vida é assim, assim nos devemos viver e amar
Vamos sorrir e cantar por que não adianta gritar e chorar 
A vida é assim, assim nos devemos viver e amar

Dois Sonhos De Amor
Após um namoro de quase dois anos 
Chegou finalmente o dia esperado 
Tereza estava vestida de branco 
Ali na igreja com os convidados 

Roberto chegou um pouco mais tarde 
E não demonstrava estar preocupado 
Enquanto se ouvia o órgão tocando 
Com os seus padrinhos ele foi entrando 
Para encontrar-se com seu bem amado 

Mas naquela hora em frente ao altar 
Quando o vigário fez a pregação 
Perguntou a todos se alguém existia 
Para impedir aquela união

Eis que de repente ouviu-se um grito 
Por favor Roberto, não faça isso, não 
Eu não desejava ser um empecilho 
Mas sendo você o pai do meu filho 
Esse casamento é uma traição 

Enquanto Roberto fugia pra longe 
Teresa chorando um segredo contou 
Eu também estou esperando um filho 
Desse grande amor, que cedo acabou 

As duas mulheres ali se abraçaram 
E juntas choraram seu pranto de dor 
Só os convidados sentiram de perto 
Que a covardia do moço Roberto 
Deixou destruídos dois sonhos de amor

Noite Triste
Que triste noite, que noite triste 
Só em meu quarto chorando de dor 
Que triste noite, que noite triste 
Vivendo ausente do seu amor 

Não sei por que razão me deste a despedida 
Feriu minha alma com tanta ingratidão 
Jurou em frente ao altar que não me deixaria 
Se foi minha alegria, fiquei na solidão. 

Agora quando chega a noite em meu quarto 
Eu me encosto num canto e me ponho a chorar 
Pra mais ser o castigo chegando a madrugada 
As vozes na calçada que começam a cantar

Que triste noite, que noite triste 
Só em meu quarto chorando de dor 
Que triste noite, que noite triste 
Vivendo ausente do seu amor 

Homem Triste
Nem cigarros, nem a bebida 
Não acalmam meu cruel tormento 
Sofro tanto e não posso tirar 
Sua imagem do meu pensamento 

Sou o homem mais triste do mundo 
Sem aquela que tanto eu queria 
Poderei ser feliz novamente 
Se em meus braços ela voltar um dia 

Aventuras já tive tantas
Pra esquecer quem amo na vida 
Não adianta mil beijos gelados 
Sem o beijo da mulher querida

Sou o homem mais triste do mundo 
Sem aquela que tanto eu queria 
Poderei ser feliz novamente 
Se em meus braços ela voltar um dia 

Todo o mundo percebe em meu rosto 
O desgosto e a desilusão 
Pois até no sorriso eu revelo 
A tristeza do meu coração

Sou o homem mais triste do mundo 
Sem aquela que tanto eu queria 
Poderei ser feliz novamente 
Se em meus braços ela voltar um dia 

Travesseiro De Pedra
Eu já fui boêmio das madrugadas 
Fiz serenata em noite de lua 
Dormi nas calçadas por aquele ingrata 
Já fiz travesseiro das pedras da rua 

Por ser tão cruel me deixou sozinho 
Destruiu meu lar, meu sonho de amor 
Pra não ser esposa seguiu o mau caminho 
O meu grande amigo foi meu traidor
O meu grande amigo foi meu traidor 

O vestido branco que ela usou 
Continua sendo branco como era 
Caminho ao altar parecia um anjo 
Mas dentro escondia um coração de fel 

Até a aliança que levou no dedo 
O grande segredo da nossa união 
Ao quebrar a jura partiu a aliança 
Deixando amargura em meu coração
Deixando amargura em meu coração

Não Ponha A Mão Na Rosa
Não ponha a mão na rosa que essa rosa tem espinho 
Essa rosa vem de longe, você sai do meu caminho 
Não ponha a mão na rosa que essa rosa tem espinho 
Essa rosa vem de longe, você sai do meu caminho 

A rosa é bonita mesmo é linda flor em botão 
Eu já sou todinho dela já ganhei seu coração 
Você pode olhar de longe, mas não pode por a mão 

Essa rosa é a mais bonita do que a dama do baralho 
Pra conseguir foi difícil, a rosa me deu trabalho 
E se pôr a mão na rosa, você vai cair do galho 

Não ponha a mão na rosa que essa rosa tem espinho 
Essa rosa vem de longe, você sai do meu caminho 
Não ponha a mão na rosa que essa rosa tem espinho 
Essa rosa vem de longe, você sai do meu caminho 

Eu respeito todo mundo, quero respeito comigo 
Nosso amor não é de hoje nosso amor já é antigo 
E se pôr a mão na rosa você vai correr perigo 

Eu não sou homem valente, eu não sou de muita prosa 
E também não tenho medo dessa gente perigosa 
Se quiser ver a viola em caco então ponha a mão na rosa

Terra De Romeiros
Aparecida do norte é a terra dos romeiros 
A senhora Aparecida é mãe dos brasileiros 
No seu berço abençoado 
O papa vai ser hospedado abençoar o Brasil Inteiro. 
Nós vamos cantar em coro à santidade querida 
Salve o nosso Redentor, oh, Senhora Aparecida 

Vem gente de toda parte do sul, do Norte, do Oeste 
Vem chegando em romaria pra fazer a sua prece 
Pedir a Nossa Senhora 
Que dê paz, saúde e glória daí alivio a quem padece
Nós vamos cantar em coro à santidade querida 
Salve o nosso Redentor, oh, Senhora Aparecida 

Na matriz de Aparecida o sino repica tanto 
Anunciando a chegada do Papa João Paulo Santo 
Para João Paulo Segundo 
Peça a Deus paz para o mundo é o que precisa tanto
Nós vamos cantar em coro à santidade querida 
Salve o nosso Redentor, oh, Senhora Aparecida 

Aparecida Do Norte
Vou fazer uma viagem a Aparecida do norte 
Pedir a Nossa Senhora que de paz e muita sorte 
Abençoe este Brasil com seu manto cor de anil Aparecida do Norte

Tenha pena dos roceiros que vive lá no sertão 
Labutando o dia inteiro para preparar o chão 
Quando vem a chuva forte Aparecida do norte perde toda a plantação 

Vem a geada queima tudo ou morre o gado na invernada 
Já não tendo o que comer se acabando tudo em nada 
Só quem pode dar guarida é a Senhora Aparecida nossa mãe sacrificada 

Ela é nossa protetora nos proteja todo dia 
Por mais que seja a tristeza, ela vem traz alegria 
Que tem fé e religião nunca faltará o pão, o sustento da família 

Vou pedir a padroeira com bastante devoção 
Que ilumine os grandes homens que dirigem esta nação 
Livrai-nos da dor da guerra faço que o povo da Terra viva em paz e união

Meu Rancho No Pé Da Serra
Eu moro no pé da serra, no recanto do sertão 
O cantar dos passarinhos me alegra o coração 
O lindo cantar do galo dando eco no grotão 
Levanto da minha cama vou cuidar das criação 

Passo um fio na minha enxada vou carpir meu terreno 
Com a calça arregaçada pra não molhar de sereno 
Faço um cigarro de palha pro caminho vou acendendo 
O cheirinho da fumaça que no ar vai suspendendo 

Vai no picuá o virado um vidrinho de café 
Feito com muito capricho por minha santa mulher 
Que cuida dos meus filhinhos, do meu rancho de sapé 
Fica rezando por mim com coragem e muita fé 

Minha vida é um paraíso, minha esposa vale ouro 
Os meus filhos, que beleza, vale mais que um tesouro 
Esse rancho aonde eu moro não tem tristeza, nem choro 
Deus mora junto comigo nesse rancho atrás do morro

Vicente O Ladrão
Vicente deixou seus pais numa vila do interior 
E pra aventurar a sorte pra São Paulo ele mudou 
Transformou-se em pouco tempo num ladrão assaltador 
Pro pai mandava dinheiro, mas o velho não pensou 
Que o dinheiro recebido foi o filho que roubou 

Um dia a fotografia num jornal apareceu 
O velho ficou contente vendo que era o filho seu 
Que foi embora tão pobre e logo se enriqueceu 
Mostrou pra todos vizinhos o jornal que ele escreveu 
Como não sabia ler, o seu amigo quem leu 

Quando viu o cabeçalho o velho pegou a tremer 
Estava embaixo do retrato escrito pra todos ler 
Este é o ladrão Vicente que a polícia quer prender 
O velho falou baixinho meu filho o que vou fazer 
Olhando o jornal, saiu até desaparecer 

O velhinho envergonhado sumiu da povoação 
No outro dia cedinho na beira do ribeirão 
Encontraram o velho morto com aquele jornal na mão 
A vergonha estraçalhou o seu pobre coração 
Quem matou o pobre velho foi a palavra ladrão

O Malandro Do Café
E fui na cidade encontrei um malandro 
Fazenda arruaça na praça da sé 
Já tinha batido em diversas pessoas 
Pulava na rua igual chipanzé 
Eu nunca levei desaforo pra casa 
Também não respeito valente qualquer 
Eu não sou japonês, mas dei um caratê 
Fiz o cara gemer em baixo do meu pé

O povo da praça saudou, me aplaudiram 
E queria saber o meu nome qual é 
Tenho sangue puro de índio Xavante 
Nascido no mato em rancho de sapé 
Eu sou conhecido por filho de índio 
Exijo respeito a onde estiver 
E também já bati num valente malando 
Que queria ser bom lá no bar do café

Um dia encontrei esse tal de valente 
Bebendo num bar lá no Sumaré 
Queria fazer eu beber pinga a força 
Pra fazer bonito pra certas mulheres
Eu passei o pé, o malvado virou 
Igual um valente na mão do chofer 
Saiu cambetiando pedindo socorro 
E foi se esconder lá no Jaguaré

No bairro que eu moro eu sou respeitado 
O vizinho de perto não faz que quer 
Quem quiser topar desaforo comigo 
Que venha sozinho e não traga mulher 
Eu já encontrei quem foi galo índio 
Mas perto de mim virou um garnisé 
Quis partir pra briga eu tapei sua orelha 
Até hoje não sabe onde foi seu boné

Músicas do álbum Aparecida Do Norte (CHANTECLER 211405313) - (1980)

Nome Compositor Ritmo
Silêncio Do Berranteiro Carlos César / José Fortuna Toada
A Vida É Assim Nascimento / Zé Da Estrada Guarânia
Dois Sonhos De Amor Nelson Gomes / Pedro Bento Rancheira
Noite Triste Pedro Bento Rancheira
Homem Triste Edú Itararé / Zé Da Estrada Rancheira
Travesseiro De Pedra Indiani / Chico Bento Rancheira
Não Ponha A Mão Na Rosa Tião Do Carro / Moacyr Dos Santos Pagode
Terra De Romeiros Pedro Bento Congada
Aparecida Do Norte Pedro Bento / José Russo Cururu
Meu Rancho No Pé Da Serra Pedro Bento Cururu
Vicente, O Ladrão Carlos César / José Fortuna Rancheira
O Malandro Do Café Pedro Bento / Anízio Teodoro Corta Jaca
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