Dama De Branco (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9202) - (1974) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Dama De Branco
Garçom sirva aqui mais uma dose 
Hoje eu quero afogar minha paixão
Aquela dama que passou toda de branco 
Já foi a dona do meu pobre coração 

Resolveu a se casar com outro 
Trocando meu amor pelo dinheiro
Só me resta apenas uma lembrança 
Que dos seus beijos eu fui o primeiro herdeiro

Tenho pena de quem vai casar com ela 
Peço a Deus pra ser feliz até o fim
Ela jurou de me amar eternamente 
Com certeza vai casar pensando em mim

Duelo De Machão
Eu não sou um rapaz feio, mas também não sou bonito 
Eu não sou dos muito pobres, nem tão pouco muito rico
Eu não tenho a voz bonita, mas canto meio choroso 
Quando eu canto, as moças acham que sou um pouquinho charmoso 

A coisa quando é difícil fica muito mais gostosa 
Quando se ama escondido e a menina é caprichosa 
Eu não sou muito amoroso, mas se me apaixonar 
Peço um beijo se me nega eu capaz de roubar 

Eu canto em qualquer estilo não escolho posição 
Os meus versos eu mesmo faço pra isso tive lição 
Não tenho medo de cobra pego ela e dou um nó 
Muitos diz que campeão, mas não passa de um bocó

Eu recebi um convite para um duelo de machão 
São duas potências duras dá para temer o chão 
Dois gigantes nessa luta o mais fraco vai fugir 
Quero ver no qual dos braços a morena vai cair

Recordação
Amargurado pela dor de uma saudade 
Fui ver de novo o recanto onde eu nasci 
Onde passei minha bela mocidade 
Voltei chorando da tristeza que eu senti
Vi a campina que eu brincava com maninho 
E a palmeira que meu velho pai plantou 
Chorei demais com saudade do velhinho 
Que Deus do céu há muitos anos já levou

E onde estão meus estimados companheiros 
Se foram tantos janeiros desde que eu deixei meus pais 
Adeus lagoa poço verde da esperança 
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais 

Meu pé de cedro desfolhado já sem vida 
Final amargo de uma rósea esperança 
O monjolinho quero ouvir suas batidas 
A embalar a minha alma de criança 
Manso regato que brotava lá na serra 
Saudosa fonte que alegrava o meu viver 
Adeus paisagem céu azul da minha terra 
Rincão querido hei de amar-te até morrer 

E onde estão meus estimados companheiros 
Se foram tantos janeiros desde que deixei meus pais 
Adeus lagoa poço verde da esperança 
Meu tempinho de criança que não volta nunca mais

Ciência Do Laço
Relembrando minha mocidade, tempo bom não volta mais 
Boiadeiro, eu era valente na Mogiana eu fui capataz
No Paraná já vendi boiada que comprei no chão de Goiás 
Em Mato Grosso passei de viagem gostei muito de Minas Gerais 
Me lembro muito e tenho saudade da felicidade quando era rapaz

Eu agora estou velho cansado, mas no tempo que eu fui moço forte 
Eu cortava esse meu Brasil viajando do sul para o norte 
Sempre fui peão destemido capataz e chefe de transporte 
Balançando na estrada empoeirada mais de mil e quinhentos garrotes
Desmanchava do laço a rodilha se uma novilha fugia do lote 

Já quase na última viagem quis mostrar a ciência do laço 
Eu lacei um zebu na corrida do cipó ele faz dois pedaços 
Esse bicho avançou furioso como raio que brilha no espaço 
Eu peguei esse bicho a unha e depressa lhe dei o compasso 
Foi nessa cena esquisita das moças bonitas eu ganhei muito abraço 

Hoje guardo esse laço quebrado como honra da minha destreza 
Por lembrança de minha viagem, do transporte, da minha proeza 
Eu laçava qualquer bicho ruim na laçada eu tinha certeza 
Hoje nada disso eu faço já não tenho aquela destreza 
Ao ver hoje uma boiada olho na estrada e choro de tristeza

Meu Sucessor
Partirei chorando por que infelizmente 
Não posso viver aqui neste lugar 
Não suportarei ao lado de outro 
A mulher amada que me fez sonhar 

Meu violão eu darei de presente 
Ao amigo que é trovador 
Tenho certeza que futuramente 
Ele será meu grande sucessor. 

Partirei chorando ao deixar a seresta 
No meu peito reste tristeza e paixão 
Mas minha seresta não é a culpada 
De eu ter na vida esta desilusão

Cachoeira Do Mirante
O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou
O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou

Na cachoeira do mirante a pedreira apareceu 
Sentindo falta das águas o peixe miúdo morreu 
Naquela toca de pedra a primeira vez que vi 
Criançada mariscando tem fieira de mandi 

O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou
O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou

Na lagoa do meu bairro as águas também sumiu 
Com as lágrimas de alguém não deu pra encher o rio 
Meu lindo botão de rosa com sol também secou 
Bateu vento na roseira e a rosa desfolhou 

O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou
O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou

Eu chorei desesperado de min ninguém teve dó 
Misturando com as águas meu pranto virou em pó 
Quem não ama de verdade não sente no peito a dor 
Nem o sol, nem tempestade não destrói um grande amor

O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou
O sol do mês de agosto queimou, queimou 
O rio de Piracicaba baixou, baixou

João De Barro
O João de Barro, pra ser feliz como eu 
Certo dia resolveu, arranjar uma companheira 
No vai-e-vem, com o barro da biquinha 
Ele fez sua casinha, lá no galho da paineira 

Todas manhãs, o pedreiro da floresta 
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava 
Mas quando ele ia buscar o raminho 
Para construir seu ninho o seu amor lhe enganava 

Mas neste mundo o mal feito é descoberto 
João de Barro viu de perto sua esperança perdida 
Cego de dor, trancou a porta da morada 
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida 

Que semelhança entre o nosso fadário 
Só que eu fiz o contrario do que o João de Barro fez 
Nosso senhor, me deu calma nessa hora 
A ingrata eu pus pra fora pra onde anda eu não sei

Rei Dos Canoeiros
Segunda feira de tarde tava caindo garoa
Cheguei na beira do rio peguei a velha canoa
A canoa foi rodando, ai, ai, eu fui sentado na proa
 
No poço que não dá nada a gente desacorçoa
Deixo meu anzol na espera onde os peixes grande amôa
Volto alegre pro meu rancho, ai, ai, quando faço pesca boa

Lá no porto das araras que o rio claro deságua
Vou descendo na vazante água pesada recua
Jogo a tarrafa n’água ai, ai dá um balanço na proa 
  
O vento forte do sul vai deitando as taboas
A garça da meia volta para descer na lagoa
Ela vem de manhã cedo, ai, ai quando é de tarde ela voa
 
Sou violeiro e pirangueiro que só canto moda boa
As modas que nós gravamos quem escuta não enjoa
Com meu nobre companheiro ai, ai, garanto nossa coroa

Onde Está
Quanta falta você faz em minha vida 
Quanta falta você faz em nosso lar 
Fica vazio o ambiente sem carinho 
O dia custa, custa tanto pra passar

Minha tristeza se prolonga noite a dentro 
Fica a ouvir o meu relógio a tic-tar 
Quando consigo adormeceu por um instante 
Ouço sua voz tão docemente a me chamar 

Onde está meu amor, onde está 
O som da sua voz me enlouquece 
Onde está meu amor, onde está 
Onde está que não aparece

Adeus Bahia
Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 

Maria vai pra São Paulo sem chorar ela não sai 
Por deixar sua Bahia e os seus queridos pais
Vai levar muita saudade, saudade deixa pra trás 
Quem fica, fica chorando, quem vai, chorando vai

Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 

Adeus querida Bahia, a terra dos coqueirais 
Adeus serras e caatingas, adeus praia e seringais
Adeus terra do petróleo, riquezas em minerais
Vou-me embora pra São Paulo, não sei se eu volto mais

Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Amanhã eu vou-me embora, não, não Bahia 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 
Vou-me embora pra São Paulo, vou levar Maria 

Tua Vitória
Caminhando a chorar teu desprezo 
Nunca mais me tornarei ser feliz 
Se te conto é por que desejo 
Compreender por que sou infeliz. 
Nossas vidas estão separadas 
Nossos olhos não mais se verão 
Nossos lábios não mais hão de tocar-se 
Porém tu, tens o meu coração 

Levantei-me afinal desta queda 
Mesmo não tendo mais teu calor 
E não pense em me ver destruído 
Por que já convenci minha dor 
Toda vez que se trava um duelo 
O mais forte é que sai vencedor 
Erguerei o teu braço a vitória 
Pois confesso perdi teu amor

Voa Meu Pombo Correio
Soltei meu pombo correio com uma carta pra minha amada 
Levando a minha mensagem uma carta apaixonada 
Meu pombinho correio diz a ele todo o meu padecimento 
Diga que a saudade é demais, é grande o meu sofrimento 

Voa meu pombo correio tu és meu portador 
Leva a ela esta cartinha minha mensagem de amor

Pombinho volta de pressa me traga noticias e um favor lhe peço 
Estou ansiosamente a guardando o teu regresso 
Se o sono me vier peço fineza não me acordar 
Coloque a carta ao travesseiro, com meu amor eu quero sonhar

Voa meu pombo correio tu és meu portador 
Leva a ela esta cartinha minha mensagem de amor 
Voa meu pombo correio tu és meu portador 
Leva a ela esta cartinha minha mensagem de amor

Músicas do álbum Dama De Branco (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9202) - (1974)

Nome Compositor Ritmo
Dama De Branco Zé Matão / Wanderlei Martins Bolero
Duelo De Machão Pedro Bento Corta Jaca
Recordação Goiá / Nenete Toada
Ciência Do Laço Leonardo Amâncio Moda De Viola
Meu Sucessor Corrente / Paxá Guarânia
Cachoeira Do Mirante Roque José De Almeida / Pedro Bento Rojão
João De Barro Teddy Vieira / Moybo Cury Toada
Rei Dos Canoeiros Zé Carreiro / Vieira Corta Jaca
Onde Está Dorinho / Tapuã Rancheira
Adeus Bahia Carreirinho / Pedrão Rojão
Tua Vitória Dino Franco / Mococa Rancheira
Vôa Meu Pombo Correio Mineiro / Paxá Polca
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