Milagre Da Flecha (GLOBO GGLP 041) - (1984) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Milagre Da Flecha
Era alta madrugada já cansado da jornada eu voltava pro meu lar
Quando apareceu no escuro me encostando contra o muro um ladrão pra me assaltar
Com o revólver no pescoço ainda expliquei pro moço tenho filho para criar
Sou arrimo de família leve tudo, me humilha, mas não queira me matar
Ave Maria, aleluia, Ave Maria

Mas o homem sem piedade um escravo da maldade começou me maltratar
Para ver se eu tinha medo antes de puxar o dedo ele me mandou rezar
Eu nunca tinha rezado eu que era só pecado implorei por salvação
Elevei meu pensamento e descobri neste momento o que é ter religião
Ave Maria, aleluia, Ave Maria

Um clarão apareceu minha vista escureceu e o bandido desmaiou
E morreu, não teve jeito com uma flecha no peito sem saber quem atirou
Nessa hora a gente grita berra, chora e acredita que o milagre aconteceu
De joelhos na calçada perguntei com a voz cansada quem será que me atendeu
Ave Maria, aleluia, Ave Maria

Já estava amanhecendo a alegria me aquecendo quando entrei na catedral
Cada santo que eu via eu de novo agradecia e jurava ser leal
Veja os santos de passagem, mas não toque nas imagens me avisou o sacristão
Ali ninguém explicava uma flecha que faltava na imagem de são Sebastião
Ave Maria, aleluia, Ave Maria

Homem De Opinião
Não consigo esquecer a maldade
Da traição que você fez comigo
Não adianta implorar piedade
Esquecer esse mal não consigo

Sou um homem de opinião
Farei tudo pra lhe esquecer
Nunca mais em meu coração
Haverá um lugar pra você

Não voltarei jurarei se até for preciso
Não escondo que muito olhe amarei
Mas você perdeu o juízo
Não voltarei eu lhe digo com sinceridade
Com você não reconciliarei
Nem que eu morra de amor e saudade

A Volta Do Caminhoneiro
De caminhoneiro pra caminhoneiro é o recado meu
Se no peito chora a saudade amarga do seu doce lar
Quem já foi na vida um caminhoneiro quem vive na estrada entende a canção
Tem o coração sempre machucado é um condenado pela solidão.

Tão distante da sua família seu filhinho chama o pai ao deitar
A mamãe abraça o filho dizendo nesta noite o papai vai telefonar

Alô
Alô, meu bem que bom ouvir sua voz novamente
Estou morrendo de saudade
Eu também querido mas aqui tem alguém que sofre
mais do que nós, Quer ver? Filhinho, é o papai...
Alô Papai, onde o senhor está papai?
Eu estou muito longe, meu filho.
Papai eu quero lhe dizer que estou doente...
Doente, meu filho?
De saudade papai... Alô papai, Alô Papai....

Espere por mim que eu estou voltando
Matar a saudade quem está me matando

Só Mais Uma Noite
Quando esta noite acabar e meu bem despertar com sol na janela
Depois que secar o suor que grudou no lençol do corpinho dela
Murmuram ao seu ouvido meu último pedido de amor vou fazer
Deixá-la partir não consigo fique mais uma note comigo
Por que em teus braços desejo morrer

Depois desta noite de amor a solidão, minha dor jamais sentirei
Pois o que me importa querida e entregar a vida a quem tanto amei
Em suas mãos carinhosas doce criminosa que eu conheci
Delirando de muito prazer quem dera o mundo saber
Que de amor e paixão em teus braços morri

Será eterna em teus braços a última noite que eu tanto quis
Não ligue quando eu chorar se a emoção me dominar
Em teus braços querida morrerei feliz

Pretinho Velho
Aquele pretinho velho lá de Guaratinguetá
Sentindo o golpe da idade, sem força pra trabalhar
Pedia a Nossa Senhora para um dia libertar
Para que ele fosse livre do Sinhô e da Sinhá

Um dia deixou a senzala fugindo da sorte ingrata
Fez seu ranchinho de palha na beira de uma cascata
A patrulha do patrão vasculharam toda a mata
Encontraram o preto velho e cortaram de chibata

Ao passa em frente a igreja o preto fez um pedido
Tire a corrente de mim por que estou arrependido
Eu quero pedir perdão, meu erro foi ter fugido
Tornaram a bater no preto, deixaram no chão caído

Preto velho levantou pro céu arrumou a mão
Houve o grande milagre da Virgem da Conceição
Nossa Senhora no espaço veio a sua proteção
Toda corrente de aço partiu e caiu ao chão

Na Aparecida do Norte ainda tem a corrente
Lá na sala dos milagres exposta pra toda gente
Quem vê a corrente lembra os maus tratos de um patrão
Do sinhá e da sinhá no tempo da escravidão

Contra O Vento
Contra o vento na noite escura
Vou caminhando sem saber pra onde
Chamando teu nome cheio de amargura
Mas infelizmente ninguém me responde

Sinto o sereno que cai lentamente
Se misturando com o pranto meu
Meus lábios pedem teus beijos ardentes
E meu corpo implora os carinhos seus

Na noite vazia sou um triste vulto distante e oculto da felicidade
Se neste mundo não posso te amar tenho esperança de te encontrar 
Um dia mais tarde na eternidade

Homem Gigante
Ao nos conhecermos eu nunca pensava
Que viesse tão forte o amor entre nós
Depois de algum tempo eu já precisava
Ganhar os teus beijos e ouvir tua voz
Por isso querida esse nosso encontro
É tudo marcado pela emoção
Eu não conhecia do amor, as delícias
E até adormeço com tuas caricias
Sentindo o galope do meu coração

Agora já posso dizer o que penso
Sinto fome de amor, de te amar tenho sede
E as testemunhas deste amor imenso
É teu lindo quarto e as quatro paredes

Não olhe o relógio no criado mudo
Marcado as horas que passam depressa
Ali bem pertinho assistindo tudo
A sua presença não nos interessa
Poe a camisola e acenda um cigarro
Eu quero ver ao meu lado feliz
Por que eu me sinto um homem gigante
Vamos conversar por alguns instantes
Daqui a pouquinho o amor pede bis

Agora já posso dizer o que penso
Sinto fome de amor, de te amar tenho sede
E as testemunhas deste amor imenso
É teu lindo quarto e as quatro paredes

Eu E A Natureza
Quem não conhece meu cantinho lá de Minas
As belezas cristalinas e as noites de luar
É um recanto onde a serra faz garganta
E o som que o galo canta não consegue se espalhar
O eco choco de um machado aventureiro
Invadindo meu terreiro parece pé ante pé
Entrando quarto eu já vou me levantando
O sorriso vem brotando com o cheiro do café

O sol demora é maior a maior madrugada
Obrigando a passarada desdobrar-se em melodias
Quem não conhece o recanto onde eu moro
No lugar que eu adoro é assim que nasce o dia
Não tenho inveja de quem possa ser doutor
E não sabe dar valor naquilo que aprendeu
O meu diploma é minha tranquilidade
Esse doutor na verdade não é feliz como eu

Coisa mais linda a gente ver os passarinhos
A cuidar dos filhotinhos preenchendo os dias seus
E eu sentado na banqueta da pureza
Meditando a natureza papeando com meu Deus
Linguagem simples que ele gosta de ouvir
Todos rogam possuir o que nunca pode ter
Enquanto eu no fim que a vida encerra
No meu recanto de serra é que desejo morrer

Mil E Uma Noites De Amor
Mil noites de sono já tenho perdido
Pensando somente naquela mulher
Porém, eu não sei o que fazer da vida
Estou pressentindo que ela não me quer
Se me aproximo dela ela vira as costas
Se olho pra ela me faz cara feia
Se falo com ela não tenho resposta
Já sinto o gosto da cruel derrota
Me sinto menor que um grão de areia

Coração que ama não perde a confiança
A minha esperança é ganhar seu calor
Vou trocar minhas noites de tanto abandono
Por as mil e uma noites de amor

Amanhã eu volto a lhe fazer visita
Tentando ganhar seu doce carinho
Quem amo amanhece nos braços de outro
Nos braços da noite adormeço sozinho
Sei que estou amando um alguém que tem dono
E não desistirei de forma nenhuma
Já me acostumei com tanto abandono
Pra quem já perdeu mil noites de sono
Não faz diferença perder mil e uma

Coração que ama não perde a confiança
A minha esperança é ganhar seu calor
Vou trocar minhas noites de tanto abandono
Por as mil e uma noites de amor

O Desconhecido
Igual todo homem também tem sua família
Eu também tive um dia minha esposa e meu lar
Mas minha inconsequência e as más companhias
Fizeram meu castelo de repente desabar

Às seis horas da tarde no portão da minha casa
Meu bem me esperava todos os dias eram assim
Porém todas as tardes um estranho ali passava
E por coincidência minutos antes de mim

O desconhecido pra ela deu mais valor
O desconhecido hoje tem meu grande amor

Se não tenho uma família eu mesmo fui o culpado
Por que fiz tudo errado até perder meu amor
De dez em dez minutos cheguei cada vez mais tarde
Sem pensar que pra ela era um tormento de dor

Enquanto alguém passava consolando minha amada
Eu mais me atrasava passando as noites fora
Até que certo dia a minha esposa traía
Cansada desta vida decidiu e foi embora

O desconhecido pra ela deu mais valor
O desconhecido hoje tem meu grande amor

Músicas do álbum Milagre Da Flecha (GLOBO GGLP 041) - (1984)

Nome Compositor Ritmo
Milagre Da Flecha Moacyr Franco / Marco Silvestre Balanço
Homem De Opinião Luiz De Castro / Muniz Teixeira Rancheira
A Volta Do Caminhoneiro Alcino Alves / Rossi Toada Balanço
Só Mais Uma Noite Messias / Missionário Rancheira
Pretinho Velho Luizinho Rosa / Pedro Bento Cateretê
Contra O Vento Vicente P. Machado / Lourival Dos Santos Rancheira
Homem Gigante Vicente P. Machado / Nelson Gomes Guarânia
Eu E A Natureza Hélio Alves / Pedro Bento Toada
Mil E Uma Noites De Amor Marcito / Eurípes Lourenço Rancheira
O Desconhecido Alcino Alves / Rossi Balanço
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