Tocador Fabricante (F 12120) - (1987) - Sinval Da Gameleira
Tocador Fabricante (F 12120). Sinval nasceu na região da Gameleira, numa casa a trezentos metros da beira do Rio das Pedras, no municÃpio de Juramento, Minas Gerais.
Seu pai, Juvenal Alves Botelho, é um dos milhares de baianos que migraram para sul, mas ao chegar ao norte de Minas constituÃram famÃlia e ficaram na região.
Sinval da Gameleira herdou do pai o gosto pela música, especialmente a sanfona de oito baixos, que seu Juvenal gosta de tocar. Sinval tinha cinco anos de idade quando sua mãe, Dona Maria foi á Aparecida do Norte cumprir promessas e lhe trouxe uma sanfona pé de bode. De lá pra cá nunca mais parou de tocar.
Além de bom sanfoneiro das oito até as cento e vinte baixo, Sinval da Gameleira também é mestre na arte de tocar e fabricar a viola caipira, violão, cavaquinho e rabeca. Tudo feito de madeira artesanal, a ponta da faca. Leva quinze dias para fabricar cada instrumento.
Sinval da Gameleira tem um tio repentista, Nato Jatobá, e um irmão Taide de Caixa, que é fabricante de caixa de Folia de Reis, além de reiseiro. Conheci-o em 13 de dezembro de 1979 (dia de aniversário do mestre Luiz Gonzaga). Eu estava em Alto Belo e o padre Geraldo me convidou para ir com ele a uma missa na Gameleira. Na capela de Gameleira estava Sinval acompanhando o coral de moças, suas primas.. ficamos amigos-irmão. Um de seus irmãos, João de Bichinho, trabalha com madeira e eu incentivei o Sinval da Gameleira a trabalhar também com madeira, mas só na produção de instrumentos musicais. Ele tornou-se um mestre, de tal maneira que já tem instrumentos fabricados por ele nos estados Unidos, Europa e por este mundão de Deus. Comecei a leva-lo para tocar comigo em vários lugares, apresentei-o órgãos de cultura popular e hoje Sinval da Gameleira vive das suas tocadas e do lucro de seus instrumentos.
Chegar a este disco foi uma dura batalha. É um disco simples, feito com uma produção modesta, mas dentro da mais fiel musicalidade do estilo. Sinval da Gameleira é um verdadeiro músico sertanejo, mora no sertão e o som é natural, sem forçar o estilo para um sertanejo sofisticado de paradas de sucesso. Assim vai vivendo o sertanejo que luta pela sobrevivência , esperando a tal justiça social que até hoje não chegou ao sertão do futuro estado do São Francisco.
Meus sinceros agradecimentos a José da Conceição, Valduque Vanderley e Francisco Alencar carneiro pelo apoio cultural deste disco.
Alto Belo, outubro de 1986. Téo Azevedo.
Este disco é dedicado á Carlos Felipe, pai da cultura Popular de Minas Gerais.