Pequeno Não É Pedaço (GTLLP 1021) - (1982) - Taviano e Tavares

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Rei Da Exposição
Sobre as margens da Belém-Brasília defrontando com uma cidade
Existia um grande restaurante violeiro por antiguidade
Era ali bastante frequentado por pessoas da localidade
Os ricaços com suas madames naquele ambiente sentia a vontade
Desprezava o freguês passageiro porque o traje de um estradeiro é vergonha para a sociedade

Uma tarde chegou um viajante com poeira por cima da gola
Ocupando uma mesa num canto e no chão colocou a sacola
Garçonete lhe trouxe um sortido mas pediu para logo ir embora
Veio o dono e também foi dizendo até pra fazer caridade tem hora
A comida não lhe custa nada, mas lhe peço meu bom camarada pegue o prato e saia pra fora

Disse o moço para a garçonete pois não sabe do sangue que puxo
Sou paulista e moro distante mas por isso não pense que murcho
A mulher quando é malcriada acostumo a chamar de bucho
Sendo feia e bem educada eu deixo bonita a custa de luxo
Quando é feia e se põe superior é uma caça que não tem valor não compensa queimar um cartucho

O senhor considera-se rico pelo grande estabelecimento
Mas eu compro de porta fechada pago a vista sobre os documentos
Veja lá quanto vale isso tudo vou mostrar que a palavra eu sustento
Se alguém estiver duvidando e no caso pensando que é convencimento
Pelos bancos que sou cadastrado eu lhe pago com cheque visado do que faço menor movimento

O meu ramo exclusivo é gado compro e vendo em grande seleção
Também tenho diversas fazendas e trabalho com reprodução
O mais lindo gado do Brasil lhe garanto que está em minhas mãos
Se quiser me encontrar em Barretos faça uma visita na festa do peão
O importante é guardar na lembrança pois pergunte até às crianças pelo Rei Da Exposição

Aonde Moram Meus Pais
 Não suportando a saudade do tempo que longe vai voltei aonde vivi o bom tempo de rapaz
O riacho da jangada quanta lembrança me traz a campina verdejante e os lindos coqueirais
Minha alegria foi tanta quando vi a casa branca aonde moram meus pais

Na sombra do pé de cedro passei horas recordando o correr do dia a dia tudo foi se transformando
Não vi as vacas leiteiras lá no portão ruminando no piquete não vi mais o meu cavalo pastando
Não ouvi mais as batidas com passadas e seguidas do monjolo trabalhando

Não ouvi mais o jaó piando no taboqueiro e lá na passagem velha já não tem o barreiro
Aonde dava na certa rasto fresco dos mateiros eu não vi mais o Sultão nem o Guampo o e  Ligeiro
Chorei por não resistir a saudade que senti dos antigos companheiros

Hoje vivo recordando o barulho do riozinho também da paineira velha lá da curva do caminho
Seus galhos ainda afloram dando abrigo aos passarinhos
Em seu tronco vi meu nome gravado entre os espinhos
Do tempo bom que passou só a saudade ficou ao longo do meu caminho

Minha Vizinha
Está morando lá na minha rua em uma casa pertinho da minha
Uma mulher linda encantadora estou gamado na minha vizinha
Me convidou pro seu aniversário me obrigando a dizer que sim
Isto será um ato de amizade ou ela quer se aproximar de mim
Oi vizinha, morena da minha paixão
Você reside tão perto de mim, mas está morando em meu coração

Não sei se ela está me provocando ou isto parte de um simples costume
Sorri pra mim e beija seu marido isto me mata de tanto ciúme
Ele também que muito lhe ama fala comigo sem pensar no mal
Me considera um vizinho amigo sem saber também que é o meu rival
Oi vizinha, morena da minha paixão
Você reside tão perto de mim, mas está morando em meu coração

Duas Estudantes
Duas moças num carro moderno chegaram num posto pra por gasolina
Eram duas irmãs estudantes filhas de um ricaço do estado de Minas
Bem trajada no rigor da moda com casaco de pele argentina
As pessoas que estavam presentes já foram notando que eram gente fina

No momento também foi chegando um senhor idoso num fordinho antigo
Foi parando naquele ambiente trazendo nos lábios um sorriso amigo
Umas das estudantes falou em ficar sem rir não consigo
Pra usar um carro desta era é possível que esteja bastante a perigo

Quanto é bom o papai ter dinheiro e boa fazenda na zona da mata
Nós trocamos o carro todo ano e os outros não passam de um monte de lata
Pra vender isto não tem valor do papel de uma duplicata
Se por ele pertinho do nosso não há quem não diz que o carango é sucata

Disse o velho este carro eu não vendo por boa que seja a proposta que faça
Foi com ele que eu comecei depois o restante ganhei foi na raça
Considero ser da família o carango que acharam graça
Vocês duas não existiam quando eu trabalhava com ele na praça

Por fazenda também tenho duas com bastante gado e não sou agiota
Não nasci em berço de ouro venci com meus braços e não sofri derrota
Vocês sabem o que é carreta Scania tenho muitas comprei foi na nota
Pra atingir o valor de uma delas em carro do seu precisa uma frota

O Bom Nordestino
Conheci um certo dia no interior do Pará 
O senhor José Raimundo na querida Marabá
Deixou o seu berço natal no estado do Ceará
Apesar da pouca idade partiu deixando a saudade na bonita Tiambá

Igual a ave sem rumo ele partiu sem destino
No Belém foi operário mas sentiu-se regredindo
Resolveu ser garimpeiro trabalho em Patrocínio
Enfrentou muitos garimpos mais ou menos quatro ou cinco me disse o bom nordestino

Nas águas do Guaicuru no canal que não dá pé
A canoa naufragou lhe jogou contra a maré
Atracado numa pedra margeando o guapé
Duas horas ali ficou São Francisco lhe salvou por ser um homem de fé

No seu trabalho distante a família em Santarém
No garimpo que estava começou a ficar bem
Voltou pra casa sorrindo ao encontro de alguém
Viu as filhas abandonadas por sua esposa amada que partiu pra muito além

Apesar do abandono não perdeu a esperança
Partiu pra Serra Pelada aonde a vitória alcança
Lá bangorrou cinco vezes já ficou com a vida mansa
Umas das pedras encontradas por machado foi cortada deu cem quilos na balança
 
O senhor José Raimundo o popular Zé Maria
Lutou com fé e venceu conseguiu o que queria
Trazer os pais do nordeste para sua companhia
Zé Maria é feliz São Francisco de Assis sempre foi a sua guia

Loirinha
Loirinha lá do meu bairro você é uma linda flor
O seu corpo delicado não há defeito pra por
Cabelo oiro e cacheado olhos verdes matador
Desde o dia que te vi, meu bem, me tornei um sofredor, amor
Foi essa a primeira vez que eu sofri por amor, minha flor

Loirinha por gentileza quero lhe pedir um favor
Se acaso você acha que eu sou merecedor
Quero deitar em seus braços e sentir o seu calor
Seus lábios açucarados, meu bem, tem o gosto de licor, amor
Eu passo a semana inteira sentindo aquele sabor, minha flor

Loirinha você já sabe resolvido como eu sou
Qualquer dia eu chego lá falar com seu pai eu vou
Ele é compressivo sei que não vai se opor
Vou pedir em casamento, meu bem, pra dar fim na minha dor, amor
Casamos no fim do ano nosso drama terminou, minha flor

Choro Dela
Mais uma noite vou chegar fora de hora  se ela me ama vou ficar sabendo agora
Devagarinho quero encostar na janela e lá de fora quero ouvir o choro dela
Se está chorando é uma prova que me ama ao lado dela hoje eu durmo em sua cama

Mais uma noite vou chegar fora de hora  se ela me ama vou ficar sabendo agora
Se por acaso ela já pegou no sono é um sinal que seu amore tem outro dono
Mulher bonita quem abusa sai perdendo é muito triste ser amante do sereno

Mais uma noite vou chegar fora de hora se ela me ama vou ficar sabendo agora
Se ela me ama vou ficar sabendo agora, se ela me ama vou ficar sabendo agora

Pequeno Não É Pedaço
Ditinho era um moço pobre, muito honesto e competente
Era pequeno e franzino, porém tinha o sangue quente
Ele namorou uma moça filha de um homem valente
Era um grande fazendeiro e um tipo diferente
Tinha estatura tamanha parecia uma montanha, bem mais monstro do que gente

No dia que os dois jovens resolveram se casar
Ditinho por ser direito com o velho foi falar
O velho lhe respondeu, devia lhe castigar
Um nanico igual você, de mulher não vai tratar
Depois teve um pensamento consentiu o casamento só pensando em se vingar

No dia do casamento chegando a hora marcada
O fazendeiro maldoso reuniu a jagunçada
Deu a ordem e foi dizendo tomem conta da empreitada
Quero ver lá na igreja uma perfeita cilada 
E no final da questão quero ver defunto anão, sejam firmes na emboscada

Na hora do casamento foi chegando a cabroeira
Mas Ditinho era nortista lutador de capoeira
Lá na porta da igreja foi aquela barulheira
Ditinho ganhou a luta só no braço e na rasteira 
E do velho quis saber se era luta pra valer ou se era brincadeira

O velho se desculpou, é uma prova que eu faço
Pra casar com filha minha tem que ter peito de aço
Mas é que o futuro genro também tem força no braço
Ponha logo as alianças, quero ver os dois no laço, 
O velho falou depois homem grande não é dois, pequeno não é pedaço

Velho Pouso De Boiada
Numa tardinha fui andando por aí coincidiu que descobri pedacinhos de saudade
Tudo igualzinho há um retrato descorado num cenário amarrotado pelo avanço da cidade
A figueirona com seu tronco já ferido pelo golpe desferido de um machado sem amor
Condenada sem direito a julgamento vai tombar qualquer momento pelas mãos de um mal feitor
Memorizando minha vida já passada recordei naquele instante um velho pouso de boiada

E ali mesmo encontrei só um pedaço do que um dia foi um laço de um habilidoso peão
E da baldrama as pequenas margaridas igual estrelas caídas espalhadas pelo chão
E do lombilho tropecei num velho caco o farrapo de um guanapo que um dia foi chapéu
Sons de viola explodiam pelo ar parecendo anunciar um fandango lá no céu
Memorizando minha vida já passada recordei naquele instante um velho pouso de boiada

Resto de cerca que já foi de algum potreiro armação de um cargueiro e um trempe enferrujada
E num palanque velho tronco de ipê a inscrição que a gente lê velho pouso de boiada
Num sonho louco retornei a mocidade e ruminando a saudade até alta madrugada
Juro por Deus que chorei naquele instante quando ouvi som de berrante despertando a peonada
Memorizando minha vida já passada recordei naquele instante um velho pouso de boiada

Cabo Mesquita
O bravo cabo Mesquita patrulheiro rodoviário
Velava por vida alheia no seu trabalho diário
Somente a sua família dedicava o seu salário
Muito honesto e competente era esse o comentário
Só punia o infrator quando era necessário

Em um comando na pista, proteção à sociedade
Foi surgindo um caminhão em alta velocidade
O seu sinal de parada o motorista invade
Vou atrás disse mesquita, se reagir tranco nas grades
Por ultrapassar oitenta e desrespeito a autoridade

Foi entrando na cidade lhe seguindo o policial
O motorista parou na porta do hospital
Socorra doutor depressa, este é um caso fatal
Um menino atropelado está passando muito mal
Socorri ele na estrada e o autor não sei do tal

Quando o doutor no momento acabou de receber
Foi voltando o motorista com o guarda se entender
Sobre a minha imprudência não é preciso dizer
Aqui está meus documentos, veja lá o que vai fazer
Eu não podia deixar uma criança morrer

O Mesquita foi dizendo sentindo grande emoção
Aqui dentro desta farda também tem um coração
Nada vai lhe acontecer, siga em frente meu irmão
Por você estar cumprindo o dever de um cidadão 
O teu gesto de nobreza foi maior que a infração

Capital Do Barão
Sem bajulação e nenhum exagero 
Eu muito admiro ouro e garimpeiro que é um soldado
Valente guerreiro que sem munição 
Luta o ano inteiro na selva bravia e rios traiçoeiros
Buscando a vitória e muitos sem glória na vida perderam

Sem lar sem abrigo e a menor garantia
Do mundo isolado longe da família
Esperando a sorte vir a qualquer dia
Lhe fazer sorrir ou chorar de alegria
No meio das matas e das feras bravias
O rancho pequeno que cobre o sereno é sua moradia

Com todo respeito e admiração
Falando com a alma e o coração
De alguém que merece com muita razão
Cartão de ouro de alto padrão
Gravado em brilhante com linda inscrição
A você garimpeiro herói brasileiro nosso aperto de mão

Qualquer brasileiro de outra função
E o Brasil inteiro e a nossa nação
A você garimpeiro devem gratidão
Parabéns companheiro amigo irmão
De um modo geral aos heróis do sertão
Parabéns ao Pará parabéns Marabá, capital do barão

Dois De Outubro
Nas voltas que o mundo dá nós também vamos girando
Andando com Deus na frente um dia nos encontramos
A maior festa de viola do rico estado goiano
Onde todos violeiros, cantador e catireiro se reúne a muitos anos

Desde o sul até o norte do Estado de Goiás
De são Paulo e Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais
Pruídos pras amadoras e os bons profissionais
Pouco a pouco vai chegando alegres todos cantando coisa linda por demais

Sentimos muito felizes eu e também meu parceiro
 Por encontrar nessa festa sem o menor exagero
Os melhores representantes do folclore brasileiro
Em homenagem sincera festejando as primaveras de um grande companheiro

Dois de outubro em Santa Helena é bastante festejado
Os artistas sertanejos tem seu encontro marcado
Pra cantar e fazer festa e abraçar bem apertado
Festejando a flor colhida do lindo jardim da vida e um senhor considerado

É uma festa muito linda na sua totalidade
Muito recado e amor de fartura e amizade
A pessoa homenageada é um exemplo de bondade
Fecho o envelope enviando ao Paulo Lopes mais de mil felicidades

Msicas do lbum Pequeno Não É Pedaço (GTLLP 1021) - (1982)

Nome Compositor Ritmo
Rei Da Exposição Geraldinho / Taviano Querumana
Aonde Moram Meus Pais Valito / Taviano Rojão
Minha Vizinha Geraldinho / Rogério Dantas Rasqueado
Duas Estudantes Geraldinho / Rogério Dantas Querumana
O Bom Nordestino Geraldinho / Taviano Rasqueado
Loirinha Pedro Victor De Oliveira Corta Jaca
Choro Dela Peão Carreiro / Compadre Lima Rojão
Pequeno Não É Pedaço Izaltino Gonçalves / Donizete Luiz Cururu Piracicabano
Velho Pouso De Boiada Índio Vago / Dino Franco Toada
Cabo Mesquita Geraldinho / Rogério Dantas Cururu
Capital Do Barão Joaquim Moreira / Taviano Querumana
Dois De Outubro Joaquim Moreira / Taviano Moda De Viola
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