Pagodes (Volume 1) (CONTINENTAL 171405584) - (1977) - Tião Carreiro e Pardinho

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Pagode Em Brasília
Quem tem mulher que namora, quem tem burro empacador
Quem tem a roça no mato me chame que jeito eu dou
Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora
E o burro empacador eu corto ele de espora
E a mulher namoradeira eu passo o coro e mando embora

Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão
Tem muita sogra encrenqueira e tem violeiro embrulhão
Pro prisioneiro inocente eu arranjo advogado
E a sogra encrenqueira eu dou de laço dobrado
E os violeiros embrulhão com meus versos estão quebrado

Bahia de Ruy Barbosa, Rio Grande deu Getúlio
Em Minas deu Juscelino de São Paulo eu me orgulho
Baiano não nasce burro gaúcho é o rei das cochilhas
Paulista ninguém contesta é um brasileiro que brilha
Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasília

No estado de Goiás meu pagode está mandando
O bazar do Valdomiro em Brasília é o soberano
No repique da viola balancei o chão goiano
Vou fazer a retirada e despedir dos paulistanos
Adeus que eu já vou embora que Goiás tá me chamando

Bandeira Branca
Vou contar o que eu nunca vi pro sertão e pra cidade
Nunca vi guerra sem tiro e nem cadeia sem grade
Nunca vi um prisioneiro que não queira liberdade
Nunca vi mãe amorosa do filho não ter saudade

Nunca vi homem pequeno que ele não fosse papudo
Eu nunca vi um doutor fazer falar quem é mudo
Nunca vi um boiadeiro carregar dinheiro miúdo
Nunca vi homem direito vestir calça de veludo

Eu nunca vi um carioca que não fosse bom sambista
Nunca vi um pernambucano que não fosse bom passista
Nunca vi um paraibano que não fosse repentista
Nunca vi um deputado apanhar de jornalista

Eu nunca vi um paulista da vida se maldizendo
Nunca vi um paranaense que não esteja enriquecendo
Eu nunca vi um baiano no facão sair perdendo
Eu nunca vim um mineiro da luta sair correndo

Nunca vi um catarinense depois de velho aprendendo
Nunca vi um mato-grossense de medo andar tremendo
Eu nunca vi um gaúcho pra laçar precisar treino
Eu nunca vi um goiano por paixão beber veneno

Nunca vi um fazendeiro andar em cavalo que manca
Pra fechar boca de sogra não vi chave, não vi tranca
Pra terminar meu pagode vou falar botando banca
Quero ver meus inimigos levantar bandeira branca
 
Rei Sem Coroa
No lugar que tem violeiro e bons catireiros eu me sinto bem
Gosto do cateretê canto com prazer cururú também
Gosto da moda campeira, xote e rancheira como ninguém
Pra completar a coleção veja o batidão que o pagode tem

Vamos mostrar para o povo esse estilo novo especializado
Cantar comprazer nós pode porque o pagode já está afamado
É bonito a gente ver dois pinhos gemer bem repicado
Misturado no dueto do nosso peito bem afinado

Não se aprende nas escolas o tocar da viola e os desembaraço
Veja só quanta beleza é por natureza o cantar dos pássaros
Você diz que é cantador teve professor, mas tu é um fracasso
Já tenho visto peão que o afamado é bom, mas é ruim no laço

Quem canta seus mal espanta a tristeza vai e a alegria vem
Não seja assim tão gabola pegue na viola e cante também
Violeiro meia pataca da sua marca tem mais de cem
Amigo cante direito e note os defeitos que você tem

No nosso Brasil glorioso tem o famoso rei do café
O afamado rei do gado nem é preciso dizer quem é
Nós somos reis do pagode enquanto na bola o rei é Pelé
Você canta e não entoa rei sem coroa firme seu pé

Falou E Disse
Gavião da minha foice não pega pinto
Também o mão de pilão não joga peteca
O cabo da minha enxada não tem divisa
As meninas dos meus olhos não têm boneca

A bala do meu revólver não tem açúcar
No cano da carabina não vai torneira
A porca do parafuso nunca deu cria
Na casa do João de Barro não tem goteira

O cravo da ferradura não vai no doce
A Serra da Mantiqueira nunca serrou
A pata do meu cavalo não bota ovo
Eu não vou comer o pão que o diabo amassou

Os quatro reis do baralho não têm castelo
Também o quatro de paus não é de madeira
Por onde o navio passa não tem asfalto
Caminho que vai na lua não tem poeira

Cachaça não dá rasteira, derruba a gente
A língua da fechadura não faz fofoca
Pra fazer este pagode não foi brinquedo
Eu me virei do avesso e não sou pipoca

Chora Viola
Eu não caio do cavalo, nem do burro e nem do galho
Ganho dinheiro cantando a viola é o meu trabalho
No lugar onde tem seca eu de sede lá não caio
Levanto de madrugada e bebo pingo de orvalho, chora viola

Não como gato por lebre não compro cipó por laço
Eu não durmo de botina não dou beijo sem abraço
Fiz um ponto lá na mata caprichei e dei um nó
Meus amigos eu ajudo inimigos eu tenho dó, chora viola

A lua é dona da noite o sol é dono do dia
Admiro as mulheres que gostam de cantoria
Mato a onça bebo o sangue furo a terra e tiro ouro
Quem sabe agüentar saudade não agüenta desaforo, chora viola

Eu ando de pé no chão piso por cima da brasa
Quem não gosta de viola que não ponha o pé lá em casa
A viola está tinindo o cantador está de pé
Quem não gosta de viola brasileiro bom não é, chora viola

Pagode Na Praça
Fazer moda é meu vício viola é minha cachaça
No batido do pagode meus dedos não embaraçam
Quando eu passo a mão na viola faço levantar fumaça
O pagode no momento tá sendo o dono da taça
Porque o povo está gostando eu também tô caprichando
De vez em quando soltando um pagode bom na praça

A sina de um cantador é somente Deus quem traça
Pra ser um bom violeiro não pode fazer arruaça 
Precisa deixar o nome no lugar aonde passa
Só cantando moda boa pra agradar a grande massa
Da sorte nós não reclama eu zelo por nossa fama
Aonde o povo me chama tem pagode bom na praça

Quem quiser cantar pagode mostre sangue e mostre raça
Se não for pra ser bem feito peço à vocês que não faça
O batido do pagode eu ensino até de graça
Quem canta pagode certo pode crer que não fracassa
Meu pagode é brasileiro dá nome pra violeiro
Quem quiser ganhar dinheiro põe pagode bom na praça

É preciso ter amor na profissão que abraça
Tenho um capricho comigo levo ele por pirraça
Moda roubada eu não gravo nós não pega e nem não laça
Vou lutar com meus colegas luta limpa sem trapaça
Minha viola nunca falha, ganhei flores e medalhas
E o troféu "Chapéu de Palha†com pagode bom na praça

Rei Do Pagode
Afirme o pé companheiro, bambeie o nó da gravata
Nós vamos cantar um pagode que chegou na hora exata
Por ai tem um caboclo quando canta me maltrata
Eu vou dar minha resposta que não é muito pacata
Vou tratar meus inimigos do jeito que eles me tratam

Tenho dó desse coitado eu deixo que ele se bata
Com sua língua nos dentes com modas que desacatam
Na escada do sucesso ele subiu dando rata
A queda dele foi dura no tombo quase se mata
Não acerta mais o passo está jogado pras baratas

A verdade é cristalina é igual água de cascata
Essas modas de abater é uma coisa muito chata
Não falar mal dos colegas é uma coisa mais sensata
Esses violeiros invejosos reclamam da sorte ingrata
Pros escravos da inveja meu pagode é uma chibata

No lugar aonde eu canto o povo todo me acata 
Sou querido das morenas, das loirinhas e das mulatas
Ganhei medalhas de ouro não contando as de prata
O Brasil inteiro fala dos violeiros eu sou a nata
Onde eu canto meu pagode meu sucesso é na batata

Sou um leão africano quando dá um grito na mata
Os bichos pequenos correm igualzinho vira lata
No lugar que pisa o leão cachorro não põe a pata
Nossa coroa de rei quero ver quem arrebata
Nossos laços de amizade é um nó que não desata

Em Tempo De Avanço
O destino aqui me trouxe cantar pra vocês eu vou
Eu só trouxe coisa boa foi meu sertão quem mandou

No lugar que tem tristeza, eu vou levar alegria
Vou levar sinceridade onde existe hipocrisia
No lugar que tem mentira eu vou levar a verdade
Vou levar amor sincero onde existe falsidade
Quando eu daqui sair vocês vão sentir saudade

A Terra hoje balança vou agüentar o balanço
Quem espera sempre alcança eu espero e não me canso
Cantando a gente avança para depois ter descanso
Cheguei trazendo esperança cantando em tempo de avanço

Vou soltar o inocente não tem culpa quem prendeu
Vou castigar quem matou vou rezar pra quem morreu

Vou defender quem apanha batendo em quem bateu
Vou tomar de quem roubou tirando o que não é seu
Vou jogar com que ganhou vou ganhar pra quem perdeu
E para quem não tem nada vou dar o que Deus me deu
Se eu der tudo que eu tenho não acaba o que é meu

A Terra hoje balança vou agüentar o balanço
Quem espera sempre alcança eu espero e não me canso
Cantando a gente avança para depois ter descanso
Cheguei trazendo esperança cantando em tempo de avanço

Começo Do Fim
Pra cantar gostoso de longe eu vim
Pagode bonito tem que ser pra mim
O fim do começo tem que ser assim
O que tem começo tem que ter um fim

Lá no fim do sul começo do norte
Fim da colheita começa o transporte
O fim da boiada começa no corte
O fim do azar começo da sorte

Bem no fim do cabo começa o arreio
É no fim dá rédea começo do freio
No fim da confiança começa o receio
O fim da metade é o começo do meio

No fim da cachaça vem a gandaia
É no fim do mar começo da praia
É no fim do joelho o começo da saia
O fim do artista é o começo da vaia

Na Barba Do Leão
Vai pagode, vai pagode encher o mundo de beleza
Levando só alegria pra dar um tombo na tristeza

Meu pagode é um foguete prepare para explosão
Ele sai na base quente com capricho e perfeição
Um pagode só tem força quando sai de um peito bom
Meu pagode onde passa é só fogo sem fumaça 
Deixa saudade e paixão

Vai pagode, vai pagode encher o mundo de beleza
Levando só alegria pra dar tombo na tristeza

Meu pagode sai tinindo e some na imensidão
Levando só alegria na onda de uma estação
O controle está na viola no peito do folgazão
Meu pagode num segundo vai até o fim do mundo
Mas estou na direção

Vai pagode, vai pagode encher o mundo de beleza
Levando só alegria pra dar tombo na tristeza

Passo por cima das esbarrando no trovão
Desço no pingo da chuva bem no risco do clarão
Tiro água do deserto faço poço no areião
Eu venho de um lugar quente sou vizinho da serpente 
Moro na barba do leão

Pagode Do Ala
As flores quando é de manhã cedo o seu perfume exala
A madeira quando está bem seca deixando no sol bem quente estrala
Dois baianos brigando de facão sai fogo quando o aço resvala
Os namoros de antigamente espiava por um buraco na sala
As pessoas que são muda e surda é por meio de sinal que fala
Os grã-finos de antigamente quase que todos usavam bengala
A mochila de peão é um saco a coberta do peão é o pala
Nos casamentos de roça tem festa ocasião que o pobre se arregala

Presta atenção que o reio dói mais é aonde ele pega a tala
Divisa de terra antigamente não usava cerca era vala
Naturalmente um bom jogador todo jogo ele está na escala
Uma flor é diferente da outra pro cuitelo seu valor iguala

Caipira pode estar bem vestido ele não entra em baile de gala
Pra carregar o fuzil tem pente garrucha e o revólver tem bala
Um valentão tá arrastando asa, mas quando vê a polícia cala
Despista e sai de vagarinho quando quebra a esquina abre ala

Pra fazer viagem à bagagem geralmente o que se usa é mala
A baiana pra fazer cocada primeiramente o coco se rala
No papel o turco faz rabisco e diz que escreveu Abdala
As pessoas que morrem na estrada por respeito uma cruz assinala

Linha De Frente
Pra cantar pagode eu tirei patente meu peito é bom e eu sou competente
Eu não tomo toddy nem ovo quente morra meu passado viva o presente 
O meu futuro está pela frente o meu pagode pra mim não mente

Na mão dos covardes morre os valentes o cachorro brabo está na corrente
O amor ingrato é que mata a gente mulher faladeira tem meus parentes
O marido delas é tão decente, mas a danada é uma serpente

Paulista trabalha São Paulo anda, São Paulo cresce por toda banda
O mineiro tem o ouro que manda o povo gaúcho é de opinião
Tem gente que foge da oposição, mas a gauchada não foge não

O povo do norte é inteligente o Rui Barbosa deixou semente
O povo baiano orgulhosos sente, o paranaense é bom no batente
Nosso Brasil tem bom presidente, nós no pagode é linha de frente

Músicas do álbum Pagodes (Volume 1) (CONTINENTAL 171405584) - (1977)

Nome Compositor Ritmo
Pagode Em Brasília Teddy Vieira / Lourival Dos Santos Pagode
Bandeira Branca Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Pagode
Rei Sem Coroa Tião Carreiro / Sebastião Victor Pagode
Falou E Disse Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Piraci Pagode
Chora Viola Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Pagode
Pagode Na Praça Moacyr Dos Santos / Jorge Paulo Pagode
Rei Do Pagode Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos Pagode
Em Tempo De Avanço Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Pagode
Começo Do Fim Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Moacyr Dos Santos Pagode
Na Barra Do Leão Lourival Dos Santos / Priminho Pagode
Pagode Do Ala Carreirinho / Oscar Tirola Pagode
Linha De Frente Lourival Dos Santos / Edgard Souza Pagode
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