Zé Carreiro E Carreirinho - 78 RPM 1959 (CABOCLO CS-159) - (1959) - Zé Carreiro e Carreirinho
Patriota
Vinte e seis de fevereiro pra servir eu fui chamado
Novecentos e dezenove até hoje eu tô lembrado
Eu segui para São Paulo levei meu certificado
Me apresentei no quartel onde eu fui inspecionado
O doutor de lá me disse você vai dá um bom soldado
Segue hoje pra Caçapava seu lugar designado
Doze meses e quinze dias que eu parei em Caçapava
lugar frio e de saúde aquele lugar onde eu tava
Depois de todo esse tempo o governo nos chamava
Para ir prestar serviço que a pátria precisava
Tudo o que eu ia passar o meu coração contava
Tanto como eu padecia eu também me arregalava
De Caçapava pro Rio nós seguimos em contingente
Cento e vinte soldado e muitos cabos competentes
E nos carro de primeira ia o segundo tenente
Por quem fomos comandados uns chorando, outros contente
Uns chorava por patife outros por deixar os parente
Mas quem cair nesse artigo é obrigado a ser valente
Até hoje ainda me lembro o nome do vapor
Que nós fomos conduzidos do Rio à São Salvador
Seiscentos homens e armas fomos tomando o interior
Pra honrar a nossa farda e mostrar nosso valor
Fomos todos equipado pra garantir um doutor
Que no Estado da Bahia queria ser governador
Conheci muitos lugares no navio de passagem
Fui ver coisas que eu não via se não fosse esta viagem
Nós fizemos na Bahia quinze dias de paragem
Muitos lá até chorava vejam que grande bobagem
Quando a pátria nos chama deve ir e ter coragem
Assim como eu também fui e fui feliz na minha viagem
As Três Cuiabanas
Eu nasci numa data feliz, bem depois do dia dezesseis
Por eu ser um menino sem pai fui criado com titio Inês
Titio era cuiabano nesta lida também me criei
Ele era criador de gado no seu regime me acostumei
Tinha laço couro de mateiro não escapava uma rês do mangueiro
Eu deixava correr trinta dias por mês
Fiz viagem pra Mato Grosso na comitiva de um calabrês
Titio me deu um burro pampa que atendia por nome truquês
Fui tirado da tropa Rio Grande outra escolha melhor não achei
Eu deixei pra mostrar minha ciência quando lá em Mato Grosso eu cheguei
Eu bambeei as rédeas do pampa e o laço pegou pelas guampas
Berrava na chincha o zebu javanês
Tinha três mocinhas na janela, Jovilhana, Clarice e Inês
Uma delas tava me gavando paulistinha ainda surra vocês
Cuiabanos quiseram achar ruim o meu trinta na cinta eu bambeei
Pra mostra minha ciência melhor por capricho o mestiço eu soltei
Ele tinha as guampas revessa e o laço escapou da cabeça
Pelas duas mãos eu lacei outra vez
O patrão me chamou lá pra dentro eu entrei com meu jeito cortês
Eu entrei no salão de visita lá fiquei rodeado das três
Perguntou qual era a mais bonita veja só que apuro eu passei
Respondi todas três são iguais fui do jeito que eu desapurei
A mais velha é uma flor do campo, a do meio é um cravo vermelho
A mais nova é uma rosa quando esta de vez
Na hora da despedida foi preciso eu falar português
O meu coração ficou roxo foi da cor de um alho chinês
Eu deixei pra dar meus três suspiros quando o Porto pra cá atravessei
As meninas me escreveram carta brevemente a resposta eu mandei
Vou tomar a minha sorocabana quero ver as três cuiabanas
Quero ver Jovilhana, Clarice e Inês
Músicas do álbum Zé Carreiro E Carreirinho - 78 RPM 1959 (CABOCLO CS-159) - (1959)
Nome | Compositor | Ritmo |
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Patriota | Carreirinho | Moda De Viola |
As Três Cuiabanas | Zé Carreiro | Moda De Viola |