Amigo Fiel (GTLCD 169) - (1995) - Abel e Caim

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Coração dividido
Viajando certo dia lá pras bandas da fronteira
Via uma morena linda inteirinha cor matadeira
Por ela me apaixonei e soluço a vida inteira
Mato Grosso, Mato Grosso só você é o culpado
De um dia ter criado a mestiça brasileira

Mato Grosso, Mato Grosso não sei como vou fazer
Dividi meu coração entre São Paulo e você

Na hora da despedida a morena me falava
Que se apaixonou por mim e que sempre me esperava
Fez-me até um juramento que comigo se casar
Mato Grosso, Mato Grosso só você é o culpado
Em deixar apaixonado um coração que não amava

Mato Grosso, Mato Grosso não sei como vou fazer
Dividi meu coração entre São Paulo e você
Dividi meu coração entre São Paulo e você

Amigo fiel
Há muitos anos guardo ainda na memória
Me contaram uma história que de fato aconteceu
De um menino muito humilde pobrezinho
Ele tinha um cachorrinho que era grande amigo seu

Não separava por onde o menino andava
O cachorro vigiava com bastante atenção
Até na escola ele lhe acompanhava
Quando o menino estudava esperava no portão

Um certo dia o menino não esperava
Que a morte lhe rondava foi cruel a sorte sua
Saiu da escola com o cachorro ao seu lado
Ele foi atropelado no atravessar a rua

Ele morreu no mais triste sofrimento
O cãozinho no momento se livrou deste perigo
Uivava triste como querendo dizer
Que acabava de perder para sempre seu amigo

E quando os pais do menino ali chegaram
No asfalto encontraram o seu filhinho caído
Sofreram muito quando viram ao seu lado
Que ali estava deitado o seu cachorro querido

Lá no velório apesar de muita gente
O cão estava presente encolhido ali num canto
A triste hora que aquele enterro saiu
O caixão ele seguiu até lá no campo santo

Logo em seguida que o funeral terminou
O cachorro lá ficou e ali permaneceu
Passou a noite quando foi no outro dia
E cima da cama fria o cachorrinho morreu

É essa a história do cachorro e o menino
Que tiveram em seus destinos este mistério profundo
Que até a morte não conseguiu separar
E os dois foram morar no além do outro mundo

Moda dos trinta
Tive trinta namoradas com trinta pai eu falei
Já tive trinta noivado e ainda não me casei
Com esse meu vai e vem de trinta sogra escapei
Se ainda eu tô solteiro por que razão eu não sei

Trinta anos que trabalho, trinta patrão eu mudei
Fui buscar trinta boiada e todas as trinta entreguei
O estado de Mato Grosso por trinta vezes eu cortei
Com fé em Nossa Senhora nas trinta viagem cheguei

Já tive umas trinta brigas nenhuma vez apanhei
Cheguei na delegacia, mas nunca preso fiquei
Só brigo tendo razão por que respeito a lei
Entrei em trinta questão mas todas as trinta ganhei

Há trinta anos viajo, a minha terra eu deixei
Em todo lugar que passo boa amizade encontrei
Fui trinta vezes padrinho, trinta afilhado arranjei
Fui trinta vezes na igreja, trinta cristão batizei

Com trinta anos de luta agora que descansei
Cansado de correr mundo pra minha terra eu voltei
Na armadilha do amor trinta vezes eu escapei
Não gosto de viver preso por isso não me casei

Pão de fumaça
Nunca vi na minha vida uma situação tão feia
Quem pode comprar sapato não pode comprar a meia
No dia do pagamento eu dou pulo que nem gato
Eu não posso comprar meia, quanto mais comprar sapato

Quem pode comprar o leite, não pode comprar o pão
Quem pode comprar o arroz, não pode comprar o feijão
Quem almoçava e jantava na barriga deu um nó
Faça idéia minha gente quem comia uma vez só

O feijão e farinha já sumiu da minha vista
Frango assado e leitoa eu só vejo é na revista
O que eu vou dizer agora todo mundo acha graça
Meu vizinho faz churrasco eu passo o pão na fumaça

O homem que é solteiro não tem botão na camisa
Por isso que ele casa da mulher ele precisa
Mas depois que ele casa veja só a situação
Coitado não tem camisa pra mulher pregar botão

Bolo de terra
A história que eu vou contar deixa a gente arrepiado
Este fato aconteceu há muito tempo passado
Uma mulher pobrezinha vivia no povoado com sua única filha
O que restou da família, o fruto do bem amado

A pobre mãe disse à filha olhando no calendário
Hoje é um dia especial, você faz aniversário
A menina disse à mãe já esta no meu horário
Quando eu voltar da escolinha 
Quero um bolo mamãezinha capriche bem no preparo

Pra fazer aquele bolo a mãe pegou a pensar
Como agradar minha filha se nada posso comprar
Só Deus e Nossa Senhora poderá me ajudar
Mas quem tem fé não erra
Preparou um bolo de terra, pôs no forno para assar

Nisso chegou uma velhinha a mulher mandou entrar
Pedindo um copo com d'água, ela então foi buscar
Quando votou cm a água a velha pôs-se a falar
Veja como esta cheirando
O bolo que está assando cuidado pra não queimar

A mulher disse é um milagre, abraçou a velha chorando
Pois era um bolo de terra que no forno estava assando
Pra festa de aniversário pra filha que tanto amo
A velhinha disse não chora 
O pedido da senhora Jesus tava te escutando

Natureza
Olha seu moço como é linda a natureza
Do sertão quanta beleza que Deus fez pra gente ver
A luz da lua sobre as águas refletidas
Tem uma cor parecida como as flores do ipê

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci

Olha seu moço a cachoeira murmurando
A cerração levantando bem lá na curva do rio
O João de barro fez seu ninho bem forrado
Para dormir sossegado quando é noite de frio

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci

Olha seu moço um sertanejo cantando
Suas queixas revelando ao amigo violão
Com muito orgulho eu lhe digo face a face
É aqui também que nasce a poesia e a canção

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci
Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci 

Quarto de saudade
Quando eu entro em nosso quarto de saudade
Minha tristeza se transforma em agonia
Ao contemplar nós dois juntinhos no retrato
Na cabeceira da nossa cama vazia

Sem você a minha vida não é vida
O nosso lar sem você ficou vazio
Eu não consigo mais dormir aqui sozinho
O nosso leito sem você ficou tão frio

Amor esta casa ainda é sua, 
E você continua sendo minha ilusão
Volte viver de novo ao meu lado
Seu lugar esta guardado em meu coração

Relíquias de amor
Quem tiver uma fotografia
Um retrato qualquer bem guardado
Com palavras de alguém que um dia
Pôs o seu nome autografado

E a lembrança de um beijo
De quem amou com ardor
Deve guardar com carinho
Por que são relíquias de amor

Um anel ou uma medalha
Seja ela de ouro ou metal
O perfume de uma cartinha
Ou um lindo cartão de Natal

Um lenço com o nome bordado
Que já perdeu sua cor
Conserve por toda a vida
Por que são relíquias de amor

Uma carta de amor que nos fala
Com carinho de quem escreveu
Um versinho feliz que embala
O amor que tão puro nasceu

As juras que foram trocadas
Num lindo jardim em flor
Guarde em seu pensamento
Por que são relíquias de amor 

Batistinha
Conheci o Batistinha no tempo que fui peão
Viajamos muito tempo tirando boi do sertão
Pra laçar um pantaneiro Batista era dos bão,
Também era respeitado no lombo de um pagão

Ele tinha por estima um bom cavalo arreado
Um berrante rio-grandense com o seu nome gravado
O seu cachorro Gavião não saia do seu lado
Três vidas bem diferentes num só destino traçado

A nossa última viagem até hoje eu estou lembrado
Nas vinha de Aquidauana pra Barretos destinado
Chagando no Porto Quinze, um boi ficou arribado
Pra ir buscar o mestiço Batistinha foi mandado

A noite foi se passando e ele não aparecia
Meu coração palpitava qualquer coisa pressentia
No outro dia bem cedo logo a notícia corria
Do uivar de um cachorro lá muito longe se ouvia

Juntamos a peonada pra procurar o peão
Na beira do pantanal vi seu cachorro Gavião
Ali terminava o rastro do seu cavalo alazão
O berrante em cima d'água foi que trouxe a solução

O seu cavalo afundou naquele brejo atolante
Levando seu cavaleiro pra outro mundo distante
Não encontramos o corpo, mas a certeza é bastante
Sei que era o Batistinha pela marca do berrante

O sonho
Sobre as ondas frias de mar imenso 
Sonhei com você num barco a navegar
Admirando as espumas brancas
Que as ondas fazem ao se encontrar

De repente surge a maré bravia
E fez o barquinho naufragar
Forte correnteza a levou nas águas
Eu fiquei na praia seu nome a chamar

Ao ver seus cabelos sumindo nas águas o quanto chorei
Corri pela praia seu nome chamando, gritando, gritando e assim acordei

Acordei chorando a senti as lágrimas
Correndo em meu rosto em horizontais
Como quem indica o caminho certo
Por onde partiu e não voltou mais

Nesse mar da vida eu sou um barco velho
Que sem ter destino ancorou no cais
Esse pesadelo de sonhos malditos
Foi o resultado de te amar demais

Ao ver que era um sonho um sonho de amor que seu amor me fez
Olhei seu retrato triste recordando chorando, chorando dormi outra vez

Pinha no pinheiro
O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Arrasta pé dá em Minas lá em Minas dá mineiro
Uê uai Lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro

Sou violeiro, catireiro e forgazão
Cantador de profissão viajando como o que?
Vou em fandango, danço tango e se tiver
Um gostoso arrasta pé eu danço até o amanhecer

O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Arrasta pé dá em Minas lá em Minas dá mineiro
Uê uai Lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro

Estou pensando e matutando sobre a rosa
Uma cabocla formosa natural de Guaxupé
Já fiz meus planos e até no fim do ano 
Com a Rosa eu junto os panos vamos ter arrasta pé

O pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro
Arrasta pé dá em Minas lá em Minas dá mineiro
Uê uai Lá em Minas dá mineiro
E o pinhão dá na pinha e a pinha no pinheiro

Lugar dos meus sonhos
Vou procurar um lugar bem alto 
Onde a inveja não consiga chegar
Vou construir lá um outro mundo 
Onde nada possa me atacar

Quero viver longe da maldade 
Da falsidade, tristeza e dor
Tenho nas mãos o que sonhei na vida 
Valendo mais que o maior valor

Pra onde vou também vai ter o sol 
Pra onde vou também vai ter a lua 
Carinho vai ser minha casa 
Alegria vai ser minha rua 

Quando eu chegar no lugar dos meus sonhos
Não vou querer nem olhar pra traz
Para não ter tanto sofrimento 
Me judiando e roubando a paz 

Foi como espinho me ferindo a alma 
Que consegui apanha minha flor 
Só vou levar nesta minha mudança 
Felicidade, paz e muito amor

Pra onde vou também vai ter o sol 
Pra onde vou também vai ter a lua 
Carinho vai ser minha casa 
Alegria vai ser minha rua 

Berrante assassino
Na minha sala de pintura amarela 
Representando a florada do ipê do meu sertão 
Conservo ainda um berrante volteado 
É lembrança do passado do meu tempo de peão, ai

Desde pequeno só viajei com boiada 
Passei meses na estrada de alegria e desengano 
E deste caso bem me lembro como foi 
A façanha de um boi que chamava Soberano, ai

Faz muito tempo, mas o mês ainda lembro
Foi bem no fim de setembro quando a boiada estourou 
Lá em Barretos meio dia escureceu 
O Soberano venceu um garotinho ele salvou, ai

O seu paizinho comprou ele da boiada 
Levou pra sua invernada que de velhinho morreu 
O filho moço correu o Brasil inteiro 
Procurando o boiadeiro e o chifre do boi lhe deu, ai

Eu deste chifre mandei fazer um berrante 
Para ser meu ajudante nos transporte de boiada 
O mesmo chifre que salvou este menino 
É o berrante assassino desta saudade malvada, ai

Folha da espada
Morena dos olhos pretos da sobrancelha serrada
Há tempo não vejo mais rosa branca serenada
O tempo que eu te amei levava a vida contada
Não respeitava chuva e nem noite de geada
Hoje nada me conforta sua saudade me corta parece folha de espada

Morena voz não se lembra da nossa vida passada
Lá na sombra da jaqueira onde você era beijada
Que seu pai um dia viu pra me matar não faltou nada
Precisei usa um truque com a mania marcada
Na hora virei um rei seu pai meu jogou um três eu matei com o ás de espada

Morena por te amar minha penas são dobradas
Eu não posso resistir a dor que meu peito guarda
Meu sangue ferve nas veias, meu coração muda a pancada
A tristeza com a saudade no meu peito fez morada
Meu viver não tem mais jeito a saudade fere o peito parece folha de espada

Eu recebi sua carta com notícia que me agrada
E só mesmo desse jeito que minha dor será aliviada
Amanhã vou te buscar, vou fazer uma madrugada
Na garupa do meu baio é que você vem montada
Nem que seja pra morrer ou ver meu sangue correr sobre a folha da espada

Músicas do álbum Amigo Fiel (GTLCD 169) - (1995)

Nome Compositor Ritmo
Coração Dividido Geraldo Meireles / Fico Rasqueado
Amigo Fiel Mairiporã / Pardinho Rojão
Moda Dos Trinta Anacleto Rosas Júnior / Ivo Signorini Cateretê
Pão De Fumaça Lourival Dos Santos / Piraci Samba Caipira
Bolo De Terra Abel / Piracelmo / Almezino Moda de Viola
Natureza Dino Franco Toada
Quarto De Saudade Abel / José Homero Guarânia
Relíquias De Amor Tuta / Nelson Gomes Valsa
Batistinha Sulino / Teddy Vieira Moda de Viola
O Sonho Jack / Caim Guarânia
Pinha No Pinheiro Caim / Júlio Paiva Arrasta-pé
Lugar Dos Meus Sonhos Paraíso Arrasta-pé
Berrante Assassino Oscar Martins / José Correa Moda de Viola
Folha Da Espada Anízio Teodoro / Abel Moda de Viola
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