No Pantanal (CONTINENTAL 107405457) - (1990) - Almir Sater

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Chalana
La vai uma chalana bem longe se vai
Navegando no remanso do rio Paraguai
Oh! Chalana sem querer tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas vai levando meu amor

E assim ela se foi Nem de mim se despediu
A chalana vai sumindo na curva lá do rio
E se ela vai magoada eu bem sei que tem razão
Fui ingrato Eu feri o seu pobre coração
Oh! Chalana sem querer tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas vai levando meu amor

Boieiro do Nabileque 
Vai boieiro, rio abaixo
Vai levando gado e gente
O sal grosso e a semente
Eh! porto de Corumbá

Um amor toda beleza
Como um canto de nobreza
Deslizar na veia d'água
Eh! rio Paraguai

Rio acima, peixe-boi
Passarada, matagal
Véio bugre entoando
Seu antigo ritual pantaneiro

Missões Naturais
Vou nas asas dessa manhã e bons tempos me levarão
Pra Pará, Goiás, Minas Gerais e Maranhão
Vai, como quem pra guerra, vai que depois eu vou com você
Para além daqui, além dali, além de lá

Êta destino mais atrevido seguir em seguir, seguindo
Por aí feito um cigano 
Eu aprendi a ver esse mundo com meu olhar mais profundo
Que é o olhar mais vagabundo

Eu ando pelas estradas
Quem sabe a gente já se viu
Por aí, um dia, quem sabe

Nessa vida tudo se faz sob três missões naturais
Primeiro nascer, depois viver e aprender
Só o aventureiro é capaz de partir e não voltar mais
Se realizar, depois sonhar, então morrer

Disse meu pai não lhe digo menino você há de aprender com os sinos
Qual o rumo, qual a direção
E disse o sino alegria garoto esse pai será sempre o seu porto
Não se acanhe se houver solidão

Eu ando pelas estradas
Quem sabe a gente já se viu
Por aí, um dia, quem sabe

Capim de Ribanceira
É madrugada e eu na beira da estrada
A lua cheia minguada e de repente apareceu
Um cavaleiro de bota e chapéu de couro
Me lembrando um velho mouro lá fiquemo ele mais eu

Cruzou os pés, apeou do seu cavalo
Deixou a relha no talo de uma roseira sem flor
Diz que seguia pelo mundo solitário
E quebrava todo galho apartando toda dor

Quem não ouviu falar quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

Enquanto o bule de café bulia a brasa da fogueira
Refletia o seu olhar, eu pude ver
Que ele sabia coisa até do outro mundo
E essa noite eu fui aluno do seu estranho poder

Com sete ponta duma rama trepadeira
E um ramo de aviteira o meu corpo ele tocou
Naquele instante me bateu uma zonzeira
E duma tosse cuspideira o velhinho me livrou

Quem não ouviu falar quem não quis conhecer
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira
Aquele cavaleiro que vive pela fronteira
Divulgando a reza brava do capim de ribanceira

Estradeiro 
Bota de couro surrada cheiro de boi ou viola
Sonhos guardados na mente com lábios de doce melaço
Pra todo canto que fosse vivendo da cantoria
Muito mais que dinheiro buscava farra e forria

Não quis ser o melhor sossego trago de longe
Não sou louco poeta nem sou profeta ou monge

Mas viajar, viajei
Viajar, viajei, viajar, viajei

Carro de boi litorina lombo de burro baguá
Apeava em Porto Esperança e pegava uma barca de tranças
Remando pro Pantanal
Cantava em festas de reis puxando a romaria
Cantei ao velho peão fiz versos pra burguesia

E de quando em quando o dono das terras falava
Fique violeiro, pois tem dinheiro e pousada

Mas viajar, viajei
Viajar, viajei, viajar, viajei

Um Violeiro Toca
Quando uma estrela cai no escurão da noite
E um violeiro toca suas mágoas
Então os olhos dos bichos vão ficando iluminados
Rebrilham neles estrelas de um sertão enluarado

Quando o amor termina perdido numa esquina
E um violeiro toca sua sina.
Então os olhos dos bichos vão ficando entristecidos
Rebrilham neles lembranças dos amores esquecidos

Quando o amor começa, nossa alegria chama
E um violeiro toca em nossa cama
Então os olhos dos bichos são os olhos de quem ama
Pois a natureza é isso, sem medo, nem dó, nem drama

Tudo é sertão, tudo é paixão, se um violeiro toca
A viola, o violeiro e o amor se tocam
Tudo é sertão, tudo é paixão, se um violeiro toca
A viola, o violeiro e o amor se tocam

Rasta Bonito
Se proteja moço que essa noite o frio
Vem cortando a alma vem que vem no cio
Vão se ouvir ao longe um mundo de gritos
Da dança dos lobos o rasta bonito

Se você conhece você é um lobo
Que saiu das matas pra jogar o jogo
Mas na lua cheia você fica aflito
Sai na janela e uiva bonito
Iêiêêêêêêêê....

Ao bater a noite seu olhar em brasa
Olha para a lua no teto da casa
Um neon na mesa o som nas alturas
Você vira um bicho e o rasta te cura
Iêiêêêêêêêê....

O temor amigo é um mito antigo
Tanto tempo faz que a gente se arrepia
Alma do outro mundo gosta é de poesia
Dos bares da moda e de muita folia

Pode ser agora pode ser um dia
Pode ser jamais e você não sabia
Que nas sextas-feiras das noites aflitas
As bruxas possuem as moças bonitas
Iêiêêêêêêêê....

Semente 
Atirei minha semente na terra onde tudo dá
Chuva veio de repente carregou levou pro mar
Quando as águas foram embora plantei sonhos no chão
Mais demora minha gente ter na hora um verde puro
Ou dar fruto bem maduro um pomar

Meu adubo foi amor, esperança o regador
Bem na hora da colheita lá se vai a ilusão
Foi geada e a seca me queimando a floração

Me doeu a impotência diante da sorte má
Então eu fiz paciência bem maior do que o azar
Convoquei os meus duendes pra fazer mutirão
Logo um toque de magia passou de mão em mão

Esse ano com certeza desengano vai ter fim
Natureza tem seus planos Mas não sabe ser ruim
Tão seguro quanto o ar ser mais quente no verão
Da semente sai futuro nem que seja temporão

Boiada
Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada
Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada
E sumiram lá na curva, na curva da vida, na curva da estrada

E depois dali pra frete, não se tem notícias, não se sabe nada
Nada que dissesse algo de boi, de boiada, de peão de estrada
Disse um viajante, história mal contada
Ninguém viu, nem rastro, nem homem, nem nada

Isso foi há muito tempo, tempo em que a tropa ainda viajava
Com seus fardos e pelegos no rangeu do arreio ao romper da aurora
Tempos de estrelas cadentes, fogueiras ardentes, ao som da viola
Dias e meses fluindo, e o destino seguindo, e a gente indo embora

Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história
E até hoje em dia quando junta a peãozada
Coisas assombradas, verdades juradas
Dizem que sumiram, que não existiram ninguém sabe nada

Ele foi levando boi, um dia ele se foi no rastro da boiada
A poeira é como o tempo, um véu, uma bandeira, tropa viajada
Foram indo lentamente, calmos e serenos, lenta caminhada
Dias e meses seguindo, e o destino fluindo, e a gente indo embora

Isso tudo aconteceu no fato que se deu, faz parte da história
E até hoje em dia quando junta a peãozada
Coisas assombradas, verdades juradas
Dizem que sumiram, que não existiram

Flor do Amor 
Lua cheia e viola ponteada
Eu comparo a rosa sem espinho
Trago o vinho e vai começar a ceia
Suas teias da baba da aranha
Me assanha essa tal moça bonita
Ai! No meu peito brota aflita
A flor do amor, ai! a flor do amor

Madrugada o orvalho vai caindo
Rega o verde que forma minha vida
Pico a ponta do seio da menina
Me alucina o prazer de ver crescer a flor do amor
A flor do amor, ai! a flor do amor

Pro encanto ou magia me esvazia o coração
Meio dia o sol abriu quando chego na estação
Tava todinha arrumadinha tinha sacola na mão
Na mesma hora fui embora pra não ter que ver morrer
A flor do amor, ai! a flor do amor
Ai! Ai! A flor do amor

Músicas do álbum No Pantanal (CONTINENTAL 107405457) - (1990)

Nome Compositor Ritmo
Chalana Mário Zan / Arlindo Pinto
Boiero do Nabileque Almir Sater / João Bá
Missões Naturais Almir Sater / Renato Teixeira
Capim de Ribanceira Almir Sater
Estradeiro Almir Sater
Um Violeiro Toca Almir Sater / Renato Teixeira
Rasta Bonito Almir Sater / Renato Teixeira
Semente Almir Sater / Paulo Simões
Boiada Almir Sater / Renato Teixeira
Flor Do Amor Almir Sater
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