Viola E Violão (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9005) - (1967) - Bambico e Bambuê

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Ninguém pode negar a subida vitoriosa da música sertaneja nos últimos tempos, pois aí estão para provar a veracidade de nossas palavras, as canções premiadas nos recentes festivais da música popular brasileira, todas, elas, músicas que falem das coisas simples do nosso sertão, tendo como tema, o homem da terra; o nosso cabloco. A cada dia que passa, a canção-cabocia, O Lari Larai vai se projetando de forma cada vez mais acentuada, graças aos valores já consagrados, e nos novos que surgem, tais quais soldados entricheirados, empunhando não o fuzil, arma de guerra, mas a viola, simbolo de paz, de alegria e patriotismo.

A CONTINENTAL tem sido através dos tempos, a gravadora responsável pelo lançamento de novos cartazes da música sertaneja. Agora, a etiqueta do SININHO nos traz uma nova dupla, dois autênticos e capacitados valores, cuja descoberta se deve à dupla famosa de compositores LOURIVAL DOS SANTOS e MOACYR DOS SANTOS, que cuidadosamente, com um carinho todo especial, cuidaram da formação da dupla, da preparação do repertório que integra este long-playing que agora chega às suas mãos, trazendo-lhe
BAMBICO E BAMBUÊ - OS MENINOS DO LARI LARAI

Bambico, veio de Presidente Prudente, capital da alta Sorocabana. Bambuê, é de Matão a terra que inspirou a linda valsa, mas reside em São Paulo,há algum tempo. Aqui se conheceram. Aqui formou-se a dupla que por sua capacidade, por sua qualidade artística tudo tem a intesressar. É um nóvo valor que surge no cenário artístico do Brasi, conduzindo a bandeira verde é amarela do Lari Larai, levando através de suas vozes harmoniosas um punhado de gostosas canções para o deleite musieal de nosso povo.
 
Temos certeza de que êste long-playing que marca a estréia no disco e na CONTINENTAL de BAMBICO E BAMBUÉ será um sucesso marcante, como prova maior da capacidade do departamento artistico sertanejo, a cargo do Sr. MILTON CHRISTOFANI, e da sagacidade artística de Lourival dos Santos e Moacyr dos Santos, que são os padrinhos artísticos dos MENINOS DO LARI LARAI, e sob cuja batuta foi  selecionado o repertório que você vai ouvir, como amante da música regional brasileira.  Nossos augúrios de muito sucesso à nova dupla que surge com horizontes tão claros e amplos, com porta do sucesso assim tão escancarada,
Nossos parabéns maís uma vez à Gravadora CONTINENTAL.
E a Você por ter adquirido êste long-playing nossos cumprimentos, pois você sabe o que é bom.
AUGUSTO TOSCANO (O HOMEM DO LARI LARAI)

Olhando para o céu
Olhando para o céu onde a crença nos conduz
Vejo um lindo firmamento todo coberto de luz
Depois que o filho de Deus morreu pregado na cruz
Lá no céu ficou os sinais da vida e morte de Jesus, ai, ai, olé-rarai

Olhando para o céu numa noite estrelada
Vejo lá no infinito mancha branca esparramada
São sinais de amargura daquela triste jornada
Essas manchas são o pranto da Senhora Imaculada, ai, ai, ole-rarai

Olhando para o céu vejo o cruzeiro estrelado
É mais um grande sinal que deve ser respeitado
Os sinais que estão no céu têm o seu significado
O cruzeiro representa o Senhor crucificado, ai, ai, ole-rarai

Olhando para o céu quando vem rompendo o dia
Vejo a linda estrela Dalva que veio servir de guia
Foi por ela que os reis magos descobriram a estrebaria
Nesse lugar tão humilde que o Rei dos reis nascia

Jesus quando morreu, morreu para nosso bem
Naquele dia tão triste o céu chorou também
Houve chuva e trovoada estremeceu Jerusalém
São sinas que hoje existem para sempre no além

Fundanga
Bota fogo na fundanga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim

Um dia desse eu briguei com a minha namorada
Tem gente queimando vela pra roubar a minha amada
Feiticeiro trabalhou até alta madrugada
Encontrei o seu lencinho jogado na encruzilhada

Coitadinha sofre tanto não esquece um só momento
Se eu perder os seus carinhos vai dobrar meu sofrimento
Feiticeiros querer ver fim do nosso casamento
Sofre eu e sofre ela é grande o padecimento

Bota fogo na fundanga tira esse mal de mim
Fumaça benta que sobe traz o meu amor pra mim

Qualquer dia vou baixar naquela famosa aldeia
Quero dar tantas pancadas que os caboclos desnorteiam
E o bando de feiticeiro eu vou cortar de correia
Depois quero que a polícia leve todos pra cadeia

Esta luta eu não perco vou com Deus no coração
Tenho fé no meu São Jorge tenho fé no pai João
Vou tirar o meu benzinho dessa grande confusão
E colocar aliança no dedo de sua mão
Bota fogo na fundanga tira esse mal de mim

Amor desencontrado
Não consigo esquecer de uma dona
E ela de mim não esquece
Sofremos os dois iguais
Eu padeço e ela padece
Quanto mais o tempo passa
A paixão no peito cresce

Sofreu e sofre ela, sofre ela e sofre eu
Filha minha tem o nome dela
Filho dela tem o nome meu

Ela se casou com outro
Com outra também me casei
Ela de mim não esquece
E dela não esquecerei
Proibir de nós se amar 
Neste mundo não tem lei

Sofreu e sofre ela, sofre ela e sofre eu
Filha minha tem o nome dela
Filho dela tem o nome meu

Degrau da glória
Só defendo o que é nosso, mais uma vez eu confesso
Nosso povo sertanejo também tem o seu congresso
Num país civilizado só pode morar o progresso
Pra mente dos violeiros mora sempre o sucesso
Nos lugares que eu passei só saudade eu deixei
E estão pedindo o meu regresso

Com moda selecionada estou sempre no programa
Transmitindo a esperança ao coração de quem ama
Neste peito de caboclo mora uma voz que se inflama
Eu moro embaixo do céu onde os ouvintes me chamam
Minha vida é um paraíso sempre tive bom juízo
Eu zelo por minha fama

Minha voz é uma mensagem a viola é uma bandeira
Que fez o lari-larai atravessar a fronteira
Considero os meus ouvintes, gente boa hospitaleira
Minha fama está correndo nesta terra brasileira
Com este pagode novo apoiado pelo povo
Transponho qualquer barreira

Não tenho morada certa corro o mundo igual ao vento
A luz que me ilumina mora lá no firmamento
Meu sangue de violeiro já veio de nascimento
O folclore brasileiro na viola eu represento
Já tenho muitas vitórias ganhei o degrau da glória
Com Deus no meu pensamento

Brasilidade
Com minha viola nos braços mostro que sou brasileiro
E que vivo satisfeito nesse chão hospitaleiro
No campo da melodia o Brasil é o primeiro
As nossas lindas canções tem valor no mundo inteiro
Elas são apreciadas até pelos estrangeiros

Na alma do sertanejo lari-larai tem raiz 
Dar valor ao que é nosso sempre foi o que eu fiz
Na nossa linda bandeira ordem e progresso diz
Lembrando estes dizeres que simboliza o país
Neste chão da minha terra eu vivo muito feliz

Quanta modinha bonita por aí vive perdida
Nasceu com tanta nobreza, mas foi logo destruída
Na hora de divulgar ela não foi defendida
E hoje está num livro uma página esquecida
Uma flor que tem perfume, mas não chega a ser colhida

Melodia brasileira só precisa de união
Acabar com esta guerra de irmão contra irmão
Do norte a sul, leste oeste do nosso grande torrão
Todo folclore é bonito merece admiração 
Por isso companheirada vamos unir nossas mãos

O cabelo da menina
Cabelo preto você sabe que eu te amo
Cabelo loiro sabe que eu te quero bem
Cabelo loiro você sabe que eu te amo
Cabelo preto sabe que eu te quero bem
Gosto do cabelo preto, gosto do cabelo loiro
E do castanho também

Minha menina você é minha esperança
Menina linda eu vou te mandar lembrança
Eu gosto do seu cabelo que o vento bate e balança
Não faz mal que seja liso não faz mal que tenha cacho
Não faz mal que tenha trança

Cabelo preto você sabe que eu te amo
Cabelo loiro sabe que eu te quero bem
Cabelo loiro você sabe que eu te amo
Cabelo preto sabe que eu te quero bem
Gosto do cabelo preto, gosto do cabelo loiro
E do castanho também

Em outras terras que eu chego sou estranho
Menina linda com meus olhos acompanho
Se o cabelo for bonito não tem cor nem tem tamanho
Não faz mal que seja preto, não faz mal que seja loiro
Não faz mal se for castanho

Cabelo preto você sabe que eu te amo
Cabelo loiro sabe que eu te quero bem
Cabelo loiro você sabe que eu te amo
Cabelo preto sabe que eu te quero bem
Gosto do cabelo preto, gosto do cabelo loiro
E do castanho também

Porta aberta
A porta da minha casa já não vive mais fechada
Porque voltou para mim a minha mulher amada
Voltou pedindo perdão você está perdoada
Nossa casa que era triste de tristeza não tem nada

Agora eu sou feliz falo com sinceridade
Lá na casa dos seus pais não suportou a saudade
Pois ela voltou chorando me beijou com ansiedade
Agora voltou de novo a nossa felicidade

Agora eu tenho calor dos beijinhos desse alguém
Não vivo desamparado neste mundo sem ninguém
Eu fui ao altar de Deus e junto levei meu bem
A igreja estava aberta pra ela e pra mim também

Novamente sou feliz vivendo juntinho assim
Não preciso embriagar-me minha dor chegou ao fim
Pode até ficar fechada as portas do botequim
Este mundo que era triste sorriu de novo pra mim

No drama feliz da vida desempenho meu papel
Todas portas se abriram já não vivo mais ao léu
Quando nós deixar o mundo vai ser um dia cruel
Peço à Deus que leve nós pra um cantinho do céu

Loira tem dó de mim
O loira tem dó de mim me mate bem devagar
O loira tem dó de mim me mate bem devagar
Não me mate de uma vez que eu nasci para te amar
Não me mate de uma vez que eu nasci para te amar

A beleza desta loira é paixão pra muita gente
Se eu morrer por causa dela juro que morro contente
Seu cabelo é cor de ouro, seu cabelo é de menina
Da cabeça até os pés esta loira é jóia fina
É ouro bom, diamante e platina
É ouro bom, diamante e platina

O loira tem dó de mim me mate bem devagar
O loira tem dó de mim me mate bem devagar
Não me mate de uma vez que eu nasci para te amar
Não me mate de uma vez que eu nasci para te amar

A idade desta loira eu não conto pra vocês
Ela já passou dos vinte parece ter dezesseis
O seu amor é difícil, mas um dia eu consigo
A loirinha é bonita trabalha junto comigo
Por causa dela, já tenho inimigo
Por causa dela, já tenho inimigo

Casa pequena
A morena mais bonita era da casa pequena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena
Ela é grande na beleza perto dela eu sou pequeno
Parece um botão de rosa molhadinho de sereno

A morena mais bonita era da casa pequena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena

Nunca vi na minha vida tão bonita criatura
Ela tem sangue estrangeiro não é brasileira pura
O amor não tem fronteira nosso sangue se mistura
A morena vai ser minha não adianta estar segura

A morena mais bonita era da casa pequena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena

Minha obrigação agora é levar ela nas alturas
Da cabeça até os pés ela só tem formosura
Seu cabelo é todo preto tem a cor da noite escura
Tem vinte de tornozelo tem sessenta de cintura

A morena mais bonita era da casa pequena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena

A morena vai ser minha e eu não quebro a minha jura
Ela vindo em meus braços termina a minha amargura
Os seus lábios tem açúcar ganha da manga madura
Vou beijar aqueles lábios residência da doçura

A morena mais bonita era da casa pequena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena
Eu estou apaixonado tenha dó de mim morena

Por favor
Sem favor ninguém não vive porque dele alguém precisa
A palavra, por favor, veja o quanto simboliza
Eu devo favor até para o pano da camisa
Pra água que a gente bebe e pra terra que a gente pisa

Eu devo favor ao pobre e ao povo de posição
Para o sol e para a lua que ilumina a imensidão
Para o vento que refresca pra chuva que molha o chão
Eu devo favor também pras águas do ribeirão

Eu devo favor a quem me agrada com seu beijo
Para luz dos olhos meus por tudo aquilo que eu vejo
Para o povo da cidade para o povo sertanejo
Eu devo favor também pra viola que eu manejo

Eu devo favor à Deus por eu ser feliz assim
Eu devo favor às flores que perfumam o meu jardim
Eu devo favor à vida que me leva para o fim
Eu devo favor à que deu a vida para mim

Retirada
Quando deixei meu rincão a tristeza lá ficou
A roseira não floriu meu canário não cantou
Com o pranto das campinas vêm as mágoas do sertão
Fiz um colar de tristeza coloquei no coração

Eu vim pra cidade grande melhor vida eu vim buscar
Meus filhos passando fome sem escola pra estudar
A cabeça revirando com vontade de voar
A saudade me venceu e agora eu vou voltar

Vou fazer a retirada do sertão regressar
Levo a tristeza no peito, mas eu hei de me vingar
O homem que é da terra na terra tem que ficar
Quem nasceu para centavo, cruzeiro não vai chegar

Quero ver minhas campinas novamente se alegrar
E o sol da liberdade lá no meu rancho brilhar
Quero o roseiral florido de canários a cantar
E o colar de tristeza do coração vou tirar

Laço do amor
Com um laço eu laço um boi 
O boi com um laço eu laço
A mulher que eu quero bem
Eu laço com os meus braços

Laçador eu sempre fui 
Eu fui sempre laçador
Hoje em dia estou laçado
Nos braços do meu amor

Do cipó também faz laço
Já fiz laço de cipó
Quando laço uma morena
Meu coração dá um nó

Vivo feliz e contente
Vivo contente e feliz
Quem me laçou eu queria
Me laçou quem sempre eu quis

Músicas do álbum Viola E Violão (CABOCLO-CONTINENTAL CLP 9005) - (1967)

Nome Compositor Ritmo
Olhando Para O Céu Moacyr dos Santos / Nenete Cururu
Fundanga Moacyr dos Santos / Zé Claudino Embolada
Amor Desencontrado Moacyr dos Santos / Lourival dos Santos Rancheira
Degrau Da Glória Quintino Elizeu / Luiz Alves Pagode
Brasilidade Moacyr dos Santos / Sulino Moda de Viola
O Cabelo Da Menina Moacyr dos Santos / Lourival dos Santos Arrasta-pé
Porta Aberta Moacyr dos Santos / Lourival dos Santos Querumana
Loira Tem Dó De Mim Raul Torres / Lourival dos Santos Cateretê
Casa Pequena Moacyr dos Santos / Lourival dos Santos Polca
Por Favor Moacyr dos Santos / Lourival dos Santos Polca
Retirada Augusto Toscano Toada
Laço De Amor Augusto Toscano / Garcia Cana Verde
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