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Aquela Mulher (SCLP 10517). LP relançado em 1973.
Eis BELMIRO E
BELMONTE (Os Cancioneiros da Fronteira), em seu primeiro LP, em boa hora
lançado pela gravadora Sabiá, pois outros discos de 78 rotações levaram a marca
do sucesso da trajetória desta famosa dupla. BELMIRO (Luiz Bueno da Silva), natural
de Santa Maria da Serra, nas cercanias de Piracicaba – SP, berço natal de
grandes astros sertanejos de nossa rádio. BELMONTE (Pascoal Tardelli), natural de
Barra Bonita – SP, trouxe a alma a poesia que lhe transmitiu o borbulhar das
águas do lendário Tietê. Ambos
solteiros, casados apenas nas vozes, que se harmonizam em suas belÃssimas
interpretações. BELMIRO E BELMONTE são artistas
genéricos, pois interpretam vários gêneros e ritmos. Neste LP você encontrará
desde a sentimental milonga aos ritmos quentes de um chamamé, um Huapango ou
ainda uma buliçosa cueca chilena que tem em BELMNIRO
E BELMONTE seus únicos intérpretes em todo o Brasil, por isso esta fabulosa
dupla poderia chamar-se: "Os Renovadores da Música Sertanejaâ€, por terem
através de seus ritmos, aberto novos horizontes para a nossa música sertaneja,
ou ainda: "Os Poliglotas do Sertãoâ€, pois interpretam em vários idiomas, entre
eles, o castelhano e o guarani. Por
ser uma dupla diferente, além de atuarem em circos, atuam também em boates, pois a variedade de seu repertório
agrada a todas as plateias. Atualmente
atuam na Rádio Tupi de São Paulo e Rádio
9 de Julho, onde eu tive a felicidade de conhecê-los e apresenta-los em m eu programa Rancho da Amizade. Os nosso parabéns para BELMIRO E
BELMONTE, que graças a sua arte, tem a lhes seguir uma legião de
admiradores. De
parabéns estamos todos nós, por termos em vocês, BELMIRO E BELMONTE, os legÃtimos renovadores da nossa música
sertaneja. De
parabéns está você que admirou este belÃssimos LP de BELMIRO E BELMONTE, cujas melodias, como um ramalhete de 14 lindas
flores, o transportará num sonho ao mundo encantado da poesia. Ouça e julgue. José Fortuna.
Aquela mulher
Está vendo amigo aquela mulher
Que está chorando olhando pra mim
Ela já foi minha foi feliz comigo
Hoje sem amigo ela vive assim
Nos bares bebendo já desiludida
Vai levando a vida para um triste fim
Mas não tenho pena do martÃrio dela
Ela está pagando o que fez pra mim
E hoje ela vive triste abandonada
O luxo e a riqueza já não valem nada
Se olha no espelho revendo o passado
Ela está chorando ela está pagando
Seu grande pecado
E hoje ela vive triste abandonada
O luxo e a riqueza já não valem nada
Se olha no espelho revendo o passado
Ela está chorando ela está pagando
Seu grande pecado
A fronha
A fronha do meu travesseiro está molhada de amargo prantoÂ
Só meu coração que sabe por que motivo estou chorando
Nesta noite de amargura ouço as pombinhas cantando ao longe
Parece que estão dizendo que ao meu sofrimento ninguém corresponde
Cucurucucu, pombinhas porque cantam
Aumentando assim o meu padecer
Se o meu amor não quis compreender
Este coração que vive a sofrer
Cucurucucu, pombinhas porque cantam
Aumentando assim o meu padecer
Se o meu amor não quis compreender
Este coração que vive a sofrer
Desventura
Você não sabe menina, você não pode saber
Com esse amor impossÃvel tem me feito padecerÂ
Eis aqui minha desdita, a minha sorte mesquinha
Não posso ser de você, você não pode ser minha
Há coisas que não entendo e também não adivinho
Por que Deus foi por você bem justo no meu caminho
Por que você me agradou e por que sempre te amei
Eu sei que você não sabe, você sabe que eu não sei
Você menina bonita prestimosa, santa e pura
É toda minha desdita, é toda minha loucura
Tenho sofrido bastante, mas não mal digo este amor
Sofro até com alegria, pois você é minha dor
Deus tenha pena de mim e me dê força bastante
Para vencer a saudade quando estiver distante
Senhor resolva a minha sorte meu sofrimento é invencÃvel
É tortura é quase morte o meu amor impossÃvel
Lábio cor de maça
A primeira vez que beijei teus lábios meu amor
Confesso a mim mesmo que até agora sinto calor
Não posso esquecer que um dia foi meu o teu coração
Com a suavidade um capucho de algodão
Eu só queria que os teus braços fossem as grades
E eu prisioneiro acorrentado nesta prisão
AÃ pelo menos eu estaria sempre ao teu lado
Alegre e beijando teus lindos lábios cor de maça
Amargo desgosto
Os dias que passo na vidaÂ
São como as folhas que o tempo levou
Estes dias da vida ditosa
São memórias que o tempo deixou
Amei uma mulher era um anjo
Era um anjo a mulher que amei
Mas enfim até hoje ainda ama
Só quando morrer deixarei
Neste amor eu julguei ser amado
Iludido e enganado eu vivia
Que ilusão tão fagueira e tão doce
O bom Deus ainda mais eu queria
É bem triste saber que ela vive
Nos amplos carinhos de outro
Me deixando no triste abandono
Vou sofrendo este amargo desgosto
Enquanto eles vivem felizes
Eu vivo a perambular
Vou afogando esta triste sina
Entre compôs de mesa de um bar
Peço a Deus que me faça ditosa
Peço a Deus que me tire esta vida
Esta vida ralada de angustia
Pela sorte cruel combatida
Esta vida ralada de angustia
Pela sorte cruel combatida
Ranchinho a beira mar
Sabiá cantou no jequitibá
O teu canto triste me fez acordar
Lá no meu ranchinho feito a beira mar
Baixo triste minha vida só por causa da cantiga do malvado sabiá
Vivo neste rancho feito a beira mar
Não tenho vizinhos pra me visitar
Nem uma cabocla pra me acarinhar
Só tenho minha viola ela só quem me consola quando estou a recordar
Tempo de criança nunca quis viajar
A terra querida nunca quis deixar
Mas a minha sorte não quis ajudar
Subi no alto da serra e disse adeus em primavera para nunca mais voltar
Hoje aqui sozinho começo a lembrar
De uma moreninha que deixei lá
Vem sofrendo assim não hei de voltar
Vou vivendo aqui sozinho nesse meu pobre ranchinho até a morte chegar
Não me abandones
Não me abandones querida sei que não sei o que faça
Nada se leva da vida, mas a vida é curta e passa
Não me abandones amada dizem que não sei viver
És a estrela da alvorada que embeleza o amanhecer
Nessa mata verdejante és o campo a florescer
És o rio murmurante que não cessa de correr
Vem para mim neste instante que não te posso esquecer
Sem os teus olhos brilhantes eu só desejo morrer
Vem pra mim que esta noite é comprida como a morte
Tu és meu sonho de glória minha vida minha sorte
Vem agora bem depressa que desfaleço de dor
Como um céu escuro e triste é meu ser e sem teu amor
Vem criatura querida lembrança do meu passado
Passado de mim minha vida, vida de minha ilusão
Sempre vivendo ao meu lado não vivo sofro e padeço
Neste abandono enlouqueço morro nesta solidão
Fora da lei
Abre alas minha gente que aqui estou chegando
Montado no meu burrão e ninguém vou respeitando
Sou valente e perigoso o que eu sismo vou quebrando
Quando eu brigo até parece que o mundo está se acabando
Onde passo deixo estrago pior do que um furacão
Eu entro dentro da venda em cima desse burrão Â
Faço pular e dar coice quebrando porta e balcão
Vou dando tiro pra cima espalhando a multidão
Quando encontro páreo duro eu brigo semana inteiraÂ
Dou soco e rabo de arraia cabeçada e capoeiraÂ
Rasgo camisa na espora gancho em dez e uma rasteira
Pelotão de trinta homens faço sair na carreira
Ser um cabra destemido sempre foi o meu critério
Carrego orgulho e vaidade igual o rei do império
Quem quiser topar comigo vem firme que o caso é sério
Mas que venha preparado, se não vai pro cemitérioÂ
Mas que venha preparado, se não vai pro cemitérioÂ
Meu rincão
Que saudade do sertão
Onde canta o bem te vi
Lá deixei meu coração
Pois foi onde eu nasci
Amo a terra abençoada
Das suas matas o verdor
Amo a lua prateada
E a cabocla meu amor
Minha viola ficouÂ
Lá num canto emudecida
Tanto tempo já passou
Só restou na minha vidaÂ
A lembrança tão querida
Juras de vaqueiro
Adeus querida que eu já vou andando
Vou galopando no meu pingo a estrada fora
Junto à boiada que está me esperando
Me da um beijo meu amor eu vou embora
E quando o sol se esconder no horizonte
Já estou distante do rancho e do galpão
Alegremente estarei radianteÂ
Subindo a serra lá no meu pingo
Lá bem distante sei que vou sentir saudades
Mas me conformo porque em breve voltarei
Quero que saibas que tu és a minha vida
E sem o teu amor não viverei
Porém eu juro minha bela namoradaÂ
Que me muito breve por aqui eu devo voltar
E aos teus pais pedirei consentimentoÂ
Pro seu Vigário o nosso amor abençoar
E quando o sol se esconder no horizonte
Já estou distante do rancho e do galpão
Alegremente estarei radianteÂ
Subindo a serra lá no meu pingo
Lá bem distante sei que vou sentir saudades
Mas me conformo porque em breve voltarei
Quero que saibas que tu és a minha vida
E sem o teu amor não viverei
Porém eu juro minha bela namoradaÂ
Que me muito breve por aqui eu devo voltar
E aos teus pais pedirei consentimentoÂ
Pro seu Vigário o nosso amor abençoar
Quero esquecer
O carinho que eu tinha sabe Deus onde andará
Querida volte ao meu lado a tua ausência me matará
Te quero com toda alma sozinho não viverei
Se não tenho teu carinho de tristeza morrerei
Quero esquecer o meu grande amor
Em meu pensamento triste lembrança me faz penar
Mas não posso não deixar de te amarÂ
Só pensando em ti que vivo chorar
Só pensando em ti que vivo chorar
Se recordares um dia e que tanto eu te adorei
Tu verás que é muito tarde talvez morto estarei
Da traição que me fizeste te peço mais uma vez
Que devolva as carÃcias que um dia eu te dei
Quero esquecer o meu grande amor
Em meu pensamento triste lembrança me faz penar
Mas não posso não deixar de te amarÂ
Só pensando em ti que vivo chorar
Só pensando em ti que vivo chorar
Amor distante
Não posso ficar distante daquele amor que me pertenceu
Não consigo esquecer dos ardentes beijos que foram meus
É triste viver ausente de alguém que a gente sentiu amor
E também ficou sofrendo talvez sentindo a mesma dor
Quem fez o que eu já fiz na certa sorri chorando por dentro
Procurando nesta forma mostrar-se que não está sofrendo
Mas eu que em outros tempos deixei chorando meu grande amor
Me resta pegar o lenço e secar o pranto da minha dor
Quem fez o que eu já fiz na certa sorri chorando por dentro
Procurando nesta forma mostrar-se que não está sofrendo
Mas eu que em outros tempos deixei chorando meu grande amor
Me resta pegar o lenço e secar o pranto da minha dor
Caboclo brasileiro
Lá no sertão quando é de madrugada a passarada principia o murmurar
E os caboclos vão deixando a palhoça e vão pra roça todos eles trabalhar
E se reúnem as caboclinhas tão singelas e na capela todas elas vão rezar
Pedir a chuva para suas plantações que lá na roça aos caboclos vão semear
Na tardezinha no serrar da Ave Maria que o sol se esconde com seus raios prateados
E a cabocla que espera no ranchinho o seu caboclo que vem vindo do roçado
E ao chegar ao terreiro da palhoça eles se encontram então voltam abraçados
E o caboclo que vem cheio de amargura neste momento ele se sente aliviado
E assim a vida dos caboclos brasileiros esse que vivem lá no centro do sertão
Eles dedicam somente ao seu roçado e na cabocla que tem no seu coração
Lá não existe ilusão e nem vaidade eles só pensam em cumprir sua missão
E nesses versos digo com sinceridade que os caboclos são os gigantes da nação
História do ladrão
Muita gente diz que existe destino quero acreditar e ao mesmo tempo não
Ta certo que eu prazer não teria em viver nas grades de uma prisão
E agora entre as grades eu fico pensando é a minha mãe que foi a culpada
Assim cresci na maior liberdade só vinha dormir nas altas madrugadas
Me lembro tão bem igual fosse hoje do primeiro roubo na vida que eu fiz
Arrombei um cofre tirei cem cruzeiros de dentro da igreja da nossa matriz
Eu era criança ainda bem me lembro dez a onze anos muito eu teria
Minha mãe pegou aquele dinheiro notei no seu rosto com muita alegria
E assim foi crescendo até ficar moço aprofundando sempre no mundo tirano
Minha inteligência que dava de sobra esperto e tão vivo tal qual um cigano
Fiz muitos assaltos, roubos e crimes só prazer sentia fazendo maldade
Ao assaltar um banco a máscara caiu desta vez caà na mão da autoridade
E agora entre as grades eu fico olhando as aves serenas voando no espaço
O meu coração de tanta tristeza parece que vai quebrar em pedaços
Que fique de exemplo pros pais de famÃlia que tem grande amor nos filhinhos seus
Defenda seus filhos desde pequeninos pra depois não ver sofrer como eu
Â
Músicas do álbum Aquela Mulher (SCLP 10517) - (1963)