Chitãozinho E Xororó (1976) (AMCLP 5329) - (1976) - Chitãozinho e Xororó
Doce AmadaÂ
Eu caminhava cheio de rancor
E só pensava em ser o mais ruim
Não conheci meu pai nem minha mãe
Por este mundo me criei assim
Até que um dia tu me apareceste
E o primeiro amor em mim nasceu
Agora tenho sonho coloridoÂ
És meu bem querido e teu amor sou eu
Oh, oh Doce amada
Tu és estrela do céu divino
Que aqui na terra desceu sorrindo
Com tanto afeto pra ser meu bem
Oh, oh, Doce amada
Meu mundo agora é cheio de flor
Por ter pra mim teu sincero amor
Vou te amar e ser amado também
Oh, oh Doce amada
Tu és estrela do céu divino
Que aqui na terra desceu sorrindo
Com tanto afeto pra ser meu bem
Oh, oh, Doce amada
Meu mundo agora é cheio de flor
Por ter pra mim teu sincero amor
Vou te amar e ser amado também
Uma Casa de Caboclo
A minha casa que é casa de caboclo
Não tem conforto como outras casas tem
O que eu tenho realmente é muito pouco
Mas felizmente dá pra mim e mais alguém
Graças à Deus é uma casa abençoada
Na minha mesa sempre tem o que comer
E por ventura se alguém pedir pousada
Esteja certo que eu hospedo com prazer
Eu não invejo quem tem casa mais bonita
Nem menosprezo um ranchinho beira-chão
O que importa é achar em casa rica
Ou num casebre um bondoso coração
E quem procura uma casa de caboclo
Não é preciso ficar rouco de chamar
É o bastante dar sinal que está chegando
Já vem alguém e vai mandando a gente entrar
Quem não conhece uma casa de caboclo
Não faça pouco vá lá em casa passear
Um cafezinho com bolinhos não demora
Conforme a hora também fica pra jantar
Casinha simples encostada ao pé da serra
Se é amigo não repara onde eu moro
Vá ver de perto o meu céu aqui na terra
E conhecer as criancinhas que eu adoro
Sonhos Perdidos
Quanta tristeza dentro de mim
Foste maldosa em contar-me a verdade
Quem com mentiras fizeste sorrir
Hoje faz chorar com a realidade
Mesmo sabendo que vais me deixar
Meu coração continua iludido
Vivendo em meu peito este amor imortal
Por uma ilusão dos meus sonhos perdidos
Quero teus abraços mesmo sem calor
Eu quero teus beijos mesmo sem sabor
Embora sabendo que tu não me amas
Meu peito reclama sem o teu amor
Embora sabendo que tu não me amas
Meu peito reclama sem o teu amor
Mendigo Por Sua Culpa
Por teus fingidos agrados me tornei um sofredor
Buscando mundo encantado abandonei um grande amor
Ludibriado por teus beijos deixando a outra a sofrer
Perfidamente em ilusões no outro amor eu dei um fim
Depois de tudo agora eu vejo que tu nãos gostas de mim
Agora tens a coragem de chamar-me de mendigo
Não sei qual é a vantagem em agir assim comigo
Agora diz a todo mundo que o meu amor não tem futuro
Se nada tenho pra te dar tudo que eu tinha já de dei
Essa pobreza e o prêmio do quanto eu te amei
Professora do Desprezo
Há muito tempo apaixonado por você
Alguém ficou esse alguém sempre sofreu
Mas quando ele descobriu que era bobagem
Ficou feliz, pois esse alguém era eu
Sei que você é professora do desprezo
Me deixou três anos preso na cadeia do amor
Mas libertei-me, já cumpri minha jornada
Minha namorada sua lenda terminou
Meu pus agora, certinho em meu lugar
Sofri demais porque tinha que sofrer
Porém agora não vou mais me apaixonar
Pois nunca mais nem por mil igual você
Sei que você é professora do desprezo
Me deixou três anos preso na cadeia do amor
Mas libertei-me, já cumpri minha jornada
Minha namorada sua lenda terminou
Rosa Branca
Lhe dei uma rosa branca a mais perfuma flor
Te dei todo meu carinho te dei todo meu amor
Em troca de tudo isso que um dia lhe ofertei
Me deu o abandono esquecendo que lhe amei
Do nosso amor só me resta uma lembrança
É aquela rosa branca que você me devolveu
Porém agora já não é mais perfumada
Viveu tão triste, coitada sofre tanto quanto eu
Minha Infância
Ai que saudade que eu tenho da infância
Dias felizes que o tempo não apaga
Ainda hoje estão vivas na lembrança
Minhas andanças no meio da molecada
O sol nascendo derramando luz divina
Pelas campinas de orvalho em descia
A passarada em alvorada matutina
Ai que saudade dessa saudade de vida
Ai que saudade que eu tenho da escolinha
Das manhazinhas quando eu ia estudar
Ai que saudade da minha professorinha
Da Mariazinha que eu queria namorar
Cruel destino com a gente sempre brinca
Foi afastando minha infância lentamente
E as lembranças do meu tempo de criança
São coisas belas que eu guardo em minha mente
Ai quem me dera eu voltar a ser criança
A minha infância sem ter nada o que pensar
Despreocupado a pagar uma esperança
A esperança de ver o mundo girar
E nesse giro por poder onipotente
Rapidamente a minha vida transformou
E da criança que corria alegremente
Hoje só resta a saudade que ficou
Caboclo de Fato
Com muito prazer falo das belezas do meu sertão verde e amarelo
Da minha Terra a mãe natureza fez o belo ainda mais belo
É bonito dá gosto de ver a cascata tombar no grotão
Ver na manhã raiada nascer o sol dourado lá no espigão
Poder sentir na brisa matinal o perfume da flor do alecrim
Ver no orvalho gotas de cristal brilhando nas folhas verdes do capim
É bonito ouvir o berrante repicar chamando a boiada
E o carro de boi já distante em dueto cantar na estradaÂ
A seriema garbosa cantando anunciar o fim de mais um dia
E o gado leiteiro pastando é motivo pra fazer poesia
É lindo ver a lua prateada a natureza quando adormecida
Vi o caboclo na viola ponteando feliz cantando pra mulher querida
É bonito ouvir a firmeza do sabiá cantando na galhada
Dá gosto ouvir na calma natureza uma porteira bater na estradaÂ
Me orgulho por ter nascido neste lindo pedaço de terra
É abençoado este chão querido no meu sertão é sempre primavera
Gosto do cheiro das flores do mato, sempre gostei da vida de roceiro
Sou caboclo, caboclo de fato nasci no sertão sou bem brasileiro
A Saudade Continua
Ai que saudade ver o pouso de boiada
Bater o pé com a peonada e matear no galpão
Ouvir os casos contados por berranteiros
Historias de lobisomens, boi tatá e assombração
Ai que saudade da seriema campeirando
Ver as nuvens caminhando no azul da imensidão
Deitar no apeiro e ver o sol se apagando
Sentir a noite chegando cabresteando a solidão
Deitar no apeiro e ver o sol se apagando
Sentir a noite chegando cabresteando a solidão
Ai que saudade do troféu dos cavaleiros
No amassado dos sinuelos atravessando o sertão
Tudo é lembrança companheiros abas largas
Dos pampas das invernadas do amor e compreensão
Ai que saudade da ilha morenadaÂ
Dos casitos que eu deixei num ranchito a beira chão
Nós caminhamos para um último pealaço
Será o nosso fracasso se morrer a tradição
Nós caminhamos para um último pealaço
Será o nosso fracasso se morrer a tradição
João Ninguém
Vou contar a minha história todos vão ficar cientes
Do meu passado de gloria e o fracasso do presente
Nasci em berço de ouro sou de famÃlia recente
Já andei engravatado e o colarinho engomado no mais luxuoso ambiente
Por culpa de um falso amor transformei a minha vida
Me tornei um sofredor por uma ilusão perdida
Ao lado de uma serpente e que por mim foi escolhida
Com toda minha nobreza fui amar uma princesa que pra mim era fingida
Hoje sou um João Ninguém a calçada é meu abrigo
O homem vale o que tem é uma verdade que eu digo
Acabou minha fortuna perdi todos os meus amigos
Mais eu mesmo fui errado tenho que ser conformado e receber o meu castigo
Este mundo é enganoso cheguei nesta conclusão
Não adianta ser orgulhoso na vida tudo é ilusão
Usei sapato de luxo hoje estou de pé no chão
Veja o destino de um homem pra mim não morrer de fome a uma esmola estendo a mão
Coceira de Canela
Olho em você e sinto raiva de mim mesmoÂ
Porque o mundo é de quem souber viverÂ
Em seus fracassos de amor fui remendoÂ
Porque o trouxa sempre tem que padecer
Fui o remédio pra curar o seu despeitoÂ
Quando encontrou o seu amor com outro alguémÂ
É muito claro que pra servir de pirraçaÂ
A gente abarca o primeiro amor que vem
E quando a gente esta com dor de cotoveloÂ
Para o primeiro que aparece a gente apelaÂ
Eu sou aquele que atendeu o seu apeloÂ
Para curar sua coceira de canelaÂ
Manhã de Sol
Amanheceu, o Sol nasceu
Em mim viveu nova esperança
O vento bom, respira paz
De longe traz uma lembrança
Quem dera estar ao lado seu
E recordar o que já fomos
Um sonho lindo, amor criança
Momentos bons que já passamos
Foram tantos que o tempo não conseguiu levar
Todo Sol deixa sombras em cada manhã
Tudo foi tão bonito jamais vou esquecer
Toda vez que o vento soprar vou lembrar você
Músicas do álbum Chitãozinho E Xororó (1976) (AMCLP 5329) - (1976)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Doce Amada | Praense / Prado Júnior | Polca |
Uma Casa De Caboclo | Nonô BasÃlio | Toada |
Sonhos Perdidos | Peão Carreiro / Teodoro | Guarânia |
Mendigo Por Tua Culpa | Praense / Floray | Bolero |
Professora Do Desprezo | Zezito / Marciano | Toada |
Rosa Branca | Soberano / Euclides Mantovani | Rasqueado |
Minha Infância | J. Garcia / Dorinho | Polca |
Caboclo De Fato | Jeca Mineiro / Kambukira | Carrilhão |
A Saudade Continua | Athos Campos / Ãndio Vago | Toada |
João Ninguém | Peão Carreiro / Teodoro | Cururu |
Coceira Na Canela | Praense / Marciano | Bolero |
Manhã De Sol | Odilon De Souza | Toada |