Dino Franco E Mouraà (Volume 11) (TRANSLP 0110) - (1994) - Dino Franco e MouraÃ
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Cavalo Preto
Tenho o meu cavalo preto por nome de ventania
Um laço de doze braças do couro de uma novilha
Tenho um cachorro bragado que é da minha companhia
Eu sou um caboclo folgado, ai, eu não tenho famÃlia
Tenho uma capa gaúcha que troquei com um boi carreiro
Tenho dois pelegos grandes que é pura lã de carneiro
Um me serve de colchão e o outro de travesseiro
Com minha capa gaúcha eu me cubro por inteiro
No lombo do meu cavalo eu viajo o dia inteiro
Vou de um estado pra outro eu não tenho paradeiro
Quem quiser ser meu patrão me ofereça mais dinheiro
Eu sou muito conhecido no triângulo mineiro
Adeus que eu já vou partindo vou pousar em outra cidade
Depois de amanhã bem cedo quero estar em Piedade
Deus me deu esse destino e muita felicidade
Onde eu passo no meu preto deixo rastros de saudade
Onde eu passo no meu preto deixo rastros de saudade
Cheiro De Relva
Como é bonito estender-se no verão
As cortinas do sertão na varanda da manhã
Deixar entrar pedaços de madrugada
E sobre a colcha azulada dorme calma a lua irmã
Cheiro de relva trás do campo a brisa mansa
E nos faz sentir crianças a embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadasÂ
Quase sempre abandonadas nas encostas dos caminhos
A juriti madrugadeira da florestaÂ
Com seu canto abre a festa revoando toda a selva
O rio manso caudaloso se agitaÂ
Parecendo achar bonita a terra cheia de relva
O sol vermelho se esquenta e aparece
O vergel todo agradece pelos ninhos que abrigou
Botões de ouro se desprendem dos seus galhos
São as gotas de orvalho de uma noite que passouÂ
Cheiro de relva trás do campo a brisa mansa
E nos faz sentir crianças a embalar milhões de ninhos
A relva esconde as florzinhas orvalhadasÂ
Quase sempre abandonadas nas encostas dos caminhos
A juriti madrugadeira da florestaÂ
Com seu canto abre a festa revoando toda a selva
O rio manso caudaloso se agitaÂ
Parecendo achar bonita a terra cheia de relva
Amargurado
O que é feito daqueles beijos que eu te dei
Daquele amor cheio de ilusão que foi a razão do nosso querer
Pra onde foram tantas promessas que me fizeste
Não se importando que o nosso amor viesse a morrer
Â
Talvez com outro estejas vivendo bem mais feliz
Dizendo ainda que nunca houve amor entre nós
Pois tu sonhavas com uma riqueza que eu nunca tive
E se ao meu lado muito sofrestes o meu desejo é que vivas melhor
Â
Vai com Deus sejas feliz com o teu amado
Tens aqui um peito magoado que muito sofre por ti amar
Eu só desejo que a boa sorte siga teus passos
Mas se tiveres algum fracasso creias que ainda te possa ajudar
Erro De Soma
Eu sei que pareço estranho não perco, não ganho, não peço e não dou
Eu sei que esta minha atitude se não desilude, ninguém reprovou
Eu sei que tu fazes ideias tentando saber na verdade quem sou
Mas sei que tens a certeza que um dia princesa esse bobo te amou
Meu erro há tempo persiste e me sinto triste sonhando em vão
Engano de um apaixonado que deixa de lado a voz da razão
O erro que a alma me toma é sentir amor pela flor da paixão
Assim como um erro de soma que deixa em coma o meu coração
Talvez se eu tivesse partido tivesse fugido pra não mais te ver
Meu mundo teria mais cores e menos rancores iria sofrer
Bem sei que esse amor só de um lado é o amor condenado aos poucos morrer
Não posso guardar só comigo pois não faz sentido só eu te querer
Não posso guardar só comigo pois não faz sentido só eu te querer
Velho Marujo
Sentindo o peso da cruel idade velho marujo sempre vai ao cais
Olhando as águas ele tem vontade de navegar, mas já não pode mais
Em pensamento volta ao seu passado e traça imagem que a lembrança traz
Sentindo o gosto amargo da saudade de sua luta contra a tempestade
E a calmaria devolvendo a paz
Velho marujo escravo do passado eu compartilho aos sentimentos seus
Meu coração também foi aportado e só vagueia pelo cais do adeus
No mar bravio ele enfrentou perigo e muitas vezes viu de perto a morte
Valeu a ajuda de fiéis amigos sua coragem e até mesmo a sorte
Porém o tempo cruel inimigo na abordagem se mostrou mais forte
E despojado do vigor antigo só a saudade hoje traz consigo
Num barco triste à derivar e sem norte
Igual a ele eu também um dia cruzei os verdes mares da ilusão
Mas quase morto na melancolia me ancorei no porto solidão
Mas quase morto na melancolia me ancorei no porto solidão
Minha Mensagem
Moro num sertão deserto naquele mundão aberto
Não se vê ninguém por perto do lugar que eu habito
Ao lado da minha roça eu tenho minha palhoça
Feita de madeira grossa e com folhas de palmito
Muita gente tem receio não vai lá nem a passeio
Dizem que o lugar é feio mas eu acho tão bonito
Pois é lá no cafundó que eu sinto prazer maior
Diz que tem lugar melhor porém eu não acredito
Vou dizer uma verdade com toda sinceridade
Só vim hoje pra cidade comprar o que eu necessito
Acabando de comprar eu já vou me retirar
Tenho pressa de voltar pro meu recanto bendito
Não me dou com este ambiente agitado e diferente
O sotaque dessa gente eu acho tão esquisito
Por isso eu vou dar o fora logo mais eu vou embora
Pro meu rancho lá da flora meu cantinho favorito
Lá no mato eu não dependo de ninguém me protegendo
Do perigo eu me defendo sou astuto e sou perito
Mas quando eu chego na praça eu já vou perdendo a graça
O barulho e a fumaça me deixa tonto e aflito
Quero ver a olho nu o imenso céu azul
E o meu cruzeiro do sul brilhando no infinito
O ar puro do sertão não tem contaminação
A única poluição é a fumaça do meu pito
Não tenho grande estatura nem tanta musculatura
Sou carente de gordura sou fino que nem palito
Mas tenho boa saúde e um pouco de juventude
Apesar de homem rude eu tenho meus requisitos
Adoro estar na floresta vendo a natureza em festa
Apreciando a orquestra dos bandos de periquitos
Esta moda é uma imagem da minha vida selvagem
É uma forma de mensagem que no mundo eu deixo escrito
FamÃlia Do Interior
O pobre caboclo aqui na cidade sentindo saudade suspira demais
Lamenta o momento de sua partida da terra querida de seus ancestrais
Deixou o seu rancho no pé da colina a água da minha de cor de cristal
Trocou o seu mundo de bela paisagem pela falsa imagem de uma capital
O filho caçula bastante mudado buscando o passado lhe pede lição
Papai me ajude fazer um trabalho que fale da roça do nosso sertão
Descreva as delicias do cheiro do mato o manso regato, as belas manhãs
Os raios de Sol se apagando distante e o canto marcante de um belo chanchão
Descreva pra mim uma roça de milho um macho tordilho e o gado no cocho
A linda cabocla sem usar pintura tão bela, tão pura qual flor do ipê roxo
Me fale dos campos e da liberdade que aqui na cidade a gente não tem
Papai eu lhe digo com muito prazer que me orgulho de ser um caipira também
O pobre matuto abraça seu filho os olhos com brilho e o olhar sonhador
Seus modos revelam doÃda lembrança do tempo da infância no seu interior
O filho, porém nem sequer desconfia o quanto judia do seu velho pai
Fazer com que ele reviva na mente o tempo ausente que não volta mais
Arroz A Carreteiro
Eu deixei meu Rio Grande lá no sul do meu paÃs
Me arribei por estas bandas esperando ser feliz
Hoje aqui longe do pago, da querência e do galpão
A saudade é mais amarga do que o próprio chimarrão
Â
Minha china prometida eu deixei lá em Caxias
Deixei rastro em Passo fundo perto de Santa Maria
O gaúcho da coxilha é que nem ao um beija flor
Por toda parte que passa sempre deixa um novo amor
Â
Santana do Livramento esta saudade é cruel
Ajudai-me São Leopoldo e também São Gabriel
Quem me dera estar agora onde o pensamento vai
Pra rever a minha china e também meu velho pai
Â
O arroz a carreteiro que a minha velha fazia
Era o prato mais gostoso do rincão onde eu vivia
Tenho medo do regresso ao pensamento me vem
Pois talvez eu lá chegando não encontre mais ninguém
Falando Às Estrela
Este meu jeito de ser esquisito olhando o infinito a buscar não sei que
É uma atitude que sempre conflita se não acredita a causa é você
Procuro sempre falar às estrelas querendo entendê-la de um modo qualquer
Como livrar-se do meu sofrimento e do esquecimento de uma mulher
Foi sem querer que perdi seus desvelos até meus cabelos perderam a cor
Ela não sabe da minha amargura e nem da tortura do seu falso amor
Naquele tempo fui tolo e frio criei um vazio aqui dentro de mim
Hoje lamento a desesperança e a dor que avança num tédio sem fim
Ela por certo é indiferente vivendo o presente de luxo e prazer
Enquanto eu a vagar me amarguro então eu procuro seu gesto entender
Foi sem querer que perdi seus desvelos até meus cabelos perderam a cor
Ela não sabe da minha amargura e nem da tortura do seu falso amor
Lição Final
Se você tiver um pingo de vergonha
Por favor não me proponha começar tudo outra vez
Faça um esforço pra enfrentar a realidade
Finja ter dignidade no lugar da insensatez
Não me procure nem em mande mais recado
Eu passei pro outro lado já nem lembro de você
Faça de conta que morreu nosso passado
Diga que eu fui culpado e não queira mais me ver
Não apareça nos lugares onde eu piso
Por favor tenha juÃzo deixa a vida caminhar
Não perca tempo revelando meu defeito
Na suÃte do meu peito você não tem mais lugar
Qualquer espelho em que ver o mal olhado
Vai mostrar que está errada em se aproximar de mim
E se a penumbra esconder sua baixeza
Uma lâmpada acesa vai mostrar como é seu fim
Abre seus olhos se não pode abrir a alma
Tenha classe, tenha calma ache um rumo pra seguir
Enquanto a vida lhe mostrar outro caminho
Seja farta de carinho e não torne a fingir
Eu lhe garanto pela minha experiência
Que um pouco de decência só lhe pode fazer bem
E se foi rude o derradeiro ensinamento
Faça dele um monumento e não engane mais ninguém
Amor Traiçoeiro
Não quero nem lembrar do teu amor traiçoeiro
Que só me judiou e me tornou prisioneiro
Aquela grande dor que me deixaste ao partir
Também se retirou e eu voltei a sorrir
Já me sinto bem sem o teu querer
Posso até dizer que é meu prazer não mais ver-te aqui
E não quero mais nem lembrar de ti
Receberás de outro a mágoa que sofri
Receberás de outro a mágoa que sofri
Agora que passou aquele tempo perdido
Se foram meus clamores e dissabores sofridos
Voltei a ser feliz e não mais quero te ver
Também já esqueci que me fizestes sofrer
Já me sinto bem sem o teu querer
Posso até dizer que é meu prazer não mais ver-te aqui
E não quero mais nem lembrar de ti
Receberás de outro a mágoa que sofri
Receberás de outro a mágoa que sofri
Caboclo Na Cidade
Seu moço eu já fui roceiro no triângulo mineiro onde eu tinha meu ranchinho
Eu tinha uma vida boa com a Isabel minha patroa e quatro barrigudinhos
Eu tinha dois bois carreiros, muito porco no chiqueiro e um cavalo bom arriado
Espingarda cartucheira quatorze vacas leiteiras e um arrozal no banhado
Na cidade eu só ia a cada quinze ou vinte dias pra vender queijo na feira
E no mais estava folgado todo dia era feriado pescava a semana inteira
Muita gente assim me diz que não tem mesmo raiz essa tal felicidade
Então aconteceu isso resolvi vender o sÃtio e vir morar na cidade
Já faz mais de doze anos que eu aqui já to morando como eu to arrependido
Aqui tudo é diferente não me dou com essa gente vivo muito aborrecido
Não ganho nem pra comer já não sei o que fazer to ficando quase louco
É só luxo e vaidade penso até que a cidade não é lugar de caboclo
Minha filha Sebastiana que sempre foi tão bacana me dá pena da coitada
Namorou um cabeludo que dizia ter de tudo, mas fui ver não tinha nada
Se mandou pra outras bandas ninguém sabe onde ele anda e a filha tá abandonada
Como dói meu coração ver a sua situação nem solteira e nem casada
Até mesmo a minha veia já tá mudando de ideia tem que ver como passeia
Vai tomar banho de praia tá usando minissaia e arrancando a sobrancelha
Nem comigo se incomoda quer saber de andar na moda com as unhas todas vermelhas
Depois que ficou madura começou a usar pintura credo em cruz que coisa feia
Voltar pra Minas Gerais sei que agora não dá mais acabou o meu dinheiro
Que saudade da palhoça eu sonho com a minha roça no Triângulo Mineiro
Nem sei como se deu isso quando eu vendi o sÃtio para vir morar na cidade
Seu moço naquele dia eu vendi minha famÃlia e a minha felicidade
Músicas do álbum Dino Franco E Mouraà (Volume 11) (TRANSLP 0110) - (1994)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Cavalo Preto | Anacleto Rosas Júnior | Rasqueado |
Cheiro De Relva | Dino Franco / José Fortuna | Toada |
Amargurado | Dino Franco / Tião Carreiro | Guarânia |
Erro De Soma | Dino Franco / Tenente Walderley | Bolero |
Velho Marujo | Pedro Ornelas / Dino Franco | Toada Balanço |
Minha Mensagem | Dino Franco / Nhô Chico | Moda De Viola |
FamÃlia Do Interior | Dino Franco / Orlando Fernandes | Querumana |
Arroz A Carreteiro | Palmeira / Mário Zan | Rojão |
Falando Às Estrelas | Dino Franco / Tenente Walderley | Toada Balanço |
Lição Final | Dino Franco / Tenente Walderley | Fox |
Amor Traiçoeiro | Dino Franco / Roberto Lima | Rancheira e Rasqueado |
Caboclo Na Cidade | Dino Franco / Nhô Chico | Moda De Viola |