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O lançamento de uma nova dupla sertaneja sempre reserva
uma surpresa junto aos programadores e discófilo em geral, principalmente pela
curiosidade que possa despertar no tocante ao estilo e repertório. São alguns
dos fatores preponderantes que podem consagrá-las ou, simplesmente ninguém
tomará conhecimento. Evidentemente que o fenômeno não fica restrito a área
sertaneja. É a seleção natural que a arte impõe no sentido de
premiar os bons e ignorar os que não atingem um nÃvel de criatividade
competitiva no mercado de trabalho. Dentro deste critério seletivo, acreditamos que a dupla
ora apresentada, será premiada com o troféu de sucesso pela reunião de
predicados artÃsticos e pela seriedade do seu profissionalismo. Nem parece ser
o primeiro disco , pois de um modo geral o amadurecimento é decorrência da
continuidade do trabalho sério e consciente. Nesta oportunidade convém saber um pouco mais da dupla
Duduca e Dalvan, como nasceu, desenvolveu e chegou ao disco. Duduca jé é bastante conhecido do grande público, através
de suas composições, principalmente com a parceria de José Rico. Dalvan começou
a despontar há um ano aproximadamente, época em que iniciou seu trabalho ao
lado do parceiro. Dududca, ou seja, José trindade, segunda voz da dupla,
nasceu no dia 4 de julho de 1936, na cidade de Anápolis, Goiás, onde ficou até
os 18 anos, época em que veio para São Paulo afim de tentar a sorte. Conseguiu
modesto emprego de pintor , em cuja profissão trabalhou por mais de 15 anos, no
entanto, a música sempre foi a sua companheira em todos os momentos de folga.
Com 15 anos escreveu a sua primeira canção com o tÃtulo de Saudade do meu bem,
gravada em disco Continental no ano de 1962, na derradeira fase do 78 RPM. O
sucesso foi relativo, mas o suficiente para que outros intérpretes viesse a
procura do compositor. Hoje tem mais de 150 obras gravadas. A partir de 1975 começou a escrever para o cinema
brasileiro, roteiro e música. Aruã, Na Terra dos Homens Maus, e recentemente
Entre o Céu E O Inferno De Camanducaia. Dalvan, José gomes de Almeida, primeira voz da dupla,
nasceu no dia 9 de outubro de 1951,na cidade de Planaltina, estado do Paraná, e
foi criado em ParanavaÃ, Paraná. Sempre viveu da música. Foi cantor de conjunto,
baterista, guitarrista, violonista organista, pianista e acordeonista. Cantava e compunha sambas e outras coisas da moda. Sua
primeira composição, Batucada de Malandro, , data de 1971, mas não foi gravada.
Quando prestou serviço militar no B. G. P. de BrasÃlia, resolveu ingressar na
PolÃcia Militar, onde permaneceu por 3 anos, depois pediu transferência para a
PolÃcia Civil da cidade de Londrina, paraná, entretanto a música estava no seu
sangue e acabou trocando a farda pela viola. Em 1977, chegou a São Paulo, época em que conheceu Duduca
e recebeu convite para trabalhar num filme. Durante os intervalos das
filmagens, fazia música para passar o tempo, e acabaram descobrindo que havia
perfeito entrosamento nas suas vozes. Vieram os ensaios e daà o nascimento
atual da dupla Duduca e Dalvan. Lourival dos Santos é o padrinho e grande
incentivador da dupla. A Chantecler, gravadora que mais revelou talentos até
hoje, coube o privilégio de entregar ao público e a todos os programadores do
gênero sertanejo, este disco de Duduca e Dalvan, Pirâmide do Amor, marcando
definitivamente a revelação desta nova dupla que brevemente formará ao lado de
tantos outro telentos de seu elenco. São Paulo, abril de 1978.
Foi Ela
Sempre acontece ao ver um ano terminando
O desespero me revive a grande mágoa
Tranco em meu quarto e as paredes me assistem
O pranto triste e os meus olhos rasos d’água
Já fui feliz amei e fui amado
Uma mulher foi a minha adoração
Hoje ela vive no calor de outros braços
E para mim é mais um ano de ilusão
Foi ela o meu primeiro amor
Foi ela a razão da minha dor
E nesta hora de amargura e sofrimento
Ouça algazarra dos amigos lá na rua
A festejar mais um ano que aproxima
E esta dor em min’alma continua
E entre eles meu rival esta presente
Infelizmente o nome dela a comentar
Sinto vergonha de mim mesmo nesta hora
Fico em meu quarto pra ninguém me ver chorar
Foi ela o meu primeiro amor
Foi ela a razão da minha dor
Palhaço Do Amor
Foi numa mesa que chorei num certo dia
Fui um palhaço atirei-me na bebida
Uma mulher com outro me olhava
E comentava por me ver chorar
E na luz negra num recanto do ambiente
Todos contentes e eu a soluçar
Cada mulher com o velho companheiro
Daquele canto vendo outro em meu lugar
E você e seu Coronel
Dizendo assim, Palhaço do amor.
Aquele fim de madrugada foi chegando
Todos saÃram pra no leito repousar
Naquele instante o cabaré fechava as portas
E o garçom me pediu pra retirar
Me decidi, para sempre fui embora,
Minha moral me outro mundo construir
Naquela mesa que outrora eu chorei
Hoje ela chora ouvindo esta melodia
Dizendo assim, Palhaço do amor
Para Sempre Comigo
Não me fale em despedida
Por favor, não se vá agora,
Fico triste e sofro demais
Ao saber que meu bem vai embora
Se soubesses o quanto te amo
Não farias eu sofrer assim
Eu daria de tudo na vida
Para não ver você longe de mim
Acho bom quando há nossas brigas
Acho bom quando há o ciúme
Acho bom quando há as intrigas
Acho bom é sentir teu perfume
Muitas coisas contigo aprendi
Sendo amantes e bons amigos
Aconteça o que acontecer
Eu quero é você para sempre comigo
Uma Carta Ao Criador
Ontem à noite escrevi em pensamento
Uma carta dirigida ao criador
Todas as frases redigidas no momento
Foram formadas com palavras de amor
Amor que sinto pela humanidade inteira
Reconhecendo em cada um o seu valor
Roguei a deus sem preconceitos de fronteira
Que abençoe nosso honrado lavrador
O portador da minha carta foi o vento
O remetente foi meu pobre coração
Eu implorei a Deus com tanto sentimento
Que minhas lágrimas rolaram de emoção
Justificando a razão do meu intento
Fiz uma prece de amor e gratidão
E demonstrei todo meu reconhecimento
Rogando a Deus por nossa gente do sertão
Na minha carta só usei sinceridade
Pois na verdade ninguém vive sem comer
O que seria das crianças da cidade
Sem agasalhos e sem leite pra beber
Eis a razão porque pedi ao vento forte
Que é por sorte um dileto condutor
Vento que anda leste, oeste, sul a norte,
Levou por certo minha carta ao criado
Uma Dor E Uma Saudade
Eu tenho inveja de tua felicidade
Quanta tristeza eu sinto dentro de mim
Tive mulher e amei sinceramente
Ela se foi e a solidão é o meu fim
Chagando a noite quando entro no meu quarto
Sento na cama, pois não consigo dormir,
Recorro algo olhando as fotografias
Recordo os dias que também já fui feliz
Meu amigo, meu irmão,
Estou dizendo a verdade
Hoje sofro por amor
Uma dor, uma saudade.
Pirâmide Do Amor
Quem sou eu, quem sou eu,
Um poeta, pobre, vagabundo,
Quem sou eu, quem sou eu,
Pra ganhar um pouquinho de amor
Da mulher mais bonita do mundo
O homem mais feliz do mundo
É aquela que vive com ela
Ela é a mulher mais divina
É atriz de teatro e novela
Quando eu ligo a televisão
É a primeira que surge na tela
Eu a vejo tão perto de mim
E eu sofro tão distante dela
Quem sou eu, quem sou eu,
Um poeta, pobre, vagabundo,
Quem sou eu, quem sou eu,
Pra ganhar um pouquinho de amor
Da mulher mais bonita do mundo
O azul do mar tem inveja
Dos olhos azuis que ela tem
Meu coração tem ciúme
Ao vê-la em cena beijando alguém
Quem sou eu, quem sou eu,
Um poeta, pobre, vagabundo,
Quem sou eu, quem sou eu,
Pra ganhar um pouquinho de amor
Da mulher mais bonita do mundo
Tribunal De Deus
Além da vida, desta vida de engano,
Há um tribunal pra nos julgar severamente
Você errou, também errei, nós dois erramos,
E o divórcio para nós foi conveniente
Você tem outro, eu tenho outra e tudo bem,
Porém não é maior pecado para Deus
Maior pecado foi tratarmos com desdém
Um inocente que é sangue meu e seu
O sangue do nosso sangue está sofrendo demais
Se está junto da mamãe, está longe do papai,
Pra o nosso erro mulher, não há justiça na terra,
Mas no outro mundo sei que um tribunal nos espera
Papai, por que é que a mamãe não vive com a gente?
Eu gostaria tanto de viver junto com vocês dois
O sangue do nosso sangue está sofrendo demais
Se está junto da mamãe, está longe do papai,
Pra o nosso erro mulher, não há justiça na terra,
Mas no outro mundo sei que um tribunal nos espera
Amor Proibido
Vou embora daqui para sempre
Já não posso viver mais assim
A mulher que mais amo na vida
Já não pode viver para mim
Vou partir para onde não sei
Com certeza o destino quis
E irei chorar a saudade
Para que em teus braços outro seja feliz
Se um dia sentires saudade
E doer em teu coração
Saberás o quanto te amei
E pagaste com a ingratidão
Que fizeste dos beijos meus
Do carinho tão puro e sincero
Eu não quero que sofras na vida
Porque ontem sofri, não quero.
Filho Covarde
Foi esta noite que eu ouvi bater
Sobre a janela do quarto em que repouso
Tão fortemente batia sem parar
Que obrigou-me depressa levantar
E acendi o abajur e abri a porta
Encorajado sem saber quem era quem
E eu lamento, olhei de lado a lado,
Fiquei logrado juro que não vi ninguém
Quanta tristeza, amargura e sentimento,
Que estou sofrendo nesta casa tão sozinho
Fui tão ingênuo em fazer o que eu fiz
Em desprezar a maior das criaturas
Pra não haver desavença com a esposa
Pra contentar exigências do meu bem
Depois que eu mandei a velha embora
Pois a covarde me abandonou também
Por esse erro estou pagando caro
A minha culpa não tem mais salvação
Mandei embora quem tanto me amava
Uma senhora, minha mãe do coração,
E hoje eu ouço no meu subconsciente
Fortes batidas na consciência a me espancar
Bater na porta dos que tem piedade
Por caridade um lugar para pousar
Triste Romance
Nosso amor foi um triste romance
Ao nascer tão depressa morreu
Santa lei nos obriga a sofrer
Pois não é feliz e nem eu
Eu não sei porque a gente
Ama tanto para sofrer
Quanto mais distante estiver
Mais vontades terás de me ver
Muito tarde conhecemos
Nosso amor é proibido
Certamente os nossos segredos
Ficarão na alma escondidos
Quando ouvir a minha canção
Na verdade eu fiz pra você
Se estiverem nos braços um de outro
Mais vontades terás de me ver
Esta dor que mora comigo
Nestes versos eu quero expressar
Aqui falo tudo o que sinto
Para que não me vejam chorar
Quando ouvir a voz da canção
Do poeta que vive a sofrer
Ao beijar os lábios de outro
Mais vontades terás de me ver
Filho Do Mundo
Saà de casa ainda pequeno
Eu tinha quase dez anos na idade
Me atirei no mundo com fé e coragem
Enfrentando forças da realidade
No mundo cresci e homem tornei
E de meus tutores jamais esqueci
Me considero o filho do mundo
Por que os meus pais eu não conheci
Vivi muitos anos no mundo sozinho
Um nobre carinho me apareceu
Enchendo minha alma de felicidade
E nova existência em mim renasceu
Eu tinha apenas dezessete anos
E ela na idade que cristo morreu
Apesar de ser ainda tão moço
Mas tê-la a meu lado era os sonhos meus
E no cartório assinamos papeis
Em lua de mel saÃmos velozes
Na tarde bonita, o perfume nativo,
Através da brisa pairava entre nós
Tirei a camisa fiquei a vontade
Meu grande segredo meu bem descobria
Eu tinha no peito meu nome escrito
E qual o motivo eu desconhecia
Meu amor ao ver o nome escrito
Ouvi o seu grito com grande espanto
Olhei para ela, vi tão diferente,
Porém o seu rosto banhava de pranto
Quase sem voz chorando falou
Não pode ser o nosso IdÃlio
Porém o destino nos castigou
Eu sou sua mãe, você é meu filho.
Presente Da Natureza
Morrendo o dia a gente vê lá bem distante
O sol brilhante esconder no fim do mundo
Em um segundo os passarinhos vão embora
Na tarde morta é o silêncio tão profundo
A lua vem com seu brilho cor de prata
Beijando as matas no final de uma alegria
O sabiá seresteiro da floresta
Fazendo festa dando adeus pra mais um dia
É assim seu moço
O meu céu cor de anil
É assim seu moço
As belezas do Brasil
No outro dia o sol desponta atrás de serra
E a mãe terra recebe o seu clarão
O sertanejo persistente em sua luta
Volta ao trabalho, pra o sustento na nação,
Este caboclo no recanto onde mora
Não paga água e nem luz no fim mês
A natureza lhe oferece gratuito
De tudo um pouco e o tudo que Deus fez
É assim seu moço
O meu céu cor de anil
É assim seu moço
As belezas do Brasil
Músicas do álbum Pirâmide Do Amor (CHANTECLER 211405197) - (1978)