Um Apagão No Natal - (2011) - Goiano e Paranaense

Um Apagão No Natal
Caminhando bem cansado, se foi avistado numa rodovia
Um homem carregando um saco percebi que fraco talvez estaria
Sem ter por onde ficar e sem alimentar pela estrada seguia
Na chuva ou na tempestade a pé pra cidade ele prosseguia

Quando chegou na cidade comer à vontade ele não poderia
Triste ficou teu semblante nenhum restaurante lhe atendia
Mesmo um resto de comida se fosse servida lhe fortalecia
E até mesmo um pedaço de pão de bom coração ele agradecia

Anoiteceu, era natal, e muitos afinal, grande ceia fazia
E o homem num banco da praça, tão triste, sem graça e sem ter moradia
Tão solitário ele estava, mas não reclamava por nada que via
Sem ter se quer um panetone esse pobre homem num banco dormia

Os fogos que o povo soltava o espaço brilhava e tudo coloria
E após a comemoração veio um grande apagão e faltou energia
Toda da fartura da mesa, muitos com certeza não enxergaria
Porém se avistava um clarão sobre o cidadão que no banco dormia

Na terra ninguém é ninguém, nunca julgue alguém isso não lhe conduz
O mestre foi crucificado por nós judiado e morreu numa cruz
Não queira ser importante o nosso comandante é somente Jesus
Mude sua caminhada existe uma estrada, existe uma luz

Na Carreira Do Ó
As rimas desse pagode segue a carreira do ó
Do começo até o final vai ser uma rima só
Quando meu amor partiu meu coração deu um nó
Fiquei triste nessa hora me deixou e foi embora, como o vento leva o pó

Não atravessa pinguela cachorro que é rabicó
Num duelo o galo índio derrota o carijó
Folhas secas se aglomeram nas ramagens de cipó
Gosto muito de cantar eu só não gosto de forçar, os limites do gogó

Desde a infância eu fui o templo da minha vó
As garotas do meu bairro eu também sou o xodó
Já namorei quase todas mas prefiro viver só
Passarinhos fazem festa, mas quem enfeita a orquestra é o cantar do curió

Eu não aprendi jogar o jogo de dominó
Aprendi comer quiabo e abobrinha com jiló
A derrota do esperto é pensar que sou bocó
Não como a carne do bode terminei o meu pagode, só na carreira do ó

Moça Caipira
Uma moça da roça de perna bem grossa e feitiço no olhar
Na flor da idade veio pra cidade para estudar
Mora com a madrinha que é minha vizinha de apartamento
Tô apaixonado por este pecado que é um monumento

Ela fala errado pronomes trocados e sem concordância
É nóis fica é nóis vai é nóis foi é nóis sai mas não tem importância
Ela disse pra mim respondi meu benzim esta minha pregunta
Se nessa esfregança eu pegar a pança nóis dois se ajunta

Essa moça caipira uma hora me pira quando abre a boca
Fala zóio e zuvido pra mim tem sentido é um dizer de cabocla
Essa convivência já deu influência no meu português
Vejam só como pode eu já falo promode caipirei de vez

Eu gosto da linguagem toda caipiragem desta caboclinha
Mesmo falando errado não tô preocupado ela é minha rainha
Sobre a prigunta dela apertou a fivela mas vou responder
Se vier um filhinho já tenho um cantinho pra juntos viver

Aos Olhos De Deus
 Pela fé que tenho em Deus vou dar meu depoimento
Jesus Cristo é o caminho é o nosso livramento
Muito obrigado meu Deus pela voz e o meu talento
A fé alimenta a minha alma e pra manter a minha calma Deus me deu entendimento

Jesus Cristo aqui na terra deixou os seus mandamentos
Estão escritos na bíblia pra não ter esquecimento
E neles ficaram claros os nossos procedimentos
Quem seguir outros caminhos vai semear os espinhos pro seu próprio ferimento

Igual nossa própria sombra acompanha os movimentos
Deus está presente em tudo sabe até meus pensamentos
Todo bem que praticamos pra Deus é um alimento
Quem faz o bem ganha seu ponto no dia do grande encontro na hora do julgamento

Os olhos de Deus monitoram todos nossos seguimentos
É um satélite divino fazendo rastreamento
A lei divina é perfeita Jesus cristo é cem por cento
Quem querer a salvação na bíblia tem a lição pra o nosso arrependimento

Meu Pagode Está Na Fila
Vou começar o meu pagode o tema é diferente
Meu assunto é sobre a fila que tanto irrita a gente
Começou antes de Cristo em tudo ela está presente
A fila em supermercado deixa o povo impaciente

Esse problema da fila pra ninguém é comovente
Existe nos hospitais filas até pra doente
Também na fila do craque tem a criança inocente
Vejo que a fila da fome só afeta o mais carente

Desde o começo do mundo a fila é permanente
Noé construir a sua arca e a fila foi surpreendente
Foi a fila mais bonita que houve no continente
Na fila de dois em dois entrou até a serpente

Hoje em dia certas filas cada vez é mais crescente
A fila da malandragem tem que acabar urgente
Na fila do desemprego ninguém está sorridente 
Mas na fila do progresso o governo é exigente

Neste país democrata o governo é valente
Mas no INSS tem fila diariamente
Sei que a fila do pagode tem violeiro competente
E a maior fila do mundo é da eleição pra presidente

Universo Caipira
Neste meu universo caipira desde cedo comecei cantar
Foi até no lamento de um peão que o berrante pude repicar 
Estudando na escola da vida tirei dez no vestibular
Vi que todas as marcas de amor são difíceis de cicatrizar
Fugindo da solidão mantendo a tradição sempre vou estar

Sou caboclo e sou feliz, roceiro do interior 
Gosto de um franguinho na panela pescaria também dou valor
Quem ouve o doutor e o caipira ou até caipira lavrador
Valoriza o caboclo do mato e o pequeno médio agricultor
Pela honra de glorificar sempre vou cantar o poder do criador

Minha viola é a mesma de sempre meu estilo nunca vou mudar
Só mudei o assunto das letras nosso mestre é preciso louvar
Cururu, Querumana e pagode pro povão sempre vou cantar
Os fãs que me admiram meu respeito nunca vai faltar
Moda boa sem apelação se não tem palavrão sempre vou gravar

No Delírio E Na Saudade
Sufocado de saudade outra vez estou na estrada
Já distante de quem amo vou rasgando a madrugada
A tristeza agora invade junto vem a solidão
Minha paz está com ela e é o calor dos braços dela que aquece meu coração

Viajo porque eu preciso mas, meu pensamento é parado nela
A tristeza quando invade traz muita saudade, ela é tão bela

É uma dor sufocante viver tão distante de quem se ama
Esse é o meu martírio, esse é o meu delírio infelizmente é meu drama
Mas isso eu sei que logo passa viver deste jeito não dá
Distante da mulher que eu amo por muito tempo eu não vou suportar

Viajo porque eu preciso mas, meu pensamento é parado nela
A tristeza quando invade traz muita saudade, ela é tão bela

É uma dor sufocante viver tão distante de quem se ama
Esse é o meu martírio, esse é o meu delírio infelizmente é meu drama
Mas isso eu sei que logo passa viver deste jeito não dá
Distante da mulher que eu amo por muito tempo eu não vou suportar

No Asilo
Meu ouça agora preciso desabafar quero explicar o que nessa vida passei
Eu meu trabalho eu jamais fugi da luta porém meus filhos na faculdade formei
A minha casa não era casa de luxo fiz o que pude não deixei nada faltar 
Meu sitiozinho tive que vender barato pra que meus filhos eu conseguisse formar

Não concordei com o preço da faculdade é uma fortuna para um pobre enfrentar
Trabalhei muito sem ter hora pra dormir porque meus filhos eu tinha que ajudar 
O primeiro se formou advogado e o segundo até se tornou juiz
E o terceiro se formou em medicina de certa forma por eles eu sou feliz

Infelizmente os anos passam depressa estou no asilo e não posso mais trabalhar
Até parece que virei presidiário muita tristeza vejo aqui neste lugar
Na realidade assim que ficamos velhos só esperamos um dia a morte chegar 
A ingratidão começa dentro de casa os próprios filhos nunca veem nos visitar

Meus filhos vem bater um papo comigo alguns assuntos precisamos conversar
Venham sentir como estou vivendo aqui, venham de perto conhecer este lugar
Não planejei isto aqui pra minha vida é uma sentença que não pude escapar
A experiência que estou vivendo aqui jamais eu quero ver um filho isso passar

Atitude Da Profissão
No estado de Mato Grosso num show de viola fomos contratados
Foram conosco na viagem dois amigos médicos bem consagrados
Nesta viagem tão longa passamos por trechos muito esburacados
De repente um pneu estourou e pra mais complicar fomos assaltados

Na mira de um trinta e oito ninguém fica afoito, ninguém fica bravo
Mas disse um doutor aos bandidos vocês pra polícia não valem um centavo
Dentro da nossa doutrina em prol da medicina a porta eu destravo
Se a caso você for ferido que seja um bandido eu te atendo e te salvo

Foi por respeito ao doutor que abaixaram as armas sem nos atacar
No porta-malas do carro a minha viola eu resolvi pegar
Tiraram todas as carapuças até nos pediu pra uma moda cantar
E eu disse cantar a gente canta, mas o nosso pneu vocês vão trocar

Afinei minha viola e desconfiado fiquei ponteando
Um doutor era violeiro e cantando com a gente foi logo agradando
Reverteu a situação pois o pneu do carro eles foram trocando
Muita gente que ali passava por curiosidade ali foram parando

Foi pelo som da viola e a palavra de um médico naquele instante
Que eles prestaram atenção com viola e violão nossa voz foi brilhante
Todos nos elogiaram dizendo que a dupla era muito importante
E orando eles todos diziam que desistiriam de ser assaltante

Um Vencedor
Vários caminhos nesta terra, temos muito que caminhar
Várias barreiras nesta vida temos também que atravessar
Quem tanto lutou e venceu tem histórias pra contar
Precisou de competência sem Deus pra sua vida melhorar

Como exemplo tenho um amigo um sucateiro que nesta vida venceu
Filho de José de Souza Lima e dona Diva que está sempre ao lado seu
Seu nome é José Luiz do seu trabalho bons frutos colheu
Suas fazendas estão cobertas de gado e a empresa de metal muito cresceu

Sempre nos finais de semana é o sertanejo que ele gosta de escutar
Seus filhos têm educação e a esposa muito exemplo pra dar
Infelizmente o seu pai Des levou está em outro lugar
Existem versos que um violeiro quando canta no som da viola faz até homem  chorar

Esta homenagem que eu presto a este amigo da cidade de Suzano
Foi toda feita com carinho isso faz parte do meu cotidiano
Fiz pela consideração e comprazer agora estou cantando
Pra concluir os meus versos sem embaraço um forte abraço do seu amigo Goiano

O Vaqueiro
Certo dia chega um moço na casa de um fazendeiro
A procura de um emprego pra ganhar algum dinheiro
Respondeu o capataz precisamos de um vaqueiro
Mas preste bem atenção é ordem do meu patrão fazer um teste primeiro

Entre pra dentro seu moço capataz foi educado
Pode dormir por aqui que o jantar tá preparado
Amanhã logo bem cedo terá um cavalo arreado
O teste que vou lhe dar é pro senhor ajuntar no curral todo o meu gado

Pra o capataz ele disse o senhor não leve a mal
Não sei andar a cavalo não monto neste animal
Meu trabalho é só de a pé pode não achar normal
Mas no horário combinado estará todo o seu gado pra conferir no curral

Capataz ficou pensando que sujeito atrapalhado
Correndo lá na invernada muito alegre e animado
Com certeza que no teste ele passava folgado
Todo gado ali chegou, mas um bezerro ficou era um bezerrinho avermelhado

Atrás daquele bezerro ele saiu disparado
Laçou e trouxe puxando e prendeu junto ao gado
E o capataz foi dizendo você está enganado
O bezerro que laçou não é a rês que faltou isto aí é um veado

Você é um bom vaqueiro aqui está empregado
Duvidei do seu talento, mas você foi aprovado
É um laçador de primeira bem disposto e traquejado
Até hoje eu nunca vi ninguém aqui conseguir no mato laçar um veado

Sou Caboclo E Sou Feliz
Pesando em ser feliz em ter uma vida descente
Construí a minha casinha ao lado de uma nascente
Arranjar uma companheira era só que faltava
A sorte pra mim sorriu e de repente surgiu a paixão que eu esperava

Sou feliz com esse amor que muita força me deu
Pra nossa felicidade o nosso filho nasceu
O que mais sonhei na vida tornou realidade
Hoje a minha família é uma estrela que brilha em meu ninho de simplicidade.

A tarde ao chegar da roça antes que o dia termina
Eu vou até a biquinha e banho na água da mina
Depois pego a viola enquanto o sol se cortina
Canto pra minha amada junto ao som da passarada forma a orquestra divina.

Toda noite em minha prece peço a Deus que me ajude
Que nunca deixe faltar paz, amor e saúde
Eu amo a vida que levo ta do jeito que eu sempre quis
Morando aqui no sertão sou peão e patrão, sou um caboclo feliz

Dizem Que Homem Não Chora
Dizem que homem não chora 
Mas eu confesso que chorei 
Por alguém que foi embora 
Um alguém que eu tanto amei

Foi pra longe, foi se aventurar 
Saiu por aí, foi procurar 
E se entregar pra um outro amor 
Ai, ai, meu Deus como dói demais
Saber que este amor já não volta mais
To morrendo aos poucos nesta dor 

Já chorei, já sofri, já briguei com o mundo, com a solidão 
Te busquei por aí, mas só te encontro aqui dentro do meu coração

Músicas do álbum Um Apagão No Natal - (2011)

Nome Compositor Ritmo
Um Apagão No Natal Goiano Querumana
Na Carreira Do Ó Goiano / Ribas Pagode
Moça Caipira Goiano / Hamilton Carneiro Querumana
Aos Olhos De Deus Goiano Cururu
Meu Pagode Está Na Fila Goiano / Marcos Flávio Pagode
Universo Caipira Goiano Corta Jaca
No Delírio E Na Saudade Goiano / Thiago Santos Balanço
No Asilo Goiano / Juliana Balanço
Atitude Da Profissão Goiano Moda de Viola
Um Vencedor Goiano Toada Balanço
O Vaqueiro Goiano / Ribas Cururu
Sou Caboclo E Sou Feliz Paulo Cruz Querumana
Dizem Que Homem Não Chora Chico Amado / Robson Mattos Balanço
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