Grandes Pagodes De Jacó E Jacozinho (CHANTECLER 111405287) - (1983) - Jacó e Jacozinho
Pagode Dos Três
Por falar em cantar pagode eu vou contar pra vocês
Cada um fez seu pagode agora é a minha vez
Tem do sete e tem do nove, tem do cinco e tem do seis
Pra quebrar todos pagodes agora eu fiz o do três
Onde tem um bate pé pode ver que é três mineiros
Casado pula três águas já pensa que é solteiro
Eu vi três galos cantando anunciando a madrugada
Três repiques de berrante é três estouros de boiada
Quando encontra três gaúchos três chaleira de quentão
Jogam a viola pra cima parecem três folgazão
Quando encontra três nortista é só falando do norte
Encontra três italiano é só clamando da sorte
Quando encontra três turco é falência na certeza
Aonde encontra três velhos é só contando proeza
Quem quiser escapar da bala se esconda na trincheira
Quando encontra três baianos cada um tem três peixeira
Se encontrar três pescador só fala em peixe e anzol
Quando encontra três paulista só conversa em futebol
Aonde eu canto três moda de novo eu sou chamado
Com este pagode dos três fui campeão de três estados
Perereca
Menina bonita feição de bonecaÂ
Dos olhos ligeiro que nem pererecaÂ
Por desprezo seu eu levei a brecaÂ
Você é gordinha que nem bistecaÂ
Eu sou magro e feio velho e carecaÂ
Oi lari lará, oi lari laraiÂ
Oi lari lará, oi lari laraiÂ
Eu to parecendo asa de canecaÂ
Se eu estou por fora é você quem pecaÂ
Tirei nos seus braços a minha sonecaÂ
Quando eu não te vejo meu lábio secaÂ
Meus olhos chora e a boca ressecaÂ
Oi lari lará, oi lari laraiÂ
Oi lari lará, oi lari laraiÂ
Te dei a viola de madeira suecaÂ
Até a minha casa tá na hipotecaÂ
Do meu coração você fez petecaÂ
Você é bonita, mas é sapecaÂ
Eu estou perdido com esta molecaÂ
Oi lari lará, oi lari laraiÂ
Oi lari lará, oi lari larai
Preto E Branco
Preto bebe porque gosta, branco porque aprecia
Mas tem preto e tem branco que não tem essa mania
Preto e branco em nossa terra tem a mesma regalia
O sol nasceu para todos, todos tem a luz do dia
E nos pretos e nos brancos que nosso Brasil confia, ai, ai
A cor que nós tem na pele a natureza quem trás
Tudo aquilo que Deus fez não tem ninguém que desfaz
Seja preto, seja branco nos somos todos iguais
Eu não tenho preconceito tanto fez ou tanto faz
Se tem preto que perturba tem branco chato demais, ai, ai
Mulher seja preta ou branca, grande prestigio desfruta
Por elas preto e branco vivem numa grande luta
Tem preta que muitos brancos por ela sofre e labuta
Tem branca que muitos pretos o seu carinho disputa
Se tem branca que é boa tem muitas crioula enxuta, ai, ai
O que manda é paz na Terra e Glória a Deus nas alturas
Seja preto, seja branco nosso fim é a sepultura
Porque a terra come mesmo não respeita a criatura
Preto e branco estão unidos até dentro da leitura
É com o preto no branco que se faz a assinatura
Não É Moleza
É só gente boa que faz pagode melhor ainda é quem aprecia
Quem enfeita o mundo é as mulher e quem manda mesmo são as Maria
Quem ajuda quem não presta meu velho pai para mim dizia
É dar asa para cobra ela vem morder a gente um dia
Quem dá luz à cego eu vou te falar é bengala branca e Santa Luzia
Quem vendeu a vista ganhou dinheiro e neste mundo vive folgado
Vive na miséria passando fome o vendeiro trouxa que vendeu fiado
Quem dá para os pobres empresta a Deus sempre respeitei o velho ditado
Só ajudo quem merece não quebro o galho é de safado
Só quem quebra galho é tempestade, macaco gordo e Tarzan pesado
No bolso de quem trabalha o dinheiro é manga de colete
Quem explora quem trabalha recebe festa e muito foguete
Na casa do pobre a carne é dura o bife amolece só no macete
A mulher pede um vestido o marido brabo desce o porrete
Mulherada não moleia onça bobeia vira tapete
Os moços de antigamente não era igual os moços de agora
Só falar em casamento ele desiste e já vai se embora
Tenho dó dessas mocinhas que não tem sorte quando namora
Pulando que nem pipoca os resultado a coitada chora
Igual dedo de franciscano os pais das meninas estão por fora
Bom Demais
Telefone é preto e não é café
Eu sou bom na bola e não sou PeléÂ
Eu sou bom no tapa e melhor no pé
Eu sou ruim pros homens e bom pras mulher
Tem gente que bebe e não tem controle
Eu vejo no chão eu deixo que role
Tem que benzer no primeiro gole
A pinga derruba é caboclo mole
Lá na minha casa eu sei manda
Briguei com a mulher fiz ela ajoelhar
Minha mulher de joelho reclamaÂ
Para me tirar debaixo da cama
Cabo de machado me faz correrÂ
O cabo da enxada me faz tremerÂ
Feijão com arroz eu limpo no pratoÂ
Mas se eu plantar vai morrer no mato
As modas de hoje é bom pros maridosÂ
Um metro de pano da dois vestidosÂ
A moda de hoje eu acho feioÂ
As mulher já senta mostrando o joelho
Vou fazer vestido pra mulherada
O modelo é novo e não custa nadaÂ
Parte da frente pano não temÂ
A parte de traz é assim também
A Viola Do Zé
Vou contar tudo que eu vi acredite quem quiserÂ
Já vi o gavião Penacho respeitar gavião pinhéÂ
Já vi um leão correndo com medo de um chipanzé
Eu já vi peixe pequeno que bateu num jacaréÂ
Só não vi outra viola bater na viola do zé
Eu já vi um canoeiro remando contra a maréÂ
Já vi um peão caindo do lombo de um pangaréÂ
Eu já vi um boi na chincha voltando de marcha ré
Eu já vi homem valente apanhando de mulherÂ
Só não vi outra viola bater na viola do zéÂ
Já vi sujeito de fogo só bebendo capiléÂ
Já vi uma deputada discutir com um coronelÂ
Já vi conforto e riqueza num ranchinho de sapé
Vi a fama do Tostão batendo na do PeléÂ
Só não vi outra viola bater na viola do zé
Eu já vi o pau quebrando foi lá na praça da SéÂ
Eu já vi tanta rasteira não ficou ninguém de péÂ
Já vi soldado brigar sem derrubar o boné
Eu já vi um galo Ãndio apanhar de um garniséÂ
Só não vi outra viola bater na viola do zé
É Fogo
Uma vez fiz um brinquedo no terreiro de uma venda
Topei um cara marrudo capataz de uma fazenda
Nesse dia eu dei pancada que nem ferreiro na fenda
Nasci na zona da mata valentão pra mim é lenda
Eu disse assim pro sujeito a camisa nós emenda
Meu aço tá na cintura não é pra cortar merenda
Minha faca corta e fura mandei fazer de encomenda
Os taios que eu dou com ela não tem doutor que remenda
Ele virou parafuso eu virei chave de fenda
Fiz ele passar espremido que nem cana na moenda
Nesse dia fui tesoura entrei gostoso na renda
Quem tiver amor na vida que do meu lado não penda
Uma donzela me vendo da janela da vivenda
Papai corra aqui depressa vem ver que briga tremenda
Tô brigando e tô falando pra aquela bonita prenda
Pra vida não tô ligando não quero que me defenda
Se eu daqui sair com vida a polÃcia que me prenda
Se eu morrer nesse combate não quero que vela ascenda
Pra quem lê um pingo é letra espero que me compreenda
Quem tá no braço da viola foi quem venceu a contenda
Corre-Corre
Fracasso corre pra trás progresso corre pra frente
Também o Sol e a Lua correm o céu diariamente
E o tempo também corre como passa de repente
O povo corre pra casa também corre pro batente
O dinheiro corre mais na mão dos inteligentes
Folha seca também corre pra onde o vento levar
Vento corre sem destino corre pra qualquer lugar
As águas que corre-corre corre pra dentro do mar
O sangue corre na veia fumaça corre pro ar
Minha fama também corre não posso deixar parar
O amor corre pra onde o destino escolheu
Na corrente dos meus braços corre o destino teu
Eu corri o meu olhar no olhar que ela me deu
Corri para os braços dela e ela correu pros meus
Saudade saiu correndo tristeza também correu
O pranto corre no rosto por sentimento profundo
Pensamento também corre vai pra longe num segundo
O suspiro sai do peito vem correndo lá do fundo
A polÃcia corre atrás de malandro e vagabundo
Meus dedos correm na viola meu pagode corre mundo
Seis Reis
Afirme o pé companheiro nós vamos ter um trabalho
Pra cantar moda pesada é desse jeito que eu saio
Já desde o primeiro verso nós vamos descer o maio
No lugar que nós diz canta se tiver campeão espanta nós toma conta do assoalho
As modas boas que eu tenho dá pra encher um balaio
Violeiro arma a esparrela, mas é nela que eu não caio
Meus dedos correm no arame do jeito que corre um raio
To por cima e não me afundo meu nome corre no mundo no pagode é que eu me espalho
Andam derrubando a praça violeiros que são retalhos
A turma de trapaceiro neste verso é que eu chacoalho
Se eu der um balanço no rádio cai gente que nem orvalho
Por aà tem violeiro que já foi no macumbeiro pra me derrubar do galho
Meus versos são planejados não sou igual papagaio
Só canto moda bem feita só canto depois que saio
No Brasil só tem seis reis estrada tem muito atalho
Eu sou o rei da viola, outro ta jogando bola e quarto ta no baralho
Não Estou Fazendo Nada
Fiz um negócio da china eu comprei uma boiada
Paguei com cheque sem fundo preparei minha embrulhada
Fazendeiro muito vivo morou na minha jogada
A polÃcia me deixou quinze dias na gelada
Eu não sei por que razão, não tava fazendo nada
A filha do meu vizinho uma garota mimada
Marquei encontro com ela, ela topou a parada
O velho pegou nós dois querendo me dar pancada
O velho quis me bater mas ela foi camarada
Por que bater no mocinho se não tá fazendo nada
Não gosto de trabalhar gosto da vida folgada
Em casa tinha de tudo até roupa bem passada
Meus irmãos que trabalhavam fiz encrenca danada
Me puseram eu na rua, tô dormindo na calçada
Veja só que judiação, não tava fazendo nada
Namorei uma menina até alta madrugada
De um certo tempo pra cá ela tá desconfiada
Marco encontro ela não vai, eu vou na hora marcada
Tá fazendo quinze dias que ela tá dando mancada
Tô solteiro e tô folgado e não tô fazendo nada
Pula PulaÂ
Americano e russo tão pulando lá no espaço
Todos dois pulam pensando em não cair no fracasso
Quem não der o pulo certo nunca mais acerta o passo
Eu nunca dei pulo errado com minha viola nos braços
Todos pulam de alegria com os pagode que eu faço
Â
Professor pula na escola pra ensinar o analfabeto
O engenheiro também pula pra dar conta do projeto
O servente pula muito só na hora do concreto
Operário pula cedo pagamento vem completo
Tem velhos que ainda pulam pra ajudar criar os netos
Â
Tem gente que pula muito, mas dá seu pulo escondido
Mas o gato quando pulo dá seu pulo prevenido
O advogado pula pra ganhar caso perdido
As mocinhas também pulam pra arrumar moço sabido
Solteirona tá pulando pra arranjar qualquer marido
Â
Quero ver quem que não pula com um chute na canela
Pois a onça também pula pra poder pegar a vitela
Passarinho que é sabido não dá pulo na esparrela
Ladrão entra pela porta sai pulando pra janela
Eu dou pulo no catira e a pipoca lá na panela
Â
Nosso povo brasileiro está pulando com fé
Pulando com Deus na frente vai vencer se Deus quiser
Pulando com esperança desde o pobre ao coronel
Tem gente boa pulando pra vender nosso café
Nosso presidente pula pra deixar o Brasil de pé
Tira E Põe
Eu ponho carta pra ela tiro carta do correioÂ
Ponho fim no sofrimento vou tirar o meu receioÂ
Ponho as armas na cintura tiro e faço bombardeioÂ
Ponho todos pra correr tiro a turma do bloqueioÂ
Ponho a minha mão no fogo tiro a moça lá do meio.Â
Eu ponho meu pé na cova mas eu tiro essa donzelaÂ
Ponho o burro na estrada tiro a trava da cancelaÂ
Ponho o macho na calçada tiro a moça pra janelaÂ
Ponho a moça pra casar tiro a moça da capelaÂ
Eu vou por meu sobrenome tiro o sobrenome dela
Eu ponho fogo na casa mas tiro a moça comigoÂ
Ponho a moça na garupa tiro dos meus inimigosÂ
Ponho a moça em meu regime tiro do regime antigoÂ
Ponho a moça em liberdade tiro a moça do castigoÂ
Ponho a moça do meu lado tiro a moça do perigoÂ
Ponho vela pra queimar vou tirar esse mal feitoÂ
Ponho meu sogro na linha vou tirar seu preconceitoÂ
Ponho balas nos capangas tiro a moça do meu jeitoÂ
Ponho a vida no perigo vou tirar um bom proveitoÂ
Ponho a moça lá em casa tiro a tristeza do peito