Dona Saudade (CHANTECLER-SERTANEJO 211405127) - (1965) - Liu e Léu
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Dona Saudade
Com sinceridade a dona saudade não tem mesmo jeito
Da desilusão do meu coração quer tirar proveitos
Pelos meus caminhos colheu gravetinhos de um amor desfeito
E de vagarinho ela fez seu ninho dentro do meu peito
Oh dona saudade tenha piedade não me aperte tanto
Deixe este caboclo viver mais um pouco nem que seja em pranto
Quero ver aquela flor pura e bela perder seu encanto
Seu choro ela canta, quero que esta santa chore quando eu cantoÂ
Rei Do Café
Para o senhor rei do gado aqui vai minha resposta
O que eu penso a seu respeito eu não digo pelas costas
O senhor saiu do bar sem ouvir minha proposta
Saiba que este seu criado não tem medo de aposta
Quem já escorregou na vida em qualquer galho se encostaÂ
O que disse o almofadinha por mim não foi endossado
Se eu quisesse lhe ofender não ia lhe mandar recado
Quem mexe com marimbondo deve esperar o resultado
Creio que você se esquece meu amigo rei do gado
Que o rei para ser rei precisa ser muito educado
É coisa que eu acho feio é o rico fazer cartaz
Não me acanho em lhe dizer que eu já fui peão em Goiás
Já pulei em burro chucro até de cara pra trás
Se eu tirar minha camisa no peito mostro os sinais
De guampa de boi cuiabano oi, na zona dos pantanais
Quando eu vejo um cafezal e um poeirão de uma boiada
Me orgulho ser imigrante nessa terra abençoada
Também já tomei cachaça tirando boi de arribada
Se a balança do Brasil com o café for ameaçada
Eu corto meus cafezais transformo tudo em invernada
Deixe de apostar amigo, não queira dar um passo errado
Vamos lutar ombro a ombro por este solo abençoado
Apesar de eu ser estrangeiro nele eu quero ser enterrado
Onde brota o ouro verde, nosso café afamado
Que da glórias pro Brasil oi nas fronteiras do outro lado
Paineira Velha
Eu encontrei a paineira velha abandonada no meu sertão
Foi derrubada há muito tempo pra tirar dela um caixão
E o ranchinho já carcomido neste pó seco se enlutou
Fui testemunha da esperança e a paineira é a lembrança
De um amor que há tempos findou
Na sua sombra paineira velha já fez pousada os boiadeiros
De vossos galhos tem a cruzinha que está fincada no terreiro
As suas folhas também secaram pra muito longe o vento levou
E apesar de estar derrubada na sua casca tão ressecada
Aquele adeus ainda ficou
O meu destino paineira velha é justamente igual ao seu
Sofremos juntos muitas saudades fiquei no mundo e você morreu
Esta história muito tristonha paineira velha é nossa dor
O vosso drama foi revelado choro cantando o seu passadoÂ
Até o dia que eu também for
Sabrina
Quando eu era boiadeiro tinha uma vida brilhante
Gostava de trabalhar só em negócios volantes
Comprava gado e vendia em quantidade bastante
Sacava o cobre no banco não precisava endossante
Me lembro de uma passagem que achei muito interessante
Fui buscar uma boiada lá nos campos de Xavantes
Levava quinhentos contos pras despesas dos marchantes, oi lari, lari larai
Dia da minha partida eu tive um atenuante
De marchar com a comitiva e a minha peonada adiante
Era subida e descida só campinas verdejantes
Logo eu vi um automóvel que vinha vindo distante
Entre a poeira avermelhada vi que o carro era importante
Gritei pra minha peonada não quero que o gado espante
Encoste o gado depressa e repicasse o berrante, oi lari, lari larai
Era uma garota linda vinha vindo no volante
Diz que chamava Sabrina me respondeu num instante
Vi que era capitalista sua fortuna é bastante
Calculei mais de mil contos só em pedras de brilhantes
Perguntou da onde eu era sou da firma bandeirante
Todos negócios que eu faço minha firma é quem garante
Eu sou o dono da firma não tenho representante, oi lari, lari larai
Pensando bem o destino veja como é interessante
Ficamos ali se gostando não se esquecemos um instante
Nunca mais vi essa moça mas a saudade é bastante
Daquele rosto moreno daquele corpo elegante
Um sorriso encantador não esqueço o teu semblante
O caso é que eu sou casado levo uma vida importanteÂ
Mas lembro dessa passagem quando repica um berrante, oi lari, lari larai
Poeira De Boiada
Saudade negra saudade que fere meu coração
Trazendo a vida passada na minha imaginação
Os anos me arrastaram longe da infância florida
Estou chegando ao fim da longa estrada da vidaÂ
Meu pai era boiadeiro viajava desde menino
E eu cresci nessa lida nasci com o mesmo destino
Meu pai morreu na estrada marcado ao peso da idade
Pro mundo eu sigo levando a negra cruz da saudade
Estou no fim desta vida em meu exÃlio profundo
Recordo as longas viagens pra aqueles ermos de mundo
Sonhando ainda eu vejo a minha rede armada
Ainda sinto a friagem da brisa das madrugadas
Sonhando à s vezes em delÃrio escuto na voz do vento
O triste som de um berrante gemendo em meu pensamento
Hoje eu sou a poeira que o gado faz na estrada
E vai sumindo aos poucos vai se acabando em nada
Carreiras De Cururu
Pra cantar o cururu tem que ser desta maneira
Cururu pra ser bonito é um versinho em cada carreiraÂ
Este é o primeiro verso na carreira de São João
Vou louvar a imagem santa de joelho pelo chão
Eu canto verso trovado sempre na imaginação
Tenho o verso na cabeça que nem terra no terrão
Este é o segundo verso na carreira do sagrado
O salto de Piracicaba é pedra pra todo lado
Pra cima corre ligeiro pra baixo mais sossegado
No meio faz um remanso onde os peixes tão parados
Vou cantar o terceiro verso carreira Santa Terezinha
Se você pega um peixe como ele com farinha
Aqui nós não pega nada só pega lambarizinha
Eu quero ver nesta sala este peixe quem cozinha
Vou cantar o quarto verso carreira Santa Catarina
Eu gosto de tora grossa não gosto madeira fina
Quando a tora é muito grossa levo pra minha oficina
E da tora faço caibro e divido em quatro quina
Tem quem canta o cururu canta de qualquer maneira
Escute preste atenção a carreira da bandeira
Cantador que não é firme eu amarro na toceira
Eu jogo ele pra fora e depois fecho a porteira
Baile Na RoçaÂ
Vem cá morena do cabelo cacheado nós vamos entrar no salão juntinho de braço dado
Vem cá morena do andar balanceado eu quero ensinar você como dança o recortado
Um passo aqui um passo ali e outro lá mexe as cadeiras quero ver requebrar
Um passo aqui um passo ali e outro lá entre na dança não deixe o baile pararÂ
Toque a sanfona que o baile ta animando até os velhos entrou na dança o dia vem clareando
Deixa morena os cavalheiro esperando nosso jeito de dançar seu pai não ta reparando
Um passo aqui um passo ali e outro lá mexe as cadeiras quero ver requebrar
Um passo aqui um passo ali e outro lá entre na dança não deixe o baile pararÂ
Vem cá morena do cabelo cacheado nós vamos entrar no salão juntinho de braço dado
Vem cá morena do anda balanceado eu quero ensinar você como dança o recortado
Um passo aqui um passo ali e outro lá mexe as cadeiras quero ver requebrar
Um passo aqui um passo ali e outro lá entre na dança não deixe o baile pararÂ
Querência LindaÂ
Deixei meu rancho junto ao pé da serra lá no fim da terra onde eu nasci
E hoje eu sinto uma saudade e infinda da querência linda onde que despedi
Minha cabocla dos meus quinze anos vem me acompanhando com seu triste olhar
Tendo nos olhos duas gotas d’águas sufocando a mágoa para não chorarÂ
Teu rosto forte ouvindo o meu motivo é um retrato vivo na imaginação
Seu lenço branco pra mim acenando estou enxergando na minha visão
Cantando estou mas juro meu regresso está nestes meus versos cheio de paixão
Querida espero receber seu beijo e por nosso desejo nossa união
Quero votar ao mais feliz momento que em meu pensamento ainda posso ver
Ouvindo a fonte murmurar baixinha e entre os passarinhos eu beijar você
Já olho o céu igual à garça branca que levanta vôo e vai cortando o ar
Saudosa ave volta ao ninho antigo eu volto ao velho abrigo nosso eterno lar
Nadando Em DinheiroÂ
Castigado pelo horror da seca pela falta de chuva no norte
Grande parte daqueles nortistas menos favorecidos da sorte
Procuraram os estados do sul confiantes nos seus braços fortes
Obrigado pela situação grande parte foi a imigração que lhe dava o transporte
O estado do Paraná recebeu a grande maioria
Lá chegava com os pau de arara mesmo a pé chegou muitas famÃlias
Desprovido de qualquer recurso foram entrando pelas matarias
Empunhando a foice e o machado foi surgindo os enormes roçados e suas moradias
Transformaram as matas em lavouras e milhões de pé de café
ConstruÃram as modernas cidades, aranha céus e muitos chaminés
As aldeias foram povoadas muitos Ãndios virou coronel
Despertaram das matas sombrias o enorme leão que dormia e puseram de pé
Com o sangue e o suor do nortista foi regado o chão do Paraná
Semearam a semente progresso conseguiram a fazer germinar
Foi crescendo assustadoramente dia e noite cresceu sem parar
Paraná abastece a nação ainda sobra muita produção pro paÃs exportar
Tomou parte na luta de glória os paulistas também os mineiros
Paraná tem milhões de habitantes lá tem gente do Brasil inteiro
Representa a nação inteirinha o pequeno estado brasileiro
Lá é terra dos capitalistas entre eles está o nortista nadando em dinheiro
Zé Claudino
Vocês tão vendo lá na beira da estrada
Uma tapera e uma roseira toda coberta de flor
Nunca me esqueço quatro anos que já fez
Foi num domingo de mês que essa história se passou
Â
Ali morava o caboclo Zé Claudino
Mas o malvado destino castigou o pobre rapaz
De uma trovoada deu um raio no ranchinho
A mulher e seu filhinho Deus levou pra nunca mais
E às quatro horas os dois caixões foram saindo
Devagar foram sumindo na curva do cafezal
E Zé Claudino soluçava na janela
Enquanto o sino da capela não cessava de tocar
E a taperinha lá na beira da estrada
Hoje vive abandonada já não tem mais morador
Esta casinha tão humilde e tão modesta
Já foi um ninho de festa hoje é um recanto de dor
Baile Moderno
Pra cantar essa moda eu peço permissãoÂ
Pras mocinhas que dançam nas bonita reunião
Eu também não sou santo pra quere da liçãoÂ
No sistema moderno dessa diversão
Pois eu não tenho nada a perderÂ
Mas porém posso dar opinião
Se eu bato nessa tecla é com muita razãoÂ
Por ver a vergonha de certas função
Os moço ali vai não perde a ocasiãoÂ
Vê pai de famÃlia com a cara no chão aiÂ
Com o modo das filhas dentro do salãoÂ
Elas chegam no baile já vem um bonitãoÂ
Com cabelo de poeta e a moda jaquetão
Essas boca de sino mostrando o garrãoÂ
É um terno de luxo feito a prestação
O tal fala bonito de fatoÂ
Com o seu sotaque de Dom Juan
Dizendo que o tal na repartiçãoÂ
E ainda tem cara de ser valentão
E as moças acredita nessas tapeaçãoÂ
Mal sabe as coitadas que o tal malandrão aiÂ
Não traz na algibeira um triste tostão
Quando o baile se acaba já é madrugadãoÂ
No caminho de casa não tem luz, nem lampião
Se os dois abusaram um pouco do quentãoÂ
O que vai acontecer comentar nem é bão
As mocinhas sendo elogiadasÂ
Ficam mole que nem requeijão
Se elas vai no bico do espertalhãoÂ
O caboclo empaca no pé do mourão
O preto no branco ele não passa nãoÂ
O tal pica o burro e já dobra o espigão aiÂ
Deixando a mocinha em má situação
As mocinhas ajuizadas não vai nesta ilusãoÂ
Elas só vão no baile com o pai os irmão
Se o rapaz quer dançar e tem boa intençãoÂ
Ele fala pro velho com educação
Me permita eu tirar vossa filhaÂ
E o velho da autorização
Os dois dança de longe sem exibiçãoÂ
Isto é um prazer pra um cidadão
Não toma uma tábua nesta condiçãoÂ
A fruta madura tem mais cotação aiÂ
Quando ela ta longe do alcance da mão
A Verdade Dói
O mundo já está pequeno para tanta ingratidão
Nosso grande Rui Barbosa escreveu com precisão
Que um dia o homem direito Ãa ter desilusão
O homem correto tem vergonha da situação
O honesto serve de secada por onde sobe os ladrãoÂ
Malandro e vigarista são donos da situação
Passa bem e goza a vida a classe dos embrulhão
Vive só na casimira vocês vão me dar razão
Na mesa de quem trabalha falta carne, falta o pão
Quem vive de cambalacho o mundo velho ta bom
Fazendeiro e sitiante lá da banda do sertão
Ombro a ombro com os colonos enche de calo na mão
Deixa o couro na lavoura de café e algodão
O homem da sociedade nunca teve coração
Meia dúzia de cartola que leva a parte do leão
Quando Deus formou o mundo ele fez sem distinção
O mundo era pra todos pra viver como irmão
Meia dúzia tomou conta da carta jogada em mão
Nós vivemos em uma terra onde o povo é cristão
O pobre não tem direito de um pedacinho de chão
Eu sei que pisei no calo da turma da oposição
Eu sei que a verdade dói corta mais do que facão
Os meus verso é uma bomba cada frase é uma explosão
Eu no campo de batalha não preciso pelotão
Minha trincheira foi feita com verdade e com razão
Preto De Alma Branca
Fazenda da Liberdade a onde o coronel vivia
Seus colonos empregados gozavam da regalia
Mas tudo que é bom se a caba e cada coisa tem seu dia
Foi em uma tarde de maio que o coronel falecia
Um preto velho chorou na hora que o caixão saia
Era o peão mais antigo que na fazenda existiaÂ
Com a morte do coronel seu filho ficou patrão
Mais não herdou do seu pai aquele bom coração
Mandou chamar o preto velho e disse sem compaixão
Vou mandar você embora não tenho mais precisão
Preciso aqui gente nova pra tratar da criação
Foi outro golpe doido na vida desse cristão, ai
No palanque da mangueira do preto velho encostou
Ali de cabeça baixa seu passado recordou
De quantos bois cuiabanos nos seus braços já berrou
Quantos potros redomão sua chilena quebrou
Um estalo no portão de repente ele escutou
Um pantaneiro furioso no mangueiro penetrou ai
A filha do fazendeiro a sua prendinha querida
Aquele anjo inocente brincava muito entretida
O preto saiu correndo com suas perna enfraquecida
Parou na frente do boi quando ele deu a investida
No chifre do pantaneiro as suas forças foi vencida
Pra salvar a sinhazinha ele arriscou sua própria vida
O fazendeiro correndo cinco tiros disparou
Derrubou o pantaneiro, mas nada disso adiantou
Abraçando o preto velho o coitado ainda falou
Mande benzer a sinhazinha do susto que ela levou
Eu preciso ir me embora minha hora já chegou
E o preto de alma branca deste mundo descansou
Final De Um Grande AmorÂ
Quando desperto em altas noites de luarÂ
Fico triste a meditar recordando o nosso amor
Que foi nascido em uma tarde de verãoÂ
O meu pobre coração te amou com tanto ardor
É meu consolo recordar nosso passadoÂ
Quando estavas ao meu lado num sorriso encantador
Dos teus carinhos que outrora foram meusÂ
Só restou um triste adeus e o final de um grande amor
Saio à janela para ver a luz da luaÂ
Representa a imagem sua que vem vindo me abraçar
Mais tudo é um sonho que vai chegando ao fimÂ
Você não nasceu pra mim mais eu vivo a te adorarÂ
Músicas do álbum Dona Saudade (CHANTECLER-SERTANEJO 211405127) - (1965)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Dona Saudade | Edward De Marchi | Rasqueado |
Rei Do Café | Teddy Vieira / Carreirinho | Moda De Viola |
Paineira Velha | Dino Franco / Juquinha | Rancheira |
Sabrina | Carreirinho | Moda De Viola |
Poeira Da Estrada | Luiz De Castro / Oswaldo Gualhardi | Toada |
Carreiras De Cururu | Piraà / Biguá / Teddy Vieira | Cururú |
Baile Da Roça | Teddy Vieira | Arrasta-pé |
Querência Linda | Edward De Marchi | Toada Balanço |
Nadando Em Dinheiro | Joaquim Moreira | Moda De Viola |
Zé Claudino | Carreirinho | Toada |
Baile Moderno | Teddy Vieira / Vicente Lia | Moda De Viola |
A Verdade Dói | Lourival Dos Santos / Teddy Vieira | Moda De Viola |
Preto De Alma Branca | Teddy Vieira / Lauripede Pedroso | Moda De Viola |
Final De Um Grande Amor | Luiz De Castro / Afonso Rosa | Guarânia |