Liu E Léu e Dou Guarani - Paulista X Mineiro - (1967) - Liu e Léu

Canção Do Sertanejo
Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito
Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito

E lá na mata os passarinhos voltam cantando para os seus ninhos
E no silêncio da mata virgem o chuá do riacho sereno surge
Trazendo encanto e tenta beleza colorindo a tela da natureza

Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito
Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito

Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito
Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito

E o caboclo sempre contente no seu ranchinho tão sorridente
E na viola o sertanejo soluça uma prece com seu arpejo
Pedindo a Deus em tom de oração protegei o meu querido sertão

Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito
Lá no sertão como é bonito quando a lua nasce lá no infinito

Querido Amor
Quisera minha querida viver a vida nos braços teus
Sentir dos teus lábios quentes um beijo ardente nos lábios meus
Quisera que me fizeste jura sincera de um puro amor
Molharia o teu rostinho com pranto triste da minha dor
Molharia o teu rostinho com pranto triste da minha dor

Querida ouça meu canto enxugue meu pranto que não tem fim
Vem trazer o teu amor e o teu calor todinho pra mim
Meu coração está triste já não resiste à solidão
Vem meu querido amor vem matar a dor do meu coração
Vem meu querido amor vem matar a dor do meu coração

Tempo De Criança
Ai se eu pudesse voltar há minha santa infância
E reviver com saudade o meu tempo de criança
Abraçar meus coleguinhas que nunca mais eu vi
Rever a linda igrejinha do bairro onde eu nasci

Que saudade da bandinha que tocava nas quermesse
Nosso tempo de criança nunca mais agente esquece

Juca Bento
Juca Bento foi aquele trapaceiro valentão e desordeiro que morou na ventania
Era um homem com instinto de maldade que entrava na cidade só fazendo valentia
Juca Bento um covarde um pretinho que espancava um menino e falava seu entendo
Vou cortar esse bichinho no chicote quero ver se o pai é forte pra topar com Juca Bento

Juca Bento um diabo em pessoa era o tipo mais a toa que já pude conhecer
Onde andava só fazia estripulia obrigando a freguesia beber pinga sem querer
Certo dia obrigou o Zé Pretinho apear de um burrinho e entrar em um armazém
E entrando foi gritando pro vendeiro traga pinga que o leiteiro hoje vai beber também

O leiteiro quase morrendo de medo foi dizendo eu não bebo dá licença vou me embora
Juca Bento percebendo a recusa disse negro não abusa que eu lhe monto de espora
Zé Pretinho quando se viu sem saída a Senhora Aparecida suplicou com grande fé
E a santa concedendo aquela graça fez o copo de cachaça transforma-se em café

Nesta hora o valente destemido soluçando arrependido de joelhos foi ao chão
Mesmo estando na presença do vendeiro chorando aos pés do leiteiro implorou o seu perdão
E pagando a despesa foi embora louvando Nossa Senhora nunca mais fez valentia
Juca Bento hoje é religioso homem bom e caridoso e bom chefe de família

Deus Te Pague
Querida aceite estas flores que apanhei pra te ofertar
São flores que tu plantaste no jardim do nosso lar
Hoje é uma data feliz eu quero te homenagear
Saudando a tua saúde e o passado relembrar

Já fui um mal companheiro, fui perverso e infiel
Mas uma esposa sincera enfrenta tudo que vier
É como diz o ditado anda errado só quem quer
Quando eu soube ser homem tu soubeste ser mulher

Hoje em dia me envergonho de ter um passado assim
Somente a sua bondade impediu meu triste fim
Enquanto eu repassava botequim por botequim
Você em casa esperava rezando em pranto por mim

Até um dia tuas preces lá do céu Deus escutou
Pois a mão no meu caminho meu destino transformou 
Abandonei a bebida minha vida endireitou
Me dediquei à família e o meu lar Deus abençoou

Hoje fazem quinze anos que nós dois enfrente ao altar
Juramos aos pés da Virgem para sempre se amar
Tua bondade impediu dessa jura eu quebrar
Deus te pague oh, querida por ter salvo o nosso lar

Nem Um Balão
A noite de são João do ano passado me assentei na beira da fogueira
Triste desconsolado com a cara dentro da mão afogado nas saudades
Nas recordações nos tempos que a liberdade morava neste sertão
Olhei pro céu estrelado não vi nenhum balão. Olhei tornei olhar
Apurei as vista de lá e de cá pro lado de nascente do lado do poente
Olhei tornei olhar, mas qual... nenhum balão
Nem um balãozinho voando no ar voando distante da vista da gente
Longe nos confins nas sistas dos monte acendendo e apagando
Que nem estrela piscando até desaparecer e sem destino perder nas copas
Nas perambeiras, nos talha de  ribanceira pelos beirais do meu sertão
Olhei, tornei olha e não vi nenhum balão acendendo e piscando
Distante da gente sem destino e sem fé quem nem o fogo do amor 
No coração das mulheres. Eu acho que foi as autoridades que decretou
Proibição da solta dos balões nas noites de São João
Foi as autoridades malvadas que pois , matou assassinou
Toda alegria que existia no meu sertão nas quadras das fogueiras
Foi que nem arrancar de uma viola afinada sua prima e seu bordão 
Foi que nem tomar da noiva que vai casar sua grinalda, seu véu 
Foi que nem proibir as estrelas piscar no céu foi mesmo que engasgar
O sabiá laranjeira requinta do meu sertão, foi mesmo que instalar o jaó das capoeiras
As codornas das baixadas, as procara verdadeira, 
Foi mesmo que matar os nhambuzinhos das palhadas 
As promessa e os desejos dentro dos corações do pobre do sertanejo
Eta judiação! Nenhum balão na noite de São João olhei pro céu estrelado
Triste desconsolado com a cara dentro da mão, olhei tornei olhar 
Apurei as vista de lá e de cá pro lado de nascente do lado do poente
Mas qual, nenhum balão somente uma zelação muito longe se apontou 
Cumprimentando as fogueiras do padrinhos de Nosso Senhor
Era a mãe natureza cheia de encanto e beleza que a noite cumprimentava
Era o céu revoltado que o povo sussurava somente imaginação
Nem um balão, na noite de São João 

Aliança De Noivado
Devolva o meu retrato porque não tem mais jeito
Devolva minha aliança nosso noivado está desfeito
Eu só lhe peço pra não ter pena das minhas dores
Não acredito que um coração prenda dois amores

Devolva o meu retrato porque não tem mais jeito
Devolva minha aliança nosso noivado está desfeito
Eu só lhe peço pra não ter pena das minhas dores
Não acredito que um coração prenda dois amores

O beijo repartido não é beijo
É um espinho venenoso que envenena o coração
Também sei dizer adeus
Uma aliança de noivado não serve para sua mão

Nada posso oferecer a não ser o desprezo pela ingratidão
Vá chorar em outros braços e que o exemplo sirva de lição

Pra Que Beber
Se bebes para esquecer-me não bebas mais
Se bebes para o findar do nosso amor
Porque, porque me bem beber assim
Se existe também em mim a mesma dor

Querida quando te vejo assim bebendo
Sinto uma dor imensa no coração
Vamos salvar nosso amor que está morrendo
Pois a maldita bebida é pura ilusão

Pra que tentar esquecer quem jamais te esqueceu
Não voltes mais a beber o nosso amor não morreu

Lembrança
Eu não vou mais seguir ocultando o grande amor
Que há muito trago em mim
Não mais direi que te amo oh! Querida
Porque eu sei que não és para mim

Meu coração há muito te entreguei
Porque na vida a ti somente amei
Trago comigo somente as lembranças
Doces lembranças de quando te beijei

Esta lembrança que trago em mim
Será meu castigo e será meu fim
Pois não consigo jamais esquecer-te
Passe o tempo que passar
Sem pré hei de lembrar
Não deixarei de querer-te
Nosso amor foi de momento
Tudo ficou no esquecimento
Pois para mim não foste sincero
Mas mesmo desprezada sendo
Quero que fiques sabendo
O quanto ainda te quero

Meu coração há muito te entreguei
Porque na vida a ti somente amei
Trago comigo somente as lembranças
Doces lembranças de quando te beijei

Sempre Contigo
Eu sou feliz novamente contigo juntinho assim
Tu dissestes que me ama e que vives para mim
Esqueci o que passou eu agora sou contente
Ao passado eu não ligo quero te amar loucamente

A sorte foi mal comigo não me deixou ser feliz 
Pois afastou-me de ti me fazendo infeliz 
Agora volto a encontrar-te e no calor dos teus beijos
Quero dizer-te querida és na vida o meu desejo

Perdiz Mato-Grossense
Os poetas já escreveram das belezas da minha terra
Do cantar da seriema que tanta beleza encerra
Escreveram das cidades que são todas um colosso
Só ainda não escreveram da perdiz de Mato Grosso

Oh, perdiz mato-grossense nas noites enluaradas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas

Oh perdiz mato-grossense teu cantar é tão dolente
Que faz brotar a saudade no peito de tanta gente
Eu aqui muito distante das noites enluaradas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas

Oh, perdiz mato-grossense nas noites enluaradas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas

Nas campinas verdejantes deste meu torrão amado
A perdiz canta tão triste na fronteira deste estado
O cantar desta perdiz que pra muito longe vai
Faz lembrar o meu amor que ficou no Paraguai

Oh, perdiz mato-grossense nas noites enluaradas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas
Sonhando ainda te vejo cantando nas madrugadas

Jogador Na Igreja
No domingo eu fui na missa cumprir minha obrigação
Por não ter um livro de reza levei meu baralho na mão
Eu tava dentro da igreja com meu baralho levado
Enxerguei perto de mim um sargento ajoelhado
Dali a pouco o sargento foi dar parte ao delegado
Dizendo que na igreja tinha um homem cometendo um grande pecado
Dali a pouco na igreja eu vi entrar um soldado
Me disse logo o senhor tá intimado
O doutor mandou lhe chamar pa ser interrogado
Eu fui e segui pra delegacia a polícia me escoltando
Na rua que eu passava o povo todo me olhando
Sem saber o crime que eu tinha de um baralho ta levando
Assim que cheguei na presença do doutor 
Ele foi me interrogando chamando de pecador
Perguntou se na igreja é lugar de jogador
Eu fui e respondi pra ele meu pensamento não falha
Fui lá rezar pra Deus diminuir o meu trabalho
Vou fazer a explicação de depois de bem explicado  doutor vai me dar razão
Vai ver que em todo o baralho tem sincera devoção
Se pego no As que te uma pinta somente
Me lembro que existe um só Deus onipotente
Quando nós chamamos por ele é certo que ta presente
Quando pego no dois no jeito lembro eu
Que em duas taboas de pedra o Criador escreveu
Quando na salsa ardente pra Moises apareceu
Quando pego no três rezo com sinceridade
Lembrando das três pessoas da Santíssima Trindade
Pai, Filho e Espírito Santo em um só Deus de verdade
Quando pego no quatro de paus  um cruzado
Eu me lembro dos quatro cravos que Jesus foi cravado
Foi preso sem dever crime, morreu sem dever pecado
O cinco me faz lembrar aqueles dias de dor
As cinco chagas doídas que sofreu Nosso Senhor
Derramou todo se sangue pra salvar o pecador 
Quando pego no seis faço a comparação 
Os seis dias da semana na obra da criação
Em seis dias Deus fez tudo sem nada por a mão
O sete lembra a hora triste amargurada
Os sete passo de Cristo  na sua paixão sagrada
Com sete espadas de dor a mãe de Deus foi cravada
Quando pego no oito que oito pinta contei 
Me lembro que não se deve amar falso a ninguém
Quem ama falso os outros perdão no céu nunca tem
Quando pego no nove vem logo a recordação
Os noves meses ditosos  da divina encarnação 
Que Jesus passou no ventre da Virgem da Conceição
Quando pego no dez não posso mais esquecer
Dez mandamentos ficar para os homem se regerem
Quem cumpre esse mandamentos  não quer sua alma perder
Se pego uma dama me lembro da Virgem Maria 
Se não fosse ela ai de nós o que seria
Se é ela mãe de Deus e do pecador na agonia
Quando pego no reis vem logo na memória 
Jesus Cristo poderoso o divino rei da glória
Que não precisa de força pra alcançar a vitória
E assim senhor delegado que na igreja eu fui rezar 
Agora to as suas ordens pra que você desejar
Ou me prenda no xadrez ou me deixa retirar
O delegado pensou, pensou não achou o que fala
Viu que eu tinha razão começou a perguntar 
Porque motivo eu deixava o valete sem contar
Eu fui e respondi pra ele o valete é carta ruim 
Nunca vi tão ruim assim quando compro um baralho 
No valete já dou fim pois parece com aquele sargento
Que veio dar parte de mim

Músicas do álbum Liu E Léu e Dou Guarani - Paulista X Mineiro - (1967)

Nome Compositor Ritmo
Canção Do Sertanejo Zorinho / Léu Toada
Querido Amor Zorinho / Liu Rasqueado
Tempos De Criança Nestor Valsa
Juca Bento Nonô Basílio Toada
Deus Te Pague Zé Paioça / Joel Tavares Cateretê
Nem Um Balão Cândido Canela / Belarmino Arrasta-pé e Declamação
Aliança De Noivado Canarinho / Leite Guarânia
Pra Que Beber Tony Damito / Belarmino Valseado
Lembrança Versão: Barrinho Bolero
Sempre Contigo Barrinho / Edson Ayres Huapango
Perdiz Mato-grossense Belarmino / Socó Polca
Jogador Na Igreja Motinha Toada e Declamação
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