O Melhor Trio Do Brasil (COELP 40960) - (1971) - Pedro Bento e Zé Da Estrada

Seresteiro Da Lua
Abre a janela querida
Venha ver o luar cor de prata
Venha ouvir o som deste meu pinho
Na canção de uma serenata

Sei que dorme sonhando com outro
Desprezando quem é teu amor
Que tu amas, de ti nem se lembra
Quem te quer você não dá valor

Só a lua de mim tem piedade
Porque nunca me deixa sozinho
E não sabe fazer falsidade
Ilumina sempre meu caminho

E o sereno nas folhas das matas
Com o sol vai caindo no chão
Vai sumindo como o nosso amor
Foi se embora do teu coração

Como as nuvens que passam depressa
Foi assim que passou nosso amor
Só te peço que nunca te esqueça
Tudo aquilo que você jurou

E quem falta com o juramento
Com o tempo vai se arrepender
Porque o mundo é uma grande escola
Pra ensinar quem não sabe viver

Sete Léguas
Sete léguas a cavalo todo dia eu percorria
Quando você me queria meu cavalo relinchava
E cantando eu seguia quando você me queria

Na distância do caminho mais o meu amor crescia
E bem depressa eu queria em seus braços me atirar
Para matar a saudade que o meu peito sentia

Hoje você me esqueceu que era puro o meu amor
A traição foi serpente que envenenou nossa vida
Sem lembrar-se querida que era puro o meu amor

Sete léguas a cavalo a chorar vou percorrendo
Lembrando da felicidade que sem você foi morrendo
Sete léguas a cavalo a chorar vou percorrendo

Adeus flores do caminho essa dor meu peito invade
Vou galopando sozinho bem distante da cidade
Vou lembrando seu carinho sete léguas de saudade

A Lua É Testemunha
Numa noite serena e escura
Quando em silêncio juramos amor
Quando em silêncio me deste um abraço
Nos despedimos morrendo de dor

As estrelas o sol e a lua
Testemunham que fui tão fiel
Hoje volto e te encontro casada
Ai que sorte infeliz e cruel

Estou casada seguir-te não posso
Porque assim exige a lei
Quero ser sincera ao meu esposo
Mas em silêncio por ti chorarei

Ao estares nos braços de outro
E o remorso a ti apertar
Peço a Deus que te mate dormindo
Pois não é minha nem de outro será

Vinte Anos
Trago um sentimento triste sentimento
Que fere o meu peito em tão profunda dor
Velhas ilusões que me traz os tempos
De uma história negra de um maldito amor

A mulher que eu quis me deixou por outro
Eu segui seus passos e matei os dois
Eu não fui culpado porque estava louco
Louco de ciúmes, louco de amor

As leis da minha terra ditaram a sentença
Me deram sem clemência vinte anos de prisão
E aqui por entre as grades são longos os dias meus
Vendo o céu azulado onde se encontra Deus 

Ladrão De Beijos
Vem aos meus braços minha querida
Vem aquecer-me com teu calor
Tu és meu sonho, és minha vida
Eu quero ser o teu grande amor

Não sejas doída me segurando
Deixe meus braços te abraçar
Porque minh'alma fica chorando
Se os teus lábios eu não beijar

Quero sentir os teus lábios quentes
Para matar meu febril desejo
Estou cansado de ser somente
Em tua vida um ladrão de beijos

Bem sei querida estou errado
Se os teus beijos vivo a roubar
De nossas brigas, eu sou culpado
Mas eu nasci para te adorar

Quero ser dono dos teus abraços
Não fujas nunca dos braços meus
A minha vida será um fracasso
Se eu ficar sem os beijos teus

Quero sentir os teus lábios quentes
Para matar o meu febril desejo
Estou cansado de ser somente
Em tua vida um ladrão de beijos

Pisa No Pé
Instrumental
 
Boneca Cobiçada
Quando eu te conheci do amor desiludida
Fiz tudo e consegui dar vida a tua vida
Dois meses de aventura o nosso amor viveu
Dois meses com ternura beijei os lábios teus

Porém eu já sabia que perto estava o fim
Pois tu não conseguias viver só para mim
Eu poderei morrer, mas os meus versos não
Minha voz hás de ouvir ferindo o coração

Boneca cobiçada das noites de sereno
Teu corpo não tem dono teus lábios têm veneno
Se queres que eu sofra é grande o teu engano
Pois olha nos meus olhos vê que não estou chorando

Mulher De Ninguém
Como posso ser feliz na minha vida
Viver ausente da mulher que mais amei
Com tristeza eu recordo a despedida
Daquela ingrata com quem eu tanto sonhei

E sozinho hoje eu entro em meu quarto
Esta saudade fazem meus olhos chorar
O meu consolo é beija o seu retrato
Enquanto os outros no seu rosto vão beijar

Ela teve tudo que sonhava neste mundo
O seu desejo era viver na liberdade
Dando em meu peito esse golpe tão profundo
Deixando em mim a cicatriz da falsidade

Vejo a aliança que ela ainda traz no dedo
Foi recebida de joelho em frente ao altar
A lei divina foi pra ela um brinquedo
Indo pra lama destruindo o próprio lar

Hoje ela vive de boêmios rodeada
Trocando abraços por um copo de bebida
Todos se afastam quando chega a madrugada
Fica sozinho maldizendo a própria vida

Vendo seu rosto não esconde mais a mágoa
Olha a aliança que é o espelho do passado
Chama o meu nome com os olhos rasos d’água
De pouco a pouco vai pagando seu pecado

Amanheci Em Teus Braços
Amanheci outra vez em teus braços
E despertei chorando de alegria
Acariciei teu rosto com ternura
O nosso amor é cheio de ventura

Sorrindo estavas tu quando acordaste
Beijei a tua boca com ânsia louca
E silenciosamente nos amamos
Assim passaram muitas, muitas horas

Quando a noite chegou e a lua apareceu
O mundo era de prata quando te iluminou
Senti na minha alma um ciúmes que maltrata

Tua voz estremeceu quase chorando
Beijando te acalmei toda amargura
A lua em seu fracasso foi embora
E amanheci outra vez em teus braços

Minha História De Amor
Foi na festa da fazenda, do seu coronel Janjão
Que eu conheci minha Rita formosa como um botão
Seus olhos preto me olharam, senti meu corpo a tremer
Não foi preciso mais nada pra nós dois se compreender

Como eu era cantadô afamado do sertão
Logo todos me pediram "A saudade do Matãoâ€

Neste eu mundo choro a dor por uma paixão sem fim

Num canto a Rita chorava fui logo saber porque
Não é por nada responde é de orgulho de vancê

Sempre gostei de ser livre levando a vida a cantar
Mas ali mesmo com a Rita eu combinei me casar
Mas Deus não quis que assim fosse não quis vê a nossa alegria
Uma semana depois, a minha Rita morria

E no seu leito morrendo, apertando minha mão
Me pediu; cante baixinho "A saudade do Matãoâ€
Neste eu mundo choro a dor por uma paixão sem fim
Não pude mais continuar embaçaram os olhos meus
Olhei chorando pra Rita ela já estava com Deus

E hoje sempre que escuto "A saudade do Matãoâ€
Parece que eu vejo a Rita deitada no seu caixão
Toda vestida de branco como querendo dizer
Não foi nada vou contente orgulhosa de vancê

Mágoas De Boiadeiro
Antigamente nem em sonho existia, tantas pontes sobre os rios nem asfalto nas estradas
A gente usava quatro ou cinco sinueiros pra trazer os pantaneiros no rodeio da boiada
Mas hoje em dia tudo é muito diferente com progresso nossa gente nem se quer faz uma idéia
Quem entre outros fui peão de boiadeiro por este chão brasileiro os heróis da epopéia

Tenho saudade de rever nas corruptelas as mocinhas na janela acenando uma flor
Por tudo isso eu lamento e confesso que a marcha do progresso é a minha grande dor
Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o coração
E quando olho minha tralha pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão

O meu cavalo relinchando pasto afora e por certo também chora na mais triste solidão
Meu par de esporas, meu chapéu de aba larga, uma bruaca de carga, o berrante e um facão
O velho basto, o sinete e o apeiro, o meu laço e o cargueiro, o meu lenço e o gibão
Ainda resta a guaiaca sem dinheiro deste pobre boiadeiro que perdeu a profissão

Não sou poeta sou apenas um caipira e o tema que me inspira é a fibra de peão
Quase chorando imbuído nesta mágoa rabisquei estas palavras e saiu esta canção
Canção que fala da saudade das pousadas que já fiz com a peonada junto ao fogo de um galpão
Saudade louca de ouvir o som manhoso de um berrante preguiçoso nos confins do meu sertão

Sabugueiro
Instrumental

Músicas do álbum O Melhor Trio Do Brasil (COELP 40960) - (1971)

Nome Compositor Ritmo
Seresteiro Da Lua Pedro Bento / Zé Da Estrada / Cafezinho Rancheira
Sete Léguas Graciela Olmos - Versão: Sulino Rancheira
A Lua É Testemunha S. Louzano - Versão: Goiá / Inhana Rancheira
Vinte Anos F. Valdez Leal - Versão: Juracy Rago Corrido
Ladrão De Beijos Nelson Gomes / Pedro Bento Rancheira
Pisa No Pé Celinho Rancheira
Boneca Cobiçada Bolinha / Biá Bolero
Mulher De Ninguém Paiozinho / Benedito Seviero Tango
Amanheci Em Teus Braços José Alfredo Jimenez / Pepe Avila Rancheira
Minha História De Amor Carreirinho / Armando Rosa Cururu
Mágoas De Boiadeiro Ãndio Vago / Nonô Basílio Toada
Sabugueiro Celinho / Sebastião Aurélio Arrasta-pé
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