Terra Roxa (CONTINENTAL 171405586) - (1978) - Tião Carreiro e Pardinho

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Terra Roxa
Um grã-fino num carro de luxo parou em frente de um restaurante
Faz favor de trocar mil cruzeiros afobado ele disse para o negociante
Me desculpe que eu não tenho troco, mas ai tem freguês importante
O grã-fino foi de mesa em mesa e por uma delas passou por diante
Por ver um preto que estava almoçando num traje esquisito num tipo de andante
Sei dizer que o tal mil cruzeiro ali era dinheiro para aqueles viajantes, ai, ai

Negociante falou pro grã-fino esse preto eu já vi tem trocado
O grã-fino sorriu com desprezo o senhor não tá vendo que é um pobre coitado
Com a roupa toda amarrotada e um jeito de muito acanhado
Se esse cara for alguém na vida então eu serei presidente do estado
Desse mato aí não sai coelho e para o senhor fico muito obrigado
Perguntar se esse preto tem troco é deixar o caboclo muito envergonhado, ai,ai

Nisso o preto que ouviu a conversa chamou o moço de um educado
Arrancou da guaiaca um pacote com mais de umas cem cor de abóbora embolado
Uma a uma jogou sobre a mesa me desculpe não lhe ter trocado
O grã-fino sorriu amarelo na certa o senhor deve ser deputado
Pela cor avermelhada essas notas parece dinheiro que estava enterrado
Disse o preto não arregale o olho é apenas um restolho do que eu tenho empatado, ai, ai

Estas notas vermelhas de terra é de terra pura amassa-pé
Foi aonde eu plantei a sete anos duzentos e oitenta mil pés de cafés
Essa terra que a água não lava que sustenta o Brasil de pé
Você estando montado nos cobre nunca falta amigo e algumas mulheres
É com elas que nós importamos os tais cadilak, ford, chevrolet
Pra depois os mocinhos grã-finos andar se exibindo que nem coronel, ai, ai

O grã-fino pediu mil desculpas rematou meio desenxabido
Gostaria de arriscar a sorte onde está esse imenso tesouro escondido
Isso é fácil respondeu o preto se na enxada tu for sacudido
Terra lá é a peso de ouro e o seu futuro estará garantido
Essa terra é abençoada por Deus não é propaganda lá não fui nascido
É no estado do Paraná aonde que está meu ranchinho querido, ai, ai

O Mineiro E O Italiano
O mineiro e o italiano viviam as barras dos tribunais 
Numa demanda de terra que não deixava os dois em paz
Só em pensar na derrota o pobre caboclo não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitais 
Quero ver esse mineiro voltar de a pé pra Minas Gerais

Voltar de a pé pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou pro advogado fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nos somos pobres que os meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar ganhar lhe dou uma leitoa de presente

Retrucou o advogado o senhor não sabe o que está falando
Não caia nesta besteira se não nós vamos entrar pro cano
Esse juiz é uma fera, caboclo sério e de tutano
Paulista da velha guarda família de quatrocentos anos
Mandar a leitoa pra ele é dar a vitória pro italiano

Porém chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor eu fiz conforme eu lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se neste angu não tiver mosquito

De fato falou o mineiro nem mesmo eu estou acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus no céu me deu esse plano
De uma cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome mandei no nome do italiano

Cochilou O Cachimbo Cai
É de madrugada, de madrugada que o galo canta
É de manhã cedo, de manhã cedo que se levanta

Quando eu cheguei em São Paulo, dava pena e dava dó
Minha mala era saco o cadeado era um nó
Tem muita gente com inveja porque viu que eu subi
Eu nasci pra trabalhar vagabundo pra dormir, é de madrugada

É de madrugada, de madrugada que o galo canta
É de manhã cedo, de manhã cedo que se levanta

Perdição do vagabundo é gostar do travesseiro
Depois fica de olho gordo em cima do meu dinheiro
Estou com a vida mansa acho ela muito boa
Eu levanto bem cedinho pra ficar mais tempo a toa, é de madrugada
É de madrugada, de madrugada que o galo canta
É de manhã cedo, de manhã cedo que se levanta

Quem chegou a general, quem chegou a coronel
Levantou de madrugada chegou cedo no quartel
Sem trabalho ninguém vive, sem trabalhar ninguém vai
Minha gente a vida é dura cochilou o cachimbo cai, é de madrugada

É de madrugada, de madrugada que o galo canta
É de manhã cedo, de manhã cedo que se levanta

Empreitada Perigosa
Já derrubamos o mato terminou a derrubada
Agora preste atenção meus amigos e camaradas
Não posso levar vocês na minha nova empreitada
Vou pagar tudo que devo e sair de madrugada

A minha nova empreitada não tem mato e nem espinho
Ferramentas não preciso guarde tudo num cantinho
Preciso de um cavalo bem ligeiro e bem mansinho
Preciso de muitas balas e um colt cavalinho

Eu nada tenho a perder pra minha vida eu não ligo
Mesmo assim eu peço à Deus que me livre do inimigo
A empreitada é perigosa sei que vou correr perigo
É por isso que não quero nenhum de vocês comigo

Eu vou roubar uma moça de um ninho de serpente
Ela quer casar comigo a família não consente
Já me mandaram um recado tão armado até os dentes
Vai chover balas no mundo se nós topar frente a frente

Adeus, adeus Preto Velho, Zé Maria e Serafim
Adeus, adeus Paraíba, Minerinho e seu Joaquim
Se eu não voltar amanhã podem até rezar por mim
Mas se tudo der certinho a menina tem que vim

Nascimento De Jesus
Quatro mil e quatro na era mosaica
Na terra judaica que Deus escolheu
O lar de Maria e seu companheiro
José Carpinteiro velhinho plebeu

Enquanto em coro os anjos cantavam
As glórias louvavam ao filho de Deus
No mês de dezembro no clarear o dia
No lar de Maria um anjo desceu

Dia de Natal ao manto do céu
O anjo Gabriel contente anuncia
Que vinha ao mundo Jesus querido
Deus tinha escolhido aquela moradia

O casal feliz de joelho no chão
Com dedicação o anjo dizia 
Foi Deus quem mandou eu vim lhe dizer
Jesus vai nascer nessa estribaria

E a meia noite um galo cantou 
No céu apontou um grande clarão
Os sinos tocando ao mundo anuncia
A estrela da guia na imensidão

Para noticiar aos santos pastores
E o criador da geração
Que lá em Belém já tinha nascido
O eterno e querido Jesus da salvação

Minha História De Amor
Foi na festa da fazenda do seu coronel Janjão
Que eu conheci minha Rita formosa como um botão
Seus olhos pretos me olharam senti meu corpo a tremer
Não foi preciso mais nada pra nos dois se compreender

Como eu era cantador afamado do sertão
Logo todos me pediram a saudade do Matão
Neste eu mundo choro a dor por uma paixão sem fim
Num canto a Rita chorava fui logo saber porque
Não é por nada responde é de orgulho de você

Sempre gostei de ser livre levando a vida a cantar
Mas ali mesmo com a Rita eu combinei me casar
Mas Deus não quis que assim fosse não quis ver a nossa alegria. 
Uma semana depois a minha Rita morria

E no seu leito morrendo, apertando minha mão...
Me pediu cante baixinho a saudade do Matão
Neste eu mundo choro a dor por uma paixão sem fim
Não pude mais continuar embaçaram os olhos meus
Olhei chorando pra Rita ela já estava com Deus

E hoje sempre que escuto a saudade do Matão
Parece que eu vejo a Rita deitada no seu caixão
Toda vestida de branco como querendo dizer
Não foi nada vou contente orgulhosa de você

Faca Que Não Corta
Viola que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

O cabo da minha enxada era um cabo bacana
Não era de guatambu era de cana caiana
Um dia lá na roça me deu sede toda hora
Chupei o cabo da inchada e joguei a inchada fora

Enxada que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Corri atrás de uma onça preparando para atirar
Do estado de São Paulo atravessou pro Paraná
A caça que eu atiro eu juro que não escapa
A cartucheira falhou, peguei a onça no tapa

Cartucheira que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Peguei o meu dinheiro e emprestei pro camarada
O sujeitinho sumiu, nem dinheiro e nem mais nada
Dinheiro emprestado é um grande perigo
A gente perde o dinheiro e também perde o amigo

Amigo que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

A fazenda do meu sogro faz divisa com a minha
Presente de casamento ele me deu, pois eu não tinha
Com esse casamento fiquei rico de repente
Casei com sua fazenda e trouxe a moça de presente

Casamento que não presta faca que não corta
Se eu perder pouco me importa

Margarida
Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor

Eu vou contar pra vocês o jeito da Margarida
É uma espiguinha de milho no ponto de ser colhida

Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor

A gente quando se espelha nos olhos da Margarida
Vê duas pombinhas brancas beliscando nossas vidas

Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor

Quando ela toma banho na paia toda escondia
As ondas do mar se curvam ante as curvas da Margarida

Ai Margarida, Margarida meu amor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor
Se os anjos do céu são loiros ela é um anjo sim senhor

Ela é um anjo sim senhor, ela é um anjo sim senhor

Urutú Cruzeiro
Conheci um aleijado que pra viver o coitado vivia tirando esmola
Pro lugar onde passava consigo ele carregava uma pequena viola
Quando esmola ele recebia cantando ele agradecia de todo o seu coração
Na viola ele ponteava e em seguida ele cantava essa tristonha canção

Isto foi na minha terra lá na fazenda da serra
Um dia de madrugada trabalhava de cocheiro
Fui eu e meu companheiro buscar vaca na invernada 

Trouxe as vacas no mangueiro voltei pra buscar um bezerro
De uma mestiça zebu meu destino foi traçado
Neste dia fui picado por uma cobra urutu

Hoje eu sou um aleijado ando pro mundo jogado
Veja o destino de um homem pedindo a um bom coração
Um pedacinho de pão pra mim não morrer de fome

Veja só o resultado daquele urutu malvado
Poucos dias já me restam com fé em São Bom Jesus
Que hoje eu carrego a cruz que o urutu leva na testa

Azulão Do Reino Encantado
Eu já consertei relógio a meia noite no fundo d’água
Sem levantar o tapete com muita classe eu tirei o taco
Eu já ganhei uma guerra sem dar um tiro não é mentira
Já fui no fundo da Terra voltei de lá sem fazer buraco

Aprendi fazer colar só de pingo d’água e ficou bonito
Eu fiz um laço de areia pra laçar bicho que não é fraco
Amarrei onça no mato com reza braba e ficou segura
Carreguei ferro em brasa que tição fogo dentro de um saco

Topei uma corriola só de bandidos com pau e faca
Foi uma nuvem de poeira fiz a madeira virar cavaco
Eu transformei o meu braço em uma espada que só tinia
Arrebentei tantas facas veio a polícia varrer os cacos
 
Caminhei por baixo d’água igual a um peixe e não sei nadar
Caminho que ninguém passa passo correndo e não empaco
Já fiz a barba do leão sem usar sabão e sem a navalha
Com a jamanta correndo troco os pneus em usar macaco

O meu protetor é forte é o azulão do reino encantado
Num salão todo azulado que tem no céu ele foi morar
E com sete santas virgens neste salão azulão está
E duas vezes por dia este salão Deus vai visitar

Confiança
Quem tem confiança no peito canta em qualquer altura
Quem tem confiança no braço não põe arma na cintura
Quem tem confiança na esposa nunca trás ela segura
Quem não tem confiança em Deus é doente que não tem cura

Quem tem porco no chiqueiro tem confiança na gordura
Quem tem gado na invernada tem confiança na fartura
A mulher que tem beleza não confia na pintura
Quem confia no MOBRAL não caminha nas escuras

Quem nunca comprou bacia tem confiança na gamela
Quem confia no cachorro não pões grade na janela
Quem tem confiança no santo não precisa queimar vela
Quem não põe tranca na porta tem confiança na tramela

Quem tem confiança na terra não põe adubo na planta
Quem tem confiança no galo não perde a hora e levanta
O despertador da roça é o galo quando canta
Riqueza do cantador tá no peito e na garganta

A Vida De Um Policial
A vida do policial é bastante arriscada
Não tem dia não tem hora nem noite nem madrugada
Encontra de hora em hora o perigo na emboscada
Ele só encontra espinho não tem flor na sua estrada
Policial não é medroso policial é corajoso
Vê o perigo e dá risada

Aquele que for medroso à policia já não cabe
Pois a porta do perigo não é qualquer um que abre
Mas um policial valente nem que o mundo desabe
Ele entra e vai varando mesmo que a vida se acabe
Policial é positivo ele diz hoje eu estou vivo
Amanhã Deus é quem sabe

Falo bem de quem merece a classe dos policiais
Precisamos dar valor àqueles que bem nos faz
Policiais da minha terra não dão um passo pra traz
Não tem distinção de classe na bravura são iguais
Eu presto a minha homenagem para um homem de coragem
Que merece muito mais

Policial quando solteiro tem sempre uma esperança
No dedo de sua amada colocar uma aliança
Mas se ele for casado também leva na lembrança
O carinho da esposa e o sorriso de criança
Policiais amigos meus pra vocês eu peço a Deus
Muita sorte e segurança

Músicas do álbum Terra Roxa (CONTINENTAL 171405586) - (1978)

Nome Compositor Ritmo
Terra Roxa Teddy Vieira Moda De Viola
O Mineiro E O Italiano Teddy Vieira / Nelson Gomes Moda De Viola
Cochilou O Cachimbo Cai Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos Rojão
Empreitada Perigosa Moacyr Dos Santos / Jacozinho Pagode
Nascimento De Jesus Sebastião Victor / Nhô Tide Cururu
Minha História De Amor Carreirinho / Armando Rosas Rojão
Faca Que Não Corta Lourival Dos Santos / Moacyr Dos Santos Pagode
Margarida Lupicínio Rodrigues Toada Balanço
Urutu Cruzeiro Carreirinho / Paulo Calandro Toada e Corta Jaca
Azulão Do Reino Encantado Lourival Dos Santos / Pardinho / Arlindo Rosas Cururu Piracicabano
Confiança Tião Carreiro / Lourival Dos Santos / Cláudio Balestro Pagode
A Vida De Um Policial Tião Carreiro / Lourival Dos Santos Querumana
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