Tonico E Tinoco Na Rca Victor (RCA-VICTOR BBL 1405) - (1967) - Tonico e Tinoco

Viola Cabocla
Viola cabocla não era lembrada 
Veio pra cidade sem ser convidada 
Junto com os vaqueiros trazendo a boiada 
O cheiro do mato e o pó da estrada 
Fez grande sucesso com a disparada

Viola cabocla feita de pinheiro 
Que leva alegria pro sertão inteiro 
Trazendo a saudade dos que já morreram 
Nas noites de lua do sai no terreiro 
Consolando a mágoa do triste violeiro 

Viola de pinho é bem brasileira 
Sua melodia atravessou fronteira 
Mostrando a beleza pra terra estrangeira 
Do nosso sertão é a mensageira 
É o verde amarelo da nossa bandeira 

Viola de pinho seu timbre não falha 
Criado no mato como a samambaia
Veio pra cidade de chapéu de palha 
Mostrou seu valor vencendo a batalha 
Voltou pro sertão trazendo a medalha

Passo Da Saudade
Quando eu saio do Rio Grande pra buscar uma boiada
Travesso campina verde entre serras e quebradas
Cada passo é uma saudade fica pisado na estrada
Por estar me distanciando da minha querência amada

Quando escuto o passarinho cantar na beira da estrada
Me faz lembrar saudoso a minha querência amada 
O sopro do minuano, a floresta perfumada 
Faz recordar minha estância, o cheiro da madrugada 

No troteado do meu pingo, na poeira da estrada
Atravessando cordilheira venho trazendo a boiada 
Quando eu chego na querência vou saudando a gauchada 
E abraço com saudade a minha china adorada 

Esmola Na Aparecida
Um ricaço industrial na Aparecida chegou 
Com o seu carro de luxo perto da igreja parou 
Com a roupa toda suja nessa hora ali passou 
Um senhor de meia-idade, o grã-fino lhe chamou 

Escuta aqui meu caboclo, quanto dia você não come 
Toma aqui este dinheiro vai matar a tua fome 
O estranho respondeu o senhor vai desculpar 
Em dizer que seu dinheiro eu não vou poder aceitar 

Eu não sou nenhum mendigo, caboclo de muita fé 
Pra cumprir minha promessa todo ano venho a pé
Obrigado pela esmola dinheiro eu tenho pra dá
Sou o maior fazendeiro do Estado do Paraná 

Vem Depressa
Não sorri, ô mulher, quando eu choro
Não sorri, ô mulher, mais de mim
Tu bem sabes a dor que padeço
Tu, querendo, bem pode dar fim

Vem depressa, visão do meu sonho 
Vem depressa, meu anjo de amor 
Dai alívio aos martírios que sofre 
Este pobre e infeliz trovador 

A teu lado serei venturoso 
Em meu peito esse amor guardarei 
E depois de gozar teus carinho
Em teus braços feliz morrerei 

Vem depressa, visão do meu sonho 
Vem depressa, meu anjo de amor 
Dai alívio aos martírios que sofre 
Este pobre e infeliz trovador 

Vem a lua tão meiga e tristonha
Vem beijando a face do mal
Eu me lembro de ti com saudade 
E tristonho me ponho a chorar 

Vem depressa, visão do meu sonho 
Vem depressa, meu anjo de amor 
Dai alívio aos martírios que sofre 
Este pobre e infeliz trovador 

Minha Viola
Instrumental

Caminho Da Vida
Bem perto do meu ranchinho lá no alto do espigão
No fim daquele caminho esquecida lá no chão
Toda coberta de mato uma cruz lá no sertão
Eu também vivo esquecido junto à cruz da solidão

No mundo vivo sozinho seguindo a triste jornada
Sem amor e sem carinho nesta vida amargurada
Vamos sempre caminhando para o fim da mesma estrada
Depois vem o esquecimento quem veio volta do nada

O Amor também se acaba o tempo fala a verdade
E não tem mais juramento acabando a falsidade
E também morre a esperança onde termina a vaidade
Só fica a sombra da vida na triste cruz da saudade

Violeiro
O meu peito canta moda que meu coração mandar
Fui violeiro destemido eu nasci para cantar
O gemer desta viola faz quem tem paixão chorar 
Do terreiro da palhoça já fiz versos pro luar 

Minha voz nasce no peito se perdia lá no espaço 
Sabiá canta no galho, o canário no terraço
Minha viola fandangueira toda enfeitada de laço 
Quando ela tá magoada vem se queixar no meu braço 

Nas horas que for preciso já mostrei minha coragem 
Na festa que foi campeão pois nunca contei vantagem
Para todos os violeiros sempre tive uma mensagem 
Já fiz versos pras morenas, pros velhos fiz homenagem 

Fiquei velho aqui na roça passei a vida carpindo 
Canto moda recordando do meu tempo de menino
Do batente da palhoça contemplo o mundo sorrindo 
Minha viola, meu passado, do sertão vou despedindo 

Laço Da Amizade
Sou rio-grandense criado no pago 
Saudade trago guardado no peito 
Sou boiadeiro e manejo a laço 
Tudo que faço sempre sai perfeito 

Meus apetrechos guardo por lembrança 
E a herança do meu velho pai
Caco chapeado que já marcou data 
Esporas de prata das que não tem mais

Assim o tempo lá se vai passando 
E recordando a gente vive então 
Com minha gaita vou alegrando o povo 
Meu versinho novo desse xote bom 

Todo o gaúcho que deixa a querência 
Tem na consciência uma tranqüilidade
Vem pra São Paulo conhecer os paulistas 
A onde conquista um laço de amizade

Seresteiro Do Sertão
Criado com a natureza que nasceu o violeiro
Vai retratando a beleza para todo o mundo inteiro
Levando o progresso avante no trabalho do roceiro
É o despertar do gigante este sertão brasileiro

Verde a amarelo no peito ordem, progresso e ação
Humilde sempre no jeito caboclo de tradição
A sua pena é a enxada a cartilha é o violão
O luar da madrugada professora do sertão
Seu emblema calejado o M da sua mão
Três nomes de mãe sagrada que guardo no coração
A primeira me criou, a segunda é a religião
A terceira é a mãe pátria pede paz e união

Cabocla, rancho e fiinho roçado e cavalo bom
O cantar dos passarinhos é a prece do sertão
É o hino do roceiro pedindo a Deus a benção
O caboclo brasileiro braço forte da nação

Foi Embora
Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora
Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora

Coração bate, meus olhos choram
Dentro do peito o suspiro mora

Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora
Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora

Te quero tanto, não vai-se embora
Enxugue o pranto adeus, Aurora

Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora
Ela me deixou foi, foi embora
A saudade vem, vem chegando agora

A minha pena é toda hora
Adeus, morena, já vou-me embora

Berranteiro
Ai, vamos boiada, vamos, o berranteiro chamando
É longa nossa jornada, meu baio já tá cansando
E Vamos pelo atalho, o patrão já tá esperando

Quando chega na pousada, boiada fica pastando
Peão dorme no sereno e passa a noite sonhando
Berranteiro junta o gado e o dia vem clareando

A boiada quando estoura nunca respeita o ponteiro
Pelo toque do berrante ai, conhece o berranteiro
Quem vende gado fiado sempre quebra o boiadeiro

Nega
Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu
Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu

Todo mundo fala, fala do teu falso bem querer 
Quanto mais o povo fala, mais eu gosto de você

Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu
Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu

Quem não quer ser namorada é fácil de conhecer
Passa perto disfarçada, fazendo que não me ver

Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu
Nega, me abandonou por quê
Nega, eu sei que eu vou morreu

Falsidade não esquece, teu desprezo é meu sofrer
Tu ama quem não merece, despreza meu bem-querer

Músicas do álbum Tonico E Tinoco Na Rca Victor (RCA-VICTOR BBL 1405) - (1967)

Nome Compositor Ritmo
Viola Cabocla Tonico / Piraci Toada
Passo Da Saudade Tonico / Pirassununga Rancheira
Esmola Na Aparecida Tonico / Tinoco / Nhô Moraes Cateretê
Vem Depressa Tonico / Tinoco Valsa
Minha Viola Zé Do Rancho / Nenete Pagode
Caminho Da Vida Tonico / Antonio Nelson Tasca Guarânia
Violeiro Tonico / Tinoco / A. Ariston Oliveira Moda De Viola
Laço Da Amizade Tonico / Serraninha Xote
Seresteiro Do Sertão Tonico / Tinoco / Garrafinha Toada
Foi Embora Zé Cupido / Nelson Zeferino Cana-verde
Berranteiro Tonico / Anacleto Rosas Júnior Toada Balanço
Nega Tonico / Tinoco Samba
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