João Mulato E Douradinho (Volume 3) (GGLP 033) - (1984) - João Mulato e Douradinho

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Roupas No Varal
Passo todo dia ao cair da tarde
Em frente a casa onde está morando
E fico a olhar com desejo louco
Toda sua roupa no varal secando
Vejo a camisola que usou a noite
E as outras peças que exagero seu
Porque tanta roupa se era suficiente
Aquecer seu corpo só os braços meus

Eu queria ser uma dessas peças
Pra ficar colado em seu corpo lindo
Nem que fosse apenas por algumas horas
Durante a noite quando está dormindo

Eu tenho inveja do sol que lhe beija
Da água que a sua roupa lavou
Da espuma branquinha que levou embora
Todo seu perfume que nela deixou
E lá do varal toda sua roupa
Provoca desejo que até me arrepia
Porque imagino seu corpo sem elas
E eu sentindo sua pele macia

Eu queria ser uma dessas peças
Pra ficar colado em seu corpo lindo
Nem que fosse apenas por algumas horas
Durante a noite, quando está dormindo

Amor De Pobre
É madrugada dormir não consigo
O amor foi embora me falta carinho
É mais uma noite rolando na cama
Sentindo o drama de um homem sozinho

A minha pobreza é culpada de tudo
Até fiquei mudo ao vê-la partir
Num carro de luxo ao lado de um nobre
Por eu ser tão pobre não pude impedir

Vai amor por este mundo sem fim
Vai amor lembrando um pouquinho de mim
Vai amor de saudades estou chorando
Se um dia deixar de ser nobre
Na vida de pobre estarei te esperando

Dose Pra Jacaré
Trabalhar pra vigarista é dose pra jacaré
Ou atrasa o pagamento ou o cara da no pé

Assim fez o meu patrão sempre agindo de má fé
Me deixou falando a toa numa tremenda maré
Matando cachorro a grito e andando de marcha ré

Ele muda de endereço dá calote na empregada
Devendo mundos e fundos tem fortuna acumulada
Ele só come filé e eu farinha molhada
Banquete na casa dele amanhece a churrascada
Na minha só gato e rato bagunça até madrugada

Trabalhar pra vigarista é dose pra jacaré
Ou atrasa o pagamento ou o cara da no pé

As portas da confiança são fechando ao seu redor
Mesmo assim ele tem luxo mordomia da maior
O patrão é nota grande eu sou o troco menor
Quem sabe viver no mundo come e bebe do melhor
Trouxa não aprende mesmo tem que viver na pior

Trabalhar pra vigarista é dose pra jacaré
Ou atrasa o pagamento ou o cara da no pé

Fim Do Mapa
Minha gente não repare no meu cantar magoado
O meu peito apaixonado de tristeza está gemendo
A minha dor é tão grande que no peito já não cabe
É somente Deus quem sabe o quanto eu estou sofrendo

Não chore minha viola não faça eu chorar também
Deixe pra chorar comigo bem distante do meu bem

Sinto o coração ferido e aumentar minha dor
Ao pensar que meu amor já marcou seu casamento
Vai se casar brevemente e vai levar nova vida
Eu não tenho outra saída vou levar meu sofrimento

Não chore minha viola não faça eu chorar também
Deixe pra chorar comigo bem distante do meu bem

Vou embora para o lado que a lua se esconde
Não posso ficar aonde minha amada vai viver
Nos braços que ela está sei que ela não escapa
Eu vou para o fim do mapa pra chorar sem ela ver

Não chore minha viola não faça eu chorar também
Deixe pra chorar comigo bem distante do meu bem

Eu Estou Num Bagaço
Desde o dia que você foi embora sofro muito e não sei o que faço
A saudade roendo meu peito corta mais que uma faca de aço
Seu adeus foi igual uma bomba estourou e me fez em pedaços
Sem destino e sem rumo na vida sem você querida estou num bagaço

Com mentiras e falsos carinhos esperou eu cair nos seus braços
E depois que lhe dei tanto amor procurou me fazer de palhaço
Esqueceu todas suas promessas e sorriu do meu triste fracasso
Hoje aqui soluçando sozinho sem ter seus carinhos estou num bagaço

Como ave que foge do ninho e voando se perde no espaço
Os meus lábios perderam o sorriso coração já perdeu o compasso
Fiquei preso no nosso passado como boi amarrado no laço
Quantas noites perdidas sem sono no triste abandono estou num bagaço

Você era uma sombra onde eu ia repousar o meu grande cansaço
O meu sol que se foi pra bem longe e atrás só deixou o mormaço
Já que eu não consigo esquecê-la meu amor vou seguir os seus passos
Volte logo meu bem por favor sem ter seu amor estou num bagaço

O Dono Do Ferrão
Na boiada já fui boi o carreiro me bateu
O carreiro virou boi o ferrão agora é meu

O carreiro foi maldoso não devia ser cristão
Não sabia que a dor não escolhe coração
Hoje ele está na canga eu estou na direção
Pra mostrar o quanto dói a fincada do ferrão

Na boiada já fui boi o carreiro me bateu
O carreiro virou boi o ferrão agora é meu

Além da carga pesada que eu puxei no carretão
Precisei puxar um dia o peso da ingratidão
Mas chegou a minha vez de vingar a judiação
Vou mostrar o quanto dói a fincada do ferrão

Na boiada já fui boi o carreiro me bateu
O carreiro virou boi o ferrão agora é meu

Comi terra bebi lama ruminando no estradão
Recebendo com os pés o que dava com as mãos
Na volta que o mundo deu quem foi boi virou patrão
Pra mostrar o quanto dói a fincada do ferrão

Na boiada já fui boi o carreiro me bateu
O carreiro virou boi o ferrão agora é meu

Banho De Arruda
É no banho de guiné é no banho de arruda
É o povo se benzendo é o povo pedindo ajuda

Tem gente matando gente nosso mundo está cruel
Tem pobre que já não pode mais pagar o aluguel
Nossa terra está virando uma torre de Babel
É melhor pedir ajuda ara o homem lá do céu

É no banho de guiné é no banho de arruda
É o povo se benzendo é o povo pedindo ajuda

Não existe mais amor e nem amizade pura
Está acabando o namoro hoje tudo é nas escuras
Quando sai um casamento, casamento pouco dura
O casal logo separa e deixa o filho na amargura

É no banho de guiné é no banho de arruda
É o povo se benzendo é o povo pedindo ajuda
Eu queria mais fartura do pais que é tão imenso
Os filhos choram de fome e a mãe não tem nem lenço
Se não posso escrever tudo aquilo que eu penso
O negócio é me limpar é na fumaça do incenso

É no banho de guiné é no banho de arruda
É o povo se benzendo é o povo pedindo ajuda

Império Do Amor
Você que saiu do sério destruiu meu império não soube me amar
Encheu de coragem fez tanta bobagem pra me machucar
Me propôs o desquite depois o divórcio fizemos negócio por sua vontade
Por que quer agora saber o que faço
Igual um sombra seguindo os meus passos
Tentando impedir minha felicidade

Toda a maldade do mundo você deseja pra mim
Sinto a cada segundo se aproximando o meu fim
Oi triste vida por que judiar tanto assim

Me propôs o desquite depois o divórcio fizemos negócio por sua vontade
Por que quer agora saber o que faço
Igual um sombra seguindo os meus passos
Tentando impedir minha felicidade

Toda a maldade do mundo você deseja pra mim
Sinto a cada segundo se aproximando o meu fim
Oi triste vida por que judiar tanto assim

Paixão Da Minha Vida
Solidão chegou e me apertou, eu não suportei
Com muita saudade bati em tua porta, teu nome chamei
Por tudo que vi eu compreendi que tarde cheguei
Para meu fracasso em outros braços te encontrei

Fiquei arrasado também magoado com meu coração
Naquela noite me fez companhia a desilusão
Suspiro doído quase me matou quando eu voltei
Por você mulher só Deus é quem sabe o quanto chorei

Oh! paixão da minha vida jamais vou te esquecer
Por tudo neste mundo eu juro que o meu futuro é morrer por você

Maria E José
No trilho de areia do chão estradeiro eu fiz um letreiro com amor e fé
Fiz um coração no chão desenhado e deixei gravado, Maria e José
Depois veio o vento e a chuva caindo e a areia cobrindo a minha ilusão
Perdi meu romance e meu sonho tão belo e vi o castelo desfeito no chão

Mas não me julgo um homem vencido por não ter perdido a força da fé
Apesar do vento que forte rodeia eu leio na areia, Maria e José

Depois veio o sol, raiou novo dia a minha Maria passou por ali
Para aumentar minha grande mágoa nas poças de água seus traços perdi
Ao ver tudo isso eu tive a certeza que até a natureza chorou minha dor
O trilho de areia foi passarela a rainha era ela meu último amor

Mas não me julgo um homem vencido por não ter perdido a força da fé
Apesar do vento que forte rodeia eu leio na areia, Maria e José

Luta De Classe
Era inverno e chovia e nesse tempo nascia um caboclo bravo e forte
De situação oprimida ele assim varou a vida lamentando a triste sorte
Era moço idealista sem ser, porém, ativista nem tão pouco agitador
Por uma coisa sofria era ver um boia fria nas garras do explorador

Entoou canção de guerra por amor à sua terra lutou sem arma e trincheira
E disse, seu coronel eu não colho seu café sem registro na carteira

Oi Brasil o seu povo é diferente
Oi brasileiro sangue bravo, sangue quente

O coronel assustado compreendeu que estava errado empregá-lo sem contrato
Deu à ele a vitória pois nos anais da história há o registro do fardo
Mandou chamar o matuto braço forte do chão bruto que julgou se vagabundo
E disse sem mais contenda você na minha fazenda é o melhor homem do mundo

Não teve quem não gostasse daquela luta de classe sem armas de arsenal
E neste ponto é que eu vejo que um caboclo sertanejo é uma glória nacional

Oi Brasil o seu povo é diferente
Oi brasileiro sangue bravo, sangue quente

Quatro Cantos Da Casa 
Tentaram derrubar a nossa casa mas a nossa casa está de pé
Foi nos quatro cantos da casa que eu coloquei a minha fé
Nossa casa não é casa de rico mas para nós ela tem muito valor
Ali tem parte da minha vida tem também muitos pingos de suor

Nossa casa foi feita com carinho como se planta um pezinho de flor
A inveja não vai derrubar o que um dia foi feito com amor

Lá em casa somos todos felizes porque não temos inveja de ninguém
A nossa casa é o nosso doce abrigo podemos dar abrigo a mais alguém
Não tenho medo do maldoso olho gordo não tenho medo da inveja também
O olho gordo olha e não enxerga a segurança que a nossa casa tem

Peço licença à minha proteção pois agora eu revelo como é
Essa minha grande fortaleza que sustenta nossa casa de pé
Num canto coloquei Virgem Maria no outro canto está firme São José
Lá no outro a Senhora Aparecida no outro canto Bom Jesus de Nazaré

Músicas do álbum João Mulato E Douradinho (Volume 3) (GGLP 033) - (1984)

Nome Compositor Ritmo
Roupas No Varal José Fortuna / Paraíso Guarânia
Amor De Pobre Peão Carreiro / Cabo Romacccini Rancheira
Dose Pra Jacaré João Mulato / Arlindo Rosa Pagode
Fim Do Mapa Jesus Belmiro / Lourival Dos Santos Corta Jaca
Eu Estou Num Bagaço José Fortuna / Paraíso Querumana
O Dono Do Ferrão Moacyr Dos Santos / Tião Do Carro Toada Balanço
Banho De Arruda Vicente P. Machado / Moacyr Dos Santos Rojão
Império Do Amor Peão Carreiro / J. Dos Santos Rancheira
Paixão Da Minha Vida João Mulato / Paraíso Guarânia
Maria E José José Caetano Erba / Lourival Dos Santos Rancheira
Luta De Classe Vicente P. Machado / Dino Franco Cururu
Quatro Cantos Da Casa Vicente P. Machado / Moacyr Dos Santos Toada
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