Berrante Da Porteira (JJLP 001) - (1991) - Joary e Joinville

Natal De Luto
Me lembro o dia em que eu saí de casa
Deixei chorando minha querida mãezinha
E saí por este mundo afora 
Buscando glória na minha própria vida 

Na minha vida encontrei muitas barreiras
Mas para ela eu era o filho ideal
Nunca deixe de abraçar minha mãezinha
Vinte e cinco de dezembro no natal

Por ironia do meu próprio destino
Esta data pra mim hoje é de luto
Foi no dia em que nasceu Jesus
Mamãe partiu para sempre deste mundo

Aqui na Terra cumpriu sua missão
Já cansada sua vida teve fim
Senti a dor daquele triste cenário
Nesse dia o céu chorou por mim

Tinha orgulho do seu filho ser poeta
E é por ela que esta canção existe
Adeus mamãe pedaço da minha vida
Realidade que me deixa muito triste

Confesso amigo de saudade eu chorei
Ao transmitir estes versos no papel
Porém o tempo acalenta minha alma
Por saber que mamãe está no céu

Trem Da Madrugada
No trem da madrugada mulher estou partindo
Comigo não levo nada sozinho estou seguindo
Só levo dentro do peito um sentimento profundo
Por este amor desfeito vou vagando pelo mundo

O trem da madrugada apitou bem lá na curva
Uma lembrança danada do meu cachinho de uva
Esta frutinha gostosa foi doce da minha vida 
Ela é meiga e maliciosa também sabe ser fingida

No trem da madrugada estou levando a paixão
Adeus mulher amada dona do meu coração
Eu quero cruzar a fronteira vou tentar te esquecer
Eu não quero a vida inteira esse mal de amor sofrer

Velho Carreiro
Velho carreiro, por favor, me dá licença
Eu vou contar para o povo brasileiro
Na minha vida você já marcou presença
Rei sem coroa um valente pioneiro

Velho carreiro nunca teve uma vitória
Sem reclamar ele não ganhou dinheiro
Mas é querido e lembrado na memória
Dos poetas e dos artistas cancioneiros

Hoje me lembro do carreiro Zé Claudino
O seu grito ficou na imaginação
Com a boiada ele cumpria seu destino 
Carro pesado na colheita de feijão

Era menino da janela eu escutava
Os seus gritos entoando no sertão
Passo lento a boiada acompanhava
Os bois de guia eram o Dourado e o Pimpão

O manto negro que cortou nosso estado
Carro e carreta é a nossa condução
Velho carreiro hoje chora seu passado
Lembrando triste da poeira do estradão

Muito cansado de casa ele não sai
Quase não anda seus cabelos estão branquinhos
Como muito orgulho este carreiro é meu pai
Me conta história e me chama de menino

O Palhaço
No picadeiro do circo o palhaço apareceu
Entre aplausos e sorrisos o circo estremeceu
Este palhaço chorava e o povo nem percebeu
E foi só eu quem notei, este palhaço sou eu

No picadeiro do circo com minha cara pintada
Sou palhaço da platéia, palhaço da minha amada
Cada aplauso que recebo mais aumenta minha mágoa
Eu vou chorando bem auto em forma de gargalhada

Tenho que fazer sorrir a platéia extravagando
Vendo o povo aplaudindo o palhaço está chorando
Sou palhaço do circo, sou palhaço de você
Eu nasci pra ser palhaço, palhaço eu vou morrer

Cheque Devolvido
Conversando com um amigo ontem à noite
Ele me disse com a maior simplicidade
Estou amando uma mulher muito bonita
Ela é casada e eu já sei toda verdade
Eu vou embora e vou levá-la comigo
O seu marido vai sentir muita saudade

Neste momento eu disse ao meu amigo
A você quero dizer muito obrigado
Eu não sabia quem eu tinha em minha casa
E nem você sabia que eu era casado
Esta mulher com quem você vai embora
Por quatro anos já viveu junto ao meu lado

Ela viveu quatro anos só mentindo
Com um amor muito baixo e fingido
Mas as mentiras sempre chegam ao seu fim
Em muitos casos sempre tem acontecido
E neste caso sei que ela vai voltar
Como um cheque carimbado e devolvido

Filho De Deus
Eu carreguei uma grande cruz
Na qual também fui crucificado
Na mesma cruz deixei o meu sangue
Pra redimir todos seus pecados

E na grande cidade judaica
Ali também fui apedrejado
Inocente sem ter nenhum crime
Cruelmente ali fui condenado

Porém eu sou a luz do mundo
Para quem procura a verdade
O caminho da vida eterna 
Serei sempre a felicidade

Pro humildes eu sempre serei
O mais justo dos advogados
Também levarei ao meu pai
Todos que estiverem ao meu lado

Eu sou a paz da humanidade
E um portador da salvação
Sou a fé, sou a esperança
Em sua mesa eu serei o pão

Ninguém não me comprará
O dinheiro não me seduz
E sou o filho de Deus 
O meu nome é Jesus

Arrependida
Chegue pra perto de mim, venha dizer o que você sente
Assim você vai vivendo em mal caminho em mal ambiente
Tu foi uma rosa traiçoeira assim vivendo cheia de maldade
Agora te vejo na lama se que tu reclamas, mas agora é tarde
Agora te vejo na lama se que tu reclamas, mas agora é tarde

Depois que você foi embora eu fiquei sozinho na solidão
Chorando de sentimento por ter perdido o seu coração
Você me deixou sozinho neste meu ranchinho com a ingratidão
Agora está arrependida é muito tarde não te dou perdão
Agora está arrependida é muito tarde não te dou perdão

Recordações
Vi um velhinho em uma cidade grande
Quase chorando abraçando o gravador
Fiquei pensando como é grande a saudade
De um sertanejo longe do interior

Ele chorou, chorando dizia assim
Filho vá lá no interior 
Leve este gravador, grave tudo para mim

Quero ouvir o sabiá cantar nas matas
O assum preto, canarinho, o bem-te-vi
Quero que grave o barulho da cascata
E não esqueça do inhambu e a juriti

Seu o gravador coubesse tanta saudade
Mataria esta dor que me maltrata
Gravando as coisas da mata e trazendo pra cidade

Nesse prédio que eu moro, essa mansão
Foi o meu filho que comprou honestamente
É um bom filho mora em meu coração
Mas meu sertão nunca sai da minha mente

Eu estou velho não faço mais plantação
Filho você sobe lá na serra 
Me traz um pouco de terra põe aqui em minhas mãos

Berrante Da Porteira
Hoje que quero afogar minha paixão
Que sinto agora do tempo de boiadeiro
Eu trabalhava com transporte de boiada
Cortando estrada por esse Brasil inteiro

Hoje eu vejo pelas grandes rodovias
Os caminhões transportando a boiada
Sem berrante, sem grito de companheiro
Roda em silêncio o expresso boiadeiro

Que saudade eu sinto daqueles tempos
Das estradas avermelhadas de poeira
Com meu cavalo caminhava atrás do gado
E eu tocava o meu berrante na porteira

Um Abraço E Um Adeus
Sobre a cidade que dorme vai passando um nevoeiro
Enquanto mais um janeiro vai juntar-se a meu viver
E a deusa da ternura para mim sorri cantando
Ou talvez canta chorando pelo amor que vai perder
Nosso amor morreu de manso tal e qual como nasceu
Nosso mundo de carinho na distância se perdeu

Canta, canta para mim meu primeiro amor querido
Vou partir tão comovido nosso adeus e eu sei talvez
Sua voz maravilhosa é a força que me inflama
É o premio pra quem ama pela derradeira vez
Nosso amor morreu de manso tal e qual como nasceu
Nosso mundo de carinho na distância se perdeu

Ela sabe que me vou para sempre desta terra
Nossa paz armou a guerra entre os grupos fariseus
Seus parentes mercenários desfizeram esta festa
E agora só nos resta um abraço e um adeus
Nosso amor morreu de manso tal e qual como nasceu
Nosso mundo de carinho na distância se perdeu

Músicas do álbum Berrante Da Porteira (JJLP 001) - (1991)

Nome Compositor Ritmo
Natal De Luto Guaira / Joary Polca
Trem Da Madrugada Guaira / Joinville Rancheira
Velho Carreiro Guaira / Joary Rasqueado
O Palhaço Guaira / Olavo / Bilac Rancheira
Cheque Devolvido Portela Filho / Olavo Polca
Filho De Deus Portela Filho / Hélio Cruz Guarânia
Arrependida Juarez De Oliveira / Corguinho / Joary Guarânia
Recordações J. B. Ribeiro / Joinville Guarânia
Berrante Da Porteira Juarez De Oliveira / José N. Da Silva Polca
Um Abraço E Um Adeus Goiá / Amir Polca
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