Prato Do Dia (CHANTECLER 211405365) - (1981) - Tião Carreiro e Paraíso

Boiadeiro É Bom Também
Vai boiada deixando poeira pra traz
Eu vou com você boiada eu vou e não volto mais 

A boiada vai pro corte eu no corte já estou 
No corte da ingratidão que o senhor me preparou
Com muita dor e tristeza vou levando esta boiada
Se a dor ocupasse espaço não cabia nessa estrada 
  
Vai boiada deixando poeira pra traz
Eu vou com você boiada eu vou e não volto mais 

Nesta boiada vai boi que puxou carro e arado
Sofreu debaixo de canga sem receber ordenado 
Eu também sofri na unha de um senhor muito malvado 
Que a custa do meu suor tesouro ele tem guardado 
  
Vai boiada deixando poeira pra traz
Eu vou com você boiada eu vou e não volto mais 

Engoli muita poeira em cima de um arreio 
Esperando a recompensa que até agora não veio 
Boiadeiro e boiada são dois filhos de ninguém 
Nas mãos de um senhor malvado boiadeiro é boi também 

Vai boiada deixando poeira pra traz
Eu vou com você boiada eu vou e não volto mais 

Pagode Do Pai Tomé
Ta chovendo e não tem lenha tão chorando e não tem lenço
Mas pra tudo nós dá jeito vou mostrar como é que eu penso
Faço a viola virar lenço e faço o pranto secar
Meu pagode é uma lenha nós acende o fogo é já

Eu já subi de canoa remando na cachoeira 
Lá no mar a meia noite acendi uma fogueira
Pai Tomé meu protetor aumentou a força minha
Quem pra mim puxou a espada se matou com a bainha

Prepararam uma bomba pra mandar eu pro espaço
Colocou no meu caminho no lugar por onde passo
Coitado não teve sorte ele que virou bagaço
A bomba explodiu nas mãos de quem quis parar meus passos

Compraram espingarda nova deram banho de guiné
Mandaram benzer o cartucho mau eu tenho o Pai Tomé
Me atiraram pelas costas nem assim pode acertar
Amanhã vai ser o enterro de quem não soube atirar

Quatro ou cinco despeitados fizeram mesa redonda
Entraram num copo d’água tão querendo fazer onda 
Quem fez guerra contra mim sua espada derreteu
Virou defunto sem choro quem dá ibope sou eu

Prato Do Dia
Sobre as margens de uma estrada uma simples pensão existia
A comida era tipo caseiro e o frango caipira era o prato do dia
Proprietário homem de respeito ali trabalhava com sua família
Cozinheira era sua esposa e a garçonete era uma das filhas

Foi chegando naquela pensão um viajante já fora de hora
Foi dizendo para a garçonete me traga um frango vou jantar agora
Eu estou bastaste atrasado terminando eu já vou embora
Ela então respondeu num sorriso mamãe está de pé pode crer não demora

Quando ela foi servir a mesa delicada e com muito bom jeito
Me desculpe mas trouxe uma franga talvez não esteja cozida direito
O viajante foi lhe respondendo pra mim  franga crua talvez eu aceito 
Sendo uma igual a você seja ser qualquer hora também não enjeito

Foi saindo de cabeça baixa pra queixar ao seu pai a mocinha
Minha filha mate outra franga pode temperar porém não cozinha
Vou levar esta franga na mesa se bem que comigo a conversa é curtinha
É a coisa que mais eu detesto ver homem barbado fazendo gracinha

Foi chegando o velho e dizendo vim trazer o pedido que fez
Quando o cara tentou recusar já se viu na mira de um schmith inglês
O negócio foi limpar o prato quando o proprietário lhe disse cortês
Nós estamos de portas abertas pra servir à moda que pede o freguês

Palavra De Honra
Todo homem tem seu preço todo santo tem seu dia
Mundo velho está mudado de quando os avós viviam
Quando a palavra de um homem mais que dinheiro valia
Pra se firmar um negócio documento não havia
Arrancava um fio da barba e dava por garantia

Não usavam documentos como nos tempos atuais
Para tratar com um homem costumava pensar mais
Porém se desse a palavra por nada voltava atrás
Honrava o que dizia mesmo com riscos fatais
Hoje a palavra de honra manter ou não tanto faz

Hoje ta tudo mudado pra ninguém isto é segredo
A moral de certos homens está servindo de brinquedo
Quando fala volta atrás muda a verdade por medo
São simples montes de gelo que se passam por rochedo
Pra encontrar muitos deles não precisa sair cedo

Quanto mais o tempo passa mais se perde a tradição
Filhos de homem direito perdem o nome em tabelião
O bom conceito que herdaram se vai nos golpes que dão
Não importa a honra da casa querem ser mais do que são
Pra se andar nas alturas deixam a moral lá no chão

Meus Inimigos Também São Filhos De Deus
Meus inimigos também são filhos de Deus
Meus inimigos também precisam viver
Desejo à eles vida longa e muita sorte
Pra eles ver pagode bom e a viola gemer

Meus inimigos não saem da encruzilhada
Na sexta feira é despacho e mais despacho
Lá das alturas Deus avista o mundo inteiro
E vê quem erra e quem ta certo aqui em baixo

Eles vivem só puxando meu tapete
Mas eu não caio meu tapete está pregado
Meu Deus do Céu mande luz à quem não tem
Meus inimigos merece ser perdoados

Quem não via um palmo a diante do nariz
Abri seus olhos ajudei a ser alguém
Mas a resposta foram coices e patadas
Não me arrependo de ter feito só o bem

Nesta vida cada um dá o que pode
Dos pés de um burro somente coice que vem
Não adianta dar ferradura de ouro
Se um pobre burro na cabeça nada tem

Minha viola é um presente divino
Minha viola só manda mensagem boa
Um homem fraco é aquele que se vinga
E o homem forte é aquele que perdoa

Sombra Do Desengano
Olhando o sol descambando na ladeira do poente
Dei um balanço na vida suspirei profundamente
Fechei os olhos e vi na tela da minha mente
O meu passado voando e chegando ao presente
Trazendo a felicidade, que no avanço da idade
De mim ficou tão ausente

Vi as pessoas queridas de quem eu sinto saudade
Vi parente e amigos que foram pra eternidade
Vi os amores que tive e vi com mais claridade
A mulher da minha vida que um dia amei de verdade
Novamente fui feliz, por rever tudo que fiz
Na infância e na mocidade

Nos prantos de alegria senti meu rosto molhado
E vi sumindo da mente as lembranças do passado
Me vi meu triste presente onde vivo amargurado
Sem ter alguém para amar sem ser por alguém amado
Os golpes da ingratidão, deixaram meu coração
Para sempre estraçalhado

Não tenho mais esperança de rever meu ex-amor
Em todo lugar que passo só vejo estrada sem flor
É a sombra do desengano me segue por onde eu for
Já não parti deste mundo porque sou um cantador
A viola é minha defesa, com ela espanto a tristeza
E alívio a minha dor

Amor De Praia
Diz que amor de paia não sobe a serra
Comigo subiu a serra muita paixão
Conheci alguém na praia que não me esqueço
Subi a serra chorando com alguém no coração

Lá na praia dos meus sonhos a maré está crescendo
São lágrimas dos meus olhos que pra lá descem correndo
O pranto que eu derramo são pedacinhos de dor
Suspiro que saem do peito são pedacinhos de amor

Diz que amor de paia não sobe a serra
Comigo subiu a serra muita paixão
Conheci alguém na praia que não me esqueço
Subi a serra chorando com alguém no coração

Cai nos braços de alguém e alguém caiu nos meus
Amanhecemos na praia o resto só sabe Deus
Meu amor valeu a pena horas que passei contigo
Meu amor ficou na praia a paixão veio comigo

Diz que amor de paia não sobe a serra
Comigo subiu a serra muita paixão
Conheci alguém na praia que não me esqueço
Subi a serra chorando com alguém no coração

Parede E Meia
Esta vida meu bem não é vida, você ama e não é amada
Seu amor passa as noites com outra e só chega quando é madrugada
Você fica sozinha em seu leito a chorar esperando seu bem
Sem saber que no quarto vizinho eu padeço por você também

Eu vejo a luz que em seu quarto clareia nós moramos de parede e meia
Sei o quanto que você padece
Sinto o desejo de beijar seu rosto, abraçar o seu lindo corpo
Que espera por quem não merece

Você chora e fala baixinho reclamando o martírio absurdo
Sem saber que eu estou acordado em meu quarto escutando tudo
E quando ele bate na porta você corre a abrir no ensejo
Com carinho e afeto recebe quem está enjoado de beijos

Eu vejo a luz que em seu quarto clareia nós moramos de parede e meia
Sei o quanto que você padece
Sinto o desejo de beijar seu rosto, abraçar o seu lindo corpo
Que espera por quem não merece

Nos Braços Da Solidão
Meu bem o nosso amo está morrendo
Não sei qual de nos dois é o culpado
Entre nós alguma coisa está errada
Vivemos juntos como fossemos separados

As nossas noites já não são mais coloridas
Os nossos beijos não existe mais sabor
A nossa cama está sendo dividida
Pra onde foi o nosso verdadeiro amor

Ninguém suporta viver nos braços da solidão
Lhe proponho reconciliação
E será bem melhor pra nos dois
Vamos meu bem mandar nossas mágoas embora
Me devolva seus beijos agora pra não ser muito tarde depois

Uma Flor E Uma Santa
Minha mãe é uma santa, minha amada é uma flor
Minha mãe me deu a vida, minha amada muito amor

Minha mãe vive ajoelhada aos pés da Virgem Maria
Pedindo para seu filho ser feliz no dia a dia
A minha mulher amada também não sai da capela
Pedindo tudo pra mim não pede nada pra ela

Minha mãe é uma santa, minha amada é uma flor
Minha mãe me deu a vida, minha amada muito amor

Na balança do meu peito as duas pesam iguais
Entre uma flor e uma santa não desejo nada mais
Entre uma cruz e uma espada tem muita gente chorando
Entre uma flor e uma santa eu levo a vida cantando

Minha mãe é uma santa, minha amada é uma flor
Minha mãe me deu a vida, minha amada muito amor

Palco Do Mundo
Mulher você foi professora na minha jornada
Na vida eu muito apanhei, mas também aprendi
Você foi à barra pesada que eu enfrentei
Os tombos que você me deu jamais esqueci

Mulher você me abandonava e tornava voltar
E eu feito bobo acolhia na minha paixão 
Banquei um palhaço vivendo num mundo enganado
E assim eu vivi muito tempo na minha ilusão

Mulher hoje eu vejo você em lugar diferente
Sorrindo um sorriso sem cor com a alma ferida
Seu drama fez você cair no primeiro ato
Perdida no palco do mundo tristonha e sofrida

Você hoje vende seu beijo a todo que passam
E foge da realidade que a vida lhe deu
Você transformou seu destino com sua vaidade
E chora o mundo florido que você perdeu

Mulher hoje eu vejo você em lugar diferente
Sorrindo, sorriso sem cor com a alma ferida
Seu drama fez você cair no primeiro ato
Perdida no palco do mundo tristonha e sofrida.

Amor De Uma Noite
A vida que levo não presta mas vivendo passei a gostar
Transformei minha vida num jogo e perdendo aprendi a ganhar
Coloquei cadeado no peito e mandei minhas mágoas embora
Para sempre apaguei da lembrança os momento sofridos de outrora

Uma noite que vai outra noite que vem
Nunca me falta o carinho de alguém
Um disco tocando bebidas na mesa
Amor de uma noite não mata ninguém

Coloquei cadeado no peito e mandei minhas mágoas embora
Para sempre apaguei da lembrança os momentos sofridos de outrora

Uma noite que vai outra noite que vem
Nunca me falta o carinho de alguém
Um disco tocando bebidas na mesa
Amor de uma noite não mata ninguém

 

Músicas do álbum Prato Do Dia (CHANTECLER 211405365) - (1981)

Nome Compositor Ritmo
Boiadeiro É Boi Também Lourival Dos Santos / Tião Carreiro Toada Balanço
Pagode Do Pai Tomé Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Mangabinha Pagode
Prato Do Dia Geraldinho Querumana
Palavra De Honra Pedro Tomáz De Aquino Cururu
Meus Inimigos Também São Filhos De Deus Jesus Belmiro / Lourival Dos Santos / José Russo Pagode
Sombra Do Desengano Jesus Belmiro / Carminha / Paraíso Cateretê
Amor De Praia Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Paraíso Rojão
Parede E Meia Praense / Peão Carreiro Rancheira
Nos Braços Da Solidão Praense / Peão Carreiro Guarânia
Uma Flor E Uma Santa Lourival Dos Santos / Tião Carreiro / Paraíso Balada
Palco Do Mundo Correto / Jair Roberto / Creone Rojão
Amor De Uma Noite Peão Carreiro / Tião Carreiro Rancheira
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