Presente De Natal (CLP 9067) - (1970) - Abel e Caim

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Saudade
Saudade, saudade malvada que do meu peito não sai 
O meu amor foi embora não volta mais, nunca mais 
Não sei por que a saudade junto com ela não vai

Desde que me abandonou não tive consolação 
O meu viver transformou em tristeza e solidão 
Sei que ela não tem pena do meu pobre coração

O meu carinho não teve o mais pequeno valor 
Com orgulho e falsidade pagou meu sincero amor 
Quando arrepender é tarde vai sofrer a mesma dor

Derradeiro adeus
Ao por do sol de uma tardinha que morre
Estou a borda de um riacho murmurante
O ressoar manso das águas que correm
Vai se perdendo como um sonho distante

Se estande a noite num silencio tão profundo
A quietude é um tormento para mim
O meu sofrer é intenso neste mundo
Porque a saudade veio dominar-me assim

E quantos sonhos abatidos se findaram
Na pobre alma deste triste seresteiro
Senti as lágrimas que dos meus olhos rolaram
Na hora amarga daquele adeus derradeiro

Somente a lua me contempla junto as flores
Neste momento em que estou pensando nela
Na voz do vento ouço frases de louvores
Ao som de um órgão ouço um hino na capela

Foi ali que um dia nos casamos
Suplicamos uma benção do Senhor
Foi ali que depois de alguns anos
Se despedia pra sempre o meu amor

E quantos sonhos abatidos se findaram
Na pobre alma deste triste seresteiro
Senti as lágrimas que dos meus olhos rolaram
Na hora amarga daquele adeus derradeiro

Volte comigo
Vem meu grande amor que eu te espero novamente
Vem amenizar meu padecer
Tu é a criatura que eu adoro
Tu és toda razão do meu viver

Vem meu grande amor vem que eu te espero
Esqueça o passado volte ao meu lado que eu te quero

Sei que tu também vive sofrendo a mesma dor
Tristonha soluça e chora por mim
Fingindo o teu amor a quem te ama
Não pode um coração viver assim

Vem meu grande amor vem que eu te espero
Esqueça o passado volte ao meu lado que eu te quero

Esqueça todas mentiras que a ti foram dizer
Bem sabe da falsidade dessa gente
Vem que eu te espero meu amor
Vamos viver juntinhos novamente

Vem meu grande amor vem que eu te espero
Esqueça o passado volte ao meu lado que eu te quero

Aquela ingrata
O lua que ilumina a verde mata
Me diga aonde foi àquela ingrata

O lua diga se ela está chorando
Se está sofrendo como eu também
O lua diga se ela esta sozinha
Ou se está nos braços de alguém

O lua que ilumina a verde mata
Me diga aonde foi àquela ingrata

O lua diga que eu estou penando
Só lamentando aquele triste adeus
O lua diga que eu não posso mais
Viver ausente dos carinhos seus

O lua que ilumina a verde mata
Me diga aonde foi àquela ingrata

O lua diga que esta saudade
A pouco a pouco está me matando
O lua peça pra que ela volte
Porque meus braços estão lhe esperando

Presente de natal
Num bercinho muito pobre Terezinha se encontrava
Com as penas entrevadas onde sempre ela chorava
Pobre mãe desconsolada de noite já nem dormia
Suplicando ao Pai Supremo que curasse a sua filha

Entrou o mês de dezembro mês de festa e esplendor
Terezinha continuava a sofrer a mesma dor
Disse pra sua mãezinha estas frases comoventes
Mamãezinha nesse ano qual será o meu presente

Pobre mãe fechou os olhos e chorou de emoção
Foi uma chuva de pranto de que banhou seu coração
Lembrou que um ano atrás ela corria e brincava
Neste ano a coitadinha paralítica estava

Enfim chegou o natal todo mundo festejando
E a mãe de Terezinha no quarto entrou chorando
De joelhos suplicou pra Senhora Aparecida
Que retornasse a saúde pra sua filha querida

Como estava transpassada ali mesmo ela caiu
O pranto cansou-lhe os lhos e debruçada dormiu
Quando foi no outro dia com espanto ela escutou
Levanta mamãe, levanta, pois curada agora estou

Pobre mãe não se conteve e chorou que nem criança
Vendo a filhinha curada numa risonha esperança
Abraçou a inocente com todo amor maternal
Deus mando-lhe um milagre por presente de natal

Natureza
Olha seu moço como é linda a natureza
No sertão quanta beleza que Deus fez pra gente ver
A luz da lua sobre as águas refletidas
Tem uma cor parecida como as flores do ipê

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci

Olha seu moço a cachoeira murmurando
A cerração levantando bem lá na curva do rio
O joão de barro fez seu ninho bem forrado
Para dormir sossegado quando é noite de frio

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci

Olha seu moço um sertanejo cantando
Suas queixas revelando ao amigo violão
Com muito orgulho eu lhe digo face a face
É aqui também que nasce a poesia e a canção

Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci
Não há, não há lugar igual aqui
A lua faz morada no sertão em que nasci

Santa Luzia
Há muitos anos passados no mundo existia
Uma jovem encantadora o seu nome era Luzia
Um moço apaixonado casar com ela queria
Conversando foi dizendo que lindos olhos tens
Eu quero seu amor e seus lindos olhos também
Mas Luzia respondeu esses olhos são seus
Mas casar não me convém.

Disse ela para o jovem eu não desprezo o amor
Porque é graça divina que no mundo Deus deixou
Se você quiser meus olhos e achar que tem valor
Neste caso é diferente leve eles de presente pra consolar sua dor

Vendo ela arrancar os olhos pensou que estava fingindo
E virou-se para ele foi entregando sorrindo
E o rapaz foi pegando com as lágrimas caindo
Quando olhou para Luzia em seu rosto ele via outros dois olhos mais lindos

Pois o joelho no chão disse o jovem apaixonado
Perdoe-me Santa Luzia eu bem sei que estou errado
Peço pra Nosso Senhor perdoai o meu pecado
Perdoe-me santa bondosa por eu cobiçar uma rosa que era do reino sagrado

O rapaz foi perdoado ouvindo a santa dizer
O amor não é pecado você pecou sem saber
Seu pedido não atendo não posso lhe pertencer
Mas tenha fé em Jesus que terá a minha luz pra sempre lhe proteger

O berrante assassino
Na minha sala de pintura amarelada
Representando uma florada do ipê do meu sertão
Conservo ainda um berrante volteado
É lembrança do passado do meu tempo de peão, ai

Desde pequeno só viajei com boiada
Passei meses na estrada de alegria e desengano
E deste caso bem me lembro como foi
À façanha de um boi que chamava Soberano, ai

Faz muito tempo, mas o mês ainda lembro
Foi bem no fim de setembro quando a boiada estourou
Lá em Barretos meio dia escureceu
O Soberano venceu um garotinho ele salvou, ai

O seu paizinho comprou ele da boiada
Levou pra sua invernada que de velhinho morreu
O filho moço correu o Brasil inteiro
Procurando o boiadeiro e o chifre do boi lhe deu, ai

Eu deste chifre mandei fazer um berrante
Para ser meu ajudante nos transporte de boiada
O mesmo chifre que salvou este menino
É o berrante assassino, desta saudade malvada, ai

Grandes saudades
Quanta saudade a ouvir distante quando um berrante repicando ao léu
Meus olhos choram sem contentamento vendo a poeira encobrindo o céu
Grande o rigor vem me atacando o peito não tem mais jeito pego a soluçar
Triste lembrança de um passado ausente quem foi de repente pra não mais voltar

De madrugada os passarinhos cantando fico sonhando com meus companheiros
Vejo no morro o sol avermelhado lembro o passado de um boiadeiro
Cortando estrada no raiar do dia ai quem pudera eu poder voltar
Mas não tem jeito já estou velhinho naqueles caminhos passado

Tão passageira foi a minha infância eu em criança aprendi a lida
Laçando gado pelas invernadas topei parada enfrentei a vida
Porém agora no fim do caminho estou sozinho vivo a sofrer
Tempo saudoso quem me deu guarida só esqueço a lida quando eu morrer

Filho ingrato
Ontem passei pela tua cidade por coincidência encontrei seus pais
Tua mãezinha chora noite e dia e não e não consegue um minuto de paz
Volte pra casa não sejas cruel, pois essas coisa a gente não faz
Quem abandona sua própria mãe tem um coração ingrato demais

A coitadinha anda muito doente que francamente fiquei comovido
Ela pediu-me que eu te conta-se por isso mesmo vim falar contigo
Volte pra casa vai ver tua mãe e veja o quanto ela tem sofrido
Sem esperança de ver teu regresso por Deus que ela chama o filho querido

Se desprezaste a tua mãezinha a quem serás que tens amizade
A minha parte de amigo já fiz agora espero ver tua bondade
Volte pra casa ela quem pede como muito amor e sinceridade
Se não voltar o mais breve possível ela ainda pode morrer de saudade

Meu bom amigo eu digo o que sinto vi nos teus olhos o erro fatal
Pelos caminhos incertos da vida é que deixaste o berço natal
A todos filhos quem vivem distantes que isso sirva de exemplo afinal
Mãe é só uma e não se abando por mais que ela trilha o caminho do mal

Eterna saudade
Quanta saudade tenho lá da roça
Da velha palhoça onde eu morava
Tenho saudade dos meus companheiros
Do velho terreiro onde eu dançava

Ai, ai meu Deus, sofro tanto agora
Já não sou feliz como eu fui outra hora

Ainda recordo meu dezoito anos
Tocando e cantando tudo era alegria
Quem eu amei com outro se casou
Minha mãe deus levou e eu sofro noite e dia

Ai, ai meu Deus, sofro tanto agora
Já não sou feliz como eu fui outra hora

Trovador
Trovador porque tu canta, me diz que vive a sofrer
Me conte qual é a razão se foi algum bem querer
Ai me responda trovador se o amor feriu você

Companheiro a minha dor eu procuro esconder
Mostro alegria cantando pra ninguém não perceber
Ai, mas a voz que sai do peito de magoar chega a tremer

Tive alguém, mas foi embora que arruinou o meu viver
Partiu deixando a saudade sem um adeus me dizer
Ai, o desprezo da morena traz suspiro de doer

Sabia canta na mata no alto do pé do ipê
Canta alegre ou canta triste quem é que pode saber
Ai, eu canto e encanto a platéia choro aonde ninguém vê

Músicas do álbum Presente De Natal (CLP 9067) - (1970)

Nome Compositor Ritmo
Saudade Craveiro / Caim Valsa
Derradeiro Adeus Dino Franco / Afonso Rosa Fox
Volte Comigo I. Mondim / Caim Cateretê
Aquela Ingrata Luiz De Castro / Tião Carreiro Corrido/Arrasta-pé
Presente De Natal Nhô Chico / Abel Valsa
Natureza Dino Franco Toada
Santa Luzia I. Mondim / Abel Cururú
O Berrante Assassino Oscar Martins / João Corrêa Neto Moda De Viola
Grandes Saudades B. Amorim / Tamiro Toada
Filho Ingrato Sebastião Victor Valsa
Eterna Saudade Meirinho / Nenete Arrasta-pé
Trovador Chinito / Caim Recortado
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