Estrada Velha (RDGLP 31018) - (1984) - Adão e Maracaí

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Trenzão
Quando a menina saiu na rua de mini saia
Ela quase fez fechar o comércio da minha rua
Ninguém conseguia tirar os olhos das perdas dela
Ela é um tesouro para dizer a verdade nua

Até um velhinho que por acaso estava na esquina
Andou atrás dela até no meio do quarteirão
Que emocionado não se conteve e deu um grito
Oh menina boa eu não te agüento, mas que trenzão

Mas que trenzão esta menina vai me fazer perder a razão
Mas que trenzão esta menina esta me matando do coração

Audiência
Senhor doutor quero sua permissão não tenho palavreado,
Mas fui muito bem criado tenho boa educação
Sou um homem do sertão quero sua permanência
E falar com a vossa excelência pra fazer uma reclamação

Meu sertão de uma realidade de uma história bem formulada
De um passado vem a saudade de uma era que ficou marcada
Uma poesia de tristeza e alegria
Traz no peito uma recordação Daquela companheirada

Disseram que este tempo já foi espero que voltara
Ter o sertão em festa e os pássaros voltem a cantar
Ver um carro de boi e um carreiro a carrear
Ouvir o grito de um tropeiro olhando a boiada passar

Da Porta Pra Fora
Você vive falando de mim não escolhe lugar e nem hora
Acontece que na minha casa seu lugar é da porta pra fora
Não me julgo melhor que você me orgulho de ser diferente
Quando tenho que falar de alguém meu sermão é de corpo presente

O culpado da separação fomos nós e não somente eu
Se às vezes faltei com você é por que sempre me esqueceu

Se eu fui o pior dos amantes porque é que se lembra de mim
Não devia ter acostumado a gostar de pessoa ruim 
Com certeza é dor de cotovelo que te faz ficar deste jeito
Em seu rosto um sorriso forçado, mas por dentro profundo despeito

O culpado da separação fomos nós e não somente eu
Se às vezes faltei com você é por que sempre me esqueceu

Estrada Velha
Estrada velha pelo tempo esburacada
Velha herança retratada nos anos que ao longe vai
Por muitas vezes eu passei com a boiada
Em manhãs tão orvalhadas ao lado do velho pai

Estrada velha ladeada de barrancos
Hoje meus cabelos brancos lembram a vida passada
Até parece que eu ouço a todo instante
O repique de um berrante e um estouro de boiada

Hei boi, hei a, caminha lento passo a passo nesta estrada
Hei boi, hei a, quanta saudade do aboio da peonada

Estrada velha quando o vento está soprando
Vejo a poeira levantando eu começo a imaginar
Uma boiada que de longe vem chegando
Alguém está me chamando pra com ele viajar

Estrada velha só nos resta do passado
O eu leito empoeirado já cansado de esperar
Ouvir de novo o berrantear de um boiadeiro
Pra chamar os companheiros que não podem mais voltar

Hei boi, hei a, caminha lento passo a passo nesta estrada
Hei boi, hei a, quanta saudade do aboio da peonada

Estrada velha o meu pai já foi embora
Para onde qualquer hora eu também tenho que ir
Mas vou deixar por testamento um só pedido
Como derradeiro abrigo sua terra me cobrir

Estrada velha meu pedaço de lembrança
Me perdoe a insegurança dessa lágrima chorada
Não tenho muito pra deixar na despedida
Mas te deixo a minha vida como herança, velha estrada

Hei boi, hei a, caminha lento passo a passo nesta estrada
Hei boi, hei a, quanta saudade do aboio da peonada

Calça Amarrotada
Com esta atitude já ficou provado que você não presta
Está virando festa nossa convivência este nosso drama
Vejo ali jogado suas peças íntimas no criado-mudo
E uma calça branca me dizendo tudo 
Que fui enganado em minha própria cama

Um homem traído é quase sempre o último a ter certeza
Vejo ainda sobre nossa mesa esta calça branca toda amarrotada
Diga-me agora quem é este homem que em nosso quarto
Bebe em meu copo e come em meu prato
Desaparecendo em minha chegada

A partir de agora mulher seu lugar é da porta pra rua
E se quer ouvir a verdade crua esta é a lei que a vida determina
Quem faz uma vez vai fazer de novo esta é a verdade
Mulher sem moral e sem capacidade eu arrumo mais de dez em cada esquina

Filho De Dois Estados
Vou embarcar no primeiro avião 
E vou rever Meu Mato Grosso e Goiás
Confesso agora sou filho de dois estados
Pois na fronteira ainda residem meus pais

Quero rever cenas bonitas de minha infância
E passear de canoa nas águas do Araguaia
Depois eu quero caçar pelas verdes matas
Beber água de cascata quando a tarde desmaia

Quero abraçar meus velhos pais e meus amigos
Pois a saudade que sinto eu já não suporto mais
Ao chegar lá quero erguer duas bandeiras
E gritar em voz bem alta meus pais vivem na fronteira
De Mato Grosso e Goiás

Sou de dois povos mato-grossense e goiano
Gente que vive lutando para o bem desta nação
Um fronteira divide os dois estados
Aos dois estados também divido o meu coração

Irei rever a velha aldeia dos índios
Que hoje são civilizados através do MOBRAL
Eu vou de novo conversar com a natureza
E contemplar as belezas da ilha do Bananal

Quero abraçar meus velhos pais e meus amigos
Pois a saudade que sinto eu já não suporto mais
Ao chegar lá quero erguer duas bandeiras
E gritar em voz bem alta meus pais vivem na fronteira
De Mato Grosso e Goiás

Tomando Um Aço
Eu já não sei o que faço da minha vida
Confesso estou gamadão por essa mulher
Eu queria ao menos ser o tapete dela 
Pra ela pisar em mim quando bem quiser

Se vejo ela saindo com outro homem
O meu pobre coração quase esse espedaça
Estou ficando doidão por esta menina
Eu passo a noite no bar da esquina
Enchendo a cara de cachaça

Por causa dela fico de fogo e durmo na rua
Enquanto outro é felizardo ganhando os seus beijos e abraços
Ele e ela brindam felizes o meu fracasso
Aqui sozinho eu vou curtindo a paixão cruel e tomando um aço

Eu já perdi a moral perante os amigos
Por isso eu não esquento minha moringa
Enquanto existir aquele bar da esquina
Vou curtindo minha fossa e tomando pinga

O povo sabe que estou morrendo de amor por ela
Lá no meu bairro meu apelido é gamadão
Bebo por dia cinco garrafas pra consolar
Se a paixão por ela aumentar
Eu aumento a dose pra garrafão

Por causa dela fico de fogo e durmo na rua
Enquanto outro é felizardo ganhando os seus beijos e abraços
Ele e ela brindam felizes o meu fracasso
Aqui sozinho eu vou curtindo a paixão cruel e tomando um aço

Cristo Rei Dos Judeus
Se tu és Cristo, filho de Deus
Porque não te salvas? Desça da cruz?
Estas foram as palavras daqueles maldosos soldados

Oh Deus nas alturas protegei o mundo
Dos males profundos da fome e da guerra
Aqui um poeta revela em seu nome 
A vida de um homem que viveu na Terra

Pregou a verdade nos montes e praias
Jamais teve falhas, milagres mostrou
De cinco pãezinhos e dois peixes somente
Milhares de gente comeu e sobrou

De seus inimigos de mil covardias
Não se defendia de insulto e maus tratos
O santo cristão que seu povo amou
E os mesmos entregaram à Pôncio Pilatos

Enfrentando a corte altivo e sereno
Jesus Nazareno e um mercenário
O povo salvou Judas Barrabás
E ao Cristo da paz condenou ao calvário

O povo seguia atrás do Divino
No triste destino daquela jornada
A todos olhava só com simpatia
Enquanto seguia com a cruz pesada

Já muito cansado e quase despido
Já tinha sofrido um castigo bem forte
Por entre soluços e a dor de Maria
Jesus conduzia a sua cruz da morte

E a multidão que formou o manifesto
De braços abertos Jesus perdoou
A vida deixava seu corpo sagrado
Tudo consumado pra Nosso Senhor

Na cruz de madeira deixaram escrito
O nome de Cristo jamais se esqueceu
São frases que dizem em hebraico na cruz
Este é Jesus o rei dos judeus

Carta Triste
Ao entrar em nosso quarto deparou com seus pertences
Recordo a primeira noite da nossa lua de mel
Depois de uma briga em casa pensando em findar-me dela
Conquistei um amor na rua e fui dormir em um motel

Ao regressar ao meu lar em cima da penteadeira
Eu encontrei uma carta assinada por meu bem
Dizendo não tive coragem de manchar a nossa cama
Se você saiu com quem ama, com quem amo saí também

Carta triste que fez meu sonho desfeito
Confesso não fui direito, mas ela errou também
Carta triste que revelou a verdade 
Mostrou toda falsidade e o valor de mulher que ela tem

Quando terminei de ler aquela carta cruel
Eu senti turvar-me as vistas meu pranto caiu ao chão
Com raiva de mim e do mundo e o coração em pedaços
Vou seguindo passo a passo na estrada da solidão

Estou vendo em nossa cama os nossos dois travesseiros
Parecem me perguntar o que agora irei fazer
Vou fecha a nossa casa e jogar a chave fora
Eu prefiro ir embora do que ficar pra sofrer
 
Carta triste que fez meu sonho desfeito
Confesso não fui direito, mas ela errou também
Carta triste que revelou a verdade 
Mostrou toda falsidade e o valor de mulher que ela tem

Resto Da Vida
Por amar demais a pessoa errada
O resto do mundo eu não dei valor
Agora me encontro no fim da jornada 
E vejo com outro o meu grande amor

No triste abandono a dor me consome
Porque não esqueço quem nunca me quis
No rol dos vencidos não sei o meu nome
Estou condenado a morrer infeliz

Sou dia sem sol, sou noite sem lua
Sou ave sem ninho, sou folha caída
Sou triste caminho que não continua
Sou sobra do nada, sou resto de vida

No silêncio triste da noite gelada
Eu vou a procura  de quem tanto amo
Ao chegar em frente a sua morada
Minha voz embarga seu nome eu não chamo 

A brisa manhosa me traz da janela
Suspiros dobrados e frases de amor
Sabendo que tem outro alguém com ela
Eu sai sem rumo chorando de dor

Sou dia sem sol, sou noite sem lua
Sou ave sem ninho, sou folha caída
Sou triste caminho que não continua
Sou sobra do nada, sou resto de vida

Amor Em Segundo Plano
Estou me sentindo o homem mais baixo na face da terra
Em relação a vida conjugal com a mulher amada
Nós nos entendemos e sei que também ela muito me ama
Porém no amor ela chora e reclama por não se sentir comigo realizada

Agradeço a ela por ser honesta e dizer-me a verdade
Tenho que enfrentar a cruel realidade
Embora sabendo que muito nos amamos
Pediste o divórcio para não fazer-me um homem traído
Que fosse pra ela apenas marido 
E no amor fica-se em segundo plano

Sofre Chora Coração
Em altas horas da noite sozinho me ponho a pensar
Não consigo mais dormir a paixão vai me matar
Coração pulsa no peito, bate forte acelerado
Com saudade de alguém que não vejo do meu lado 
Com saudade de alguém que não vejo do meu lado 

E quando o dia amanhece ainda estou acordado
Sentindo o frio no rosto do travesseiro molhado
Levando da minha cama e procuro um botequim
Encosto os lábios no copo e lembro dos seus beijinhos
Encosto os lábios no copo e lembro dos seus beijinhos

Coração pulsa no peito, bate forte acelerado
Com saudade de alguém que não vejo do meu lado 

Músicas do álbum Estrada Velha (RDGLP 31018) - (1984)

Nome Compositor Ritmo
Trenzão Thomas / Benedito Seviero Batidão
Audiência João Augusto / Adão Rasqueado
Da Porta Pra Fora Dom Miguel / Adão Rancheira
Estrada Velha Joel Marques / Maracaí Toada
Calça Amarrotada Joel Marques / Maracaí / Cleudiomar Guarânia
Filho De Dois Estados Maracaí / Maurozinho Polca
Tomando Um Aço Maracaí / Elenita Batidão
Cristo Rei Dos Judeus João Da Cruz / Luis Lopes Guarânia
Carta Triste Maracaí / Hermínio Gláucio / Naraí Rasqueado
Resto Da Vida Praense / Jesus Belmiro Rancheira
Amor Em Segundo Plano Maracaí / Selma Navarro / Adão Guarânia
Sofre Chora Coração Gilson Assis / Evinha Carrilhão
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