Cacique E Pajé (Volume 2) (PHONODISC 034405610) - (1979) - Cacique e Pajé

Para ver a lista de msicas, clique na lista abaixo.

Caçando E Pescando
Fiz um rancho no espraiado na beira da lagoa
Derrubei um pé de cedro e construí minha canoa
Pra fazer a pescaria a matula vai na proa
Tenho um cachorro malhado pra caçar é coisa boa

Quando a tarde vem chegando navego duzentas braças
Armo a rede e armo o covo e bebo minha cachaça
Depois vou pescar de vara onde o anzol não embaraça
Pra espantar as muriçocas eu pito e faço fumaça

Eu guardo os peixes miúdos num samburá de taquara
Quando é de madrugada eu me escondo nas coivaras
Ponho a La Porte na mira esperando a capivara
Tiro o couro e a gordura porque sei que a coisa é cara

Eu fico todo domingo na sombra de um timburi
Tomando meu bom traguinho esperando os paturis
Quando desce pra lagoa vou pra baixo a divertir
Quando a noite vem chegando volto pro rancho dormir

Boiadeiro Do Mar
Eu vivia no sertão na lida de boiadeiro
Repassando redomão montando em burro treteiro
Mas um dia eu deixei a profissão de boiadeiro
Por eu ser um índio forte cem por cento brasileiro
Marinha mandou chamar pra mim ser um marinheiro

Vai boiadeiro, vai navegar
O Brasil ta precisando, marinha mandou chamar

Eu me alistei na marinha com amor e muito brio
A lancha pulava as ondas chegava dar arrepio
Me vi montado num proto e eu firme no lombio
Quando eu vi cortando as ondas lá no casco do navio
Para mim representava o casco de um boi bravio

Vai boiadeiro, vai navegar
O Brasil ta precisando, marinha mandou chamar

Lá na solidão do mar eu agüentava o mormaço
Me vi tocando a boiada caminhando passo a passo
E as cordas do navio representavam meu laço
O apito era o berrante repicando no compasso
A bandeira era meu lenço tremulando lá no espaço

Vai boiadeiro, vai navegar
O Brasil ta precisando, marinha mandou chamar

Sou Igual A Um Passarinho
A vida de um passarinho bem parece com a minha
Passarinho teu seu ninho e eu tenho minha casinha
Ele tem os seus filhotes, também tenho meus filhinhos
Por isso que eu sempre digo eu sou igual um passarinho
Eu meu querido pai também foi assim
O que eu faço por meus filhos o meu pai já fez por mim

Assim que amanhece o dia é aquele movimento
Passarinho sai do ninho à procura de alimento
Eu também saio de casa com o firme pensamento
Para criar os meus filhos vou em busca do sustento
Eu meu querido pai também foi assim
O que eu faço por meus filhos o meu pai já fez por mim

Passarinho corre o risco de encontrar um caçador
Mas sabendo ser arisco foge do perseguidor
Eu também sou um corisco quando eu vejo um traidor
Dou meu sangue e me arrisco por meu ninho de amor
Eu meu querido pai também foi assim
O que eu faço por meus filhos o meu pai já fez por mim

Minha Palhoça
Eu não consigo viver mais na cidade
Pra matar minha saudade eu vou voltar pra roça
Vou respirar o ar mais puro da natureza
Vejam só quanta beleza eu morar numa palhoça
Vou respirar o ar mais puro da natureza
Vejam só quanta beleza eu morar numa palhoça

As andorinhas quando vem rompendo o dia
Juntam todos os passarinhos cantam suas melodias
A seriema e a perdiz piam distante
Nas campinas verdejantes o nhambu e a codorninha
A seriema e a perdiz piam distante
Nas campinas verdejantes o nhambu e a codorninha

Quando anoitece num banco sento lá fora
Afino bem a viola e começo a cantar
A lua branca vem surgindo atrás da serra
Como é lindo a minha terra como é belo este luar
A lua branca vem surgindo atrás da serra
Como é lindo a minha terra como é belo este luar

Mulher De Minha Vida 
Boa noite, mulher da minha vida
Boa noite, mulher dos sonhos meus
Se deus quiser amanhã estou de volta
Para ficar um pouco mais nos braços seus

Durma tranqüila meu amor é o que desejo
Só mais um beijo vou te dar por despedida
Não é preciso ficar triste deste jeito
Por que te adora oh, minha mulher querida

Deixe O Índio Em Paz

Quando o índio deixa a reserva
Sai à procura de proteção
Ele espera na cidade grande
Ver um bom amigo, ver um irmão

Sendo ativo ele vem na frente
E ensina lá no sertão
Coisas boa na escola da aldeia
Com sabedoria em cada lição

Aqui Deus é o supremo
Na aldeia o índio fala Tupã
Assim mamãezinha linda
O bom filho chama seci mi-porã

Tem uns visto que se considera
Civilizado sendo capaz
Praticando na terra do índio
Muita coisa errada que índio não faz

Nesta hora fazendo uma prece
A força divina vence o satanás
É uma ordem de amor e bondade
Façam caridade deixa o índio em paz

Aqui Deus é o supremo
Na aldeia o índio fala Tupã
Assim mamãezinha linda
O bom filho chama seci mi-porã

Morena Bonita
Que morena tão bonita ela quer casar comigo
A mãe dela é muito brava e o pai dela é um perigo
Menina dos olhos pretos dos cabelos cacheados
Eu estou fazendo tudo para ser seu namorado

Lá no céu tá trovoando, mas não é para chover
Chover pra que tão de repente
Pra chuva apagar seu rastro
Pra mim não ver que se ver eu choro e fico doente

Pra curar mulher ciumenta eu sei uma simpatia
Passa o couro nela cedo quando é de tarde ela está macia
Em cima da água tem lodo, em baixo o lodo tem
Quem tem amor tem ciúmes, quem tem ciúmes quer bem 

Eu estava namorando no portão 
O cachorro latiu, au, au
A polícia chegou me levou pro pau 
Morena bonita tchau, tchau

O Patrão E A Secretária 
E na hora da partida que a gente sofre
E na hora da partida que a gente chora
Já estou sentindo a dor de uma despedida
Quando minha secretária
Me disser patrão eu já vou embora

Se a minha secretária sumir no mundo
Vai ser aquele sufoco na minha paz
Eu quero que minha firma vá pra cucuia
No rastro da secretária eu vou atrás

Da cabeça até os pés ela é um doce
Dos pés até a cabeça ela é uma doçura
Sem a minha secretária não sou ninguém
Me afogo no oceano de amargura

E na hora da partida que a gente sofre
E na hora da partida que a gente chora
Já estou sentindo a dor de uma despedida
Quando minha secretária
Me disser patrão eu já vou embora

Sem a minha secretária eu sigo sem rumo
Numa canoa furada no mar de dor
Sou um céu sem as estrelas e sem luar
Eu sou a manhã sem e sem esplendor

Sem a minha secretária é só espinho
Sem a minha secretária não tem mais flor
Minha firma é meu mundo que dá dinheiro
Meu mundo sem secretaria não tem valor

O Direito De Nascer
Conheço um casal tão pobre que leva a vida tristonho
Num barraco de favela lá pras bandas do Congonhas
Todo ano no barraco tem visita da cegonha
A esposa só padece de tão magra até parece um trabuco sem coronha

Numa vi ninguém mais pobre num viver tão apertado
A mulher reclama e chora do marido desnorteado
Que vivendo na apertura já quer dormir separado
E cada avião que ronca a mulher já dá a bronca esse diabo é o culpado

O marido então reclama hoje estou vivendo assim
Tenho dez filhos pequenos a chorar junto de mim
Um no colo, outro na cotas, grudados que nem micuim
Ela diz ora vizinhança já cansei de ter criança, ele quer ver o meu fim

Não tenho nada com isso e nem vou me intrometer
Se eu pudesse eu dava jeito pra não ver ninguém sofrer
Um casal com a criançada sem ter nada pra comer
Num barraco de favela é mais triste que a novela o direito de nascer

Canoeiro
Domingo de tardezinha, eu estava mesmo a toa
Convidei meu companheiro, pra ir pescar na lagoa
Levamos rede de lance ai, ai fomos pescar de canoa

Eu levei meus apreparos pra dar uma pescada boa
Saímos cortando na minha velha canoa
Cada remada que eu dava ai, ai dava um balanço na proa

Fui descendo rio abaixo, remando minha canoa
Eu entrei numa vazante fui sai noutra lagoa
A garça avistei de longe, ai, ai chega perto ela voa

O rio tava enchendo muito, tava cobrindo a taboa
Acompanhei a maré e encostei minha canoa
É o remanso do rio Pardo, ai, ai aonde os pintados amontoa

Pra pegar peixe dos bons, da trabalho a gente soa
Eu jogo timbó na água com isso os peixes atordoa
Jogo a rede e dou um grito, ai, ai os dourados amontoa

Mariposa Do Amor
Não sei por que é que eu vivo tão errado
Traindo sempre a companheira do meu lar
Sinto vergonha e reconheço o meu pecado
Mas assim mesmo eu não sei me controlar

As mariposas têm em mim uma influência
E da clemência da esposa que adoro
Sinto vergonha dos meus atos praticados
Disfarço as mágoas, nesta hora então eu choro

Gosta da minha inseparável companheira
Somente a ela é que amor com ardor
Mas como abelha rouba o mal de flor em flor
As mariposas do peito roubam amor

A Menina E A Sucuri
Era um casal feliz morava no Paraná
Mudou pro Amazonas pra nova vida tentar
Passando dificuldade até que chegou lá
Na estrada Transamazônica o homem foi trabalhar

Tinha somente uma filha seu José e dona Rita
Com sete anos de idade, uma loirinha bonita
Morando lá no sertão naquela selva infinita
Mas a mãe contrariada vivia sempre aflita

Vivendo naquela selva distante de habitação
O marido trabalhava cortando terra do chão
Sem saber que o destino lhe fazia ingratidão
Enfrentando a vida dura pra poder ganhar o pão

Certo dia dona Rita a sua filha chamou
E saiu pra lavar roupa quando lá no rio chegou
A menina inocente na beira da água sentou
Uma cobra sucuri a sua vida tirou

A mãe vendo aquela cena, na hora enlouqueceu
O pai ficou abalado com o golpe que sofreu
E voltou pro Paraná quando isto aconteceu
Deixando no Amazonas a filhinha que perdeu

Princesa Encantada
Um rapaz lá no meu bairro diz que pé adivinhador
Está querendo saber onde mora meu amor
Adivinhar o meu segredo não é fácil, não senhor
Meu viver é comparado com a vida de um beija-flor

Meu amor não mora aqui, há tempo que ela mudou
É uma princesa encantada ela mesmo se encantou
Dentro de um botão de rosa muito tempo ela morou
Nasceu de um pingo d’água que a noite serenou

Se tiver festa por lá me chamam que eu também vou
Pra cantar modinhas novas pra mostrar quem eu sou
Toadinhas delicadas foi meu bem quem me ensinou
Moda de versos dobrados que ninguém nunca cantou

Quando eu pego na viola num pinho  bem chorador
Canto e dou explicação que já cantei em todo interior
Adivinharam meu segredo ninguém é merecedor
Todo mundo me conhece, mas não sabem o meu valor

Ninguém Vive Sem Amor
Fui no mar apanhar flores são coisas que lá não tem
Somente voltei molhado das ondas que vão e vem
Parei na beira do cais esperando por alguém
Se o barqueiro vir eu passo se não vir passo também

O amor é lindo é um sonho em flor
Na realidade ninguém vive sem amor
O amor é lindo é um sonho em flor
Na realidade ninguém vive sem amor

É melhor viver cantando por que chorar não convém
Chorando a gente padece, cantando sofre também
Meu coração é pequeno, mas consola mais de cem
Quando eu dou um suspiro só ele sabe por quem

O amor é lindo é um sonho em flor
Na realidade ninguém vive sem amor
O amor é lindo é um sonho em flor
Na realidade ninguém vive sem amor

Msicas do lbum Cacique E Pajé (Volume 2) (PHONODISC 034405610) - (1979)

Nome Compositor Ritmo
Caçando E Pescando Cacique / Tangará Cururu
Boiadeiro Do Mar Tião Do Carro / Moacyr Dos Santos Cururu
Sou Igual A Um Passarinho Nonô Basílio Chibata
Minha Palhoça Cacique / Boiadeiro Toada
Mulher De Minha Vida Roberto Nunes / Tião Do Carro Rojão
Deixe O Índio Em Paz Capitão Furtado / Cacique Querumana
Morena Bonita Cacique / Chicão Pereira Chibata
O Patrão E A Secretária Lourival Dos Santos / Miltinho Rodrigues Rojão
O Direito De Nascer Zé Batuta Moda De Viola
Canoeiro Zé Carreiro / Alocim Rojão
Mariposa Do Amor Torrinha / Canhotinho Rasqueado
A Menina E A Sucuri Cacique / Martins Neto Cururu
Princesa Encantada Cacique / Antonio C. De Santana Moda De Viola
Ninguém Vive Sem Amor Luiz De Castro / José David Vieira Rojão
Compartilhe essa pgina
Aprenda a tocar viola, acesse Apostila de Viola Caipira Material de qualidade produzido por Joo Vilarim