Em Modas De Viola (CHANTECLER 211405682) - (1985) - Dino Franco e Mouraí

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Brasil 85
O nosso Brasil de lutas e glórias escreve na história uma página a mais
Novas esperanças se acendem no povo presidente novo e novos ideais
Num clima de festa e muita alegria Tancredo inicia a nobre missão
Seguir os caminhos da democracia conforme pedia a grande nação

Será um governo de paz e progresso com muito sucesso e realizações
Que faça justiça criando empregos ao branco e ao negro em iguais condições
Que sobre alimento na mesa do pobre enquanto descobre a melhor solução
Aquela que ajude em poucas etapas varrer deste mapa a tal inflação

O grande governo que fez Figueiredo já não é segredo para mais ninguém
Foi homem sem medo e mostrou sua lavra cumprindo a palavra foi grande também
Jamais o seu nome será esquecido pois seu prometido ele já cumpriu
Fez deste país uma democracia deixando a chefia nas mãos de um civil

Senhor presidente que agora assume voltando ao costume de ter eleição
Os votos sinceros desta nossa turma receba na urna do seu coração
Unindo os anseios do sul e do norte que deus lhe de sorte e venturas mil
Que seja destino de vossa excelência criar a potência chamada brasil

A Inflação E O Salário
A inflação e o salário se encontraram de repente
O salário cabisbaixo, a inflação toda imponente
Criticando a humildade foi dizendo mal criada
Seu baixinho inconformado você não está com nada
O salário envergonhado foi dizendo bem Cortez
Afinal quem é a senhora, pra que tanta estupidez
A inflação muito arrogante respondeu toda orgulhosa
Sou a força poderosa que arrasa com vocês

Eu sou filha do dinheiro ganho desonestamente
Sou neta do juro alto, do agiota sou parente
Eu sou prima do desfalque, do luxo desnecessário
Ajudar ao semelhante pra mim é cosa de otário
Dificulto a prestação que aumenta sem piedade
Eu acelero a ganância e outras barbaridades
Quem esbanja do meu lado sempre tem aceitação
Sou a famosa inflação afligindo a sociedade

O salário respondeu você é cheia de trama
Estou muito revoltado com a sua grande fama
A senhora é responsável por um sucesso aparente
E também por sua culpa veio miséria pra gente
Eu sou o pobre salário irmão da renda precária
O meu pai é o suor da nobre classe operária
Minha mãe é a lavoura de milho, arroz e feijão
Ouça bem dona inflação e senhora é mercenária

Vê se você vai andando sua bruxa descarada
Vive ainda nesta terra gente bem intencionada
Deixe de rondar meu povo que trabalha honestamente
Saiba que sua presença esta sendo inconveniente
Não existe neste mundo o que Deus do céu não veja
O sol nasce, aquece a Terra, venta, chove relampeja
Eu sou o salário humilde da cidade e do sertão
E abraça neste chão toda a gente sertaneja

A inflação foi respondendo no meio de uma risada
Sua ficha, seu salário não me assusta em quase nada
Agora me dá licença eu preciso ir adiante 
Vou indo com meu cortejo pra negociata importante
O salário disse a ela todo cheio de razão
Eu nasci pra ser humilde e não mudo de opinião 
Nunca fui inconformado como a senhora falou
Saiba você que eu sou o equilíbrio da nação

Nossa Raiz
Maior parte das duplas do rádio esqueceram da nossa raiz
Só se lembra de gravar rancheira e estilo de outro país
É um tal de bolero corrido, chamamé e polca canção
Onde estão a nossa violeirada e as modas cantadas de viola e violão

No passado tivemos violeiros que cantavam sem nenhum defeito
Até hoje eu sinto saudade e conservo meu grande respeito
Dava gosto assistir uma dupla quando o povo aplaudia de pé
Hoje em dia se vê repentista que são bons artistas mas duplas não é

Esta arte de cantar de viola e a vida do nosso sertão
Vem do tempo do Brasil colônia remarcada pela tradição
É um caboclo dançando um catira uma era feliz que passou
A viola tem alma e sente os filhos ausente que o tempo levou

Lá por volta dos anos cinquenta foi o auge de bons violeiros
Raul Torres, Florêncio e Rielle que no rádio foram pioneiros
Logo veio Tonico e Tinoco elevando nosso potencial
Depois Zé Carreiro e Carreirinho Palmeira e Luizinho de nome nacional

As duplas de hoje em dia já querem ir mais além
Esquecendo que o Brasil é um violeiro também

A Moda Do Cachaceiro
Eu toco viola, mas não por esmola não tive escola, minha ideia é fraca
Sou caboclo feio, tenho até receio se olho no espelho o medo me ataca
Por ter essa fama o povo difama e se alguém me chama de cara de vaca
Fico descontente e bebo aguardente e amanheço doente curtindo a ressaca

É desde pequeno que eu vivo sofrendo só ando bebendo e batendo matraca
A melhor bebida é a pinguinha ardida nunca tem saída nas bebidas fracas
No bar do Clemente briguei com o Vicente caboclo valente que nem jararaca
Apanhei calado, saí disfarçado todo rabiscado de ponta de faca

A noite que eu bebo eu não dou sossego na hora que eu chego na minha barraca
Ninguém abre a porta, eu dou uma volta no fundo da horta arreio a bruaca
Levanto atordoado com os olhos parado e o rosto inchado parece uma jaca
No mês de janeiro dormi no terreiro fiquei sem dinheiro, perdi a guaiaca

A danada pinga sobe na moringa a patroa me xinga e logo me ataca
Cabocla nervosa é mesmo teimosa com duas, três prosa nós já se atarraca
Com franqueza eu digo, parece um castigo toda vez que eu brigo eu saio de maca
A luta violenta bebum não aguenta e a corda arrebenta na parte mais fraca

Flor Do Campo
Eu amei uma mineira no meu tempo de rapaz
Mas não me casei com ela pra não contrariar seus pais
Ai, ai, ai, sofremos até demais

Abandonei minha terra e riquezas naturais
Deixei minha moradia na sombra dos coqueirais
Ai, ai, ai, e não voltei nunca mais

Busquei outros horizontes chorando tristeza e ais
Adeus lagoa das flores e frondosos pinheirais
Ai, ai, ai, meu chão de Minas Gerais

Esquecer o nosso amor eu sei que não sou capaz
Adeus linda flor do campo nós dois sofremos iguais

Caminhamos neste mundo por direções iguais
Eu padeço, ela padece culpados foram seus pais
Ai, ai, ai, dos nossos restos mortais

Homem Descrente
O mundo de hoje em dia ficou muito diferente
O povo mudou demais não é como antigamente
A situação tá difícil eu só vivo descontente
Todo ramo de negócio aparece um concorrente
Se a gente abre um boteco precisando do freguês
Aparece um português e abre outro na frente

Do jeito que tô vivendo ainda morro de repente
Não acredito em mais nada fiquei um homem descrente
Tudo quanto eu vou fazer nasce um inconveniente
Eu ando tão ressabiado que até fujo dos parentes
Comecei um namorinho com a minha prima Maria
Não chegou passar dois dia já me pediu um presente

Viver explorando os outros eu acho muito indecente
Aquele que tem vergonha age mais corretamente
Passar a manta no pobre é o prazer de muita gente
Isso me deixa nervoso mais bravo que uma serpente
Eu só tenho um defeito êta coisinha esquisita
Se vejo mulher bonita pego fogo de repente

Já tentei viver melhor mas não sou inteligente
Quando eu tava me arribando me perdi na aguardente
Ando procurando emprego isso me deixa doente
Nem sei mais o que penduro no armazém do seu clemente
Se eu não pagar o que devo e manter o meu respeito
Eu tenho que dar um jeito de sumir do continente

Inconfidência Mineira
Há dois séculos passados defendendo os ideais
Surgiu a Inconfidência no chão de Minas Gerais
É que ouro e diamante por ali ser abundante gerou problemas sociais
No apogeu do garimpo a coroa portuguesa
Cria aquela lei do quinto demonstrando esperteza
Logo após veio a derrama e o povo todo reclama de ver sumir sua riqueza

Ante o cerco lusitano vila rica efervescia
Era tanta a revolta que o país se enfurecia
A pressão foi aumentando muita gente conspirando ninguém mais ali dormia
Eis que então nesse cenário surgem grandes brasileiros
O alferes Tiradentes da lista era o primeiro
Cláudio Inácio e Maciel desempenha um papel e Gonzaga, o conselheiro

Tinham estes brasileiros muito amor pela nação
Iniciaram com bravura a nossa libertação

Combinaram o levante tudo em grande segredo
Joaquim Silvério dos Reis relatou tudo por medo
O plano foi desvendado Tiradentes enforcado e os outros para o degredo
Ficou, porém, a esperança de uma pátria livre e forte
Pela nossa liberdade só se entregaram com a morte
A semente foi plantada independência alcançada no Brasil de sul a norte

Mina De Ouro
O meu pai era caboclo do tempo da monarquia
Eu também sou caboclão vim do jeito que eu queria
Fui criado no sertão com viola e cantoria
Violeiro de antigamente quando na viola batia
Distância de légua e meia o tinido a gente ouvia

Fui carreiro e fui tropeiro num Brasil que já crescia
Era carro que cantava e cincerro que tinia
As estradas do sertão foram minha academia
Cortando serra e baixada conheci a geografia
Tinha hora pra sair mas pra chegar só Deus sabia

Eu deixei o meu sertão eu troquei de moradia
Estou morando em São Paulo terra da garoa fria
Conheci uma paulista formada em filosofia
Eu fiz um bom casamento um tesouro descobria
Quando a viola não dava a paulista garantia

Quando saí pelo mundo meu pai assim me dizia
Meu filho vá devagar gato que caça não mia
Aos poucos Deus foi me dando tudo quanto eu merecia
Meu burrão já está na sombra minha vida está macia
Tem uma mina de ouro quem sabe fazer poesia

Mestiça Arisca De Laço
Eu vinha de Mato Grosso montado no meu picaço
Lenço branco no pescoço e cem léguas de cansaço
Quando eu vi a Madalena debruçado no terraço
Esqueci de minhas penas e o cavalo do seu passo

A madrinha ia adiante e a culatra retirada
Repiquei o meu berrante pra reunir a boiada
Percebi que a minha sina estava na encruzilhada
Uma cascavel traiçoeira armando sua laçada

O sol ia se escondendo a boiada no bagaço
Na cantina fui parando que nem mosca no melado
Olhei de novo a morena na distância do meu laço
Meu coração nessa hora bateu fora do compasso

Fui dizer adeus foi o meu pior momento
Perguntei se ela queria me aceitar em casamento
Me respondeu com desprezo foi grande meu desalento
Virei o macho na espora num triste aborrecimento

Sou boiadeiro de fama com nada me embaraço
Mas esta mestiça arisca desviou meu tirão de laço 

Depois daquele abandono pra mim o mundo morreu
Eu nem sei aonde ponho esse amor que Deus me deu
Meu picaço anda tristonho da boiada esqueceu
Nunca mais vi a cabocla perdi tudo o que era meu

Fundão De Serra
Quem amou como eu amei e sofreu desilusão
Por certo entristeceu o seu pobre coração
Esta vida é uma incerteza ninguém foge da razão
Enforquei a minha sorte mudei minha direção
Vivo colhendo amargura de uma triste ingratidão

Na idade de quinze anos amor alguém me jurou
Mas com o passar do tempo tudo, tudo se acabou
Quanta dor neste meu peito esta ingrata acumulou
E se fiquei padecendo ela ainda perguntou
Meu coração nessa hora nem sei como suportou

Então pra um deserto onde não tinha ninguém
Chorar sozinho num canto o abandono de alguém
Este meu padecimento não é qualquer um que tem
Quando me aperta a saudade meu suspiro vai e vem
Como é triste a gente amar quem não sabe querer bem

Não vi mais a minha terra nem sei se devo voltar
Talvez aquela pessoa ainda esteja por lá
A traição que me fizeram só eu que sei explicar
Um coração de caboclo não é fácil perdoar
Neste meu fundão de serra só Deus vem me visitar

Herói Do Brasil
Quando a segunda guerra na Europa eclodiu
Pela força aliada nosso país se uniu
Fomos combater o eixo com rajadas de fuzil
Contra o nazi-fascismo que ao mundo se insurgiu
Lá nos campos de batalha aportamos na Itália em viagem de navio

Comandando a infantaria de um modo não gentil
Um tenente orgulhoso esta frase proferiu
Quem comanda aqui sou eu, soldado é bicho servil
Não discutam minha ordens, não quero ouvir nenhum piu
Eu vou ganhar esta guerra e voltar pra minha terra, eu sou um homem de brio

Chamando um rapaz de cor pela alcunha de tizio
O tenente enfezado assim pra ele pediu
Corra pra linha de fogo, negro cara de bugio
Se vacilar você dorme daqui pra frente no frio
Beija o gelo da montanha se falhar você apanha, detesto infante vadio

O pretinho sem demora aquela instrução cumpriu
Enfrentando os carcamanos muitos deles destruiu
Por má sorte o Tenente aos pés do negro caiu
Um balaço em seu peito neste momento explodiu
Vendo que era fatal o negro com seu punhal aquele bala extraiu

Ali mesmo na campanha a operação concluiu
Não havendo mais perigo o tenente ele conduziu
Quando chegou na caserna grande emoção sentiu
O tenente agora salvo perdão ao negro pediu
Devo a vida ao senhor muito obrigado doutor, herói do nosso Brasil

Namoro Proibido
O meu primeiro namoro foi uma linda menina
O rosto muito lindo feito e da cinturinha fina
Olhos pretos cintilantes como estrelas matutina
Nasceu em Belo Horizonte, ai, ai, ai, se criou no sul de Minas

A família dessa moça é uma gente cretina
O velho muito revoltoso e a velha muito ladina
Quando ficaram sabendo que eu namorava Jorgina
Quiseram acabar comigo, ai, ai, ai, me escapei na surdina

Uma noite ela me disse o seu jeito me fascina
Vamos ver se nos se casa, e Deus quiser nos combina
Já não sei mais o que faço pra sair desta rotina
Me leve daqui pra longe, ai, ai, ai, você foi a minha sina.

O amor quando é demais o coração não domina
Ergui ela na garupa da minha besta grã-fina
O seu cabelo brilhava  molhadinho de neblina
Que momento foi este ai, ai, ai, ninguém no mundo imagina

O pai dela quando soube se armou de carabina
E seguiu o nosso rastro igual onça felina
Eu fiquei firme no ponto sem temer qualquer ruína
Encontrou nos dois casados ai, ai, ai, morando em Andradina

Músicas do álbum Em Modas De Viola (CHANTECLER 211405682) - (1985)

Nome Compositor Ritmo
Brasil 85 Dino Franco / Tenente Walderley Moda De Viola
A Inflação E O Salário Chysostomo / Dino Franco Moda De Viola
Nossa Raiz Dino Franco / Mouraí Moda De Viola
A Moda Do Cachaceiro Dino Franco / Nhô Chico Moda De Viola
Flor Do Campo Dino Franco / Nhô Neco Moda De Viola
Homem Descrente Dino Franco / Aparecida Mello Moda De Viola
Inconfidência Mineira Dino Franco / Oswaldo De Andrade Moda De Viola
Mina De Ouro J. Dos Santos / Lourival Dos Santos Moda De Viola
Mestiça Arisca De Laço Dr. Alves Lima / Dino Franco Moda De Viola
Fundão De Serra Dino Franco / Cláudio Rodante Moda De Viola
Herói Do Brasil Dino Franco / Oswaldo De Andrade Moda De Viola
Namoro Proibido Dino Franco / Zezito Moda De Viola
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