Rancho Da Boa Paz (Volume 2) (GGLP 019) - (1982) - Dino Franco e MouraÃ
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Ao cumprimentar Dino Franco e MouraÃ, pelo lançamento de seu mais recente LP, desejo testemunhar o sucesso cada vez mais crescente da mais autêntica música sertaneja, tão bem interpretadas pela consagrada dupla, e agradecer a inclusão do nome de Taquaritinga, municÃpio que tenho a honra de governar, em duas faixas deste LP: rancho da Boa Paz e Taquaritinga, cujas letras falam bem de perto ao coração dos taquaritinguenses e dos apreciadores da autêntica música nacional. (Sérgio Schlobach Salvagni)
Caboclo na Cidade
Seu moço eu já fui roceiro no triângulo mineiro onde eu tinha meu ranchinho
Eu tinha uma vida boa com a Isabel minha patroa e quatro barrigudinhos
Eu tinha dois bois carreiros, muito porco no chiqueiro e um cavalo bom arriado
Espingarda cartucheira quatorze vacas leiteiras e um arrozal no banhado
Na cidade eu só ia a cada quinze ou vinte dias pra vender queijo na feira
E no mais estava folgado todo dia era feriado pescava a semana inteira
Muita gente assim me diz que não tem mesmo raiz essa tal felicidade
Então aconteceu isso resolvi vender o sÃtio e vir morar na cidade
Já faz mais de doze anos que eu aqui já to morando como eu to arrependido
Aqui tudo é diferente não me dou com essa gente vivo muito aborrecido
Não ganho nem pra comer já não sei o que fazer to ficando quase louco
É só luxo e vaidade penso até que a cidade não é lugar de caboclo
Minha filha Sebastiana que sempre foi tão bacana me dá pena da coitada
Namorou um cabeludo que dizia ter de tudo, mas fui ver não tinha nada
Se mandou pra outras bandas ninguém sabe onde ele anda e a filha tá abandonada
Como dói meu coração ver a sua situação nem solteira e nem casada
Até mesmo a minha veia já tá mudando de ideia tem que ver como passeia
Vai tomar banho de praia tá usando minissaia e arrancando a sobrancelha
Nem comigo se incomoda quer saber de andar na moda com as unhas todas vermelhas
Depois que ficou madura começou a usar pintura credo em cruz que coisa feia
Voltar pra Minas Gerais sei que agora não dá mais acabou o meu dinheiro
Que saudade da palhoça eu sonho com a minha roça no Triângulo Mineiro
Nem sei como se deu isso quando eu vendi o sÃtio para vir morar na cidade
Seu moço naquele dia eu vendi minha famÃlia e a minha felicidade
Por Um Rosto Lindo
Já me vou rosto lindo para bem distante de onde nasci
Vou chorando, vou sorrindo porém até gosto de sofrer por ti
Quando o sol renascer a saudade renascerá
Chorarei, chorarei o amor que sinto por esse lugar
Chorarei, chorarei o amor que sinto por esse lugar
Eu bem sei rosto lindo não fui a razão do teu amanhecer
Partirei pressentindo que para esse mundo deixei de viver
Quando o sol renascer, a saudade renascerá
Chorarei, chorarei o amor que sinto por esse lugar
Quando o sol renascer a saudade renascerá
Chorarei, chorarei o amor que sinto por esse lugar
Chorarei, chorarei o amor que sinto por esse lugar
Juras Mentirosas
Se for para te ver todos os dias prefiro não voltar neste lugar
Te dei o meu amor por que te quero e tu jamais quiseste me amar
Ingrata só me deste abandono e como vai ser difÃcil esquecer
Amar sem ser amado e muito triste mataste minha vida pode crer
Agora que provaste outros beijos irei morar bem longe deste lugar
Não creio mais em juras mentirosas adeus eu vou para nunca mais voltar
Rancho da Boa Paz
O meu rancho do alto da serra me leva mais perto do céu
Me encontro na mansão celeste todo envolto por um branco véu
Tenho ali a presença de um mestre que será para sempre aplaudida
Vejo o resto do mundo lá embaixo bem no inÃcio da fonte da vida
Quantos lagos e charcos passei pra chegar ao final da montanha
Quantas pedras na estrada rolei pela fé que aqui me acompanha
No meu rancho do alto da serra vejo a lua namorando o sol
Quando ele se vai no poente nos deixando seu lindo arrebol
E nos dias que o vento graceja me trazendo nuvens de pó
Vejo a chuva branquejando a serra é uma benção de Deus bem, bem maior
Quantos lagos e charcos passei pra chegar ao final da montanha
Quantas pedras na estrada rolei pela fé que aqui me acompanha
No meu rancho do alto da serra vejo a lua namorando o sol
Quando ele se vai no poente nos deixando seu lindo arrebol
Garimpo de Goiás
Vou embora dessa terra aqui eu não fico mais
Quero ser um garimpeiro além de Minas Gerais
Eu levo minha famÃlia ensino como é que faz
Tem dado fascinação o garimpo de Goiás
Eu quero criar meus filhos com seus direitos iguais
Trabalhando no cascalho seguindo meus ideais
Cresce o nome, cresce a fama e juros de capitais
Tem dado fascinação o garimpo de Goiás
Dizem que lá em Mateira tem pedras especiais
O topázio nasce à toa nas camadas de cristais
Aurilândia é um nome de feitios naturais
Tem dado fascinação o garimpo de Goiás
Nas margens do Rio Claro vi rochas especiais
Me vi dentro de bateias separando minerais
Vou indo pro centro oeste e não voltarei jamais
Tem dado fascinação o garimpo de Goiás
Fonte da Vida
Deus pegou o sol da tarde pegou o romper da aurora
O vento arrastando as folhas pelas campinas afora
As cores do arco Ãris dormindo na correnteza
E fez um anel de ouro pra mão da mãe natureza
Deus passeia com as tardes revisando mais um dia
Olhando flores agrestes pra a virgem Santa Maria
Ave Maria
Mãe natureza me embale na folhagem do seu berço
Com o gorjeio das aves eu descanso e adormeço
No colchão verde dos campos ouvindo o som da cascata
Repouso minha cabeça no travesseiro da mata
A brisa que vem chegando me beija seguidamente
Me desperto com as bênçãos do meu Pai Onipotente
Ave Maria
Deus pegou o céu dormindo bordado de estrelas mil
E estendeu sobre a Terra seu tapete cor de anil
Na grande sala da noite pôs a lua sempre acesa
E no sofá do sertão sentou a mãe natureza
Por isso é que sempre vejo dois caminhos de saÃda
Um nos leva a morte eterna e outro a fonte da vida
Ave Maria
A Sementinha
Lá na casa da fazenda onde eu vivia numa manhã de garoa e de céu nublado
Achei no chão do terreiro uma sementinha pensei logo em plantá-la no chão molhado
O tempo passou depressa e a mocidade chegou como chega a noite ao cair da tarde
Veio morar na fazenda uma caboclinha graciosa, bela, meiga e na flor da idade
Iniciou-se um romance entre eu e ela na sombra aconchegante de uma paineira
Dei à ela uma rosa com muita esperança que eu colhi de um galhinho daquela roseira
Marcamos o casamento pro fim do ano pra mim só existia ela e pra ela só eu
Pouco mais de uma semana pra o nosso idÃlio a minha flor prometida doente morreu
Arranquei o pé de rosas na primavera e plantei na sepultura de minha amada
Todas tardes eu molhava com o meu pranto a roseira foi murchando e acabou em nada
A chuva se foi embora e o sol ardente matou a minha roseira e secou meu pranto
Só não matou a saudade da caboclinha, pois eu vejo a sua imagem em todo canto
Por isso é que eu vivo longe da minha terra seguindo a louca estrada de minha vida
Procuro viver sorrindo mas, no entanto eu choro ao me recordar a mulher querida
O destino como sempre é caprichoso é cheio de traições e de sonhos loucos
Tal qual aquela roseira e a minha amada eu pressinto que também vou morrendo aos poucos
Amor e Saudade
Eu passei na sua terra já era de madrugada
As luzes da sua rua estavam quase apagadas
Fiquei horas recordando a nossa vida passada
O tempo do nosso amor que se acabou tudo em nada
A sua casinha triste estava toda fechada
E no varal do alpendre umas roupas penduradas
Conheci no meio delas sua blusa amarelada
Aumentou minha saudade eta vida amargurada
Quando a gente se amava eu fiz muita caminhada
Chegava na sua casa mesmo sendo hora avançada
Você de casaco preto vinha toda enamorada
Ali nós dois se abraçava sem que ninguém visse nada
Mas no mundo tudo passa a sorte é predestinada
Você se casou com outro eu segui minha jornada
Deixei você me acenando lá na curva da estrada
Adeus cabocla faceira rosa branca perfumada
Vida De Um Boiadeiro
Esta moda conta a vida de um boiadeiro
Que mais deixou rastros de saudade nas estradas do Brasil
Parabéns, grande abraço Zé Nagib
Eu cheguei de Mato Grosso tá fazendo poucos dias
Fui rever um grande amigo que há muito tempo eu não via
Quando se tem amizade a vida tem mais garantia
Vou falar de uma pessoa que sempre gostou da lida Zé Nagib e companhia
Desde o tempo de menino sempre teve inclinação
De viver jogando o laço e montado em burro bom
Foi crescendo e aprendendo as malÃcias de peão
Tendo ainda pouca idade já comandava transporte puxando boi do sertão
Viveu mais de vinte anos gritando no corredor
Foi patrão e empregado foi aluno e professor
Foi peão de sol e chuva derramou sangue e suor
Zé Nagib foi ainda quem mais entregou boiada por ser forte embarcador
Muitas vezes nas estradas recontou pontas de boi
Hoje reconta saudade do tempo que já se foi
A pessoa de quem falo é um grande camarada
Homem de muitas façanhas de comitiva montada
Hoje em dia é fazendeiro vive engordando boiada
Mas recorda com saudade os bravios companheiros que ficaram de arribada
Taquaritinga
Taquaritinga eu te vejo nos meus sonhos
E me desperto tristonho por viver longe de ti
Não sou teu filho, mas meu berço considero
Porque muito te venero desde que te conheci
As nuvens brancas, tem o branco mais bonito
O azul do infinito traz amor aos filhos teus
Eu até penso que o teu solo adoradoÂ
Foi um dia abençoado pela voz calma de Deus
Taquaritinga quem te viu jamais esquece
O teu céu me oferece horizonte sem igual
Quem te contempla fica todo embevecido
Meu olhar ficou perdido no teu verde laranjal
As nuvens brancas tem o branco mais bonito
O azul do infinito traz amor aos filhos teus
Eu até penso que o teu solo adoradoÂ
Foi um dia abençoado pela voz calma de Deus
Garça Branca Feiticeira
O meu rancho de barrote minha cama é uma esteira
Tenho cigarro de palha café quente na chaleira
Mas se vejo a garça branca durmo mal a noite inteira
Ai, ai, Garça branca feiticeira
Levantei de madrugada num dia de quinta feira
Olhei pro lado do sul era aquela fumaceira
Por causa da garça branca eu choro nem que não queira
Ai, ai, Garça branca feiticeira
Quando é tarde de mormaço ela vem toda faceira
Passa pertinho de mim e senta na ribanceira
Vou prender a garça branca numa laçada certeira
Ai, ai, Garça branca feiticeira
Moro na beira do rio tenho um bote de madeira
Um bom material de pesca espingarda cartucheira
Só me falta a garça branca pra ser minha companheira
Ai, ai, Garça branca feiticeira
Minha Culpa
Estou muito aborrecido por ter perdido um grande amor
Meu sonho foi destruÃdo e esquecido de um dissabor
Preciso sofrer na vida até meu mundo perder a cor
Não mereço ser querido apenas vencido pela própria dor
Serei condenado me sinto culpado de criar uma dor assim
Alguém que me amou e me renunciou sofreu muito, muito por mim
Preciso sofrer na vida até meu mundo perder a cor
Não mereço ser querido apenas vencido pela própria dor
Serei condenado me sinto culpado de criar uma dor assim
Alguém que me amou e me renunciou sofreu muito, muito por mim
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Músicas do álbum Rancho Da Boa Paz (Volume 2) (GGLP 019) - (1982)
Nome | Compositor | Ritmo |
---|---|---|
Caboclo Na Cidade | Dino Franco / Nhô Chico | Moda De Viola |
Por Um Rosto Lindo | Dino Franco | Rancheira |
Juras Mentirosas | Dino Franco / João Mulato | Guarânia |
Rancho Da Boa Paz | Sérgio Salvagni / Estevam Salvagni | Toada |
Garimpo De Goiás | Dino Franco / Caetano Garrido | Quemumana |
Fonte Da Vida | Dino Franco | Cateretê |
A Sementinha | Itapuã / Dino Franco | Rancheira |
Amor E Saudade | Dino Franco / José Miltom Falheiros | Cateretê |
Vida De Um Boiadeiro | Dino Franco | Moda De Viola |
Taquaritinga | Dino Franco | Toada |
Garça Branca Feiticeira | Dino Franco / Tenente Walderley | Cururu |
Minha Culpa | Vicente P. Machado / Dino Franco | Rancheira |