Serra Molhada (CHANTECLER 211405766) - (1988) - Dino Franco e Mouraí

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Serra Molhada
Serra molhada e o rio serpenteando
Cachoeira murmurando certo dia contemplei
Quando em criança dividiu-se a minha vida
Com paisagens coloridas nos lugares que passei

O sol brilhante despontava atrás da serra
Clareando toda a terra aquecendo a plantação
Eu que vivia vendo tudo colorido
Hoje vivo dividido pela angústia e solidão

Não vejo mais gotas de orvalho nas flores
Passarinhos multicores revoando no espaço
Nem o monjolo que batia o ano inteiro
Lá no fundo do mangueiro na curvinha de riacho

A saracura no seu capão de tabôa
Circulava a lagoa desfilando imponente
Era sinal de que o sol já ia findo
No poente despedindo roubando o dia da gente

Surgia a noite e com ela os pirilampos
Enfeitando todo o campo fazendo a noite criança
A lua cheia a distância iluminava
E o meu gado ruminava deitado na relva mansa

Aquele pé de jasmim lá no terreiro
Que florava o mês inteiro perfumando a imensidão
Vive pedindo a natureza que eu volte
Pra que Deus me dê mais sorte e mais amor no coração
Vive pedindo a natureza que eu volte
Pra que Deus me dê mais sorte e mais amor no coração

Devolva A Passagem
Alguém veio me contar que você vai embora
Dizendo que já se cansou de viver comigo
Meu bem qual é o motivo desse seu desprezo
Se até hoje só lhe dei amor e fui seu amigo

Meu bem por favor, responda que mal foi que fiz
Pra você tirar-me a chance de ser feliz
Meu Deus o que é que eu faço tão sozinho agora
Na verdade quem a gente gosta logo vai embora

É triste saber que não vou mais abraçar seu corpo
E esses olhinhos tão lindos não vou mais beijar
Tenho medo que você talvez logo encontre outro
O ciúmes que sinto é imenso nem posso explicar
Se você meu amor me deixar eu ficarei louco
Devolva a passagem meu bem, por favor, não vá

E Voltarei
Adeus amor não podemos mais fingir
A ilusão já terminou agora tenho que partir
Amor adeus pois assim será melhor
Se hoje o céu escureceu talvez um dia brilhe o sol

Não sofras mais pois amanhã nosso pranto terá fim
E se disseres que por mim vais esperar
Sei que esta luz que se apagou irá brilhar

E voltarei com todo amor que eu guardei para te dar
Verás então que eu voltei para ficar
Por esta paz que o teu amor sempre me dá, sempre me dá

Somente Agora Vejo
Somente agora eu vejo que fui tão errado
Da nossa separação me sinto culpado
Ainda bem que o seu bom coração soube me perdoar
Esquecendo os momentos de angústia que lhe fiz passar

Quantas vezes em casa chorando você me esperava
E eu dando amor que era seu à pessoas errada
Mas agora ao ganhar o seu perdão é que posso entender
Que a bebida e os amores da rua não valem você

Agora estarei toda noite em meu lar que em espera
Entregando amor e carinho a quem me considera
A minha aventura foi decepção

Retorno aos seus braços de novo e prometo querida
Que de hoje em diante e por toda a essa vida
Jamais lhe darei outra desilusão

Oceano Da Vida
Vejo no espelho o meu rosto envelhecido
Qual oceano após a sanha de um tufão
A espuma branca são meus cabelos grisalhos
Minha calvície é a praia da solidão

As minhas rugas são as ondas traiçoeiras
Que se avolumam com os fortes vendavais
Meus olhos fundos são dois barcas naufragados
Que sobre as ondas não emergem nunca mais

Meus lábios frios já quase morto
Tem sido o porto tempos atrás
Onde atracavam lábios ardentes
Hoje só resta a solidão do cais

Velhos amores para bem longe voaram
Como gaivotas que se perdem sobre o mar
A mocidade ficou longe como a rocha
Onde só as ondas da saudade vão beijar

Vagando vou como um navio que perde o rumo
Não acho cais onde eu consiga ancorar
É tão pesada a bagagem dos meus anos
Que está fazendo a minha vida naufragar

Meus lábios frios já quase morto
Tem sido o porto tempos atrás
Onde atracavam lábios ardentes
Hoje só resta a solidão do cais

Tempo De Carreiro
No tempo da mocidade eu trabalhei de carreiro
Com oito bois reforçados e também muito ligeiros
O sertão da Bernardina fui eu quem cruzou primeiro
Subindo serra e descendo levando carga e trazendo de janeiro e janeiro

A junta do cabeçalho, o Letrado e o Faceiro
Me dava muita firmeza na descida do changueiro
Eu fui um rapaz de gosto e falo sem exagero
Quando por lá eu passava uma cabocla me olhava sempre de olhos morteiros

Mas o tempo foi passando o destino é traiçoeiro
Fiquei velho de repente sem patrão e sem dinheiro
Quanto o tempo carreei nunca tive candeeiro
Meu grito de ôa, ôa ficou embargando atoa no chão do meu sul mineiro

Não vi mais meu velho carro, estimado companheiro
Por certo se apodreceu lá no fundo do mangueiro
A boiada foi pro corte nas mãos de algum açougueiro
Pra dizer bem a verdade só restou mesmo a saudade matando este carreiro

Cavalgada
Sai galopando na estrada da vida montado num burro chamado paixão
Levei na garupa bastante egoísmo e dentro do peito levei ambição
Caprichosamente segui a procura da meta indicada por minha ilusão
Eu imaginava encontrar um dia a felicidade pro meu coração

As lindas paisagens a beira da estrada olhei com desprezo e não dei valor
A quem me abordava eu não dei atenção a quem precisava eu não dei amor
Com meus preconceitos caminhei sozinho fugindo daqueles que pedem favor
Por isso até hoje não tive amigos pra chorar comigo meu pranto de dor

No longo trajeto da minha existência não dei importância às coisas sagradas 
De olhos fechado sempre galopando fui jogando terra nas flores da estrada
Por ser egoísta e muito orgulhoso não tive colegas em minha jornada
E sempre apertando meu burro na espora fui deixando tudo em troca do nada

Já estou chegando ao fim da viagem e a felicidade não apareceu
Me sinto cansado sem forças pra nada o meu sacrifício da nada valeu
Lamento o esforço e o tempo perdido pois agora entendo o que me aconteceu
Nessa cavalgada que agora se finda estou convencido que o burro era eu

Loteria Do Amor
Ao apostar na loteria do destino 
Fiz um jogo tão cretino que jamais vou esquecer
Pois preenchendo o volante do desejo
Eu marquei com duplo beijo cartão que lhe mandei

Fui decidido e sem ter nenhum receio
Joguei coluna do meio entre elas e você
Eu que julgava ser das três o favorito
Hoje em dia admito que joguei para perder

Quem perde também ganha meu pai sempre dizia
No jogo desta vida mulher é loteria
Quem perde também ganha meu pai sempre dizia
No jogo desta vida mulher é loteria

Fui egoísta pois pensei ganhar sozinho
As loucuras e carinhos desse jogo do amor
Mas, entretanto o desgosto logo veio
O destino fez sorteio e saiu coluna dois

E lastimando pelo triste movimento
Eu agora me lamento pois não tenho amor nenhum
E no futuro queira Deus que eu não esqueça
Jogo zebra na cabeça ou fico na coluna um

Quem perde também ganha meu pai sempre dizia
No jogo desta vida mulher é loteria
Quem perde também ganha meu pai sempre dizia
No jogo desta vida mulher é loteria

Noite Triste
Esta noite vai ser para mim a mais triste do mundo
Nunca pensei que um dia fosse sofrer tanto assim
De que me adianta saber que vamos amar a noite inteira
Se no amanhecer você vai partir pra longe de mim

Vai ser tão difícil encarar a sua partida
Já estou chorando só em pensar nesta triste hora
Sabe que vai levar com você parte da minha vida
Não sei se vou resistir ao vê-la indo embora

Be beije me abrace bem forte minha querida
Nesta noite da nossa despedida em seus braços me faça dormir
E quando amanhecer não me acorde 
Pegue sua mala saia de mansinho meu bem eu não quero ver você partir

Meus Tempos De Criança
Eu daria tudo que tivesse pra voltar aos tempos de criança
Eu não sei porque que a gente cresce se não sai da mente esta lembrança
Aos domingos missa na matriz da cidadezinha onde nasci
Oh meu Deus eu era tão feliz no meu pequenino Miraí

Que saudades da professorinha que me ensinou o B-A Ba
Onde andará Mariazinha meu primeiro amor onde andará
Eu igual a toda meninada quantas travessuras eu fazia
Jogo de botões pelas calçadas eu era feliz e não sabia

Sertaneja
Sertaneja se eu pudesse se Papai do céu me desse um espaço pra voar
Eu corria a natureza acabava com a tristeza só pra não te ver chorar
Na ilusão deste poema eu roubava um diadema lá no céu pra te ofertar
E onde a fonte rumoreja eu ergui a tua igreja e dentro dela o teu altar

Sertaneja, porque chora quando eu canto 
Sertaneja, se este canto é todo teu
Sertaneja, pra secar os teus olhinhos
Vai ouvir os passarinhos que cantam mais do que eu

A tristeza do teu pranto é mais triste quando eu canto a canção que te escrevi
E os teus olhos neste instante brilham mais que a mais brilhante das estrelas que eu já vi
Sertaneja vou-me embora a saudade vem agora alegria vem depois
Vou subir por essas serras construir lá noutras terras um ranchinho pra nós dois

Sertaneja, porque chora quando eu canto 
Sertaneja, se este canto é todo teu
Sertaneja, pra secar os teus olhinhos
Vai ouvir os passarinhos que cantam mais do que eu

Flores Do Adeus
Muitas flores haviam na igreja bordonéis e tapetes no chão
O vigário mudando de roupa coroinha com a bíblia na mão
No altar velinhas acesas igualzinhas ao meu coração
Era o dia do meu casamento era grande a minha emoção

Na fazenda o terreiro coberto sanfoneiro chegava animado
O ambiente era todo de festa era muito os meus convidados
E a tarde estava tão linda tudo aquilo era feito pra mim
E jamais me passou pela mente que essa tarde marcasse meu fim

Mas a sorte me foi traiçoeira destruiu toda aquela ilusão
Bem na hora de irmos pra igreja uma síncope no coração
Pôs por terra meu sonho dourado minha amada mudou de feição
Já vestida de véu e grinalda foi pra igreja dentro de um caixão

Imaginem como estou agora sem saber o que digo e o que faço
Os meus pés se arrastam no chão minha mente se perde no espaço
O meu corpo é um farrapo de gente meu futuro não tem mais sentido
Já que Deus a levou de meus braços eu também devia ter morrido

Músicas do álbum Serra Molhada (CHANTECLER 211405766) - (1988)

Nome Compositor Ritmo
Serra Molhada Dino Franco / Waldemar Freitas Toada
Devolva A Passagem Ronaldo Adriano / Zé Do Rancho Guarânia
E Voltarei Alaim Barriere - Versão: Sebastião Ferreira Da Silva Balanço
Somente Agora Vejo Ronaldo Adriano / Rubens Avelino Guarânia
Oceano Da Vida Dino Franco / Aparecida Mello Tango
Tempo De Carreiro Zé Fortuna / Zé Carreiro Cateretê
Cavalgada Dino Franco / Nhô Chico Rasqueado
Loteria Do Amor Dino Franco / Tenente Walderley Bolero
Noite Triste João Reis / Mouraí Guarânia
Meus Tempos De Criança Ataulfo Alves Samba Canção
Sertaneja Rene Bittencourt Balanço
Flores De Deus Antunes / Magda Rancheira
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