Tragédia (CHANTECLER 211405499) - (1982) - Jacó e Jacozinho

Sete Irmãos
Éramos sete irmãos criados no interior
Fazendo grande sucesso duas duplas de valor
Mas a morte traiçoeira sem piedade levou

Cinco artista dos sete resta só nós dois dos cantor
Chora viola sentida, chora viola e violão
A falta dos companheiros chora aqui nas minhas mãos

Jacó primeiro e segundo José, João e Sebastião
Três morreram acidentados, dois morreu do coração
Todos na flor da idade Oh! meu Deus que judiação

Aceite a nossa homenagem através desta canção
Chora viola sentida, chora viola e violão
A falta dos companheiros chora aqui nas minhas mãos

Dos meus irmãos que morreram para vocês conto agora
A saudade que eu sinto cada dia só piora
Querem saber como estou a solidão me devora

Nossa mãe não se conforma até hoje ainda chora
Chora viola sentida, chora viola e violão
A falta dos companheiros chora aqui nas minhas mãos

Deus repartiu a família eu acho que Deus não erra 
Eles cantam lá no céu nós cantamos aqui na terra 
O barco ainda não para na metade do caminho

Somos Amado e Antônio, somos Jacó e Jacozinho
Chora viola sentida, chora viola e violão
A falta dos companheiros chora aqui nas minhas mãos

Não Deixem O Circo Morrer
Alô meus amigos que vivem no circo levando alegria a todas as crianças
ó eu que conheço o teu sacrifício tuas alegrias e desesperanças
Já vive no circo, já passei trabalho já pintei a cara pra ganhar o pão
Conhecendo a luta de tua existência cantando te faço minha reverência
Com todo carinho te chamo de irmão

Artista de circo eu que te conheço sei bem que tu és
Para que nos sinta o mundo a teus pés eu penso que falo na canção que fiz
O teu pagamento é sentir o riso das nossas crianças
Ver em cada rosto a cor da esperança e ouvir o aplauso que te faz feliz

Quando vou no circo cantar minhas modas e vejo o palhaço de cara pintada
Adoçando a vida de cada pessoa caindo com graça contando piada
Eu olho no rosto de cada criança que ri do palhaço com riso de amor
O riso de um filho é a nossa verdade eu faço um apelo para a humanidade
Não deixe o circo morrer por favor

Artista de circo eu que te conheço sei bem que tu és
Para que nos sinta o mundo a teus pés eu penso que falo na canção que fiz
O teu pagamento é sentir o riso das nossas crianças
Ver em cada rosto a cor da esperança e ouvir o aplauso que te faz feliz

Enxada Pioneira
Eu guardo como relíquia e eterna gratidão
Pendurada na parede na minha bela mansão 
O toco de uma enxada que causa admiração
A enxada pioneira desperta grande atenção 

Olhando esta enxada velha me vem na recordação
Meu belo tempo de infância aqui tudo era sertão
Meu pai apesar de pobre era grande cidadão
Sonhando comprar um dia um pedacinho de chão 

Eu nunca esqueço o sorriso e a grande satisfação
Com meu pai chegando em casa com a escritura na mão
Dizendo ter realizado a sua grande intenção
Mamãe chorou de alegria papai chorou de emoção 

É pena que já não viva papai do meu coração
Pra ver o quanto cresceu seu pedacinho de chão 
E ver seus filhos queridos ser chamados de patrão
E a enxada pioneira na parede da mansão

Faz De Conta
O que passa em nossas vidas ninguém precisa saber
Nós vamos vivendo juntos vivendo só por viver
Nós não vamos separar-nos  pra ninguém não perceber
Que você não gosta de mim e eu não gosto mais de você
Faço de conta que muito te amo faça de conta que você me ama
Fazemos de conta que somos felizes assim ninguém vê o nosso drama

Quando estivermos na rua mostre que és carinhosa
Eu faço cenas de amores dizendo frases amorosas
Enganamos a nós mesmo e a essa gente invejosa
Vão pensar que nossas vidas é um verdadeiro mar de rosas
Faço de conta que muito te amo faça de conta que você me ama
Fazemos de conta que somos felizes assim ninguém vê o nosso drama

Se quiser chorar que chore deixe o pranto desabe
Aqui no meu coração já vi que você não cabe
Fingimos que somos felizes deixe o mundo que se acabe
O que passa entre nós dois é só nós dois e Deus quem sabe
Faço de conta que muito te amo faça de conta que você me ama
Fazemos de conta que somos felizes assim ninguém vê o nosso drama.

Lamento De Um Carreiro
Meu velho carro de boi meu grande fiel amigo
O quanto eu te agradeço o tempo que estás comigo
Já quase no fim da vida eu noto no teu cantar
Parece chorar de pena por ver seu dono chorar

Meu velho carro de boi o ranger do teu cocão
E um lamento de pena por ver-me na solidão
Meu rosto velho e cansado e toda minha amargura
E o preço que me custou dois anéis de formatura

Meu velho carro de boi não dou por mal empregado
Meus tantos anos de luta e de trabalho pesado
Porque me resta o prazer de contar minha vitória
E elevar os dois filhos aos altos degrau da glória

Só sinto que me esqueceram depois que foram formados
Um doutor de Medicina e outro Advogado
Se ao menos me visitassem me alegrariam demais
Por certo sempre envergonham do caipirismo do pai

Meu velho carro de boi corroído pelos anos
Tu sabes que sofro agora o mais cruel desengano
Dediquei a vida inteira pela carreira brilhante
Dos filhos que me esqueceram e vivem muito distante

Se ao menos eu tivesse meus filhos perto de mim
Talvez eu não precisasse carrear até o fim
Mas só silenciaram os estalos dos canzis
No derradeiro suspiro dessa carreiro infeliz

Árvore Velha
Na sombra fresca e amiga da grande árvore antiga que enfeita o meu quintal
Amarrei a velha rede entre o gancho da parede e o seu galho horizontal
Olhando a sua beleza presente da natureza adormeci e sonhei
No sonho a árvore velha falou-me coisas tão belas que jamais eu esquecerei

Falou-me assim sentida há tanta gente esquecida que nem lhe respeitam mais
Esquece que fui a cruz onde pregaram Jesus filho de deus nosso pai
Se hoje lhes dou ar puro esquecem que no futuro precisarão respirar
Sou grande amiga sua por favor não me destrua que ainda irei te salvar


Não esqueça meu amigo teu aconchegante abrigo te dou sem nada cobrar
Aos teus irmãos boiadeiros andarilhos caminheiros e a todos que precisar
Sou a porta e a janela da mansão e da capela e da igreja também
Espalhe a minha semente sou uma vida inocente que não faz mal a ninguém

Não corte uma árvore amigo a árvore também tem vida
De graça te dá a sombra ar puro pra sua vida

Feijão
Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão
Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão

O povo grita põe a culpa no João 
Está faltando feijão a chuva não ajudou
Feijão na cia com as mãozinhas arrumadas 
Tinha medo das paradas que leva nos maiador

Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão
Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão

O feijão preto pra nascer é delicado
Pra crescer é enjoado pra arrancar dá suador
A solução João é soja na moçada
Até a nossa feijoada vai ter que botar o que for, João 

Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão
Feijão bom, feijão bom feijão aqui no nosso caldeirão

Mais Um Mé
To separado da minha muié eu quero que volte mas ela não quer
O amor não mata mais deixa lelé, vou lá no boteco tomar mais um mé
Vou lá no boteco tomar mais um mé, vou lá no boteco tomar mais um mé

Eu já fiz promessa pra nosso senhor traz ela de volta pra mim por favor
Dormindo sozinho pra mim não dá pé, vou lá no boteco tomar mais um mé
Vou lá no boteco tomar mais um mé, vou lá no boteco tomar mais um mé

Mandei uma carta fui assim dizendo se ela quiser eu estou querendo
Esporo a resposta se ela vier vou vou lá no boteco tomar mais um mé
Vou lá no boteco tomar mais um mé, vou lá no boteco tomar mais um mé

Estou embriagado esperando deitado espero sentado, espero de pé
Meu saco tá cheio com essa muié vou lá no boteco tomar mais um mé
Vou lá no boteco tomar mais um mé, vou lá no boteco tomar mais um mé

O Fumo
Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo
Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo

Nós fumo pra Capital levar vida diferente
Fumo direto pro hotel pra vestir roupa decente
Fumo tirando as botina fumo ficando pra frente
Fumo passear na cidade fumo ver algum parente
No fim do dia nós fumo pagar o hotel pro gerente
Ai que nós fumo ver que tinham roubado a gente

Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo
Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo

Nós fumo na rádio grande botar nossa vida em prumo
Lá arrumemo patrocínio do cigarro novo rumo
Falei pro meu companheiro os compromisso eu assumo
Fumo falar com o gerente o seu Alberto Perfumo
Sabemo nosso ordenado quiseram pagar com fumo
Quando nós soubemos disso nós não quisemo e não fumo

Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo
Quem tá acabando com nossas vidas
É o fumo, é o fumo, é o fumo

Imagina
Um sujeito usava muleta e jogava igual ao Pelé
Com uma perna somente driblava mas ligeiro do que o Mané
Agora vocês imagina se esse cara tivesse dois pé

O meu vizinho é cego e tem vinte e nove filhinhos
Nove homem e vinte mulher tem mais um que já está a caminho
Agora vocês imagina se esse cego enxergasse um pouquinho

A minha mulher eu não deixo ela sonha que quer ser operária
Acelera com o pé no meu queixo minhas orelhas começa a mia
Agora você imagina se danada quiser cambiar

Zé Papudo era todo peludo parecia até um macaco
O seu pé era todo peludo nem não dava pra por o sapato
Agora você imagina quantos cabelo ele tinha no sapato

O Mentiroso
Se eu contar o que aconteceu vão pensar que eu garganteio
Mas quando eu falo a verdade eu não fico nem vermelho

Tem dia que é da caça, mas tem o do caçador
Atirei na capivara a lebre também tombou
Tinha uma onça no galho do susto que ela levou
Caiu em cima da anta e a anta se esborrachou
Tinha um veado correndo viu a onça e desmaio
Fui erguer a mão pra cima pra agradecer ao Senhor
Peguei dois patos feridos do chumbo que esparramou

Se eu contar o que aconteceu vão pensar que eu garganteio
Mas quando eu falo a verdade eu não fico nem vermelho

Eu tinha um cachorro preto por nome de ventania
Tudo que eu jogava longe o meu cachorro trazia
Fui falar pro meu compadre o que o cachorro fazia
Não acreditando muito foi lá em casa um certo dia
Atirou uma brasa acesa lá de longe eu assistia
O cachorro ergueu a perna fez alguma simpatia
Sei dizer que trouxe a brasa depois que já estava fria

Se eu contar o que aconteceu vão pensar que eu garganteio
Mas quando eu falo a verdade eu não fico nem vermelho

Desencoste Da Chiquinha
Fui convidado para um casamento do Chico Bento com a Chiquinha
Eu nunca vi um noivo tão ciumento e uma noiva tão assanhadinha
Quando eu cheguei na festa eu fui dar os meus parabéns
Dei um abraço no noivo e na noiva também
Todo lado que eu virava a Chiquinha tava olhando pra mim
O noivo muito enciumado me olhou de lado e falou assim

Hei, desencoste da Chiquinha desencoste da Chiquinha
Desencoste da Chiquinha que eu casei com ela e a Chiquinha é minha

O fandango estava animado já tava lotado até na cozinha
O sanfoneiro era o Zé do Prado acompanhado pelo Zequinha
Com a licença do noivo com a noiva eu fui dançar
Dançava com todo respeito pra não dar o que falar
Mas ela toda assanhada sem ligar pra nada se agarrou em mim
O noivo muito enciumado me olhou de lado e falou assim

Hei, desencoste da Chiquinha desencoste da Chiquinha
Desencoste da Chiquinha que eu casei com ela e a Chiquinha é minha

Da meia noite para frente toda aquela gente estava na cachaça
Tocava marcha e rancheira mas a noite inteira só dançava valsa
O noivo piscava miúdo quando eu passava perto da Chiquinha
O povo achava até graça de ver o ciúme que ele tinha
A noiva me chamou pro quarto para mostrar os presentes pra mim
Mas o noivo sem demora de lá de fora me falou assim
Hei, desencoste da Chiquinha desencoste da Chiquinha
Desencoste da Chiquinha que eu casei com ela e a Chiquinha é minha

Msicas do lbum Tragédia (CHANTECLER 211405499) - (1982)

Nome Compositor Ritmo
Sete Irmãos Amado / Antonio Rancheira
Não Deixem O Circo Morrer Leonardo Guarânia
Enxada Pioneira Amado / Antonio / Manoelito Gomes Rasqueado
Faz De Conta Moacyr Dos Santos / Mairiporã Rasqueado
Lamento De Um Carreiro Amado / Antonio Rasqueado
Árvore Velha Manoelito Nunes / Donizete S. Pinto Rancheira
Feijão Amado / Antonio Samba
Mais Um Mé Amado / Antonio Samba
O Fumo Leonardo Samba
Imagina Amado / Antonio / Marcos Vieira Samba
O Mentiroso Amado / Antonio / Manoelito Gomes Samba
Desencoste Da Chiquinha Cambará Rancheira
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