Amarga Saudade (TROPICANA 01179) - (1972) - Liu e Léu
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Zé Claudino
Vocês tão vendo lá na beira da estrada
Uma tapera e uma roseira toda coberta de flor
Nunca me esqueço quatro anos que já fez
Foi num domingo de mês que essa história se passou
Ali morava o caboclo Zé Claudino
Mas o malvado destino castigou o pobre rapaz
De uma trovoada deu um raio no ranchinho
A mulher e seu filhinho Deus levou pra nunca mais
E às quatro horas os dois caixões foram saindo
Devagar foram sumindo na curva do cafezal
E Zé Claudino soluçava na janela
Enquanto o sino da capela não cessava de tocar
E a taperinha lá na beira da estrada
Hoje vive abandonada já não tem mais morador
Esta casinha tão humilde e tão modesta
Já foi um ninho de festa hoje é um recanto de dor
Sabe Deus
Sabe Deus onde estarão aqueles olhos que tanto adorei
Sabe Deus quem beijará aqueles lábios que tanto beijei
Sabe Deus se ela ainda lembrarás o nosso amor
Sabe Deus igual eu sofro ela sofre o mesmo amor
O consolo que me resta é viver pensando assim
Que ela chora de saudade com o pensamento em mim
Sabe Deus se ela vive entre sorrisos nos braços de alguém
Sabe Deus se ela sofre igual eu sofro sem querer ninguém
Sabe Deus se outro amor dominou seu pensamento
Ou se vive como eu vivo nesse amargo sofrimento
O consolo que me resta é viver pensando assim
Que ela chora de saudade com o pensamento em mim
Rainha Do Paraná
Quando chega a primavera eu vejo a minha tapera toda enfeitada de flor
A rosa me faz lembrar do porto Paranaguá aquele ninho de amor
Da igreja do Rocio onde o romeiro pediu uma graça e alcançou
Não há nada mais divino que o rocio cristalino da noite que serenou
Era o mês de novembro diz a história eu me lembro a natureza floresceu
Num lindo campo de rosa uma santa milagrosa certa noite apareceu
Ali ergueram um santuário onde a Virgem do Rosário aos aflitos atendeu
Com o orvalho que caiu Santa Virgem do Rocio este nome recebeu
Quando chegam os marinheiros nossos irmãos brasileiros no porto Paranaguá
Ao deixarem o navio vão à igreja do Rocio suas benções implorar
Pedindo felicidade que acalme as tempestades que desabam sobre o mar
Pedem paz e proteção pra que nunca falte o pão na mesa de um pobre lar
Santa virgem do Rocio quem te vê e quem te viu nunca mais esquecerá
Os teus milagres profundos que aos filhos deste mundo vós não cansa de mostrar
Pela graça recebida a lembrança prometida o romeiro vai levar
Pra Senhora Imaculada que um dia foi proclamada Rainha do Paraná
Beija Flor
Sou beija flor e vou beijando flores
Sem escolher perfume e nem cores
Porque nasci somente pra beijar
E todas elas preciso provar
Beijo a Camélia beijo a Margarida
A Florisbela e todas do jardim
Porque nasci pra beijar toda elas
E elas pra ser beijada por mim
Não Rosa branca não adianta me fazer queixume
De todas flores eu sou namorado não adianta de mim ter ciúme
Não rosa branca pois o destino de um beija flor
É no jardim pousar de galho em galho é em um jardim beijar de flor em flor
Pião Do Rio Grande
Minha terra é o Rio Grande sou gaúcho lá de fora
Pois só uso bombachas e na bota um par de esporas
Chapéu grande na cabeça lenço cor que não descora
E assim vou levando a vida muito alegre divertida
Com fé em Nossa Senhora
Levanto de madrugada saiu pela estrada a fora
Vou tocando a boiada pra dormir não tenho hora
Se eu vejo uma morena já vou ver onde ela mora
E assim vou levando a vida muito alegre divertida
Com fé em Nossa Senhora
O meu cavalo é tordilho pra chinchar boi ele escora
Meu arreio pantaneiro feito no uso de agora
Meus dois cachorros são mestres quando uma boiada estoura
E assim vou levando a vida muito alegre divertida
Com fé em Nossa Senhora
Quando eu chego nos fandangos as meninas por mim chora
Uma já briga com a outra só pra ver quem me namora
Sapateio a noite inteira e depois eu vou me embora
E assim vou levando a vida muito alegre divertida
Com fé em Nossa Senhora
Amarga Saudade
Amarga saudade de um rosto formoso
De uns olhos tão lindos que eram só meus
Saudades que lembram mãozinhas de fada
Que um dia me deram o último adeus
Saudades que vive na vila distante
Na rua encantada de beijos sem fim
Saudade que lembra o outro ganhando
Os ternos abraços que eram pra mim
Saudade maldosa por que me persegue
Me deixa esquecer o meu único bem
Não quero e nem devo viver iludido
Pois ela me adora mais tem outro alguém
Eu tinha certeza que havia um rival
E a minha esperança era ser vencedor
Mas infelizmente perdi a contenda
E a vida sem ela não tem mais valor
Adeus meu sonho meu bem minha vida
Minha despedida chorando eu te dou
Mas não te esqueças que um dia talvez
A rosa que os versos a mim espirou
Transforme em simples florzinha do campo
Que o vento da noite de terra manchou
Meu Ranchinho
Quando a lua surge a trás da mata vem iluminando ramos vegetais
Vejo meu rancho tão abandonado cheio de folhas que do ramo cai
A brisa passa trazendo a saudade do meu amor que muito longe vai
Olho pra lua triste soluçando vejo as estrelas no céu a brilhar
Até parece que eu to enxergando aquela ingrata que me faz penar
Triste lamento no braço do pinho e os seus carinho eu vivo a recordar
Em alta noite um silêncio profundo triste sozinho eu ponho me a cantar
Meu pinho chora triste no meu braço vai disfarçando este meu penar
Aquela ingrata me deixou sofrendo e agora eu canto só pra não chorar
Porem se um dia neste meu ranchinho por um desvairo a morte vim buscar
Eu vou deixar uma triste lembrança pra toda gente que aqui chegar
É o meu violão que vai ficar de luto em serenata não vai mais tocar
Paineira Velha
Encontrei a paineira velha abandonada no meu sertão
Foi derrubada a muito tempo pra tirar dela um caixão
E o ranchinho jacá comido desse pó seco se em luto
Foi testemunha da esperança e a paineira é a lembrança
De um amor que a tempo findou
Na sua sombra paineira velha já fez pousada aos boiadeiros
De vossos galhos tem a cruzinha que está fincada no terreiro
As suas folhas também secaram pra muito longe o vento levou
E apesar de estar derrubada a sua casca tão ressecada
Aquele adeus ainda ficou
O meu destino paineira velha é justamente igual ao seu
Sofremos juntos muitas saudade fiquei no mundo e você morreu
Essa história muito tristonha paineira velha é nossa dor
O vosso drama foi revelado choro cantando o seu passado
Até o dia que eu também for
Adeus Morena
Cantando eu vivo para esquecer alguém que fez sofrer meu coração de amor
E é melhor viver sempre cantando pois viver chorando aumenta a minha dor
Aquela ingrata que eu amo tanto fez eu ver nos prantos que foi falsidade
Em homenagem aquela mentirosa que foi orgulhosa eu canto de saudade
Eu vou me embora vou para bem longe vou viver aonde ninguém me conhece
Porque a dor que tanto me magoa foi que amei a toa alguém que não merece
Da melodia que eu estou cantando vou me retirando pra não mais voltar
Adeus morena do rosto corado lábios perfumados que me vez penar
Adeus morena do rosto corado lábios perfumados que me vez penar
Triste Cabana
Cabana da beira da estrada tu é de noite e de dia
A mais fiel namorada do sol e das chuvas frias
Do sereno da madrugada dos astros e as estrela que brilham
E das noites enluarada que enche o sertão de alegria
Cabana triste cabana muito velha e abatida
Ao te ver neste abandono sinto minha alma ferida
No correr da minha vida deste abrigo ao meu sono
Por isso cabana querida ainda sou o teu dono
Cabana minha companheira agora chegamos ao fim
Vivemos junto a vida inteira e a partida suou para mim
Tenho os olhos rasos d´agua por deixar-te nesta solidão
Mas levo pra onde for teu vulto na imaginação
Eu Sou Caboclo
Eu sou caboclo nascido em tapera arisco que nem fera que não cai no laço
Sem divisa de qualquer fronteira me criei igual a águia que domina o espaço
Barrar meus passos é dar com os burros na água é ver o diabo de mágoa na casa a rolar
Porque eu vejo a viola em caco sem tirar ela do saco antes de apear
Jogo meu laço por cima e por baixo tanto pulo como abaixo em ocasião de apoio
Se o pantaneiro é brabo eu sou maneiro o potro rincha eu solto a chincha e no braço eu seguro
Enfrento a morte se me for preciso nem pro chão aonde eu piso não devo favor
Quem vem do berço com destreza é forte tem fé não precisa sorte vence é com suor
Só temo a Deus que risque o céu com raio faz o negro ficar baio o branco furta cor
O resto eu topo cara a cara peito a peito imponho justiça e respeito seja lá quem for
Meu sentimento é não ser poderoso como eu sou forte e brioso teimoso e ligeiro
Pra na escrita por pingo no i pra ver a terra onde eu nasci livre de aventureiro
Sinto orgulhoso de ser brasileiro não temo o estrangeiro e faço respeitar
A imensidão do meu verde amarelo pois um outro rico e belo no mundo não há
Vejo distante fome dor e guerra e a paz da minha terra sempre mais gentil
Sem preconceito de cor raça e culto um Deus, um hino uma bandeira e viva meu Brasil
Sem preconceito de cor raça e culto um Deus, um hino uma bandeira e viva meu Brasil
Cascata
Nas encostas de uma serra bem por dentro da floresta
A gente vê nascer da terra uma paisagem de festa
É a cascata que se quebra pelo chão
Branqueando a verde mata lá no meio do sertão
Água pula na pedreira joga nuvens pelo ar
E um arco multicor fica logo a trepidar
Tem um caboclo com o jeito de pachola
Vai tocando uma viola que faz agente chorar
Cai a água retumbante numa doce agonia
Vai criando melodia para todo mundo ouvir
Até a onça faceira lá comparece
Vendo aquilo tudo esquece perde o jeito de sair
Aparece a luz do sol e se espalha na cascata
Envolvendo a fria mata numa nuvem de calor
E a passarada com trinados na garganta
Sem gaiola livre canta em acordes de amor