Cadeia De Papel (GTLLP 1100) - (1986) - Liu e Léu

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Cadeia De Papel 
O branco envelope portador de suas palavras finais 
Foi em minha vida uma original cadeia de papel
Trouxe dentro dele seu adeus que fez minha esperança 
Ser eternamente triste prisioneira desta dor cruel

Sua carta diz que você já não sente mais amor por mim 
Porque à distância apagou a chama de sua paixão
Somos diferentes porque sua ausência mais fez aumentar esse amor ardente 
Que vive queimando, vive queimando o meu coração

Envelope branco portador fiel de meu triste fim
Porque és para mim cadeia de papel

Veio dentro dele palavras que são espinhos de verdade 
Transformando em pranto toda a dor que sinto neste peito meu
Porque seus espinhos não rasgaram todo o envelope branco 
E com tanto pranto o papel da carta não se derreteu

O envelope trouxe os punhais que ferem minha pobre vida, 
Nas palavras frias como o frio da carta da separação
Cadeia de angústia que veio de longe, me manter detido na prisão perpétua 
Da desesperança, desesperança, desilusão

Envelope branco portador fiel de meu triste fim
Porque és para mim cadeia de papel

Rosto De Deus 
Quando o raio do sol vermelhado na montanha rochosa bateu
Lá no campo ficou desenhado o retrato do rosto de Deus
O luar desponta do outro lado e o jogo de imagem se deu
E eu vi na moldura do campo outra vez o retrato de Deus

Não corri, não chorei, não gritei, só olhei no infinito sem fim
Sentadinho no chão eu fiquei, Deus estava pertinho de mim
E assim que o orvalho caiu e o sol no horizonte desceu
O sereno o retrato encobriu, mas ficou o semblante de Deus

Vi seu rosto assim se apagar no silêncio do vale profundo
Lá se foi o meu Deus vigiar, vigiar os anjinhos do mundo
E os anjos que eu falo senhores, este ponto de vista é meu
São as aves, os rios e as flores, que não fazem pecado pra Deus

O orvalho no rosto de Deus foi na hora que ele chorava
Os pecados rondavam o mundo e o mestre dali se afastava

Morada Da Saudade 
A saudade fez morada no peito deste peão, 
Eu sinto grande tristeza machucar meu coração
Cada veia do meu corpo representa um estradão, 
A boiada caminhando na minha imaginação
O cincerro do madrinha por dentro da veia minha também faz circulação

No sangue deste peão ficou tudo misturado, 
Tem grito de boiadeiro no silêncio do cerrado
No chapadão da saudade, o berrante apaixonado 
Ecoando no meu peito me faz sonhar acordado
Comitiva e boiadeiro circula meu corpo inteiro que me deixa arrepiado

No silêncio da saudade, à noite quando me deito 
Sinto casco de boiada pisoteando no meu peito
O chiar de uma chaleira me desinquieta no leito, 
O barulho de esporas me sufoca e não tem jeito
Parece que estou sonhando, mas ouço peão gritando no estradão do meu peito

No cerrado do meu corpo uma arribada ficou, 
Foi uma rosa tão linda que no meu jardim brotou
Laçou o meu coração deu um pialo e derrubou, 
Neste peito de peão uma cicatriz ficou
A saudade corta e fura, não tem remédio que cura onde o amor machucou

Chorar Não Faz Mal A Ninguém 
Eu choro a mágoa que sinto porque não consigo ficar sem chorar
Quem tem tanta mágoa no peito não tem outro jeito pra desabafar
Às eu fico calado lembrando o passado de amor e carinho
Vivendo nesta solidão eu olho pro chão e choro baixinho

Chorar não faz mal a ninguém é o remédio dos apaixonados
Quem chora lembrando de alguém sofre menos do que os calados

No silêncio da noite escura vejo a criatura que me faz sofrer
Meus olhos começam chorar voltando enganar o meu padecer
Às eu fico calado lembrando o passado de amor e carinho
Vivendo nesta solidão eu olho pro chão e choro baixinho

Chorar não faz mal a ninguém é o remédio dos apaixonados
Quem chora lembrando de alguém sofre menos do que os calados

Cargueiro Da Saudade 
Ouvi o som do berrante numa festa do peão
O lugar onde eu nasci veio na imaginação
Da porteira da fazenda vi meu nome no mourão
E do alto da colina contemplei a plantação
Parecia um manto verde estendido sobre o chão

Meu coração sertanejo de arribada na cidade
Desgarrado do amor é um cargueiro de saudade

Vi o gado na invernada, passarinhos revoando
Vi a boiada carreira, ouvi o carro cantando
Vi meu cavalo de sela no piquete relinchando
Vi poeira na estrada, ouvi os peões gritando
E vi do fogão de lenha a fumaça levantando

Meu coração sertanejo de arribada na cidade
Desgarrado do amor é um cargueiro de saudade

Nas águas frias da mina meu rosto triste banhei
Do meu sonho de saudade neste momento acordei
Sei que tudo está longe, se ainda existe não sei
Por desprezo de quem amo, a minha terra deixei
E pra não vê-la com outro nunca mais pra lá voltei

Noite Sem Fim 
Ao som desta melodia não sei por que
As notas deste canto triste pra me machucar retratou você
Lembrando nosso passado revivo essa minha história
Paixão, delírio e dor de um amor que foi sem vitória

Meu Deus que noite sem fim
No céu da minha vida faça uma estrela brilhar para mim

E quando vai chegando à noite sinto um pesadelo
A lua surgindo no espaço logo me convida pra lhe acompanhar
Boêmios dispersos na rua, mendigos pelas calçadas
Pois cada um tem uma história dizendo que a vida não vale nada

Meu deus que noite sem fim
No céu da minha vida faça uma estrela brilhar para mim

Chorar, sonhar e sentir eu não quero mais
A pessoa que tanto amei, ao me abandonar eu quase morri
Será que ninguém entende, sozinho pode ser meu fim
Levanto os olhos para o céu e pergunto a Deus o que será de mim

Moça Do Calendário 
Eu tenho em meu quarto, colado na parede
Um calendário tão lindo, ponte pra minha sede
E neste calendário, numa foto eu encontrei
Toda beleza de um ser, mas motivo pra viver, a mulher que eu sonhei

Moça do calendário, papel de minha louca paixão
Da parede do meu quarto você entrou no meu coração
Moça do calendário se um milagre acontecer
Se eu te encontrar um dia talvez não vou me conter
Quero provar do teu corpo o gosto de ficar louco de prazer

Moça do calendário, papel de minha louca paixão
Da parede do meu quarto você entrou no meu coração
Moça do calendário se um milagre acontecer
Se eu te encontrar um dia talvez não vou me conter
Quero provar do teu corpo o gosto de ficar louco de prazer

Moça do calendário cadê você moça do calendário cadê você

Estrela Do Pastor 
Pastoreio a noite arrebanho estrelas, nuvens de ovelhas lá no céu azul
Vou seguindo o rastro, vou laçando o astro, tenho o meu mangueiro Cruzeiro do Sul
Toco meu berrante no caminho largo de Santiago, é minha função
E quando amanhece olho as Três Marias, pois eu sou vigia do céu alazão

Sigo a alvorada, a Estrala Dalva uma rês tão alva do quarto minguante
Rastreando a Ursa pego a lua cheia, brilho de candeia do carreiro errante
Toco meu berrante no caminho largo de Santiago, é minha função
E quando amanhece olho as Três Marias, pois eu sou vigia do céu alazão

Sou bom violeiro, sou boleadeiro, ando na trilheira estrela do pastor
Ando tresnoitado atrás do meu gado, ando estribado no sertão do amor
Toco meu berrante no caminho largo de Santiago, é minha função
E quando amanhece olho as Três Marias, pois eu sou vigia do céu alazão

Miragem Das Flores 
Segui a mira perfumada da florada porque pensei que lá eu fosse te encontrar
E você jogou veneno sobre as flores pra que eu morresse quando fosse te beijar
Te vi sentada lá no colo do infinito das mesmas bandas do lugar que mora Deus
Você forrou de nuvens negras o meu céu pra que eu não visse nem sequer os olhos teus

Pedi pra lua, pra estrelas no infinito pra que clareasse um pouquinho em seu redor
E você quis colocar-me sobre as trevas pra que eu não visse nem sequer a luz do sol

Mas antes disso eu te quis por numa ilha, num lugar lindo onde mora a fantasia
Você agitou as águas mansas dos meus mares e impedindo que eu fizesse a travessia
Escute apenas por favor o meu lamento ó deusa minha, por favor não faça assim
O pedestal que te ostenta nas alturas está apoiado no abismo sobre mim

Pedi pra lua, pra estrelas no infinito, pra que clareasse um pouquinho em seu redor
E você quis colocar-me sobre as trevas, pra que eu não visse nem sequer a luz do sol

Quinhentas Noites 
Há dias venho notando que pouco a pouco estou te perdendo
Há dias venho notando que o nosso amor está morrendo
Com certeza deve ter surgido outro em tua vida
Do nosso juramento deve estar agora muito arrependida

Não fique preocupada é só esquecer o quanto te amei
Só quero de volta os beijos e abraços e a minha vida que eu te entreguei
Eu quero tudo de volta, eu quero tudo que eu te dei
Quero de volta as quinhentas noites que em teus braços feliz eu passei

Eu quero tudo de volta, eu quero tudo que eu te dei
Quero de volta as quinhentas noites que em teus braços feliz eu passei
Eu quero tudo de volta, eu quero tudo que eu te dei
Quero de volta as quinhentas noites que em teus braços feliz eu passei

Pousada Dos Três Coqueiros 
Bom dia caro tropeiro, surrado estradeiro que vive a lutar
Cansado vai indo embora e não sabe a hora que vai chegar
Pra rever a sua gente, de todos contentes a saudade matar
Pare a tropa um minuto que este matuto quer lhe falar

Meu caro tropeiro amigo venha comigo eu vou lhe mostrar
Nesta querência dourada cheguei do nada para ficar
Dei um tombo nessa terra e ao pé da serra comecei plantar
Hoje a tulha esta lotada e o gado na invernada que da gosto olhar

Por favor leve um recado pra aquele lado onde vai passar
No pouso dos Três Coqueiros onde os estradeiros costumam pousar
E diga pra minha amada ficar sossegada e não desesperar
Agir com dignidade e sinceridade eu vou lhe buscar

Fazenda São Francisco 
Na fazenda São Francisco na beira do Rio da Morte
Com outro caminhoneiro traquejado no transporte
Fui buscar uma vacada para um criador do norte
Na chegada eu pressentia que era um dia de sorte
Depois do embarque feito só ficou um boi de corte

O mestiço era brabo que até na sombra investia
A filha do fazendeiro molhando os lábios dizia
Eu nunca beijei ninguém juro pela luz do dia
Mas quem montar nesse boi e tirar a valentia
Ganha meu primeiro beijo que eu darei com alegria

Vendo a beleza da moça meu sangue ferveu na veia
Eu calcei um par de esporas e passei a mão na peia
Peguei o mestiço a unha rolei com ele na areia
Enquanto ele esperneava fui apertando a correia
Mas quando eu sentei no lombo foi que eu vi a coisa feia

O boi saltou a porteira no primeiro corcovado
Em uma ladeira de pedra desceu pulando furtado
Saía língua de fogo, cheirava chifre queimado
Quando os cascos do mestiço batiam no lajeado
Parou berrando na espora ajoelhando derrotado

Pra cumprir sua promessa a moça veio ligeiro
E disse você provou ser peão e boiadeiro
Dos prêmios que vou lhe dar o beijo é o primeiro
Sua boca foi abrindo, seu olhar ficou morteiro
Nesta hora eu acordei abraçando o travesseiro

Músicas do álbum Cadeia De Papel (GTLLP 1100) - (1986)

Nome Compositor Ritmo
Cadeia De Papel José Fortuna / Paraíso Guarânia
Rosto De Deus José Caetano Erba / Tião Do Carro Cateretê
Morada Da Saudade João Ferreira / Tião Do Carro Toada
Chorar Não Faz Mal A Ninguém Juraci / Claudio Rodanti Guarânia
Cargueiro Da Saudade Jesus Belmiro / Paraíso Cateretê
Noite Sem Fim Craveiro / Clemente Guarânia
Moça Do Calendário Paraíso / Dr Antonio Balanço
Estrela Do Pastor José Fortuna / Raymundo Prates Rasqueado
Miragem Das Flores Tião Do Carro / José Caetano Erba Toada
Quinhentas Noites Liu / Léu Guarânia
Pousada Dos Três Coqueiros Léu / Abel Miranda / Jaú Toada Balanço
Fazenda São Francisco Paraíso / Jesus Belmiro Rasqueado
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