O Menino Da Porteira (TROPICANA 01153) - (1973) - Liu e Léu

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O Menino Da Porteira
Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abri a porteira depois vinha me pedindo
Toque o berrante seu moço que é pra mim ficar ouvindo

Quando a boiada passava que a porteira ia baixando
Eu jogava uma moeda ele saia pulando
Obrigado, boiadeiro que Deus vá lhe acompanhando
Pra aquele sertão afora meu berrante ia tocando 

No caminho desta vida muito espinho encontrei
Mas nenhum calou mais fundo do que este que eu passei
Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei
Vendo a porteira fechada e o menino não avistei

A peei do meu cavalo um ranchinho beira chão
Vi uma mulher chorando quis saber qual a razão
Boiadeiro veio tarde veja a cruz no estradão
Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração

Lá pra banda de Ouro Fino levando o gado selvagem
Quando eu passo na porteira até vejo sua imagem
O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem
Daquele rosto trigueiro desejando me boa viagem

A cruzinha do estradão do pensamento não sai
Eu já fiz um juramento que eu não esqueço jamais
Nem que o meu gado estoure que eu preciso ir atrás
Nesse pedaço de chão berrante te não toco mais

Velha Querência
É um mistério nossa vida nesse mundo
Nos momentos mais profundos que a gente tem que passar
A negra sorte surge sempre no instante
Maltratando um semelhante destruindo um pobre lar 

Há muito tempo eu vivia lá na roça
Morando numa palhoça naquele velho sertão
Nunca pensava que uma triste despedida
Transformasse a minha vida nesta negra solidão

Passou-se o tempo eu perdi a mocidade
Recebendo a crueldade que o destino me ofertou
Quanta saudade relembro aqui sozinho
Aquele velho ranchinho onde eu era morador

E hoje eu vivo bem distante da querência
Minha velha residência ficou longe daqui
Pra aliviar esta minha dor tirana
Quero voltar pra choupana pro sertão onde eu nasci

Minha Terra
Deixei minha terra querida serra da Mantiqueira
Onde a rola canta quando o sol levanta lá na cordilheira
Deixei o regato que desce do mato lavando a pedreira
Lá ficou meu berço meu pobre ranchinho à beira do caminho perto da mangueira

Deixei o tordilho cavalo sadio bom pra galopar
Ficou na palhada a minha boiada triste a ruminar
Deixei no terreiro o meu perdigueiro vigiando o quintal
Quando despedi vi mamãe sorrir pra mim não chorar

Deixei minha terra querida serra da Mantiqueira
Onde a rola canta quando o sol levanta lá na cordilheira
Deixei o regato que desce do mato lavando a pedreira
Lá ficou meu berço meu pobre ranchinho à beira do caminho perto da mangueira

Hoje aqui distante lembro a todo instante meu querido lar
Vejo que a saudade veio pra cidade lá não quis ficar
Eu vivo penando mas eu vou cantando para disfarçar
Mais eu tenho fé que se Deus quiser eu hei de voltar

Coração De Pedra
Teu coração é um cofre de pedra que não tem chave que possa abrir
E nele existem segredos guardados jamais alguém conseguiu descobrir
Tenho certeza que teu sofrimento é a raiz de um amor que passou
Falsas promessas me fez descrente me condenando a ser pagador

Eu pagarei por este mal que não mereço viver chorando a minha dor
E as esperanças são as últimas que morrem tenho esperança de ganhar o teu amor

Tempo De Criança
Ai se eu pudesse voltar há minha santa infância
E reviver com saudade o meu tempo de criança
Abraçar meus coleguinhas que nunca mais eu vi
Rever a linda igrejinha do bairro onde eu nasci

Que saudade da bandinha que tocava nas quermesse
Nosso tempo de criança nunca mais agente esquece

Chora Moreninha
Hoje faço a despedida de você querida sei que vai chorar
Deixo um lencinho branco pra seu triste pranto nele enxugar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar 

Eu desse seu cabelo guardado com zelo um cacho levar
Quando estiver distante a todo instante de ti me lembrar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar

Levo no meu coração a grande paixão que vai me judia
Lembrança desse seu jeitinho desse seu rostinho desse seu olhar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar
Chora moreninha chora que eu vou me embora para não voltar

Querência Linda 
Deixei meu rancho junto ao pé da serra lá no fim da terra onde eu nasci
E hoje eu sinto uma saudade e infinda da querência linda onde que despedi
Minha cabocla dos meus quinze anos vem me acompanhando com seu triste olhar
Tendo nos olhos duas gotas d’águas sufocando a mágoa para não chorar 

Teu rosto forte ouvindo o meu motivo é um retrato vivo na imaginação
Seu lenço branco pra mim acenando estou enxergando na minha visão
Cantando estou mas juro meu regresso está nestes meus versos cheio de paixão
Querida espero receber seu beijo e por nosso desejo nossa união

Quero votar ao mais feliz momento que em meu pensamento ainda posso ver
Ouvindo a fonte murmurar baixinha e entre os passarinhos eu beijar você
Já olho o céu igual à garça branca que levanta vôo e vai cortando o ar
Saudosa ave volta ao ninho antigo eu volto ao velho abrigo nosso eterno lar

Dona Saudade 
Com sinceridade a dona saudade não tem mesmo jeito
Da desilusão do meu coração quer tirar proveitos
Pelos meus caminhos colheu gravetinhos de um amor desfeito
E de vagarinho ela fez seu ninho dentro do meu peito

Oh dona saudade tenha piedade não me aperte tanto
Deixe este caboclo viver mais um pouco nem que seja em pranto
Quero ver aquela flor pura e bela perder seu encanto
Seu choro ela canta, quero que esta santa chore quando eu canto 

Aonde Eu Moro
Eu moro em um lugar verde azulado 
Junto ao céu arroxeado onde o sol vai se esconder
A casa é bem modesta sem pintura 
Mas é uma gostosura de lugar pra se viver
Aurora vem raiando perfumosa 
Até as flores ficam prosa principiando a se mexer 
De noite o clarão da lua cheia 
Deixa cor de mel de abelha os pingos de orvalho a tremer
De noite o clarão da lua cheia 
Deixa cor de mel de abelha os pingos de orvalho a tremer

As plantas são é como a natureza 
Cresce e dá que é uma beleza nem precisa socorrer
A voz sai da garganta de repente 
Pois o coração da gente vive alegre como o que
Canta passarada à gente escuta 
A cachoeira lá na gruta o galinho garnisé
O vento é como as cordas da viola 
Tira acordes que consola resvalando no sapé
O vento é como as cordas da viola 
Tira acordes que consola resvalando no sapé

Felicidade De Caboclo 
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma canção 
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma canção 

Tenho na mente uma canção bem decorada 
Uma viola pendurada no meu rancho de sapé 
Uma cabocla pra cuidar dos meus trapinhos 
Na gaiola um passarinho que me acorda ao amanhecer
Felicidade não se compra e nem se vende 
Quando dois amor se entende tem de graça até morrer

Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma canção 
Todo o caboclo tem uma viola, uma cabocla e uma canção 

Minha cabocla tem os olhos tão ligeiros 
Um olhar tão feiticeiro delicada no falar 
Tenho ciúmes do olhos dessa cabocla 
Por que ela prende a gente só no modo de olhar 
Mas se algum dia essa cabocla for embora 
Juro por Nossa Senhora que eu vou morrer de chorar

Relembrando
Relembrando o tempo de criança vejo o bairro onde eu me criei
O ranchinho onde eu fui nascido vejo o rio onde eu me banhei
No quintal uma grande paineira velha amiga que eu sempre estimei
Vejo a sombra e sinto saudade em minha mocidade ali muito eu brinquei

Sua história não sai da lembrança vive sempre na imaginação
Em meu ombro ela foi carregada e plantada com as minhas mãos
Eu plantei com amor e carinho foi pra mim uma satisfação
Porque um dia eu vi do seus galhos quando se abria os primeiros botão

Quando eu completei vinte e um anos foi juntinho do meu amor
De joelho em frente ao altar recebendo a benção do Senhor
Quando eu vinha da igreja casado de alegria meus olhos chorou
Ao passar embaixo da paineira os galhos balançaram e cobriu nós de flor

To no fim da estrada da vida mas eu peço em minha oração
Quando a morte vier me buscar vou deixar o mundo de ilusão
Vou fazer um pedido pra Deus pra de mim ele ter compaixão
Que a paineira esteja florescida que é pra suas flor enfeitar meu caixão

Santa Cruz Da Serra
No seio da minha terra bem no alto de uma serra existe uma santa cruz
Que nunca será esquecida por ter nela refletida a imagem de Jesus
E nosso Jesus amado que morreu crucificado pra salvar o pecador
Sua imagem ali erguida é a lembrança querida que Dom Fernando deixou
Num domingo de setembro no fim da santa missão
Dom Fernando missionário quis deixar recordação
Suspendendo o cruzeiro com amor e devoção
Auxiliado pelo povo da divina religião

E às três horas da tarde o padre fez a reunião
Da matriz de Trabiju saímos em procissão
Todo o povo acompanhou a nossa congregação
Cumprindo com grande fé o dever de um cristão

Quem passar naquela terra vê no alto o cruzeiro
Representando a imagem do nosso Pai verdadeiro
Nosso Senhor Jesus Cristo pai eterno e verdadeiro
Protegei a humanidade desse torrão brasileiro

Músicas do álbum O Menino Da Porteira (TROPICANA 01153) - (1973)

Nome Compositor Ritmo
O Menino Da Porteira Teddy Vieira / Luizinho Cururú
Velha Querência Benedito Seviero / Biguá Cururú
Minha Terra Motinha Guarânia
Coração De Pedra Ramoncito Gomes Bolero
Tempo De Criança Nízio / Nestor Valsa
Chora Moreninha Tuta / Léu Cateretê
Querência Linda Edward De Marchi Corrido
Dona Saudade Edward De Marchi Rasqueado
Aonde Eu Moro Edward De Marchi Toada Balanço
Felicidade De Cabloco Pexincha / Gino Alves Toada
Relembrando Paiozinho / Dadá Cateretê
Santa Cruz Da Serra Benedito Seviero / Biguá Toada
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